Pirando Em 3, 2, 1... escrita por Eica


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Nunca imaginei que demoraria tanto tempo para retornar a escrever uma fic. Foram mais de dois anos para criar vergonha na cara e finalmente colocar esta fanfic em ordem. Tive muitos contratempos durante estes anos todos, além da presunção de achar que conseguiria escrever além de minhas capacidades. Tive bloqueios, tive vontade de parar de escrever, e de fato parei. Ocupei-me com estudos e outros assuntos não relacionados à escrita. Enfim, ficou claro para mim que não tenho mais a mesma agilidade de anos atrás e hoje tenho procurado correr atrás do tempo perdido. Minha mente descansou tempo suficiente, mas é hora de voltar a exercitá-la uma vez mais!



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Posteriormente, senti uma vergonha absurda e imaginei – senti vergonha por isso também – se faríamos novamente, já que, pelo visto, Daniel também não trouxera camisinhas.

Não havia como não olhá-lo com outros olhos. Ele me dissera que gostava de sexo, mas não mencionou o que mais gostava de fazer na intimidade. Havíamos transado mais de três vezes, contudo, não tínhamos “aprofundado” nossa relação até agora. Ele fizera sexo oral em mim e se tocara na minha frente. Permitiu que eu gozasse em sua boca e gozou sobre mim. Daniel me fizera carícias que outrora não ousara fazer. Chocou-me, mas de uma forma prazerosa. Era mais sensual e mais atrevido do que aparentava ser.

As coisas são assim mesmo. As pessoas parecem ser de um jeito, mas no fundo, são totalmente diferentes. Todos nós temos desejos que escondemos à sete chaves. Até mesmo eu já sonhei com coisas que não ousaria dizer a ele. E se Daniel já se sentia livre suficiente para fazer o que fez comigo, significava que, a partir de agora, as coisas mudariam ainda mais entre nós.

Quis contar a Tomas sobre isso, sobre o que havia acontecido. Queria sua opinião a respeito de minha nova experiência com Daniel, só não tive a oportunidade e não seria dentro de um ambiente fechado como o avião que eu faria essa revelação.

O show em Paris fora um sucesso. Nenhum contratempo aconteceu durante nossa apresentação. Só me foi complicado agir normalmente com Daniel depois do que acontecera entre nós. Antes de nosso show, ele conversou comigo normalmente, como se nada tivesse acontecido. Eu revivia todos os momentos em minha mente, até mesmo durante nosso show, enquanto ele cantava e andava pelo palco encantando a todos os franceses com sua sensualidade e beleza. Ouvia-o cantar ou mesmo falar e meu corpo se arrepiava.

Em dado momento do show, ele aproximou-se de meu teclado, com o cabelo úmido pelo suor. Passou por mim cantando um refrão da música e quando ergui os olhos para ele, seus olhos me encararam com uma voluptuosidade que eu nunca havia visto antes. Por pouco meus dedos não fizeram o caminho errado sobre as teclas!

Passei a refletir sobre esse nosso último momento íntimo e cheguei à conclusão de que, talvez, Daniel esperara que eu retribuiria da mesma maneira que ele. Eu devia ter feito sexo oral nele também e ter percebido isso tardiamente fez-me sentir um completo idiota.

A viagem de avião até a Finlândia demorou por volta de quatro horas. Nos hospedamos no Scandic Park, em Helsinki, que ficava em frente a um parque municipal, não muito longe do Suvilahti, onde ocorriam shows ao ar livre na cidade e onde nos apresentaríamos no dia seguinte.

Desta vez, dividi o quarto com toda a banda e por isso mesmo, qualquer assunto pessoal que eu gostaria de tratar com Tomas, ou qualquer intimidade que eu desejasse ter com Daniel, teve de ser adiado. Fizemos um ensaio antes do show e nesses momentos todos éramos muito profissionais. E foi exatamente durante nosso ensaio antes do show que notei uma mudança sutil no comportamento de Tomas. Sua personalidade sorridente e brincalhona transformara-se. Agora estava sério demais e pouco ou quase nenhum momento descontraído entre nós o afetou. Quando pude perguntar discretamente se algo acontecera, apenas me disse secamente:

— Depois eu falo.

            Fiquei inquieto. Ao voltarmos para o hotel, poucas horas antes do horário de nossa apresentação, Tomas entrou em nosso quarto. Naquele momento, Daniel e eu nos aprontávamos para ir ao Suvilahti.

— Posso falar a sós com o Emil? – pediu Tomas, ainda muito sério. – Não vou demorar muito.

            Daniel apenas acenou afirmativamente com a cabeça e saiu do quarto, sorrindo-me. Quando ficamos sozinhos, olhei ansioso para Tomas.

— O que houve? Algo sério?

— Eu conversei com o Niko - começou ele, dando alguns passos pelo quarto. – sobre aquele assunto de que tínhamos conversado. Falei que gostava dele e que eu o namoraria se ele também quisesse me namorar.

— E o que ele disse? – perguntei, mesmo já imaginando qual teria sido sua resposta somente pela expressão de Tomas.

— Ele disse que curtiu ficar comigo e tal, mas não quer uma relação séria agora.

            Senti-me triste por Tomas e deixei isso claro. E ele, contudo, sorriu-me de modo cínico.

— Não foi só isso que ele me disse. Eu quis saber o que ele sentia e ele disse que não sentia nada especial. Eu insisti na conversa porque realmente fiquei magoado e ele confessou gostar de outra pessoa.

            Franzi a testa, surpreso por haver outra pessoa que eu desconhecia. Obviamente que eu não saberia quem era esta outra pessoa, já que Niko não costumava falar sobre sua vida particular.

— Aquele amigo de São Paulo? – perguntei, lembrando-me.

— Não.

— Alguém que ele conheceu na internet?

— Não.

— Um fã?

            Fiquei ainda mais surpreso e curioso quando Tomas admitiu que Niko estava gostando de um fã.

— Nossa! Mas que fã seria esse? Ele o conheceu durante a turnê?

— Não, Emil. O fã é você!

            A revelação dele me soou tão absurda que eu não contive o riso.

— Não. Mentira.

— Como pode ser mentira se ele mesmo confessou? – retrucou Tomas, parado de pé em frente a mim. – Não fui eu quem estou dizendo. Ele disse.

— Mas... não pode ser.

— É, pode. E é. – retorquiu, ainda sério.

— Eu não sabia! – tentei defender-me, sem saber ao certo o porquê.

— Claro que não! Ele não falou para ninguém. Isso ele também me disse.

            Fiquei chocado e sem saber como reagir ao segredo que Niko guardara. Jamais imaginei que ele nutriria alguma coisa por mim senão amizade, afinal, eu estava namorando o irmão dele. Além da surpresa por esta revelação, ainda me senti extremamente mal por fazer parte de um triângulo amoroso que eu jamais desejaria fazer parte e de, sem querer, ser o responsável pelo sofrimento de Tomas. Como contornar uma situação tão constrangedora?

— Me desculpe. Eu...

— É culpa sua? – soltou Tomas, num tom de voz que eu não imaginei que ele usaria comigo naquela situação. – Você jogou charme nele? Deu em cima dele? Acho que não.

            Estas foram as últimas palavras de Tomas antes dele sair do quarto, deixando-me sozinho com minha perplexidade e culpa. Sim. Culpa.


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