Alguns dias se passaram desde a última vez que eu havia visto Frank, minha paixão ultra secreta, agora já faziam 2 semanas que eu estava morando com Chris, ainda me lembro do dia em que dei tchau ao meu quarto, ah como eu sinto falta de suas paredes cheias de frases, pôsteres, minha pequena escrivaninha que vivia cheia de cadernos, apostilas, trabalhos, e fotos das minhas bandas preferidas...são tantas as saudades, meu quarto, minha casa, minha mãe, meus amigos, minha tão especial Los Angeles, sinto muita falta de ter que acordar mal humorada para ir pra escola, sinto falta daqueles idiotas dos meus colegas, sinto falta de passar as tardes no Facebook conversando com minhas amigas, sinto falta do meu professor de matemática Sr. Jullian, chamado pelas costas de Juju ou Jully, sinto falta dele reclamando que eu passo a aula inteira cantando em vez de copiar a matéria, sinto falta dos outros professores que também reclamam disso, sinto falta da minha amiga Liz me contrariando, me dizendo que o Mike Dirnt é feio, sinto falta da minha amiga Marry mandando a gente calar a boca, ou falando que já não aguenta mais ouvir minha voz de tanto que eu canto,  sinto falta de olhar para alguma foto no meu caderno no meio da aula e ficar rindo ( na maioria das vezes elas eram do Billie Joe Armstrong ), mas tudo isso está do outro lado do oceano, e eu estou aqui só na saudade, era uma tarde normal em que eu estava sozinha relembrando esse momentos até que alguém abre a porta de casa:

            - Ana socorro!

            - Adrienne?! O que você está fazendo aqui! – disse assustada

            - O Frank! O Frank foi atropelado! – falou Addie, soluçando

            - Meu Deus! Como?! – falei, já começando a tremer

            - Ele foi atravessar a rua para comprar pipoca, aí passou um carro e acertou ele! – disse Addie, com as palavras meio engasgadas devido ao choro

            - Mas ele já foi pro hospital? – perguntei com os olhos cheios d’água

            - Sim, a ambulância veio rápido, mas não deixaram eu ir junto, então eu fui até o hospital mas as enfermeiras disseram que ele está passando por uma cirurgia delicada, e que só uma pessoa poderia permanecer no hospital, então a Maria ficou lá – respondeu aos prantos

            - Mas como você veio parar aqui? – perguntei  já que não lembro de ter dado meu endereço à ela

            - Eu não tinha como dirigir até em casa no estado em que eu estava, então Maria falou que eu poderia ficar com você, eu posso?

            - Claro que pode! Imagina, nem pensar que você vai nesse estado para casa! Além do mais, Chris foi dormir na casa de um amigo então não vai ter problema você ficar aqui – respondi sentindo uma enorme compaixão

            - Obrigada Ana! Você é um anjo! – respondeu Addie, abrindo um sorrido entre as lágrimas

            Passamos o resto da tarde se conhecendo, eu descobri que Addie e Frank se conheceram em um show, eles eram meio que bem tímidos ,então ficaram só na amizade, trocaram os telefones,  aí foram se conhecendo através de telefonemas e descobriram que eram perfeitos juntos! Me sinto a pior pessoa do mundo por me apaixonar por Frank, eles nasceram um para o outro! Ela, com seus enormes dreadlocks, olhos castanho – claro, alta, e para a minha surpresa não é inglesa, é americana, nasceu em Minneapolis, estado de Minnesota, veio para Londres só por causa do Frank, conseguiu passar na mesma faculdade de Frank só pra ficar perto dele, e eu aqui, atrapalhando o final feliz alheio, na verdade minha intenção não é atrapalhar, e sim, invejar, ah mas um dia eu ainda hei de achar um Frank da vida para mim também ter um final feliz, até porque punks também tem sentimentos! Não é porque eu não tenho uma coroa, não tenho sangue real, não tenho um vestido cor-de-rosa bufante, que eu não mereça um príncipe, só que meu príncipe não usa terno, nem sapatos sociais, creio que ele usa camiseta do Ramones e um All Star preto, tem tatuagens grandes nos braços, e cabelo espetado, esse é o homem com o qual eu sonho todas as noites, mas infelizmente do jeito que o mundo está hoje, meu “punk prince” deve estar a sete palmos abaixo do chão, hoje eu só vejo meninos de visual carregado, mas de mentes vazias, sem ideais, ou sonhos pelos quais queiram lutar bravamente para realizar, hoje é tudo tão descartável, tão passageiro, sinto falta do tempo em que as pessoas realmente amavam seus ídolos, tipo a época da Beatlemania, aquelas meninas viveram para os Beatles e nunca deixaram de ouví-los só porque surgiu uma nova bandinha, mais nova e com um sonzinho jovem, não, elas não abandonaram o Paul, o Ringo, o John e o George, elas não negaram ser fãs deles só porque não está mais na moda. Falando, falando e falando mais um pouco, foi assim que terminou o dia, já era um pouco tarde quando Addie disse que estava cansada e foi dormir, arrumei a cama de Chris para ela, e resolvi tomar um banho e me deitar também, fiquei refletindo um longo tempo sobre como existem poucos exemplos de amor como o de Frank e Adrienne, até que eu finalmente peguei no sono, embora eu estivesse preocupada com Frank lá no hospital. Será que ele vai resistir a essa cirurgia?