Amor Imortal escrita por Lelon Lancaster


Capítulo 26
Capitulo


Notas iniciais do capítulo

Gente, não me odeiem por ter demorado antes. Espero que gostem.



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Abri meus olhos para o breu. O ar estava pesado, úmido e quente. Teias de aranha se amontoavam no teto branco e encardido e tudo naquele ambiente me lembrava de um caixão. A única vida proveniente ali emanava de mim, e eu podia sentir ela se esvaecendo. A luz não entrava no cômodo há dias e a única sensação que eu tinha, era o frio na minha pele.

Tentei sentar, mas as correntes estavam apertadas demais, então tive que me contentar em ficar deitada. Nos primeiros dias, eu gritava. Passei o que me pareceu um dia e uma noite gritando sem parar, até que minhas cordas vocais incharam e minha garganta inflamou. Eu chutava a porta e batia nas paredes, gritando por ajuda. Drina desceu em uma noite e injetou algo em mim. Quando eu acordei no dia seguinte, estava acorrentada a cama e com um pano na boca.

Ela descia todos os dias para aplicar a dosa diária do líquido verde e eu apagava. Quando eu acordava, estava fraca e sangrando. Com o passar dos dias, eu estava tão fraca que Drina tirou o pano da minha boca.

Estava acabando. Eu estava morrendo. Eu podia sentir e Drina também.

Fechei os olhos e tentei dormir de novo. Eu sabia que não conseguiria, mas tinha esperanças de que fosse vencida pela exaustão e apagasse mais uma vez.

Fechei os olhos com força, quando ouvi passos. Passos fortes. De início, eu pensei que se tratava de uma alucinação. Eu tinha muitas nos primeiros dias de confinamento.

Tentei acalmar a minha respiração e manter total silêncio, como se houvesse algum barulho aqui em baixo.

De início, ouvi vozes abafadas discutindo, mas não pude distinguir suas palavras. Uma das vozes gritou. Outra socou a parede, forte o suficiente a poeira atingir meu rosto. Fechei os olhos e ouvi um grito. Não era Drina gritando. Alguém estava subindo a escada correndo e gritando alguma coisa, e uma segunda pessoa estava, pelo visto, destruindo a casa.

Olhei para cima novamente e comecei a gritar. Eu não usava a minha voz desde que minha garganta inflamou, então não saiu nada mais do que um ruído rouco. Comecei a bater na cabeceira de metal e a gritar como se eu nunca tivesse gritado antes.

Gritei por mais de cinco minutos, quando o silêncio reinou. Os passos cessaram e o barulho de vidro estilhaçando também. Parei para escutar. Nada. Foi tudo mais uma alucinação.

Eu estava quase dormindo de novo, quando a porta de metal tremeu. Me encolhi na cama e a porta tremeu de novo. Na terceira vez, a porta abriu. Uma luz fraca de lanterna invadiu o cômodo e vasculhou o lugar. Quando eu achei que a pessoa ia se virar para ir embora, a luz passou por mim. O estranho congelou na batente por um segundo e no segundo seguinte, estava ao meu lado desfazendo as correntes.

Não pude ver seu rosto, mas eu soube no momento em que ele me pegou nos braços que era Damen. Ele parecia desesperado, nervoso e estava tremendo. Eu nunca vi meu Damen assim. Jamais.

Ele me levantou da cama e me levou para o cômodo de cima. A casa estava destruída por dentro. Os quadros estavam no chão, os copos de metal que Drina levava para mim estavam no chão da cozinha e os pratos estavam todos estragados. Parecia que um furacão tinha passado por ali. E tinha.

Jude me olhava aliviado da porta de entrada e uma Haven assustada me checava da escada. Drina não estava em nenhum lugar, mas eu não me importei. Não me importei porque eu sabia que ia morrer e não queria faze-lo ali, naquela casa. Queria ir para casa e deitar na minha cama. Queria conversar com Haven, rir das ironias de Jude e fazer Damen sorrir. Me aconcheguei mais perto de Damen e deixei que ele me levasse para o carro preto que nos esperava na porta.

Damen me deitou em um banco e sentou a meu lado. Haven abriu a porta do banco de passageiro e Jude dirigia. Eles sussurravam, para me deixar dormir, mas eu já tinha dormido o suficiente. Foram discutindo o caminho inteiro, pelo que me pareceu dias, mas mais tarde eu descobri que foram apenas duas horas.

Eu não consegui prestar atenção ao caminho. Eu queimava em febre e sonhava que ainda estava presa. Damen acariciava meu cabelo e me apertava mais forte. Jude olhava preocupado toda vez que eu gritava e Haven parecia estar entoando uma espécie de oração.

Eu soube que chegamos na minha casa quando eu senti o cheiro de peônias. Elas eram as favoritas da minha mãe. Damen me levou até a minha cama e injetou alguma coisa no meu braço. Eu me debati, não querendo mais agulhas. Seu olhar preocupado foi a ultima coisa que eu vi antes de apagar.


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Notas finais do capítulo

Comentem, por favor.