De Volta Para A Morte escrita por HanyouNee


Capítulo 1
Capítulo 1




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Ela olhava as brasas queimarem, sentia o calor em sua face fria aspirava a fumaça sem se importar, grata pelo calor e pela luz, mesmo que momentâneos.

Por muito tempo, observou atentamente tudo á sua volta, cada detalhe lhe era importante, qualquer coisa que pudesse ajuda-la a sobreviver.

Na verdade, sobreviver no início fora seu objetivo diário, mas ela não encontrava mais motivos para ficar “viva”. Aquilo não podia ser chamado de vida, podia? Ela achava que não. Tudo se repetia: perseguição, fuga, perseguição, luta, fuga, perseguição. Tudo de novo. Mais uma vez. E outra. E outra. E outra.

Acabara numa ilha, pequena, deserta e aparentemente segura, perto o bastante para que ela pudesse ir ao outro lado, longe o bastante para que os mortos não pudessem ir até ela.

Sabia-se lá como ela conseguira se manter viva por todo aquele tempo. Antes, era apenas uma garota comum, sem nada de especial. Agora, qualquer coisa virava uma arma em suas mãos. Não tinha remorso em matar porque julgava que já estavam mortos mesmo.

O fogo os atraia e a ela também. Mas aquilo estava acabando; ela se preparou para voltar à rotina de explodir cabeças e deixar a calmaria de ouvir passos arrastados e vozes roucas.

Pegou suas coisas e desceu o rio. A audição deles é afiada, a dela também. Quando os mortos caminham sobre a terra, na hora de matar ou morrer/se tornar um deles você aprendia bem rápido.

Seus passos não faziam nenhum barulho, nem sua respiração, nem coisa alguma. Um ano depois daquilo tudo começar, ela não tinha muita esperança de que outras pessoas como ela pudessem ter sobrevivido. No máximo os ricos e militares escolhidos para dar continuidade á raça humana.

Felizmente, os mortos não se importavam muito com tudo que não estivesse vivo, então a maioria das coisas ainda estavam quase intactas. Depois de passar por eles, pegar o necessário e sair de novo era quase fácil. Procurar e encontrar vivos é que era a parte difícil.

Ela estacou no lugar. Ouviu um barulho muito alto para ter sido feito pelos mortos, um barulho conhecido... de explosão. Os mortos iam para lá, ela foi também, acompanhando de uma distância segura.

Havia uma figura parada em cima de um telhado e mortos queimando em baixo. Ela escalou alguns muros e paredes, andando equilibrada sobre eles até se aproximar. Os dois se encararam, ela e o cara.

-Ei, o que está fazendo?- Perguntou ela, em uma espécie de sussurro alto. Costumava sussurrar consigo mesma, para ouvir sua voz e não a deixar rouca como a deles.

O cara acenou algo que ela não compreendeu. Talvez não tivesse o mesmo costume que ela ou não quisesse atrair mais mortos respondendo a pergunta; uma coisa estúpida considerando a aglomeração.

-Não faça isso.

Ela pulou para o telhado onde ele estava e cada um sussurrou sua explicação. Era outro sem motivação, cansado da “vida”. Queria morrer e levar junto quantos pudesse.

Anoiteceu e os mortos continuavam queimando como tochas ambulantes; o fogo demorava consumi-los. Ela percebeu que dentro de si a brasa ainda permanecia acesa, era uma centelha de esperança.

-Se acabarmos com todos, podemos começar de novo-Ela concluiu.

-Então é fácil, não é?

-Sim. Mandar os mortos de volta para a morte.

Eles queriam se manter “vivos”. Para acabar com aquilo. E poder realmente viver de novo.


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