s raios solares entravam pelas pequenas frestas da janela, despertando a pequena garota que dormia docemente em sua cama. Ia lentamente sentando-se sobre a cama, bocejando e se espreguiçando. Deveria ter uns 12 a 13 anos pela sua aparência jovem. Tinha longos cabelos louros e seus olhos eram de um intenso azul. Seu nome? Kousaka Kirino. Uma garota que apesar de sua aparência doce era uma verdadeira "mandona". Levantou-se de sua cama e foi até o banheiro, fazendo sua higiene matinal e em seguida arrumando-se. Era domingo, não teria aula e seus pais haviam viajado, ou seja, seu irmão seria seu responsável naquele dia. Suspirou irritada, não gostava dele, quer dizer, gostava mas não demonstrava isso. Decidiu ficar com sua roupa de dormir mesmo, um conjunto formado por um short curto e uma blusa de mangas curtas, ambos na tonalidade azul. Desceu as escadas e foi diretamente a cozinha, de onde vinha um delicioso cheiro de panquecas. Viu seu irmão no fogão cozinhando e "bufou" mais uma vez. Aproximou-se da mesa e puxou uma cadeira para si com toda a força, fazendo um irritante barulho da madeira arrastando no assoalho e sentou-se. Kyousuke, seu irmão mais velho, imediatamente virou-se para trás ao ouvir o barulho e ao ver a pequena suspirou.

– Bom dia, Kirino. - falou o moreno desanimado.-
– Não tem bom dia enquanto não acabar logo o meu café da manhã! - respondeu ela de forma grosseira.-
– Hai, hai.

Se davam bem até, mas a sua maneira, ela sempre dando ordens e ele sempre obedecendo. O rapaz tratou logo de terminar o café da manhã e servi-la, para em seguida sentar-se a mesa também e servir-se. Kirino algumas vezes o olhava por debaixo dos olhos, não queria que ele notasse seus olhares. Seu coração batia forte pelo simples fato de estar com Kyousuke, não entendia porque e muitas vezes preferia nem entender. Sempre havia sido apaixonada por incestos mas aquilo era um pouco demais.

Continuou a comer visivelmente irritada, e em silêncio. Kyousuke decidiu quebrar esse silêncio. Parou de comer um pouco e olhou para sua imouto-chan, forçando um pequeno sorriso simpático nos lábios.

– O que pretende fazer hoje, Kirino?
– Passar o dia em casa, jogando.
– Não gostaria de sair comigo?
– Porque diabos acha que eu sairia com você?
– Ah nada, esquece...

Ele ficou desanimado com a resposta dela. Queria aproximar-se de sua irmã, ter uma relação boa com ela ao menos, já que geralmente apenas brigavam. Acabou de comer, levantou-se da mesa recolhendo as louças sujas e foi para a pia.

Kirino havia dado aquela resposta, mas a resposta de seu coração era outra. É claro que queria acompanhar seu irmão num passeio, e não via mal nenhum em aceitar ao menos daquela vez. Respirou fundo, e em seguida falou com um tom de voz baixo.

– Onii-...Ok! Não vejo nada demais sairmos.

Por pouco, por pouco ela não havia o chamado da única coisa que não gostaria de chamá-lo, onii-chan. Chamava-o de aniki as vezes, mas onii-chan? Era como se ganhassem uma enorme intimidade, e era como se ela se confessasse para ele. Isso não podia acontecer!

O moreno estranhou um pouco a forma como ela o chamou, arqueou uma das sobrancelhas mas resolveu ignorar ao menos daquela vez. Sua irmã era muito estranha. Não entendia o que se passava naquela mente infantil e possessiva dela. Acabou de lavar as louças que havia sujado, as secou, guardou-as em seus lugares e voltou a aproximar-se da loira, a olhando diretamente nos olhos.

– Então vá se arrumar.

Foi a única coisa que disse, e imediatamente a garota levantou-se de seu lugar e correu mais uma vez para o andar superior da casa, indo a seu quarto. Escolheu uma meia 3/4 preta, uma saia com pregas preta também, uma blusa de alças azul e um casaco de mangas curtas branco. Foi ao banheiro, tomou um rápido banho e após secar-se, se vestiu com as roupas que havia escolhido. Passou um pouco de perfume, uma leve maquiagem, e pegou suas botas para calçá-las na saída.

Parecia que ia ao seu primeiro encontro, e pensar nisso fazia seu coração acelerar-se ainda mais. Chegou na sala e deu de cara com seu irmão. Ele trajava uma calça jeans azul-escuro e uma camisa branca de mangas curtas. A esperava com um sorriso nos lábios, e parecia tão feliz quanto a garota. Ela fingiu ignorá-lo e foi diretamente a porta, onde sentou-se no pequeno batente que tinha e calçou suas botas, ficando em seguida a esperá-lo do lado de fora.

– Vamos logo, seu lerdo!

Gritou para ele, enquanto o esperava impaciente. Mostrava-se como sempre, dura e agressiva, mas o que queria gritar era " Vamos logo, meu amor! Não quero perder tempo em ficar contigo." Era duro estar apaixonada pelo próprio irmão, ainda mais não confessar esse amor, guardá-lo consigo.

Ele apressou-se em calçar seus tênis também e saiu, fechou a porta e estendeu a mão para ela, queria segurar na mão de sua irmã. Suas bochechas estavam rubras. Podia ser notado por qualquer um que ele também estava apaixonado por ela.

A loira segurou a mão dele e pela primeira vez deixou que ele a guiasse. Caminharam de mãos dadas a um parque não muito longe dali, um parque onde haviam vários casais apaixonados e crianças brincando. Eles pareciam mais um daqueles casais.
Kirino não entendeu o motivo dele tê-la levado ali, um local tão romântico, mas não poderia negar que havia gostado. Ele a levou para perto de um homem que vendia sorvetes, e olhou-a sorrindo.

– Quer sorvete do que, Kirino?
– Morango.
– Ok. Um sorvete de morango e outro de chocolate, por favor.

Enquanto esperavam o homem aprontar os sorvetes, ficavam apenas observando os casais do parque.

– Kyousuke, porque me trouxe aqui?
– Logo vai entender.

Receberam os sorvetes e enquanto o tomavam, continuaram andando de mãos dadas. Kyousuke segurou a mão da garota de maneira mais firme e começou a conduzi-la para longe daquela aglomeração de pessoas. Ele tinha que fazer algo, e tinha que ser naquele momento, antes que perdesse a coragem.

Praticamente carregou sua irmã para a área mais isolada do parque, perto de um pequeno lago. Soltou a mão dela e sentou-se a sombra de uma árvore, e logo em seguida ela fez o mesmo. Não sabia dos planos de seu irmão, mas seu coração dizia para confiar que tudo daria certo. Tomaram seus sorvetes em silêncio durante um longo tempo, até ambos terminarem.

Kyousuke respirou fundo e olhou para o lago. Tomava coragem. Levantou-se de onde estava e olhou para sua irmã que se mantinha sentada.
Ao vê-lo levantar-se, imediatamente a garota o olhou, e fez com que o olhar de ambos se cruzassem e ficassem fixados um no outro.

– Kirino, preciso dizer algo.
– Fale.
– A algum tempo tenho tido sentimentos "impuros" por você, quer dizer, impuro é um irmão sentir isso por sua irmã. Sei que vai me chamar de pervertido após isso e talvez nunca mais queira falar comigo, mas... - ele hesitou.- mas eu estou apaixonado por você, Kirino. Eu te amo.

Assim que ela ouviu aquelas palavras sairem por entre os lábios de seu irmão, não pode acreditar. Era como se seu sonho mais secreto se transformasse em realidade. Levantou-se do pé da árvore portando um enorme sorriso em seus lábios, e praticamente jogou-se sobre os braços de seu irmão, o abraçando fortemente e respondendo ao que ele havia dito entre lágrimas.

– Eu também te amo, onii-chan!

Ambos choravam naquele momento, era inacreditável. A loira soltou-se um pouco do abraço, e ficando nas pontas dos pés, colocou seus lábios com os de seu irmão, iniciando um doce e carinhoso beijo que logo era correspondido por ele.

Eram irmãos e ainda assim se amavam, o sentimento era recíproco apesar de tantas brigas e desavenças entre eles. O que iria acontecer dali para frente? Apenas eles podem decidir isso. Enfim, para o amor não existem barreiras, nem sanguíneas, nem de idade, nem de distância da pessoa amada. Todos podem amar independente de sua idade!