Hermione se encontrava completamente perdida em sala. Não havia escutado uma única palavra que Snape dissera, estava triste e magoada por ter brigado com Draco. Sim, Draco Malfoy e Hermione Granger, sangue puro e sangue ruim, tinham se tornado amigos depois da guerra, claro que fora do olhar da maioria. Se encontravam na biblioteca, nas rondas e na torre de Astronomia, o lugar preferido da menina. Ela até entregou à ele uma das moedas que usavam nas reuniões da AD pra quando um precisasse do outro.

E o que era pra ser um típico dia chato na biblioteca tomou rumo bem mais interessante quando Hermione, que ao subir na escada para tentar pegar um livro que devia ter o seu peso, caiu, sendo segurada por Draco. Ao senti-la tão perto de seu corpo, não resistiu a tentação de beija-la. A moça sorriu com a lembrança, o primeiro beijo deles. Primeiro de muitos. Talvez centenas, ou até centenas de milhares, nunca saberia ao certo. Ela, não só pela primeira vez, desejou ter contado quantos beijos trocara com seu antigo inimigo. Sacudiu a cabeça a fim de espantar essa ideia ridícula de sua mente e voltou ao estado de melancolia que se encontrava antes. Suspirou. Ainda não era capaz de acreditar no que Draco havia feito. Ela devia saber que um Malfoy não muda, mas ainda assim, uma parte dela se recusava a aceitar isso. Lembrou-se da conversa da noite anterior entre Blaise e Pansy, onde os dois comentavam sobre o andamento da aposta com Draco. A aposta: Ficar com Hermione Granger.

Bufou e olhou para o papel em sua frente e, onde ela esperava encontrar alguns rabiscos feitos inconscientemente enquanto pensava ela pode ler, em uma letra até que bonita, as palavras “10 coisas que eu odeio em você”. Suspirou e decidiu que estava mesmo precisando desabafar, nem que fosse com um pedaço de pergaminho. Se pôs a escrever, ficando ainda mais alheia a aula até que, quando estava escrevendo uma das ultimas palavras, sentiu o pergaminho ser puxado.

– Devolva, agora! – Gritou, se levantando da cadeira e tentando puxar de volta a folha das mãos do professor.

– Ora, quanta insolência. Me pergunto o que está a escrever, já que de cara anotações não são, não foi capaz de me escutar chama-la. Acho que não se importará de dividir com a turma, estou certo? Título bem interessante, senhorita... – O sorriso que Snape exibia deixava mais do que claro que ele estava adorando aquilo, isso deixou a garota furiosa.

– É particular. – Ela estava prestes a pular no pescoço daquele idiota, mas tinha que se controlar. “Respire Hermione, respire. Você não quer ser expulsa, respire...”

– Se quiser escrever algo particular, o faça fora da minha sala, mas continuando, a turma deve estar ansiosa pra leitura começar.

A garota congelou, Snape não podia estar fazendo isso com ela.

– “10 coisas que eu odeio em você:

1 Odeio o modo como fala comigo e como corta o cabelo.
2 Odeio como passou a dirigir minha vida
3 E odeio sua mania por números.
4 Odeio seus malditos ternos e como consegue ler minha mente.
5 Eu odeio tanto isso em você, que até me sinto doente.
6 Eu odeio como está sempre certo.
7 E odeio quando você mente.
8 Eu odeio quando me faz rir muito, e mais quando me faz chorar.
9 Eu odeio quando não está por perto, e o fato de não me procurar.
10 Mas eu odeio principalmente, não conseguir te odiar.
Nem um pouco, nem mesmo por um segundo, nem mesmo só por te odiar.” – Realmente muito comovente Srtª Granger, eu bateria palmas se não estivesse tão enojado. Sente-se e não quero mais saber de cartinhas apaixonadas na minha aula.

Quando se virou pra sentar, aos cochichos de todos da sala, Draco Malfoy joga na sua mesa um pedaço de papel, antes de sair porta afora sem nem mesmo pedir permissão.

“Espero ser o garoto do poema, me desculpe. Vou resolver isso.”

Duas simples frases, e foi suficiente pra mexer com o coração da garota, o que ele iria fazer?

Hermione passou o resto do dia na biblioteca, fugindo dos fofoqueiros de plantão que não paravam de comentar sobre a paixonite da maior sabe tudo do colégio. Eram 21hrs e ela se perguntava se devia ir para o jantar ou simplesmente morrer de fome e depois de algumas horas ir na cozinha. Se decidiu pela primeira opção, precisava se alimentar e iria ter de encarar as perguntas e fofocas uma hora ou outra, não conseguia entender, o que havia de tão errado no fato dela gostar de alguém? Não é como se só porque ela é inteligente que precisa casar com um livro...

Ela entrou no grande salão e cada vez que passava por um grupo de alunos os mesmos diminuíam o tom de voz. Ridículos, pensou. Sentou-se entre Gina e Rony que a olharam como se pedissem uma explicação.

– Hm, Hermione... você sabe sobre o que todos estão falando e bem, hm, tem algo que você queira falar com a gente? Somos seus amigos – Gina tentou dar um sorriso acolhedor, estava com pena da amiga e magoada por não saber quem o garoto era. – Por que não me contou, eu sou sua melhor amiga...

– Gi, você não entende, é complicado...

A ruiva já estava prestes a argumentar de volta quando o usual barulho da taça de Minerva se fez ouvido e a mesma levantou para dizer algumas palavras.

– Boa noite, queridos. Minhas desculpas por atrapalhar o jantar, mas hoje a tarde recebi um aluno em minha sala e ele tem algo a dizer a todos vocês, especialmente a uma. – Minerva se calou por alguns instantes, dando tempo aos alunos pra processarem a informação e a curiosidade aflorar – Sem mais delongas, Sr. Malfoy, por favor...

A diretora se sentou e Malfoy foi para o centro do salão fazendo um feitiço para aumentar a voz.

– Bom, não vai levar muito tempo, mas espero que todos prestem atenção. Tem uma coisa que eu preciso falar pra uma pessoa... E realmente gostaria que ela olhasse nos meus olhos enquanto falo então, Hermione, se eu ainda estiver no direito de te pedir algo, te peço isso, por favor, olhe para mim. – Se alguma pessoa não estava prestando atenção no começo, prestava agora. Ele esperou até a garota olha-lo para continuar. – Primeiro, eu fui um idiota, provavelmente o mais idiota de todos. No dia em que nos beijamos na biblioteca e em todos as outras 478 vezes, sim, eu contei, eu estava sendo completamente verdadeiro com você. Nunca deveria ter aceitado aquela maldita aposta, só fiz isso como desculpa para ficar mais tempo com você sem ninguém desconfiar. A melhor parte do meu dia era encontra-la em qualquer lugar, só nós dois... Mesmo que fosse passar o dia na biblioteca com o nariz enfiado em algum livro velho, valia a pena porque logo depois disso eu iria poder sentir seu perfume e beija-la. Nada é melhor que te ter por perto. A noite que você escutou Blaise e Pany, eu ia te pedir em namoro naquele dia, até que você entrou na sala gritando e dizendo todas aquelas coisas. E você está certa, você sempre está. Eu sou um sonserino idiota e egoista que faz qualquer coisa pra provar que sou melhor, até mesmo uma aposta em que eu só estava pensando em mim, mas se enganou quando disse que meu sangue valia mais do que o que você tinha a me oferecer. E eu estou aqui Mione, um sangue puro se declarando para uma sangue ruim, a minha sangue ruim, em frente de toda Hogwarts. Eu te amo, Hermione Jane Granger, e espero que onde tem 10 motivos pra me odiar, tenha pelo menos 100 pra me amar, eu não sei mais viver sem você, me daria a honra de ser seu namorado?

Algumas garotas choravam enquanto Hermione, também aos prantos, pulava no amado, mas acho que o resto ainda estava muito chocado com o que aconteceu. Malfoy e Granger namorando... não é algo que acontece todo dia.

– Seria a garota mais feliz do mundo, Draco. Eu te amo tanto.

E assim, os dois se beijaram, sob o olhares de desaprovação e acolhimento de alguns, assim foi por semanas. Eles não ligavam, tinham um ao outro e era tudo que eles precisavam para serem feliz, e quando só os dois não fossem suficientes, eles podiam ter um filho, mas isso é uma outra história...