- Você está indo muito bem Ana! - Carolina acenou com as mãos, fui até ela. 
- Você vê, está maravilhoso. - eu disse mostrando a fachada da minha ONG. 
- Eu venho acompanhando seu trabalho a bastante tempo, tenho um grupo de jovens para você. - sorri, muito animada. 
Carolina era mais velha, tinha vinte dois anos e fazia o mesmo trabalho que eu, tínhamos juntados as nossas forças, ela com a influencia na alta sociedade e eu com minha força de vontade juvenil recém saída da forno. 
- Eu queria muito poder inserir todos esses jovens na sociedade Carolina, todos eles. - entramos dentro da ONG. 
- Eu tenho um, ele já passou por tantos lugares, ninguém nunca conseguiu, mas você eu estou sentindo. - ela gesticulou com as mãos e segurou meu rosto. - é você assistente social que ele precisa. 
- Quantos anos ele tem? - perguntei sentindo meu peito inflar de orgulho. 
- Antony, ele é um jovem rico, mas completamente envolvido nas drogas e o álcool. 
- Eu vou tira-lo dessa! - eu disse sorrindo. 
- Você vai. - ela sorriu e então me soltou. - fique esperta Ana, até mais. - ela pegou sua bolsa e saiu dali quase que cantarolando uma música, tive a sensação de que ela estava querendo se livrar dele, mas deixei para lá, eu ia provar que eu podia mudar ele. Eu podia. 
Passei o resto do dia cuidando de assuntos da ONG  e fechei ela lá para as 18:35hrs da tarde, andei até a esquina onde meu carro estava estacionado e destravei o alarme dirigindo até em casa, parei no farol tamborilando meus dedos sobre o volante e cantarolando "Try - Pink" que passava no rádio, quando um garoto caiu sobre o meu carro, levei um susto e meus olhos quase saltaram das órbitas. 
- Oh! - eu disse colocando a mão sobre a boca. - o outro garoto correu para cima dele e então os dois começaram a se socar no capô do meu carro e rolaram pro chão, sai do carro desesperada e então outros garotos com roupas e temperamentos semelhantes chegaram os segurando. - mas... Mas o que é isso? - sussurrei chamando a atenção deles para mim. 
- Me solta! - o jovem que caiu sobre o capô do carro primeiro puxou o braço, ele tinha sangue na boca e o olho roxo, ele sorriu pra mim. 
Foi então que me dei conta, eu estou no meio de um bairro desconhecido sozinha parada no farol e com muito medo. Porque eu não corria? Corra Ana! Corra. 
- Me desculpe. - o garoto disse se aproximando de mim, dei dois passos para trás, ele parou onde estava e me encarou. - calma! - ele disse colocando as duas mãos para cima, seu cheiro de bebida e de cigarros estavam tão fortes que franzi o nariz. 
- Não chegue perto de mim! - gritei. 
- Sai de perto dela Tony, vamos embora! - uma garota loira com os cabelos coloridos gritou. 
- Shiu. - ele a encarou e depois voltou a me olhar. - eu sinto muito pelo seu carro hum... - olhamos para o capô que estava completamente amassado. 
- Não sinta. - eu disse me recompondo. - você vai pagar. - eu disse agora mais autoritária. 
- Tudo bem, como é o seu nome? - ele se aproximou de mim de novo, estiquei a mão em sinal de mandar ele parar. 
- Ana Schultz! - anunciei. 
- Sou Antony Albuquerque. - ele tirou um cartão amassado do bolso e passou a mão para desamassa-lo um pouco, em vão. - toma, esse é o meu número. - Estiquei a mão e peguei o cartão com certo nojo. 
- O que é isso? - perguntei apontando para a sujeira do lado do cartão. 
- Isso? - ele puxou o cartão da minha mão e lambeu, fiz careta. - é chocolate, ta de boa. É que as vezes são coisas que você sabe né... - ele sorriu amarelo, peguei o cartão com mais nojo ainda. 
- Tá, tá! - entrei no meu carro e acelerei, meu Deus!