Broken Trust escrita por Eleanor Rigby


Capítulo 3
Capítulo II




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Soul Eater POV


Permaneci inerte quando a pessoa por trás de Tsubaki revelou sua identidade. Na verdade, nós dois permanecemos intactos. Eu e Maka nos olhávamos atônitos, o que gerou certo desconforto na turma que nos cercava.




– É-ér... Hm... Acho que está mesmo na hora de irmos, né? – Tsubaki dizia com um sorriso gentil, mas ainda era notável que ela se sentia desconfortável como todos ali presentes.





Maka logo saiu de seu estado inerte e olhou para o lado fechando a cara. Todos fizeram silêncio naquele momento, como se não soubessem qual reação tomar. Eu também não sabia como reagir. Fazia anos que não nos víamos. Desde que ela foi embora, desde que ela fez aquilo...




Senti uma atmosfera quente envolver minha mão direita, e quando voltei meu rosto para o lado a fim de identificar o que causava aquilo, senti lábios tocarem os meus, selando um beijo. Me surpreendi mas logo reconheci a fonte de tais atos. Era Naomi.


Ela cessou o beijo e agarrou um de meus braços, enquanto dava algumas risadinhas.


– Então todo mundo resolveu se reunir hoje? – Ela perguntou em alto e bom som, mas ninguém respondeu. Ninguém gostava muito da Naomi, e isso ficou bem claro naquele momento. Mas ela prosseguiu com as palavras.




– Então você deve ser a Maka, a ex-artesã do meu Soul-kun. – Naomi sorria graciosamente para Maka, a qual fitava Naomi intrigada. Mas Naomi continuou a tagarelar.




– Ah, mas é claro! Ainda não fomos apresentadas. Eu sou Naomi Nakamura, artesã e namorada do Soul. – Naomi usava um tom de voz nada simpático em suas palavras, chegava a soar hostil.



Percebi que os lábios de Maka se separaram para que ela pudesse responder Naomi, mas antes que tivesse essa oportunidade, Liz Thompson cortou o clima de tensão, para que a situação não piorasse.




– E você já sabe que essa é a Maka, não é Naomi? Então pronto, já estão mais do que apresentadas. – Liz logo puxou gentilmente Maka por um dos braços, tentando retirá-la dali. – Maka irá participar da palestra, então precisa se preparar. Vou acompanhá-la até o auditório, quem quiser vir, que venha. – Liz encerrou as palavras pouco antes de desaparecer ao adentrar os corredores do colégio junto com Maka.





– Kid-kun, vamos atrás da Liz! – Disse Patty já arrastando Kid pelo mesmo caminho que Liz seguiu.





Na entrada restaram apenas eu, Naomi, Tsubaki e Black Star. Logo depois de um breve silêncio entre nós quatro, Black Star proferiu algumas palavras de um jeito mais manso que o de costume, demonstrando entender a situação atual.





– Oe, Tsubaki. Vamos também, o Soul vem depois, não é Soul? – Seus olhos dirigiram-se sérios a mim.





– E-é claro! – Levei a mão que estava livre até a nuca, dando um sorriso torto para Tsubaki, tentando convencê-la de que estava tudo bem.





Mas ela não era boba, nunca foi. Porém ela não disse nada, apenas virou-se com a mesma calma de sempre e seguiu pelos corredores atrás de Black Star.




Agora restava somente a mim e Naomi. Assim que ficamos a sós, puxei meu braço que estava sendo abraçado por ela, tirando-o de seu alcance. Ela expressou-se surpresa, e quando veio para me abraçar, cruzei os braços bloqueando-a.



– O que foi Soul-kun? – Sua voz soou arrastada, muito melosa pro meu gosto.




– O que foi?! Larga de cinismo Naomi. Que atitude foi essa? Você estava quase avançando em cima da Maka, como se fosse voar em cima dela a qualquer momento! E que merda é essa de me tratar como se eu fosse um cachorrinho?! Você não é minha proprietária! – A essa altura eu já tinha descruzado os braços e gesticulava feito um louco. Me preocupava apenas em regular o tom de voz pra que não fosse alto demais a ponto que terceiros ouvissem nossa conversa.




Continuei com meus argumentos um pouco agressivos pra cima de Naomi, sem saber ao certo porque eu defendia tanto a Maka, alguém que nem olhava na minha cara. Mas eu não queria raciocinar muito sobre isso naquele momento, estava apenas agindo por instinto, eu acho.


Quando enfim cessei as palavras para retomar o fôlego, percebi que nos olhos de Naomi acumulavam-se algumas lágrimas.


– N-naomi... – Amansei um pouco meu tom de voz com medo de fazer alguma daquelas lágrimas caírem. Levei a mão esquerda próximo ao rosto dela, em um movimento sutil e cauteloso, mas logo tive essa mesma mão arremessada para longe. Ela havia repelido minha mão com um tapa, e neste mesmo ato, lágrimas percorreram seu rosto, molhando seu uniforme.




– EU ESTOU COM MEDO, SOUL! – Ela gritou, chamando a atenção de quem passava por perto naquela hora, e me surpreendendo também. A ruiva deu alguns breves soluços como consequência ao tentar reprimir as lágrimas que gradualmente caíam mais e mais. – Eu estou insegura com a volta dela. Eu estou com medo de te perder Soul. – Suas mãos esfregaram seus olhos sem pudor algum, como se sentisse raiva em estar chorando. – Eu estava apenas tentando me proteger, mas agora eu percebi... Você gosta dela não é Soul? – Seu tom havia mudado, tinha voltado ao normal. Ela me fitava séria, aguardando uma resposta.





Minha expressão de susto causada pelo grito de Naomi permaneceu presente em minha face mesmo quando o tom de voz dela diminuiu. Aquela pergunta... Aquela pergunta me causou uma arritmia cardíaca, mas me esforcei pra que Naomi não percebesse.





– De onde você tirou isso? – Voltei ao tom agressivo de antes, mas não com a intenção de atingi-la. Era apenas a maneira que encontrei de me defender.





– Qualquer um consegue ver isso. Por que você acha que seus amigos não gostam de mim? Porque eles sabem que não é de mim que você gosta. Você gosta é da Ma-





– PARA! Mas que porra! Não é você, nem nenhum dos meus amigos que decide quem é que eu gosto. – A agressividade em minha voz e meus gestos se agravou, a ponto de assustar Naomi.




De súbito, encerrei minhas palavras no momento em que senti que estava exagerando um pouco. Naomi estava meio chocada. Limitei-me a suspirar e fitar o chão. Vários devaneios corriam pela minha mente em questão de segundos. Tudo acontecia rápido demais... Se tudo não parasse de girar, eu senti que ia vomitar.



Fui puxado de volta à realidade quando o tilintar de algo metálico proveio do chão. Procurei pelo objeto causador de tal barulho e quando percebi, havia um anel caído no chão. Ele havia sido jogado por Naomi; Era a nossa aliança.




– Soul, entenda que eu te amo. Mas eu não suporto mais continuar com você nessas condições. Se um dia você se decidir sobre ela, aí você me procura. – As palavras de Naomi soaram fracas, e seu rosto estampava uma melancolia profunda. Ela não aguardou nem ao menos que eu respondesse. Ela me deu as costas e seguiu colégio a dentro sem olhar pra trás.




––––––


Maka POV


Desde que retornei ao Shibusen, senti algo estranho. Não consegui descrever o que era, mas assim que reencontrei o Soul, ficou tudo muito claro.



Confesso que senti uma imensa vontade de ir falar com ele, matar toda essa saudade que atormenta meu estado de espírito. Mas eu sempre acabo me lembrando do motivo que nos separou...


E agora ainda tem aquela tal de Naomi, tsc... Ele está muito bem sem mim, não tenho pelo o que me preocupar, nem pelo o que me iludir.


Quando dei por mim, estava sendo chamada por Marie-sensei.




– Maka-chan, você está me ouvindo?





– Oh, claro Marie-sensei. Me distraí por um momento, me perdoe. Do que você estava falando?




Marie deu um risinho de compreensão e prosseguiu de onde parece que ela tinha parado.



– Bem Maka, você como uma antiga estudante do colégio, membro da equipe Spartoi que foi responsável por grandes feitos no Shibusen, filha da death scythe do Shinigami-sama, e responsável pela transformação death scythe de Soul Eater Evans, foi escolhida pelos professores responsáveis por essa palestra para dar sua palavra aos novos alunos que chegam esse ano. Queria saber se você está pronta pra isso...




– Em prol do Shibusen, estou sempre pronta Marie-sensei. – Sorri orgulhosa e aliviada. Aquilo de certa forma me fez esquecer um pouco toda aquela emoção que sentia alguns instantes atrás.





––––––





Maka POV





A noite havia caído sobre a Cidade da Morte. Enquanto a lua sorridente brilhava no céu, os aplausos eram ouvidos de dentro do auditório. A palestra durara a tarde toda, se estendendo até o início da noite. Os aplausos eram sinais do encerramento daquele evento. Assim que todos começaram a se dirigir às saídas, fiz o mesmo e quando me vi fora dali, encontrei Tsubaki e Black Star.





– Parabéns Maka! Sua apresentação foi ótima. – Tsubaki gentil como sempre, me sorria com aquela delicadeza única.




Sorri de forma recíproca, até ouvir os murmúrios de Black Star.


– Deixem de ladainha, vamos sair daqui logo, não aguento mais.

Eu e Tsubaki rimos e seguimos com Black Star até o estacionamento.

Notei que dos poucos veículos que ainda estavam estacionados ali, estava a moto de Soul. Tsubaki e Black Star também perceberam o fato estranho que, Soul não estava no Shibusen mas sua moto continuava ali.

Nos entreolhamos.

Sabíamos que pensávamos a mesma coisa, mas parece que faltava coragem para Tsubaki ou Black Star tocarem no nome do Soul na minha frente. Coube a mim, então, puxar o assunto, porque por mais que eu disfarçasse, eu me senti preocupada naquela hora.


– A moto do Soul ainda está aqui. Será que ele está bem? – Perguntei isso ao me lembrar que, pouco depois que eu adentrei o auditório com Liz, vi Naomi passar chorando e sem a aliança no dedo.




Tsubaki tomou um leve choque ao me ver falar sobre o Soul sem cerimônia alguma, e pôs-se a falar antes que eu cortasse o assunto.





– Acho que devíamos procurar por ele. – Ela sugeriu.





Black Star pegou o celular no bolso, fez alguns movimentos com o polegar sobre o teclado e levou o aparelho até a orelha. Após alguns segundos de espera, iniciou uma conversa com a pessoa do outro lado da linha.





– Cadê você cara? – Houve uma pausa da parte de Black Star, mas logo ele continuou. – Eu perguntei aonde você está porra! – Tsubaki e eu nos surpreendemos com a mudança brusca do comportamento de Black Star. – Eu estou indo aí agora, se você for embora, eu vou te caçar até a morte. Entendeu?! – Black Star se manteve sério após desligar o celular, e nos encarou com olhar de seriedade.




– Ele disse que está num bar aqui perto.



Black Star nos disse o nome do bar, e eu não estranhei. Logo reconheci esse bar como aquele que meu pai mulherengo frequentava. Mas por que o Soul foi se meter nesse lugar? Será que...




– É melhor só vocês dois irem atrás dele. – Inclinei a cabeça, fitando o chão. Não me senti bem tomando essa decisão, mas senti que seria pior ir atrás dele.





– Tudo bem Maka-chan. – Black Star consentiu sem questionamentos. Ele e Tsubaki compreenderam de imediato meus motivos.





– Assim que o encontrarmos, ligaremos lhe dando notícias. – Tsubaki tentava me consolar, como sempre.





Como resposta, apenas acenei com a cabeça e sorri torto, na tentativa de demonstrar que estava bem.





– É melhor irem logo, né?




– Hai! – Os dois responderam juntos e partiram em retirada.

 

 

 

 

 

 

 



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Notas finais do capítulo

Apenas algumas observações para deixar a história menos confusa:
1°) Soul, Maka, Black Star, Tsubaki e o restante dos membros do "Spartoi", nessa história, já são maiores de idade. Soul e Black Star são os mais velhos, com 20 anos, e Maka e Tsubaki tem 19 anos. Todos eles já se formaram e vão ao Shibusen pra ajudar os professores como monitores.
2°) Naomi tem 17 anos, e continua estudando no Shibusen. Ela se tornou artesã do Soul quando ele ainda estudava lá. Depois que ele se formou, ele continuou indo ao Shibusen apenas para participar das aulas práticas quando ela precisa dele.
Por enquanto é só isso mesmo. Até o próximo capítulo.