- A Rose nunca mais irá falar comigo – lamentou-se a garota pegando numa almofada e atirando-se na cama a chorar.

- Tem calma Lily – afirmou o garoto passando a mão pelos cabelos ruivos dela – A Rose é teimosa, mas ela irá perceber que o que tu disseste foi só para protegê-la.

- Ela disse que me odiava – Lily olhou para Hugo com lágrimas a caírem pelos seus olhos.

- Ela só disse isso da boca para fora, aposto que amanhã vocês já fizeram as pazes e vão estar por ai juntas a rir e a conversar.

- Achas? – perguntou receosa.

- Tenho a certeza, vocês são primas e são amigas desde sempre, não há Rose sem Lily, nem Lily sem Rose – o ruivo sorriu de lado.

- Obrigada, Hugo – ela esboçou um pequeno sorriso e abraçou o primo.

O coração da pequena ruiva deu um pulo por causa daquela proximidade, ela gostava do primo e isso deixava-a com medo. Eles eram primos e tinha medo do que os outros iam achar e do que Hugo ia pensar ao saber que a prima era apaixonada por ele.

Hugo afastou-se dela, mas continuou a acariciar os cabelos ruivos da garota, ele olhava no fundo daqueles olhos lindos procurando uma resposta para as suas perguntas. “Será que Lily gostava dele?” “Ou ela só o via como o seu primo?” “Será que eles dariam certos juntos?”.

Num impulso, o ruivo aproximou-se mais da garota, tocando com os seus lábios nos dela.

Lily simplesmente deixou-se levar pelo momento, colocou as mãos em volta do pescoço dele, intensificando o beijo. Os lábios dele eram doces e ela deixava-os percorrerem os seus lábios com prazer.

O momento era único, era uma explosão de emoções e sentimentos nunca antes vividos pelos dois. Naquele momento especial, o mundo tinha parado de girar, só haviam duas pessoas na Terra: Hugo e Lily, dois jovens apaixonados vivendo uma sensação nova: o amor.

Podiam-se ter passado dias, horas ou só alguns minutos, mas quando Hugo percebeu o que tinha feito, afastou-se da prima.

- Desculpa. – ele disse levantando-se da cama dela.

- Não precisas de pedir desculpas – ela afirmou com um sorriso sonhador.

- Eu preciso, eu não devia ter feito isto.

A ruiva levantou-se da cama e aproximou-se do garoto que não estava com boa cara. Culpa? Remorsos? Afinal eles eram primos e ele não podia simplesmente ignorar esse facto.

- Tu só fizeste o que o teu coração mandou – ela afirmou com os grandes olhos castanhos olhando-o, como que se estivesse tentando ler os seus pensamentos.

- Nós… - ele não sabia o que fazer, queria dizer que aquilo era errado e que eles eram primos, queria dizer que os pais deles não iam aceitar aquela relação, mas a única coisa que fez foi quebrar a pequena distância que os separava e voltar a beijar aqueles lábios doces e suaves que ele tanto amava.

(…)

Lily estava deitada na cama ainda sorrindo como uma boba, tinha-se passado o que? Uma semana desde aquele dia e mesmo assim encontrava-se muito presente na sua mente.

Depois disso, Hugo despediu-se dela e foi para a sua casa. Dois dias depois as aulas tinham começado e eles agora estavam em Hogwarts.

Mas… o que ela esperava não tinha acontecido, Hugo e Lily não estavam a namorar, ás vezes a ruiva até pensava que ele estava fugir dela.

Nunca mais tinham falado depois daquele dia, Hugo sempre arranjava uma desculpa e evitava falar do assunto, como se tivesse medo de algo. Aquilo confundia-a, mas Lily não ia desistir, estava disposta a fazer tudo para ficar com ele. Não iria desistir facilmente daquele amor.

Quando viu que horas eram, levantou-se da cama apressada, calçou os sapatos e desceu para o salão principal. As horas tinham passado tão depressa que a garota nem tinha percebido que já era hora de jantar.

Quando chegou ao salão, sentou-se na mesa da Gryffindor ao lado da sua prima, Rose que conversava com James.

- O Scorpius é um Malfoy, Rose – James insistia no assunto.

- Isso não me interessa – afirmou a ruiva enquanto bebia o seu suco de abóbora.

- Ele não é confiável.

- É sim!

- Ele provavelmente fez alguma aposta com os amigos e vai acabar por te magoar – afirmou o garoto.

- O Scorpius não é assim! – ela elevou a voz.

- Ok, mas só espero que ele não te magoe, porque se magoar, eu castro-o.

- Ok, está combinado – ela riu.

Hugo chegou nesse momento, sentou-se ao lado de James e nem olhou para Lily, o que magoou bastante a garota.

Depois do banquete, Lily e Hugo ficaram sozinhos, pois James, Albus e Rose tinham voltado para os dormitórios.

- Nos precisamos de falar – finalmente o garoto olhou para Lily.

- Na sala precisa?

- Ok, encontro-te lá daqui a 15 minutos. – ele levantou-se e foi embora.

Lily acabou de jantar e subiu até ao 7º andar, chegou junto à porta da sala precisa e entrou.

Naquele dia, a grande sala estava cheia de cadeirões, mesas, uma estante com livros e uma fogueira.

Lily desviou o seu olhar para o garoto que estava sentado num cadeirão com um olhar triste.

- Eu vou ser breve – ele disse levantando-se e dirigindo-se até ela – Não te posso magoar mais, não sinto o mesmo por ti e o melhor é afastar-me. – Hugo falou, frio e seco, mas os seus olhos mostravam dor e sofrimento, como se estivessem lhe espetando uma faca no coração.

- O que? – a garota finalmente conseguiu dizer depois de abrir e fechar a boca várias vezes.

- Eu vou-me embora, Lily, é isso que te vim dizer.

- Porquê? – perguntou em abonia, ela sentia que as lágrimas iriam começar a cair a qualquer momento, sentia uma dor no coração, algo inexplicável, pior que dor física.

- Porque eu não te quero magoar Lily.

- Tu só me vais magoar se te afastares de mim – ela pediu quase a suplicar – Não vás embora.

- É o que eu tenho a fazer, eu não posso ficar – ele caminhou em direcção à porta, abaixou a cabeça enquanto lágrimas começavam a cair pelos seus olhos.

- NÃO ME DEIXES, EU AMO-TE –gritou a ruiva desesperada.

O coração do garoto pulou de alegria, ouvir aquelas palavras deixavam-no muito feliz, mas ele não podia…

- Desculpa – ele afirmou sem olhar para ela e saiu da sala precisa.

A garota deixou-se cair no chão chorando desesperadamente, ela gritou e chorou alto. O seu coração doía. Ele tinha-se ido embora, e algo dentro dela dizia que ele não iria voltar.