Sapato 36 escrita por Gakinodono


Capítulo 1
Adeus pai, adeus filho


Notas iniciais do capítulo

Bem galera hoje trouxe meu primeiro original, baseado na música do majestoso Raul Seixas.
Se quiserem ouvir a música, aí está o link (eu recomendo): http://www.youtube.com/watch?v=uCwMM72UEJs
Boa leitura!



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Eu calço é 37
Meu pai me dá 36
Dói, mas no dia seguinte
Aperto meu pé outra vez
Eu aperto meu pé outra vez

Hélio Coelho, um homem magro e forte, rosto firme e fino, pele clara, olhos castanhos e sérios, cabelos escuros num corte social, chega em casa tarde, devido a mais um estressante dia na empresa da família, afrouxa a gravata, solta a maleta numa mesa qualquer e vai para o quarto. Esparrama-se em sua cama e solta um longo suspiro.
– Não aguento mais - Hélio desabotoa o paletó e olha para seu violão - Por que se foi mamãe? - Olhou para o teto, pensativo. "Não era disso que eu queria trabalhar quando criança, falava para minha mãe que queria ser um músico e ela me ajudava, mas depois que ela se foi... Eu fui pressionado pelo meu pai a trabalhar na empresa, todo dia a mesma coisa, papéis, reuniões, ações, eu acho tudo isso um saco!" Vou ver se eu descanço um pouco mais essa noite, para aguentar mais um dia naquele lugar infeliz.


Pai eu já tô crescidinho
Pague prá ver, que eu aposto
Vou escolher meu sapato
E andar do jeito que eu gosto
E andar do jeito que eu gosto


Amanhece, durante o banho frio dessa manhã, Hélio refletiu muito sobre o passado, alguns minutos depois estava pronto para mais um dia de trabalho sufocante. Ao descer as escadas, viu o pai sentado a mesa pronto para o café da manhã. Arnaldo Coelho, um homem idoso, com poucos cabelos brancos na cabeça, o olhar e a fala muito fraca e cansada, apesar de tudo garantia ter uma saúde e vigor de ferro.
– Bom dia filho - Arnaldo.
– Bom dia pai - Hélio sentou-se ao lado do pai.
– Como anda as coisas lá na empresa? - Bebeu um pouco de café.
– Normal, hoje compraremos umas ações da empresa Plata... - Hélio sorria, mas por dentro estava estava triste por esconder o ódio daquele emprego do pai. Respirou fundo e disse - Pai, não é o que eu sonhei, trabalhar na empresa nunca passou pela minha cabeça, eu cresci com o desejo de ser um músico...


Por que cargas d'águas
Você acha que tem o direito
De afogar tudo aquilo que eu
Sinto em meu peito
Você só vai ter o respeito que quer
Na realidade
No dia em que você souber respeitar
A minha vontade
Meu pai
Meu pai


– Como assim? - Arnaldo com sua voz cansada - Você quer dizer que você não quer ser aquilo que eu quero que você seja?
– É... - Hélio triste por ter que enfrentar seu amado pai - Desde que a mamãe me apresentou a música, eu vi o quanto aquilo era divertido e eu decidi que seria um músico. O pai transforma o ódio daquelas palavras em forças e bate na mesa.
– Quem você pensa que é para me enfrentar de tal forma?! - Grita Arnaldo. Hélio abaixou a cabeça, deixou a mesa e foi para a empresa.


Pai já tô indo-me embora
Quero partir sem brigar
Pois eu já escolhi meu sapato
Que não vai mais me apertar
Que não vai mais me apertar
Que não vai mais me apertar


Hélio volta para casa com um sorriso e uma determinação nunca sentida por ele, pega uma mala de viagem e começa a organizar suas roupas e acessórios, pega seu violão e desce para a sala onde encontra seu pai o encarando friamente.
– Você não tem jeito... - Arnaldo leva as mãos ao rosto em gesto desaprovador - Onde pensa que vai?


Por que cargas d'águas
Você acha que tem o direito
De afogar tudo aquilo que eu
Sinto em meu peito
Você só vai ter o respeito que quer
Na realidade
No dia em que você souber respeitar
A minha vontade
Meu pai
Meu pai


– Vou embora, vou realizar meu sonho - Hélio.
– Mas e a empresa? - Arnaldo.
– Me demiti, agora sou livre para fazer o que quiser - Hélio afasta-se em alguns passos.
– Quem você pensa que é para me enfrentar de tal forma? - Disse o mesmo que dissera mais cedo, só que mais calmo dessa vez - Eu exijo respeito!
– Mas pai, como posso te respeitar se você não respeita a minha vontade! - Hélio exautou-se. Essa última frase causou o silencio na casa - Pai deixe-me ir, não quero brigar com o senhor.
Hélio segurou a mão de seu pai, beijou e a acariciou. O senhor não conseguiu se conter e derramou algumas lágrimas e abraçou o filho, deu-lhe um beijo na testa.
– Tudo bem filho - Com a voz cheia de tristeza - Você pode seguir o seu destino em paz.


Pai já tô indo-me embora
Eu quero partir sem brigar
Já escolhi meu sapato
Que não vai mais me apertar
Que não vai mais me apertar
Que não vai mais me apertar


– Obrigado pai - Hélio sorria para o amado pai - Agora me sinto melhor. Arnaldo acompanhou Hélio até o carro, onde Hélio ajeitou sua mala e seu violão. Entrou no carro e seguiu a sua vida.

"Obrigado pai, nunca o abandonarei, apenas estou seguindo o meu destino, obrigado"


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Notas finais do capítulo

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