The Five Stages Of Mourning escrita por Lyssia


Capítulo 6
Following to the future




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/336158/chapter/6

O vento passava suave por seus cabelos, agora negros, bagunçando-os. Ela levou as mãos aos óculos de aro negro, ajeitando-os no rosto. As lentes possuiam um grau mínimo, agora. Algo que mais fazia parecer que ela apenas queria usá-los. Embora, é claro, esta fosse a verdade. Ninguém precisava saber. Ela mudara seus próprios cabelos, mas não estava realmente pronta para se desfazer de tudo que a ligava à ele.

– Gumi? – ouviu sua mãe chamá-la e ergueu os olhos. – Está tudo bem? – perguntou. A garota, um dia esverdeada, agora morena, assentiu. – Está na hora de ir para o avião.

– Certo... – levantou-se, abrançando a mulher de seu tamanho, bem apertado, em uma despedida. – Obrigada por me deixar ir, mãe.

– Estou feliz por você ter tido força... – respondeu, com lágrimas nos olhos, afastando-se da filha e passando uma das mãos por seu rosto. – Boa sorte, querida.

– Obrigada, mãe. – repetiu, dando-lhe um beijo nas mãos e em seguida puxando suas malas, indo em direção à porta de embarque.

Gumi iria embora. Pois ela precisava superar. Precisava seguir em frente em um lugar onde não lembrasse dele toda vez que olhava para os lados. Não importava o quão longe fosse necessário ir. Pois, afinal de contas, Gumiya amava a cultura oriental. O som de um shamisen, alguém com aquela mesma cor de cabelos, artificial ou não, até mesmo o emblema da escola que ele antes frequentava... tudo era doloroso demais.

Não importava se era uma fuga ou uma superação...

Gumi iria embora.

Até aguentar novamente ter cabelos da mesma cor que os dele.

~o~

A ruiva descia as escadas em espiral arrastando as mãos pelo corrimão. Seus cabelos muito cacheados caiam soltos por seus ombros, o jaleco branco batia contra a calça negra e a blusa rosada, de botões. Ela finalmente chegou ao térreo, batendo os saltos no mármore. Abriu um pequeno sorriso dando um breve aceno para a outra mulher, parada na entrada do prédio, junto a um homem de cabelos vermelhos e bagunçados. Ela logo foi em sua direção.

– Hatsune. – cumprimento a outra, uma morena que rabo-de-cavalo e olhos muito vermelhos.

– Miku. – sorriu, vendo a mulher, Miku, franzir o cenho. – Certo, desculpe-me, Zatsune. Pensei que não ligava mais, já que usou para mim o nome de minha família adotiva.

– Eu não estou surpresa em ver o que você se tornou. – abriu um sorriso maldoso. – Embora, é claro, tenha ficado em dúvida se ia ou não seguir a profissão que Hatsune Miku desejava.

– Sim, claro, eu quase me tornei astronoma. – disse com o mesmo veneno que a outra, fazendo-a estreitar os olhos.

– Não seja estúpida! Eu não fiz isso por ela! – retrucou com fúria, erguendo o queixo de modo a olhar a outra com superioridade.

– E o que está fazendo aqui, agora? – indagou friamente, Teto, sem nenhum resquício de sorriso nos lábios. – Sentiu saudades? – a morena hesitou.

– Estava me perguntando o que você fazia agora, já disse. – a ruiva assentiu. – Eu namoro aquele rapaz. – disse, apontando para o homem de cabelos vermelhos, que encarava as duas, parecendo preocupado. – O irmão dele tem um problema sério com timidez e vem se tratar com você. Foi assim que fiquei sabendo que estava aqui... então... pensei em...

– Em ver se eu ainda me parecia com a Hatsune Miku, para matar as saudades. – e tão logo terminou de falar, cambaleou um pouco para o lado e sentiu a bochecha queimar, o som de estalito ecoo em seus ouvidos.

Ergueu os olhos apenas a tempo de ver a outra jogar algo pequeno, retangular e branco em sua direção. Deixou-o bater em seu ombro cair. Zatsune lhe mandou um último olhar rancoroso e, ainda altiva e de queixo erguido, virou-se, fazendo suas vestes negras farfalharem. Era toda uma facilidade de representar drama. Teto sorriu minimamente e abaixou-se, catando o pequeno papel do chão, ignorando os olhares assustados das outras pessoas.

– É muito típico de você... me dar um tapa e depois me jogar seu telefone. – sussurrou para si mesma, guardando o papel no bolso. Virou-se e, sem olhar para trás, subiu as escadas.

~o~

– Venha, Luka, precisamos nos apressar. – disse a senhora Megurine, segurando a mochila rosada da filha. A pequena reconhecia no rosto da mãe as rugas que apareceram repetinamente, as olheiras profundas e os cabelos arrebentados e com fios brancos. Decidiu não se demorar e aborrecê-la, correndo para a mesa, onde estava seu café da manhã.

Ambas comiam em silêncio. Era constrangedor ter apenas duas “mulheres” ali. Ainda era. Talvez fosse para sempre; talvez Luka nunca mais falasse; talvez a culpa de Meiko ter morrido fosse mesmo de sua mãe; talvez o senhor Megurine não voltasse para casa. E, apenas talvez, aquela “mãe de família” preferisse assim. Que o tempo se detivesse. Não era justo continuar sem sua Meiko. E se Luka parecia concordar, qual era o problema?

A mulher sentiu braços pequenos e frágeis envolverem seu pescoço e uma cabecinha repleta de cabelos cor-de-rosa se deitar em seu ombro. Ouvia a menina soltar sons estranhos com a boca, como se esforçasse-se para algo.

– Eu te amo, mamãe. – disse baixinho, com uma voz rouca e lenta, por falta de uso. A mais velha a abraçou fortemente, puxando-a para seu colo. Luka aprendera que não chorar por suas feridas machucava sua mãe. Aprendeu que ela não era a única que necessitava de socorro. E ali, naquela cozinha banal, em uma manhã corriqueira, ambas aprenderam que deviam seguir em frente. Não só porque Meiko o desejaria ou porque todos os diziam. Não, era porque eram mais que companheiras...

Eram mãe e filha.

E haviam acabado de perceber que apenas curando a si mesmas poderiam ajudar uma à outra.

~o~

Era um dia perfeitamente comum. Na verdade, desconcertantemente comum. O sol fervente de verão tentava arrancar toda a água de seus corpos, os passaros seguiam seu curso, os insetos surgiam ds mais variados locais, em busca de água e comida, os japoneses procuravam um lugar para se refrescar e as duas garotas estavam deitadas no chão do único cômodo com ar-condicionado, agradecendo mentalmente por poderem se refrescar ali.

– Yukari?

– Sim? – a arroxeada demorou a responder, com preguiça de falar, perguntando-se porque alguém de poucas palavras, como Ia, estava puxando assunto naquele clima insuportável.

– Amanhã vou ao hospital. Acho que minha anemia está evoluindo, ando tendo uns desmaios. – a Yuzuki se sentou de chofre, encarando a amiga, com os olhos arregalados.

– Veja se fica bem, heim... – sussurrou, hesitante, preocupada, tensa. “Não consigo me imaginar sem você”, ela pensou em acrescentar. Porém, apenas suspirou e voltou a deitar-se.

A garota, agora sete anos mais velha, sentou-se na cama lentamente, passando as mãos pela franja, suspirando repetidas vezes. Era aniversário de Ia. Ela queria se despedir definitivamente. Pois demorara todos aqueles anos, mas finalmente conseguiu se perdoar por não ter dito nada. Por não ter dito coragem de encarar a loira em seu leito de morte.

Era hora de seguir em frente.





Aquele era o Fim...





Para Sempre.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Five Stages Of Mourning" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.