É isso mesmo o que eu vou fazer? Vou correr mais uma vez atrás daquele Uchiha? Eu definitivamente perdi todo meu amor próprio. Mas de que vale ter orgulho quando o amor está em jogo? Passei anos esperando o Sasuke-kun e agora que ele voltou, admitiu que me ama e que tudo poderia ficar bem, eu simplesmente o esnobei. Espero não ter feito uma besteira irreparável.

Não há como evitar. Eu tentei ficar longe dele, e fiquei... Pelo menos fisicamente já que mentalmente foi uma missão impossível, batalha perdida. Onde quer que eu esteja meus pensamentos acabam sendo direcionados ao Sasuke e seus olhos terrivelmente sedutores. E quando eu dormia, ah, é exatamente ai que as coisas pioram, eu não podia evitar sonhar com ele e nem conseguia controlar a mim nesses sonhos – não que eu tenha realmente tentado não fazer todas aquelas coisas.

Eu tento te esquecer
Mas tudo que eu escrevo
É sobre você

Ino havia me dito que se eu conseguisse escrever tudo o que eu sentia em relação ao Sasuke-kun, eu ficaria menos paranoica e pararia de pensar nele. Mas olhando todos esses papéis jogados ao lado da minha cama onde escrevi sobre nossas lembranças, meus sentimentos e tudo o que fosse relacionado a ele, só reflito no quanto aquela porquinha estava enganada.

Mesmo que eu tenha escrito tanta coisa no decorrer desses dias a minha mente continua sendo ocupada com o Sasuke, e nada parece mudar isso.

Eu não posso me enganar
Fingir que estou bem
Porque não estou

Eu tentei de todas as maneiras possíveis esquece-lo, magoei pessoas, fiz coisas que eu não gostaria de ter feito. E mesmo assim continuo o amando, se os sentimentos mudam é apenas porque eles cresceram.

Gostaria de tê-lo esquecido, de verdade... No entanto a minha vida parece se encaminhar desde o inicio da minha pequena existência para fazer com que eu pertença a ele. E ultimamente fingir não tem dado nada certo, antes dele voltar para Konoha eu achei que ele já não tinha espaço na minha vida, e quando ele surgiu tudo ficou confuso.

Eu o amo.

Preciso de você
Preciso de você
Essa noite

E é justamente por isso que estou saindo de casa pra correr até ele e pedir desculpa por ter sido tão boba a ponto de não aceitar que eu o quero na minha vida ainda mais do que antes. Quando as coisas começaram a ficar tão confusas sobre ele? Antes eu estaria em um dilema diferente, seria “ele me quer?”, ao invés de “ele ainda me quer?”, talvez seja muita bobagem pensar que ele deixou de me amar porque eu o dispensei, mas não é, estamos falando de Uchiha Sasuke, o Sr. Orgulho.

Ficar aqui pensando na atitude que eu deveria ter tomado não vai mudar o passado, tenho que agir para criar um futuro que eu queira.

Enquanto tentava deixar meu cabelo do melhor jeito possível, escutei batidas na porta e me encaminhei para abri-la ao Naruto, presumi que era ele por habito. Mas assim que abri a porta e pousei meus olhos em uma figura de pele alva que era destacada por olhos e cabelos negros, eu soube que eu era detentora de muita sorte. Porém agora só consigo me perguntar o porquê do Sasuke-kun estar parado a minha porta.

E hoje estou aqui
Só pra te cobrar
O que você disse
Que iria ser pra sempre
Mas não foi assim
Agora o que me resta
Escrever nessa carta
Pra lembrar

– Boa noite – escutei sua voz soar firme mesmo que os lábios mal houvessem se movido.

E antes que eu pudesse responder algo, precisei desviar dos seus olhos porque minha garganta estava se fechando. E mesmo assim não senti que minha voz sairia segura como eu queria, portanto apenas murmurei.

– Boa. – estava certa sobre a voz, e mesmo que eu tivesse somente sussurrado ela manifestou-se tremula.

– Sakura. – ele disse sem alterar o tom e eu levantei a cabeça para encara-lo. – Será que eu poderia? – finalizou apontando em direção a minha sala.

Consegui me mover para o lado a fim de que ele entrasse em casa. Qual meu problema? Estou ficando tão monossílaba quanto ele. Quando ele passou por mim fui alcançada pelo cheiro tão característico dele, um aroma parecido com sândalo.

Fechei a porta e me virei para ele. Sasuke se encontra sentado confortavelmente na poltrona, possui uma das mãos apoiando o rosto e os olhos me fitam como se eu estivesse sendo avaliada. E se o conhecesse bem como eu julgava que conhecia, eu estou sendo avaliada. O problema disso tudo é que estou sendo intimidada no meu próprio lar.

Ele não parece querer começar uma conversa agora e não vou reclamar disto. Estou surpresa pelo fato dele ter aparecido aqui. Sentei-me no sofá a frente da poltrona que ele ocupava e isto parece ter sido um botão para aciona-lo, pois logo os seus olhos se estreitaram.

– Por que está fazendo isso? – a pergunta me atingiu profundamente, ou talvez a sensação tenha sido maximizada pelos olhos penetrantes em mim.

– Eu... Eu... Sasuke-kun – consegui balbuciar e comecei a me sentir patética.

Ele continuava lá na mesma posição, a única mudança foram os olhos estreitos que continuavam me fitando. Eu estou nervosa e ele está no controle novamente.

– Responda Sakura. – a voz grave e os olhos hipnotizantes. Eu abri a porta para um demônio.

Abri a boca, mas o único som que saiu dela foi algo irreconhecível. Sasuke começou a se levantar da poltrona e agora está sentado ao meu lado no sofá com o braço pela minha costa... Sussurrando.

– Vamos Sakura-chan. Explica o que está acontecendo. – tão perto de mim e eu havia dito que procuraria por ele então não há nada de errado.

– Eu não sei Sasuke-kun, não sei mesmo. Eu achei que eu deveria tirar você da minha vida, mas isso é errado, sei que é errado. Eu te amo.

O braço dele que estava sobre a minha costa me puxou para ele, o Uchiha estava me abraçando. Aquele corpo que eu sempre quis tão perto do meu, aquele aroma de sândalo. Ele me apertava fortemente em seus braços.

– Sakura... Não faça mais isso comigo. Eu achei que você... Eu sei que não te mereço, mas não me deixe. – escutei a voz rouca do Sasuke enquanto ele me apertava ainda mais contra o corpo dele.

Eu passo tanto tempo
Só te procurando
Em um outro alguém
Mas não posso me enganar
Sinto sua falta
E ninguém pode ver

Essa confissão do moreno era muito mais do que eu tinha conseguido durante todo nosso tempo juntos antes. Saber do medo que ele tem me perder me enche de alegria, talvez eu seja uma pessoa ruim por gostar que ele esteja aqui me abraçando e frustrado, mas prefiro pensar que é uma espécie de premio porque sofri e esperei tanto por ele.

O Uchiha já não me abraçava, ele estava me observando atentamente e imediatamente penso que ele espera uma resposta pelo que falou.

– Sasuke-kun. – eu comecei tocando levemente o seu rosto, mas ele não fechou os olhos, continuou me encarando – Eu sempre amarei você, não há ninguém que possa me levar, pois o meu coração está com você o tempo todo.

A mão dele retirou a minha de seu rosto, e ele se tornou ameaçador. Depositou uma das mãos e segurou meu rosto com ela.

– E quanto aquela cópia? – seu tom de voz parecia gelado e sua mão apertou meu rosto – Aquele Sai com quem você estava saindo. Até onde as coisas entre vocês avançaram? – ele terminou a pergunta com a voz parecendo um grunhido e com as mãos pressionando ainda mais o meu rosto.

– Sasuke... Está doendo. – eu murmurei.

Ele deu um sorriso maldoso, apertou um pouco mais e depois se afastou de mim suspirando.

– Sai-kun é apenas um amigo. Nós apenas nos ajudávamos.

Preciso de você
Preciso de você
Essa noite

Ele não se moveu, não me olhou, apenas grunhia baixinho. Sentei no seu colo e consegui a atenção que eu queria, ele me observava. Aproximei-me e toquei seus lábios com os meus. Sasuke logo reagiu.

Não era um beijo calmo, era exatamente o tipo de beijo que imaginei que viria dele. Quente, faminto e violento. Uma de suas mãos estava apertando minha cintura enquanto a outra estava ocupada demais puxando meus fios rosados, e os seus lábios pareciam punir os meus.

O moreno me jogou no sofá ficando por cima entre as minhas pernas, a mão que anteriormente se encontrava na minha cintura agora estava na minha coxa, e a outra cuidava de conhecer o corpo inteiro. A boca dele já havia passado pelo pescoço e permanecia beijando os ombros. Ele voltou a cabeça para me olhar, deu o seu melhor sorriso malicioso enquanto eu arfava e por fim mordeu meu lábio inferior. Não foi uma mordida leve, foi uma mordida no estilo Sasuke, violenta e com direito a gosto de sangue.

Ele me fitou percebendo que eu não tinha gritado, mas lágrimas se encontravam nos meus olhos. Isso pareceu diverti-lo, ele sorriu, não foi um sorriso maldoso, mas um sorriso de uma criança sapeca.

– Você vai se acostumar. – ele disse e mergulhou a cabeça no meu pescoço – Eu te amo.

E hoje estou aqui
Só pra te cobrar
O que você disse
Que iria ser pra sempre
Mas não foi assim
Agora o que me resta
Escrever nessa carta
Preciso de você

Fui pega de surpresa, mais uma vez.

– Eu o amo muito Sasuke-kun. – disse com a voz fraca.

Ele levantou o rosto e agora me encara com o seu sorriso malicioso que eu já aprendi a amar.

– Apresente-me o seu quarto e depois você me diz se vale a pena me amar tanto assim.

Aqueles olhos que me encararam na infância, os olhos que me encaram no momento... Eu sempre soube que eles me trariam a felicidade.