“Ei precisamos conversar.” Anunciei assim que a encontrei no campus da escola, ela estava no corredor escutando música e fazendo a lição de química.  

“Sobre?” Isabella perguntou levemente interessada, levando os seus lindos e calorosos olhos verdes de encontro aos meus.

“Eu vou me mudar.” Contei mordendo o lábio inferior fortemente, estava nervosa, provavelmente esta seria a ultima vez em que a veria em dois anos.

“Como?” indagou chocada, franzindo o senho e levantando-se subitamente, Isa era minha melhor amiga, fazíamos tudo juntas íamos a festas, fazíamos trabalhos, viajamos, dormíamos na casa uma da outra. 

“Meu pai recebeu uma proposta para ir trabalhar em Cambridge.” Eu disse cada palavra com extrema tristeza. 

“Você não pode me abandonar aqui, você é minha melhor amiga e...” ela começou a dizer.

“Eu vou voltar daqui a dois anos.” Murmurei.

Ninguém estava na escola, eu havia chegado mais cedo para contar a noticia a Isa. Ela adorava fazer isso, ficar esperando a escola encher, as pessoas chegarem. Eu não via o porquê disso, mas às vezes o fazia com ela.

Olhei para ela, pensativa, parecia estar em duvida sobre contar ou não algo. Seu cabelo castanho claro caia perfeitamente em seus ombros, seus olhos verdes com pontinhos castanhos estavam apreensivos. Esperei pacientemente. Cada segundo parecia um ano.

Não eu não queria abandoná-la aqui. Não que a escola fosse um problema para ela, não era. Mas a família com certeza, sim este era o grande problema que ela tinha que lidar. Seu pai era um grande empresário e amigo de meu pai, assim que nos conhecemos, sua mãe morrera no parto dela. O pai a culpava por isto, nunca a tratou com carinho. Nunca se preocupou com ela. E o seu irmão Pedro, bem Pedro era um caso diferente, ao invés de, se enveredar pelo bom caminho como fizera Isa ele tornou-se grande usuário de drogas. Claro, escondido do pai que nem parecia notar.

“Eu te amo” Ela finalmente admitiu.

Meu coração acelerou, como assim? Ela era minha melhor amiga. Minha melhor amiga estava apaixonada por mim. Minha melhor amiga, que era um palmo maior do que eu, minha melhor amiga que fica perfeita até mesmo de uniforme. Minha melhor amiga que era capaz de me fazer sentir borboletas no estômago. Minha melhor amiga, da qual vim escondendo por cerca de dois meses que tenho uma queda por ela.

“Como?” Perguntei sobressaltada tentando assimilar o fato.

“Lira, eu te amo.” Disse cada palavra pausadamente. 

Afastei-me abruptamente dela mesmo que sentisse o mesmo não sabia como admitir isso afinal de contas ela continuava sendo minha melhor amiga.

“Eu não posso.” Murmurei, e não podia mesmo, o que eu faria ficaria com ela e depois o que? Esperaria para ela esperar-me por dois anos? Isso não era plausível, além do mais, as pessoas mudam e eu tinha certeza que tanto eu quanto ela mudaríamos.

“Peça para ficar seu pai sempre faz o que você quer.” Ela argumentou. Válido, meu pai sempre fazia o que eu queria. Mas seria justo fazê-lo desistir de uma pesquisa que foi praticamente a vida dele apenas para satisfazer meus desejos? Isso soava muito mesquinho e egoísta.

“Isa eu te amo, mas não posso fazer isso.” Sussurrei e ela aproximou se de mim e tomou meus lábios com estrema doçura. Seu cheiro doce me embriagava, seu toque macio em minha bochecha me arrepiava. Ela mordeu meu lábio inferior com ternura. Escutamos o ecoar de passos ao longe e o assobio típico do inspetor do andar. E quebramos abruptamente o contato. Fazendo me afastar dela rapidamente, apenas por precaução.  

“Mas...” ela começou e eu a interrompi.

“Eu parto amanhã poderemos manter contato.” Prometi. Ela deu um sorriso torto o meu favorito e entrelaçou nossos dedos alegremente, pegou sua bolsa e seu caderno de química e foi comigo em direção ao laboratório lugar onde teríamos a primeira aula do dia.