Galaxy. escrita por Thereza


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Apenas um one-shoot. É fofinho, eu acho.
Boa leitura.



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"Eu sempre quis te escrever alguma coisa. Uma carta, um bilhete, uma mensagem. Qualquer coisa para que você pudesse compreender o quanto és importante pra mim.

Aquele dia, na casa do teu pai em Porto Alegre, me deu motivos para escrever. Não sei bem como isso vai terminar, mas vou tentar deixar algumas coisas bem claras.

Primeiro... Você é o meu melhor amigo.
Talvez eu nunca tenha te dito isso, mas eu sinto que é necessário agora. Você sempre foi p meu melhor amigo. Desde aquele momento que você me ajudou porque a minha mãe tinha falecido. Você foi a pessoa que mais me ajudou nesse momento. Meu pai nem ligou pro que aconteceu. Ele estava mais preocupado com o trabalho dele e a nova namorada. Eu estava sofrendo muito. Aí você aparece e simplesmente as coisas mudam. Te agradeço muito por isso, e acho que vou te agradecer pra sempre.

Segundo... Você se tornou uma das pessoas mais importantes da minha vida.
Como eu já te disse umas mil vezes, você é como o irmão que eu não tenho. Eu sempre fui sozinho sabe? Nunca tive muitos amigos (inclusive você foi o primeiro e único até agora). Acho que as pessoas nunca gostaram da minha companhia. Sou muito estranho, e acho que a minha dislexia também é um dos motivos pras pessoas ficarem longe de mim. Elas provavelmente acham que é algo... Contagioso, talvez. Então eu não sei muito bem explicar porque você se tornou meu amigo. Eu até assustei quando você falou comigo pela primeira vez. Eu me senti um ET.

Eu estava na biblioteca, procurando um livro pro trabalho de Português. Você chegou perto de mim e perguntou qual livro eu escolheria. Eu não sabia o que dizer porque, em quase dez anos estudando naquela escola, você fora o primeiro a falar comigo. Eu respondi que não sabia e você começou a rir. Eu fiquei super envergonhado. Afinal, a primeira pessoa que tivera a coragem de falar comigo, ri alguns minutos depois. Não que eu tivesse me importado com o fato de você ter rido. Eu até ficara feliz, já que era a primeira pessoa que fazia isso na minha frente. Você pediu desculpas e eu disse que estava tudo bem. Não lembro exatamente como fora os outros dias, mas sei que um tempo depois viramos amigos.

Agora, no terceiro ano do colegial, você continua sendo o meu único amigo. Mas aquele que sempre me ajudou. Me fez rir, me fez bem. Repito: você é como o irmão que eu não tenho. E acho que sempre vai ser.

Terceiro... Sentimentos.

Não sei explicar esse terceiro motivo. Amizade talvez? Não sei. Amor fraterno? Sim. E não. Não é apenas um amor fraterno. Pode parar de ler agora, eu deixo. Você vai querer me matar, isso se eu mesmo não me matar antes. Olha, Fred, o que eu quero dizer é que... Estou apaixonado.

Não sei bem quais palavras usar, mas sei que essa é a verdade.

Eu nunca me apaixonei de verdade. Sabe quando você olha pra uma pessoa, sente uma coisa estranha e depois de um tempo percebe que era só uma ilusão da tua cabeça? Pois é. Isso sempre acontecia. Não sei como aconteceu essa paixão que estou sentindo. É tão verdadeiro. O coração dispara e você não para mais de pensar nessa pessoa. Clichê, eu sei, mas é o que eu estou sentindo no momento. De tanto 'achar' que eu estava apaixonado, eu percebi a diferença em estar apaixonado de verdade. Você pensa na pessoa o tempo todo, observa cada detalhe e vê que são todos perfeitos. Até os defeitos se tornam perfeitos. Os gestos, a voz, o jeito, o modo de se vestir, cada movimento, tudo. Você se torna dependente daquilo. É tipo uma droga. O amor é uma droga. Você sente que não pode mais viver sem essa pessoa. Você se entrega a ela. Faz de tudo para ficar perto nem que for por alguns segundos.

Essa é a verdade. Você se sente preso a essa pessoa, mas de um jeito bom. Um jeito que você quer ficar pra sempre...

Acho que já disse tudo sobre o que eu precisava falar sobre o que eu sinto. Porque eu sinto isso. Sinto que não posso mais ficar longe e... Por mais que seja impossível eu preciso.

Eu preciso...

Preciso te contar. Por mais que você queira me matar, Fred, eu te amo.

Eu te amo, idiota. De verdade. Você é a pessoa que eu quero ter todos esses momentos, a pessoa que eu penso a todo o momento. Aquele que... Argh. Não dá pra explicar. Eu só sinto.

E eu queria que você entendesse. Mesmo que você queira ficar longe de mim a partir do momento em que você ler isso, eu vou entender. Só quero que saiba que eu te amo. É a última coisa que eu te digo.

Eu te amo. Exatamente do jeito que você é."

A carta que André havia mandado para Frederico, ficou ali na mesa. Do jeito que o mesmo deixou.

Extasiado com as palavras do amigo, Frederico apenas permaneceu sentado na cadeira, ainda tentando entender as palavras de André. Ele não sabia o que fazer diante de uma carta como aquela. Ninguém nunca havia mandado uma carta para ele, ainda mais contendo essas palavras.

Em sua mente, milhares de imagens se passavam no momento. Deles se conhecendo na biblioteca, do momento de tristeza que André passou ao perder a sua mãe e ele estava lá para o ajudar, de quando... De quando Fred se sentiu estranho perto do amigo. Ele nunca disse a ninguém sobre a sua sexualidade. Nem ele sabia direito. A única coisa que ele sabia era que ele amava André, e agora, descobrira que o sentimento era recíproco.

Ele não pensou em mais nada e apenas agiu. A casa deles não eram tão distantes, então o mesmo resolveu ir andando.

Ao chegar lá, o pai de André atendeu.

– O que deseja? - Frederico ouviu a voz grossa lhe perguntar.

– O André está? Preciso falar com ele.

– Lá em cima no quarto. Quem é você? - Frederico percebeu que seria difícil convencer o pai de André deixá-lo entrar.

– Fred! - O mesmo ouviu a voz do amigo atrás de seu pai.

– Você o conhece? - O Pai de André perguntou.

– Claro. É o Fred, meu amigo (na verdade o único), lá da escola.

– Ah. Então entre.

– Obrigado. - Frederico lhe respondeu.

Os dois subiram as escadas e foram para o quarto de André.

– Então... - André começou. - Você... - Ele provavelmente não conseguiria terminar a frase.

– Sim. - Frederico fez um aceno afirmativo com a cabeça.

– E...? - André o perguntou. Ele estava ansioso para saber o que o amigo achara da carta, e mais ainda, sobre quais eram os sentimentos de Fred sobre ele.

Frederico não respondeu. Ele se aproximou do amigo e apenas lhe deu um abraço apertado.

Ficaram ali pelo que pareciam horas. Se separaram - mas inda ficando bem próximos um do outro - e André lhe falou:

– Acho que já entendi.

– O quê?

– Você está me dando um abraço porque vai se afastar de mim.

– Não.

– Então...? - André repetiu, mas agora com um pouco de esperança.

Frederico chegou mais perto do amigo e depositou um pequeno beijo em seus lábios.

André perdera a fala. Ele não imaginava tal reação de Fred.

– Eu também gosto de você.

André deu o maior sorriso que já dera na vida, e eles se beijaram novamente.

...

– FIM -


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Notas finais do capítulo

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