Sonhadora escrita por Caroline Barboza


Capítulo 29
Capítulo 29- Um passo para a vingança


Notas iniciais do capítulo

''Nem sempre tudo dá certo, mas não tenha medo de arriscar, faça sua escolha e se algo der errado tenha sabedoria para enfrentar os obstáculos, superação é o segredo para o sucesso.''
(Willian Vailate)

Obs: Eu queria tanto mudar a minha capa =) Alguém aí sabe sabe fazer??



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Não tenha medo de se arriscar.

Em algum momentos na vida vamos ter que arriscar. Vamos ter que estar prontos para tudo ou para todos. Eu sei que vou me arrepenter de muitas coisas, e que talvez eu possa até mesmo passar os dias, meses ou anos, sozinha chorando no quarto.
Mesmo assim é importante ter medo, é importante viver. Experimentar novos ares, sentir novos sabores, conhecer diversas culturas, dançar direferentes ritmos e fazer milhares de amigos.
Nessa vida, de poucas coisas eu tenho absoluta certeza. Uma delas é que o conceito sobre a vida, muda frequentemente. A cada passo, a cada conversa, a cada risada, decepção ou amor. Ele muda.
Por esse motivo é de extrema importancia estarmos preparados. Cultivando os velhos e bons amigos e aprendendo a arriscar nossas vidas e nossas ideologias.
Pode ser que assim, você descubra momentos inesqueciveis e pessoas insubstituiveis. Talvez você se descubra, ou apenas se esqueça... de tudo que ti aflinge. Mas o importante mesmo... é se arriscar ou se preferir, simplesmente viver.

(Jacqueline Chagas)



O que eu estava dizendo? Está certo que muitas vezes eu desejei me vingar. Mas como eu iria fazer isso? Somente de ver aquele rosto da minha mãe, minhas pernas tremiam. Seus olhos eram de puro ódio e agora o ódio era maior. Eu senti isso desde o nosso ultimo encontro. Mesmo ela estando sem fundamento, ela me culpava pela morte de meu pai. E eu tinha certeza que eu não era a culpada. Por que será que ela não via isso? Porque era tão difícil enxergar? Será que era tão fácil para ela me culpar, sendo que a única culpada por alguma coisa era ela. Culpada por destruir minha vida, por destruir minhas chances de ter uma família... poderia listar inúmeras coisas. E eu era a única que tinha o direito de culpar alguém. O que eu havia feito para aquela mulher? Que eu me lembre, eu apenas fui eu mesma. Um arrepio percorre pela minha espinha apenas pela a possibilidade de vê-la de novo. Aquela voz áspera que me dava medo. Ultimamente eu vinha sonhando com ela. Não havia contado isso a ninguém, porque eu tentava apagar da minha memória assim que acordasse, afinal ela já havia estragada tanto a minha vida que eu não queria dar o gostinho para ela continuar o fazendo.



Eu não sei seu estou pronta

Digo essas palavras em minha mente tentando me convencer. Eu sei que pareço uma idiota falando comigo mesma, mas se eu não fizesse isso com certeza já teria enlouquecido.


Alice você não esta pronta. Espere mais um pouco. Se não tudo irá dar errado. Era o que minha cabeça me dizia, Mas quem disse que eu me ouço? Eu sou cabeça dura, e por agir por impulso, somente seguindo o coração muitas vezes eu me ferro.


–Você tem certeza? – Richard pergunta com um olhar meio preocupado, me tirando dos meus pensamentos.

Fecho os olhos por um segundo. Será que eu realmente estava pronta? Durante essas semanas que ficamos aqui, eu me limitei a pensar nesse assusto, eu me desliguei de tudo que me levasse a pensar em minha mãe. E era quase impossível decidir isso de imediato. Mas o que eu tinha a perder? Meu pai estava morto, não havia chances de ela querer meu coração. Certo? Nunca sei o que pensar daquela mulher.

–Eu... eu tenho certeza- digo duvidando das minhas próprias palavras

Finalmente depois de minhas palavras, o assunto havia morrido. Por enquanto.

Ficamos esperando os minutos que faltavam, olhando para o céu. Perco-me imaginando o quão bom seria ser livre. Já que essa experiência estava durando tão pouco. Desejei poder novamente algum dia, olhar e ver aquele céu tão bonito e cheio de estrelas. Nessa hora me lembrei de Matheus.

Durante essas semanas que ficamos aqui, eu quase sempre ia vê-lo. Ele havia se tornado um grande amigo na qual eu sempre podia desabafar. Ele já havia conhecido Fernanda, Lucas e Richard. Mas esse último não aparentou gostar muito do Matheus. Eu não liguei, afinal, éramos apenas amigos. Certo? Muitas vezes eu me pegava pensando o que Richard sentia por mim...

É lógico que ele gostava de mim. Como amiga. Mas gostava

Toda a manha eu tomava o meu café e ia até a cachoeira onde encontrava Matheus com um enorme sorriso, sentado entre as pedras. Ficávamos horas conversando, e eu realmente gostava de sua companhia. Por que ele teve que ir embora?

Flash Back on


Acordo e me assusto ao perceber que já passavam do meio dia. Como eu pude dormir tanto? Levanto-me e chamo por Fernanda, mas o único som que ouço e do eco que minha horrível voz faz . Tomo um banho rápido e quando chego na cozinha tenho uma surpresa ao não vê-los. Procuro pela casa inteira, mas nenhum sinal deles. Será que eles haviam sido sequestrados? Sou uma idiota por pensar nisso, mas a culpa é deles que me obrigaram a ver aquele filme de terror a noite passada. Eu avisei que tinha medo, mas mesmo assim eles insistiram. Meu coração já estava acelerado quando vi um bilhete pregado na geladeira. A letra era péssima, mas após algum esforço entendi o que estava escrito.


 

Querida Bela adormecida, como você dorme hein? Tentamos te acordar mas não conseguimos. Fomos ao mercado, que fica na cidade para comprar comida.

Como você é meio lerda pode pensar que fomos sequestrados, mas fique despreocupada, voltamos logo

Lucas


Lerda? Quem era ele para me chamar assim? Aquele garoto era o cúmulo da lerdisse. Quando ele chegasse ele iria ver quem era lerda

Como eles não iria chegar tão cedo resolvo colocar um biquíni e ir me encontrar com Matheus.


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–Oi Alice – ele diz abrindo um sorriso e eu também

–Pensei que não fosse vir... cadê seus amigos, eles não vem?

–Eles foram comprar comida...

–AH... bom eu queria te contar uma coisa

– O que foi?

–Eu estou doente...

–O que?

–Eu estou com leucemia

Eu fiquei pasma. Pensei estar tendo alucinações, ou que eu havia confundido o café com uísque e estava bêbada. O que ele acabara de dizer foi como se tivessem dado um soco no meu rosto. Eu sei que eu não o conhecia há muito tempo, mas conversar com ele era tão fácil, que era como se fossemos amigos desde... sempre. Isso queria dizer que... não. Eu não iria aguentar perder mais ninguém. Eu já havia perdido meus pais verdadeiros, mesmo que eu não os conhecesse muito, eu me lembro de como ocorreu o incêndio. Algumas cenas surgem na minha cabeça com fleches e eu não posso dizer que não me sinto triste. Alem de ter perdido o meu pai. Será que eu também perderia o Matheus? Não. Ele não iria morrer. Involuntariamente vou ate ele e o abraço. Foi um Abraço apertado, como se eu estivesse dizendo a ele que tudo ficaria bem, mesmo que eu não tivesse certeza.

–Eu vou morrer Alice – ele diz chorando

–Não vai não, você não pode.

A vida não é triste. Tem horas tristes.

(Romain Rolland)


Lágrimas também começam a escorrer dos meu olhos e eu tento enxugá-las. Mas era em vão pois elas insistiam em percorrer todo o meu rosto.

–Não tem nenhum tratamento? – pergunto finalmente após um tempo de silencio

Ele apenas nega com a cabeça

–É definitivo. O médico disse que eu descobri tarde de mais e que... bom, ele disse que eu tenho pouco tempo de vida.

Fico sem saber o que dizer. Todas as palavras fugiram da minha boca e tudo que eu pudesse falar, parecia que não se encaixava naquela situação. Fico o observando. Ele era tão novo para morrer. Por que a vida era tão injusta assim? Um sentimento de raiva me invade. Por que, aquilo tinha que acontecer?

Ficamos em um silencio absoluto por um tempo. Ninguém ousava dizer sequer uma palavra. O clima estava muito triste e eu jurava que o céu havia escurecido. Eu Seguro as suas mãos e então ele finalmente diz uma palavra

–Alice... não precisa ficar com pena... eu já me conformei.

–Não Matheus, você não pode morrer... você tem que viver

–Alice, eu te contei isso porque.... eu vou ter que ir embora. Eu vou passar esse meu ultimo tempo morando com o meu pai e bom... essa é a ultima vez que nos vemos

Eu não podia pensar nisso. Eu já sabia que uma hora eu iria voltar para o colégio interno e nunca mais iria vê-lo. Mas de qualquer forma, ele estaria aqui... Vivendo a vida dele. Mas agora, quando eu se lembrasse dele, iria saber que ele estava morto. Será que isso faz algum sentido? Pelo menos na minha cabeça fazia

–Então essa é uma despedida?

Ele assentiu com a cabeça

–Meu voo é daqui a pouco e o aeroporto é um pouco longe, tenho que ir agora. Eu só vim mesmo me despedir

Ele vem até mim e me abraça. Ficamos um tempo nos abraçando, e então ele me solta. Fico gravando os detalhes de seu rosto. Seria a última vez que o veria.

–Eu tenho uma coisa para você.- ele coloca a mão no bolso e retira um pequeno embrulho. Abro-o e me emociono ao ver um lindo cordão. No pingente havia uma foto de nós dois, que tiramos na ultima vez que nos vimos.

–É lindo! Obrigada– digo o segurando com cuidado - Mas Não precisava gastar dinheiro

–Eu não gastei muito, além do mais, quero que se lembre de mim. Mesmo nos conhecendo apenas poucos dias, eu a considero uma grande amiga

Demos um últimos abraço

–Adeus Matheus

–Adeus Alice, eu sentirei sua falta- ele diz dando o último sorriso

–Também sentirei- digo quase como um sussurro e então ele se vira e desaparece, saindo de vez da minha vida

Flash back off

Deixo uma lágrima escorrer dos meus olhos. Eu não havia contado isso para ninguém. Eu ainda não conseguia acreditar.

Se alguém ficou curioso para saber o que eu pedi assim que estrela cadente passou, errou quem achou que eu desejei a morte da minha mãe. Mesmo que eu a odeie, não sei se seria má a esse ponto. Mas aquele pedido eu não usei para mim. Eu apenas pedi que Matheus fosse curado. Algo impossível, eu sei, mas o que tem eu sonhar?

Afasto-me dos pensamentos, quando ouço Fernanda gritar histérica. Olho para o céu e percebo o motivo da sua euforia. O eclipse havia começado. Richard estava ao meu lado e então ele segura a minha mão. Assusto-me, mas dou um sorriso.


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Abro os olhos e percebo que ainda era cedo. Todos deviam estar dormindo, já que havíamos ido dormir muito tarde. Levanto da cama com cuidado para que Fernanda não acordasse. Hoje iríamos voltar para casa e eu estava muito ansiosa por isso. Pego um casaco e vou até o jardim e me sento em um banco que havia ali. O sol estava nascendo, e fico admirando a paisagem. Eu estava tão desligada que me assusto quando ouço a voz de Richard. Olho para o lado e ele estava em pé me observando. Ele estava muito lindo como sempre e fico algum segundo o encarando. Ele percebe e fica vermelho, o que me faz automaticamente ficar corada.


–Por que está acordada tão cedo?- ele pergunta se sentando ao meu lado

–Eu estou ansiosa, por encontrar novamente minha mãe. Não estava mais conseguindo dormir. E você?

–Eu não sei... Também não estava conseguindo dormir, fui a cozinha beber água e te vi... Bom resolvi vir aqui fazer companhia

Dou um leve sorriso

–Não precisa ficar nervosa quanto a sua mãe, eu vou estar do seu lado o tempo todo

–Promete?

–É claro que sim


 

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Já havíamos arrumado as malas e estávamos todos no ônibus. Dessa vez, não havia nenhuma Lorrane então eu sentei ao lado de Richard. Eu passei boa parte da viagem em silencio. Pensando. Eu sabia que assim que chegássemos na escola, a diretora iria ligar para a minha mãe e em pouca horas eu estaria frente a frente com ela. E eu estava com medo do que poderia acontecer. Acabo adormecendo.

Abro os olhos e me assusto, ao ver Richard. Eu estava encostada em seu ombro. Dou um sorriso e me levanto

–Que bom que a bela Adormecida acordou, você estava tão bonitinha dormindo, que fiquei com pena de te acordar

–Nós já chegamos?

Ele assentiu com a cabeça e então um frio percorreu pela minha espinha.

–Eu estou com medo do que vai acontecer

–Não fique Alice, lembra o que eu te disse? Vou estar do seu lado.

Saímos do ônibus, e ao pegar as malas ele partiu e ficamos um tempo encaramos os enormes portões da escola.

–Vamos entrar?- Lucas pergunta

Richard segura minha mão e todos nos quatro entramos juntos.

Fico com medo, mas ao olhar minha mão entrelaçada com a do Richard percebo que eu não estava sozinha. Respiro fundo e continuo andando, quando de repente ouço chamarem o meu nome, olho para trás e levo um susto.



‘’Desejo que você

Não tenha medo da vida, tenha medo de não vivê-la.
Não há céu sem tempestades, nem caminhos sem acidentes.
Só é digno do pódio quem usa as derrotas para alcançá-lo.
Só é digno da sabedoria quem usa as lágrimas para irrigá-la.
Os frágeis usam a força; os fortes, a inteligência.
Seja um sonhador, mas una seus sonhos com disciplina,
Pois sonhos sem disciplina produzem pessoas frustradas.
Seja um debatedor de idéias. Lute pelo que você ama.’’

(Augusto Cury)











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Notas finais do capítulo

Oii pessoal *--*

O que acharam?? Espero que tenham gostado!!

Me perdoem por nao responder os comentarios dos antigos capítulos, mas assim que eu tiver tempo eu respondo!!!!

Xoxo ^^



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