O dia passou depressa. Todos estavam comentando sobre a festa de hoje à noite. Eu tinha que me preparar. Prestei atenção em todas as aulas, fiz todas as minhas lições atrasadas e tentei ao máximo não pensar em Damen.

   Quando faltava uma hora para a festa, lavei meu cabelo, o sequei e tentei manter tudo impecável. Coloquei minha roupa, passei um pouco de rímel e gloss. Me olhei no espelho e desci.

    Como sempre, Drina demorou para me atender. Ela vestia um vestido de couro vermelho justíssimo e um louboutin dourado. Seu cabelo ruivo estava preso em um coque alto e a camada de delineador que ela havia passado realçava perfeitamente seus olhos. Ela estava deslumbrante. Eu quase me senti mal por estar no mesmo ambiente que ela, quase.

   - Olá querida. – ela disse me puxando para dentro. A festa já estava cheia.

    - Oi. Quanta gente.

   - Sim. Está tudo perfeito. – ela estava claramente radiante.

  - Eu vou procurara a Haven.

  - Eu a vi perto das bebidas.

 Eu não queria ter que encarar o entusiasmo de Drina, ele me deprimia. Fui pegar uma bebida e ver se achava Haven. Ela estava encostada na janela bebendo. Haven estava vestindo um vestido verde escuro e seu cabelo preto e longo estava solto. Ela parecia entediada.

  - Oi.

 - Ah, oi. Tudo bem? – ela parecia perdida em pensamentos

- Tudo. Está gostando da festa?

- Está legalzinha. Você falou com o Damen hoje? – ela parecia preocupada.

 - Não. Ele já chegou. – de repente senti um frio na barriga.

 - Não. Você me ouviria se eu te pedisse para ficar longe dele?

 - Provavelmente não, por quê?

 - Ele é perigoso Ever, ele não é para você.

 - O que você quis dizer com isso. – eu estava furiosa.

 - Ele não serve para você.

 - Sim, ele serve. Ele me fascina. Ele sabe como estou me sentindo, ele é uma ótima pessoa e me fez ver imagens fascinantes. – me arrependi das palavras assim que as falei. Os olhos da Haven quase saltaram da cara.

 - Ele fez o que? Ever me conte tudo.

 - Quer saber? Eu não vou te contar mais nada. Eu não vou ficar longe dele. – eu estava quase gritando.

    Sai andando antes que ela me falasse mais alguma coisa. Eu estava tão nervosa que nem percebi quando bati em alguém. Eu quase cai de costas no chão e alguém me segurou. Era Damen.

  - Com pressa? – ele perguntou rindo.

  - Muita. – eu não conseguia ficar com raiva quando estava perto dele. Ele fazia eu me sentir segura.

    - Quer uma bebida.

   - Sim, é tudo que eu preciso.

    Ele me levou para onde as bebidas estavam e me deu um copo. Ficamos em silêncio por um tempo até eu me acalmar.

   - De quem você estava fugindo? – ele perguntou tentando puxar assunto.

   - Da Haven, ela me disse umas coisas que eu não gostei. 

   - Por ventura foi algo sobre mim? – seus olhos ardiam sobre sua espessa camada de cílios.

   - Foi. Ela me disse para ficar longe de você. – admiti com vergonha.

   - E você vai obedece – lá? – ele me olhava pelo canto do olho esperando uma resposta.

    - Não.

    - Hmmm....

    Eu quase me arrependi de ter falado aquilo, porque ele ficou um bom tempo em silêncio.

   - Você quer sair daqui? – ele me perguntou com um meio sorriso.

   - Por favor.

  Ele não pegou na minha mão, mas guiou ao destino. Como estava escuro, não conseguia saber para onde íamos. Descemos dois lances de escadas e andamos por um longo corredor. Por fim, paramos na biblioteca. Ela estava trancada, mas ele tinha a chave. Ele não acendeu as luzes, só me levou até a última estante da enorme biblioteca.

   - O que estamos fazendo aqui? – eu estava começando ficar assustada.

   - Esse é o meu lugar preferido da escola. Aqui está o meu livro preferido e o lugar em que gosto de sentar para lê - lo.

   - Por que você está fazendo isso?

   - Eu quero te mostrar que você pode confiar em mim. Eu não sou perigoso.

   - Hmm.. – eu podia sentir ele se aproximando.

     Ele me pegou no colo e me colocou sentada na mesa de leitura e colocou os braços em volta da minha cintura. Em nenhum momento ele tocou na minha pele. Eu estava gostando da proximidade. 

  - Você confia em mim? – mesmo no escuro, eu podia ver seus olhos queimando.

 - Sim. – eu estava sussurrando.

 - Que bom.

   Ele passava as mãos no lado das minhas pernas e sussurrava no meu ouvido.

  - Não escute o que a Haven diz, Ela não gosta de mim.

  - Você nunca me disse o porque.

  - Um dia você saberá de tudo. Mas não ainda.

  - Eu quero saber agora. – eu aparecia uma criança fazendo birra.

  - Tudo tem o seu tempo.

     Eu coloquei meus braços em volta do seu pescoço e queria mais que tudo que ele me beijasse. Parece que ele ouviu meus pensamentos, porque no segundo seguinte seus lábios estavam nos meus.

    Seu beijo era... Seu beijo era espetacular. Eu agarrei seu cabelo, coloquei minhas pernas ao redor de sua cintura e ele me pegou no colo, me jogando contra a parede. Eu mal tinha percebido, mas enquanto ele me beijava várias imagens passavam pela minha cabeça. Dessa vez a velocidade era maior do que no outro dia. Eu não conseguia identifica-las de jeito nenhum.

   Ele começou a trilhar um caminho de beijos na minha bochecha, na minha mandíbula, no meu pescoço. Eu agarrei seu cabelo mais forte  e ele parou. Um segundo depois ouvimos uma voz:

   - Quem está ai? – era a diretora do colégio.

  No segundo seguinte ele se foi, me deixando sozinha na biblioteca escura.