Ele conseguira salvá-la. Havia libertado Sophie das garras de Mikael e a trouxera para a segurança de seus braços.

Vê-la machucada e fragilizada fazia seu coração sangrar, e a sede de vingança contra a criatura que um dia chamara de pai o estava sufocando.

Mas antes de atravessar a porta da frente e caçar o maldito que havia torturado sua menina, Klaus dirigiu-se até o quarto e ajoelhou-se ao lado da cama onde ela estava descansando. Timidamente, levou sua mão aos cabelos sedosos da garota e os afagou, deslizando os dedos pela face ainda pálida dela em seguida. Observá-la dormir lhe transmitia uma paz que há tempos não sentia.

Sophie remexeu-se um pouco ao toque de Klaus, e lentamente abriu os olhos, esboçando um sorriso fraco ao vê-lo ao seu lado.

- Hey... Por quanto tempo eu apaguei? – pergunta ela, com a voz rouca por causa do sono.

- Algumas horas. – responde ele, feliz por vê-la acordada – Você estava precisando repousar, minha querida.

- Por que me salvou Nik?

- Porque me importo com você, Sophie. – diz Klaus, afagando o rosto da garota – Além do mais, Mikael torturou você pra me atingir, era o mínimo que eu podia fazer. É minha culpa você ter se machucado.

- Não! – diz ela, rapidamente – O único culpado é Mikael. Foi ele quem me feriu, não você. Você salvou minha vida. – completa ela, sentando-se com um pouco de dificuldade.

- Vou fazê-lo pagar por tudo que fez, eu prometo!  -diz ele, sentando-se ao lado dela.

- Não precisa Nik! Não quero que se machuque!

- Eu sei me cuidar, nada vai acontecer comigo. Confie em mim!

- Eu confio! - diz Sophie, afagando o rosto de Klaus e diminuindo o espaço entre eles – Obrigada por salvar minha vida. – completa ela, cobrindo os poucos centímetros que os separavam e unindo seus lábios aos dele tímida e delicadamente.

Ao toque dos lábios de Sophie nos seus, Klaus sentiu todos os sentimentos proibidos que nutrira por Sofia no passado voltarem com força total e se juntarem ao que já sentia pela garota à sua frente, a paixão que despertara quando vira Sophie na escola pela primeira vez esmagando seu peito de tal modo que mal conseguia respirar.

Então, sem aviso prévio, ele sentiu os braços da garota envolverem seu pescoço, puxando-o para mais perto de seu corpo, sua língua quente e macia pedindo permissão para aprofundar o beijo.

Sem conseguir mais lutar contra o que sentia por Sophie, e sem forças para reprimir o que seu corpo implorava, Klaus envolveu a cintura da garota com seus braços, colando seu corpo ao dela e retribuindo o beijo com uma paixão avassaladora.

Uma parte de sua mente ainda tentava gritar, dizendo que aquilo era errado, que aquela era a garota que seu irmão amava. Em contrapartida, outra parte lhe dizia que não havia problema nenhum em estar apaixonado por Sophie, que a mulher em seus braços não era a mesma pela qual Elijah era apaixonado, e que ela podia sim ser sua.

Derrotado pelo sentimento que o consumia, decidiu apenas viver o momento, deixando para se preocupar depois com as possíveis consequências.

Com cuidado, e sem separar seus lábios dos de Sophie, Klaus deitou-a na cama, cobrindo o corpo dela com o seu em seguida.

Por um breve instante, se permitiu mergulhar no verde dos olhos da garota, e o que viu ali fez um sorriso sincero brotar em seus lábios. Havia paixão, desejo, cumplicidade... Como se Sophie desejasse aquilo tanto quanto ele.

O sorriso que ela lhe deu em seguida foi como uma permissão para que ele a beijasse novamente, e foi o que ele fez, tomando os lábios de Sophie nos seus com sofreguidão, como se sua vida dependesse daquilo.

Lentamente, Sophie desabotoou cada um dos botões da camisa que Klaus estava vestindo, jogando a peça ao chão em seguida com um sorriso sapeca nos lábios. Depois foi a vez de Klaus erguer lentamente a blusa que a garota vestia, traçando uma trilha de beijos pelo abdômen e colo até retirar a peça totalmente e atirá-la para longe.

Klaus permitiu-se analisar o corpo perfeito da mulher que amava, as mãos percorrendo e memorizando cada centímetro que podiam alcançar, enquanto Sophie percorria seu abdômen e peitoral com as pontas dos dedos, subindo até a nuca e envolvendo o pescoço dele, puxando-o para mais um beijo.

Entre beijos, carinhos e nomes sussurrados, as últimas peças que eles vestiam tiveram o mesmo destino que as primeiras: um monte irregular sobre o tapete.

O híbrido tomou Sophie em seus braços mais uma vez, abraçando-a apertado e desfrutando da sensação de ter o corpo dela colado ao seu, enquanto as mãos dela passeavam por suas costas, arranhando levemente, e o fazendo arrepiar quando mordiscou seu pescoço, num pedido mudo para se entregarem um ao outro.

- I will always love you...  – murmura ele, olhando nos olhos verdes de Sophie e beijando-a com paixão, tomando-a para si pela primeira vez.

******

Klaus abriu os olhos devagar, levando alguns segundos para compreender o que havia acontecido. Havia ultrapassado todos os limites que ele próprio tinha imposto há tantos anos atrás: o de jamais pedir nada mais que a amizade, e de nunca deixar transparecer seus reais sentimentos.

Mas não estava arrependido, afinal, a situação era muito diferente agora. Sophie era uma garota diferente. E ele a amava. Só não sabia se era justo tirar dela todas as possibilidades de escolhas que a vida lhe reservara, pelo simples fato de ter se apaixonado por ela.

A garota dormia serena aninhada em seus braços, os cabelos ondulados caindo como uma cascata pelas costas, e um sorriso ainda brincando em seus lábios.

Encantado com a cena, Klaus levou sua mão ao rosto de Sophie, afagando-o delicadamente e desenhando o contorno suave dos lábios dela com as pontas dos dedos. Ao depositar um beijo na testa da garota, pode vê-la sorrir e abrir os olhos lentamente.

- Oi! – diz ela, roubando um beijo – Faz tempo que acordou?

- Hey Love! – responde ele, com um sorriso – Acordei há alguns minutos. Estava te vendo dormir.

- Podia ter me acordado.

- Eu sei. Mas queria apreciar a maravilhosa sensação de te ter entregue em meus braços. – diz Klaus, envolvendo-a num abraço caloroso.

- Nik... Está tudo bem? Você parece preocupado. – diz Sophie, ao analisar o rosto dele e notar uma ruga de preocupação em sua testa – Eu... Fiz... Algo errado?  - pergunta ela, desvencilhando-se dos braços dele e sentando-se na cama.

- O quê? Não! – responde ele, erguendo-se rapidamente e beijando-a com urgência, suas línguas travando um deliciosa batalha – Você não fez nada de errado, minha querida. Você é perfeita.

- Então por que sinto como se quisesse me dizer adeus?

- Sophie... Você estava tão confusa e fragilizada, acabou me pegando de surpresa... E eu... Eu não pude resistir...

- Está arrependido por ficarmos juntos, é isso? - pergunta ela, confusa.

- Não, é claro que não! – o híbrido responde, envolvendo o rosto de Sophie com as mãos – Em séculos, essa foi, de longe, a experiência mais incrível que vivi.

- Então qual é o problema?

- Eu amo você! – diz ele, com os olhos marejados – Por favor, perdoe-me por amá-la muito mais do que eu deveria. – continua, olhando-a suplicante – E é por isso que não posso privá-la de viver sua vida, de fazer suas escolhas e explorar todas as possibilidades que serão oferecidas a você.

- O que quer dizer? – pergunta ela, com os olhos rasos d’água.

- Que não quero que o que sinto se torne um fardo pra você, Sophie. – responde Klaus, o rosto banhado em lágrimas – Não quero que se sinta presa a mim pelo que vivemos juntos hoje.

- Mas Nik... Isso não faz sentido, não é justo! – diz Sophie, chorando também – Não é justo comigo e muito menos com você!

- Eu saberei lidar com isso, minha querida. Não precisa se preocupar. – diz ele, tirando a pulseira que protegia a garota da compulsão disfarçadamente – Vamos ficar bem, eu prometo!

- Eu confio em você! – diz ela, vencendo a distância que os separava e beijando-o com urgência, afagando os cabelos dele e sentindo-o circundar sua cintura e colar o corpo dele ao seu.

- Agora...  – começa Klaus, olhando nos olhos da garota, quando enfim teve coragem de soltá-la – Quero que se lembre de tudo que vivemos nesse quarto como um bonito e vívido sonho, porque não sou capaz de pedir para que esqueça. E se um dia o destino trouxer você de volta para os meus braços, ficarei feliz em lhe lembrar de que foi tudo real. – diz ele, beijando-a uma última vez – Agora quero que fique aqui e descanse, está bem? – pede ele, finalizando a compulsão.

- Tudo bem! - responde ela, sorrindo para ele e voltando a se deitar em seguida.

Após cobrir Sophie e depositar um beijo na testa da garota, Klaus vestiu-se rapidamente, gravando tudo que acabara de viver em um lugar especial de sua mente e preparando-se para o que ainda teria de fazer: livrar-se de Mikael e garantir que ele jamais voltaria a encostar suas mãos imundas num fio de cabelo sequer da mulher que amava.

Dirigiu-se até a porta do quarto, e antes de sair, voltou-se para onde Sophie dormia:

- Eu sempre vou amar você, minha querida. Estarei sempre aqui, por você. – diz Klaus, fechando a porta e partindo dali.