CAPÍTULO 18 – A PROFECIA

Regina e Henry continuaram tendo pesadelos, porém eles ocorriam cada vez com mais frequência. Regina continuou visitando Cora, às vezes ela ia encontrar sua mãe duas ou três vezes por semana. Cora vinha se mostrando uma mãe muito melhor do que ela foi em anos. O relacionamento de Regina e Cora estava crescendo e a cada dia Regina amava mais sua mãe.

Belle e Mr. Gold estavam lanchando quando Belle comentou alegremente. “Rumple, eu estou tão feliz com você, você realmente tem mudado. Você até está ajudando a Emma e a Regina.”

“Tem uma coisa que eu nunca contei para ninguém sobre Regina, Belle.”

“Do que você está falando, Rumple?” Belle perguntou confusa.

“Existe uma profecia que diz que a verdadeira luta entre o bem e o mal acontecerá entre duas bruxas. Embora Emma seja a salvadora, Regina é a verdadeira arma entre o bem e o mal. Quando eu conheci Cora, eu percebi o potencial que a mulher tinha para o mal. Ela foi a minha melhor aluna, ela estava disposta a qualquer coisa para alcançar o poder. E ela alcançou. Quando Cora ficou grávida, eu pude sentir o poder que vinha de seu bebê. Quando uma bruxa tem uma filha, essa filha nasce com magia e a bruxa ganha mais poder que sua mãe. Eu sabia que Cora estava esperando uma menina, pois o poder fluía dela. Quando uma bruxa está grávida de um menino, esse menino não ganha poderes, apenas as mulheres da família. Essa profecia diz que do ventre da bruxa que vai destruir o mal, nascerão gêmeas, duas meninas, também poderosas. Quando eu soube dessa profecia, no mesmo instante eu percebi que o bebê de Cora era essa bruxa, a Regina. Nós fizemos um acordo, mas Cora quebrou-o e ficou com ela. Depois que Regina nasceu, Cora se tornou a bruxa mais poderosa que eu já conheci, até agora. Quando eu estou perto de Regina, eu posso sentir o poder que emana dela. E eu posso dizer, nunca senti tanto poder vindo de uma só pessoa.”

“A Regina sabe disso?” Belle perguntou curiosa.

“Não! Eu pensava que ninguém sabia, mas quando eu vi a Cora atacando a Regina na mina, eu percebi que ela já sabia sobre essa profecia e tenha certeza, ela não pensará duas vezes antes de matar as filhas de Regina, se ela souber que Regina está esperando duas meninas.” Mr. Gold disse.

“Então nós deveríamos contar isso a Regina, você não acha?” Belle questionou confusa.

“Não!” Mr. Gold quase gritou. “Ela não pode saber disso, a profecia diz que ela terá que encontrar o poder para destruir Cora em si mesma. Se eu contar, ela não poderá encontrar esse poder, ela pode até acreditar, mas não haverá poder nela, não o poder necessário para destruir o mal.”

“Isso é loucura.” Belle comentou ainda tentando compreender todas as coisas que acabara de ouvir.

“Eu sei que é confuso para você, mas acredite em mim, Regina vai precisar descobrir isso sozinha e não pode ser agora. Nós temos que esperar essas meninas nascerem.”

“Então, você já sabia que ela estava grávida de duas meninas?”

“Não no começo, só quando eu descobri sobre os gêmeos.” 

Dessa maneira, eles terminaram de comer e Belle foi para a biblioteca.

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Regina, Emma e David continuaram treinando todas as manhãs. Regina começou a perceber que não era apenas Emma que estava ficando poderosa, mas sua magia estava desaparecendo com o tempo. Apavorada seria uma palavra adequada para expressar o que ela estava sentindo em relação à essa nova descoberta. Ela não sabia o motivo para esse enfraquecimento, mas ela continuava treinando na expectativa de recuperar sua magia, mas aparentemente não era o que estava acontecendo.

Emma percebeu algumas semanas atrás que havia algo errado com a magia de Regina. Ela nunca tinha a oportunidade de perguntar porque David sempre estava por perto, mas ela poderia sentir que a magia de Regina estava ficando mais fraca a cada dia.

A morena usava magia apenas nos treinamentos com Emma e era verdade que ela não queria mais usá-la, mas agora que ela percebia que estava perdendo sua magia, ela estava apavorada porque sem isso ela não poderia se proteger, nem proteger seus bebês. Com a maldição quebrada, muitas pessoas ainda estavam com raiva dela e queriam vingança e ela não poderia arriscar a vida de seus filhos.

Magia era a única maneira de se proteger e ela sabia que muitas pessoas não haviam tentado machucá-la ainda por terem medo de sua magia.

David estava tentando atacar Emma, enquanto ela e Regina tentavam desviar dos golpes dele. Regina estava prestando atenção nos feitiços que Emma estava lançando, quando David virou-se de repente e jogou a espada em direção à Regina.

Tudo aconteceu muito rápido.

Regina viu a espada sendo lançada em sua direção e levantou a mão lançando mentalmente um feitiço. Para sua surpresa nada aconteceu. Ela ficou sem ação. Ela e David arregalaram o rosto em horror quando viram a espada parar de repente a centímetros de distância de sua barriga e cair no chão.

Emma desviou de um ataque de David e viu quando ele lançou a espada em direção à Regina. Ela viu quando Regina não foi pega de surpresa e levantou a mão. Ela ficou horrorizada quando nada aconteceu e a espada continuou seu caminho. Sem tempo para pensar, ela levantou a mão em direção à espada e fechou seus olhos. Ela os abriu a tempo de ver a espada, que agora estava congelada a poucos centímetros de distância da barriga de Regina, caindo no chão.

David e Emma soltaram um suspiro aliviado, mas Regina ainda estava segurando a respiração e com os olhos arregalados.

“Regina, me desculpe, por favor, eu não fiz de propósito!” David disse correndo para a mulher que estava a alguns metros de distância.

“O que aconteceu?!” Emma perguntou correndo em direção à mulher.

Regina não respondeu. Sua magia havia falhado e se não fosse por Emma ela, provavelmente, estaria morta. Ela ficou lá olhando para o nada.

“Regina, fale comigo, você está bem?” David disse segurando as mãos geladas e trêmulas da mulher.

“O que aconteceu? Por que a espada não parou?” Emma perguntou quase gritando para chamar a atenção da mulher.

Como se estivesse saindo de um transe, Regina se assustou.

“Eu... Eu estou bem... eu...” Ela gaguejou, tentando falar, mas foi interrompida por Emma.

“Você não está bem! Você está louca? Ele quase te acertou!” Emma gritou.

“Eu não fiz de propósito, me desculpe, Regina.” David rapidamente se desculpou ainda preocupado com ela.

“Eu estou bem, Miss Swan,” Regina tentou dizer com a voz mais séria que possível, mas pareceu trêmula até para seus próprios ouvidos. “E eu sei que você não fez de propósito, David. Eu não sei o que aconteceu, eu acho que eu me distrai.” Regina disse tentando esconder o verdadeiro motivo.

Sua magia havia falhado.

David olhou para ela um pouco desconfiado, mas ainda preocupado. Emma, porém, olhou nos olhos dela e percebeu que ela não estava dizendo a verdade.

Eles resolveram parar o treino e David foi para a delegacia, mesmo contra sua própria vontade.

Emma, no entanto, resolveu ficar. Ela havia notado a diferença na magia de Regina nos últimos meses, mas isso? Ela poderia ter morrido. Elas deveriam falar sobre isso e Emma sabia que Regina estava escondendo alguma coisa. A loira percebeu que Regina havia mentido quando disse que ela estava distraída.

Mentira.

“Regina, nós precisamos conversar.” Emma disse enquanto seguia Regina que estava caminhando em direção ao seu carro.

“Sobre o quê?” Regina franziu a testa.

“Como sobre o quê? Você podia ter morrido hoje! Alguma coisa está acontecendo e você vai me dizer o que é!” Emma respondeu já irritada.

“Eu já disse, Miss Swan, eu me distraí!”

“Mentira! Você está mentindo!” Emma gritou.

Regina olhou um pouco irritada e depois voltou a caminhar em direção ao seu carro.

Emma correu até a mulher e agarrou seu braço.

“Eu estou falando com você, Regina.”

“Eu ouvi e já disse o que aconteceu. Me solta!” Regina gritou enquanto puxava seu braço longe do aperto de Emma.

“Você está mentindo, Regina, e você sabe que eu sei quando alguém está mentindo. O que aconteceu?”

“Eu já disse, agora se você me der licença-” Regina falou e se virou, afastando-se da loira.

“Sua magia está enfraquecendo, não é?” Emma perguntou de repente.

Regina parou e prendeu a respiração por alguns segundos sem olhar para trás.

“É isso, não é? Você acha que eu não percebi?” Emma perguntou novamente.

Regina se virou lentamente e encontrou os olhos preocupados de Emma.

“Por que você não falou antes, Regina?”

“Porque nem eu mesma sei o que está acontecendo,” Regina disse jogando suas duas mãos para o ar. “Eu percebi algum tempo atrás. Eu pensei que tinha alguma coisa relacionada com a minha gravidez e pensei que a minha magia estava simplesmente mudando, mas ela não está.” Regina continuou, falando mais baixo agora. “Ela está sumindo, eu estou perdendo minha magia e hoje eu... ela... simplesmente não funcionou.”

“Nós podemos consertar isso, Regina,” Emma disse suavemente. “Podemos falar com Mr. Gold, ele deve saber porque isso está acontecendo com-”

“Você está louca!” Regina gritou. “Ninguém pode saber disso, ninguém! Muitas pessoas nessa cidade me odeiam, eles ainda não tentaram me matar porque têm medo de mim, se eles soubessem que eu estou perdendo minha magia, eles não pensariam duas vezes, eles iriam me matar e eu não vou arriscar a vida dos meus bebês.”

“Mas Regina-”

“Sem mas! Essa conversa está acabada.” Regina disse e entrou no seu carro, deixando uma Emma sem palavras para trás.

Infelizmente, nenhuma das duas mulheres percebeu a sombra que se escondia por trás de uma das árvores. A pessoa assistiu e ouviu tudo o que aconteceu naquela manhã.

Emma aprendera a respeitar Regina e até desenvolvera um carinho pela mulher, mas muitas vezes ela odiava as atitudes da morena. Regina era teimosa e autossuficiente e Emma odiava quando a mulher agia sozinha.

Emma não iria desistir dessa conversa tão facilmente. Ela esperou o dia inteiro e quando terminou seu turno na delegacia, ela fez seu caminho até a prefeitura, onde ela sabia que Regina ainda estaria.

Depois de falar com a secretária e ser mandada embora pela mesma segundo ordens de Regina, Emma se zangou e entrou no escritório de Regina.

“Eu disse para ir embora!” Regina gritou de sua mesa, assim que viu Emma batendo a porta atrás dela.

“Eu não me importo com o que você diz. Nós vamos acabar a nossa conversa.” Emma disse caminhando em direção às cadeiras na frente de Regina.

“Eu não sei do que você está falando, Miss Swan. Nós não temos nada para conversar.”

“Não me venha com essa de Miss Swan, Regina.” Emma quase gritou com raiva.

“Chega!” Regina bateu as mãos na mesa e se levantou, pegando sua bolsa e casaco e se dirigindo em direção à porta. “Eu não tenho que ficar aqui te ouvindo.”

“Ah, mas você vai me ouvir,” Emma disse puxando o braço dela apertado. “Você vai me ouvir, porque nós estamos nisso juntas. Você está me ensinando magia e eu nunca reclamei, porque eu confio em você. Então, aconteceu aquela coisa hoje e você está agindo como se fosse o fim do mundo. Nós vamos pensar em um plano. Agora você vai sentar aí e nós vamos conversar.” Emma falou zangada enquanto encarava a mulher e puxava ela para sentar no sofá.

Regina soltou uma respiração exaltada e com raiva quando Emma a empurrou para o sofá. Por mais que Regina fosse forte, Emma era muito mais. Ela sentou, cruzou os braços sobre sua barriga e ficou olhando para o outro lado, ignorando Emma de uma maneira ligeiramente infantil.

“Você pode ficar com raiva o quanto quiser.” Emma disse olhando para a mulher sentada ao seu lado.

Regina apenas assentiu com raiva.

“Ok, bom! Agora vamos conversar como pessoas civilizadas.”

“Eu não sei de que maneira essa conversa pode ser considerada civilizada. Você está me forçando a ficar aqui!” Regina se virou ligeiramente para encarar Emma com raiva.

“Tá vendo, você já até começou a falar,” Emma tentou uma piada sarcástica e assistiu quando Regina bufou com raiva e revirou os olhos, o que fez Emma rir suavemente. “Você acha que ela vai sumir?”

Regina deu um olhar confuso para Emma.

“A magia.” Emma explicou. “Você acha que sua magia vai desaparecer por completo?”

“Eu não sei.” A morena levantou os ombros e depois os deixou cair, demonstrando seu cansaço.

“Você acha que é por causa delas? Quero dizer, talvez isso esteja acontecendo por que você está grávida, eu não-”

“Não! Não está relacionado com minha gravidez. As bruxas nunca perdem seus poderes durante a gravidez, eu não conheço nenhuma bruxa que perdeu seu poder.” Regina explicou.

“Ok, você está fazendo alguma coisa diferente? Talvez comendo algo ou bebendo algo, eu não sei-”

“Não,” Regina respondeu como se Emma estivesse fazendo a pergunta mais boba do mundo. “Ninguém perde poder porque comeu ou bebeu algo diferente, Miss Swan.”

“Ok, então você não acha que podemos confiar no Mr. Gold? Quero dizer, ele também tem muito a perder se você perder seus poderes, sem você nós não podemos derrotar a Cora.”

“Eu não acreditaria nisso, Emma. Você é extremamente poderosa e ele sabe disso e... eu não... eu não quero que ninguém saiba disso, por favor?” Regina disse e Emma pôde ver o quão vulnerável Regina estava.

“Ok, eu não vou dizer a ninguém, ninguém precisa saber disso, ok? Nós vamos dar um jeito, eu prometo.” Emma disse com um sorriso tranquilizante.

“Não faça promessas que você não pode cumprir.”

“Eu não faço.”

Um silêncio se estabeleceu entre elas, mas logo foi quebrado por Emma.

“Quer dizer que eu estou livre dos treinos pela manhã?” Emma perguntou com um sorriso enorme para Regina.

“Não mesmo, Miss Swan. Eu ainda não perdi minha magia e eu não te liberei. As aula vão continuar normalmente, mesmo sem magia eu sou capaz de continuar te ensinando.” Regina falou rapidamente. Emma apenas revirou os olhos em resposta.

“Tudo bem, não tem problema. Eu sou muito boa usando magia.” Emma garantiu.

“Eu não teria tanta certeza disso.” Regina olhou para ela e ambas caíram na gargalhada.

Depois de um tempo, o telefone de Regina tocou. Era Archie querendo saber o que ela estava fazendo, como ela estava se sentindo e que horas ela sairia. Regina respondeu a cada pergunta e depois que desligou, um sorriso enfeitou seus lábios. Emma percebeu. "Operação Liebe" passou pela cabeça de Emma.

A loira sorriu para Regina, que rapidamente escondeu seu sorriso.

“Você o ama.” Emma disse olhando distraidamente para seu celular.

“O quê? Do que você está falando?” Regina foi pega de surpresa.

“Archie, você o ama.”

“Não, eu... eu não o amo-”

“Admita, Regina. Vamos lá, não é tão difícil assim.” Emma sorriu alegremente.

Regina revirou os olhos. “Você diz que eu sou teimosa, quando, na verdade, você é muito pior do que eu.”

“Eu não sou teimosa.” Emma disse cruzando os braços.

Uma risada divertida escapou dos lábios de Regina, surpreendendo-a.

“Certo.” Disse Regina, sorrindo.

“Diga-me uma coisa,” Emma pediu. “Você tinha medo de perder Henry?”

“Eu ainda tenho.” Admitiu Regina com uma voz mais suave.

“E quanto ao Archie? Você fica tentando afastá-lo e parecer zangada com ele, quando na realidade parece que você também tem medo de perdê-lo.”

Regina franziu a testa. A sensação de ternura despertada por Emma  há alguns segundos rapidamente se esvaiu, dando lugar à raiva. “Emma,” Rosnou Regina, mas Emma apenas deu gargalhadas.

“Sua raiva me confirma que estou certa.”

“Você sabe que eu não suporto você, né?” Regina respondeu de modo infantil.

“Não,” Disse Emma, ainda sorrindo. “Você me adora, Rainha Má.”

Regina soluçou.

“Eu também gosto de você.” Emma disse e o rosto de Regina se contorceu em pura confusão.

“Você gosta da Rainha Má?” Regina perguntou com a voz embargada. “É uma estupidez.”

“Talvez,” Emma admitiu. “Mas gostar dessa Regina que eu estou conhecendo é inevitável.”

A fagulha de esperança que brilhou nos olhos da morena só confirmou à Emma que parte de sua missão havia sido cumprida.

“Agora eu preciso ir,” Emma exclamou se dirigindo em direção à porta. “Tenho que pegar Henry, que está na casa de um amigo. Aliás, você quer ficar com ele amanhã? Algo me diz que ele não vai reclamar.” Ela sussurrou em confidência.

Regina deixou escapar outra risada. Emma caminhou até onde Regina estava e deu-lhe um abraço rápido - desde quando elas haviam atingido esse ponto do relacionamento, nenhuma saberia responder - depois se abaixou e beijou a barriga de Regina, sussurrando um “fiquem bem, meninas”.

Então, Emma caminhou em direção à porta.

“Emma...” Regina chamou incerta.

Emma se virou e, ao encarar Regina, seu rosto se iluminou ao identificar o sentimento estampado em seu olhar. “Não se preocupe, eu não vou contar sobre nossa conversa para ninguém e eu vou ficar no seu pé, quer você goste ou não.” Ela disse frisando a última frase.

No fundo, ambas sabiam que Regina ia gostar.

Quando Regina fez menção de falar alguma coisa, Emma a interrompeu, dizendo sorridentemente. “Eu também me importo com você, Regina.”

Regina franziu a testa e, novamente, abriu a boca para falar. De novo, Emma a interrompeu. “Não se preocupe,” Emma disse revirando os olhos. “Não contarei à ninguém sobre a sua magia, nós vamos dar um jeito,” Regina revirou os olhos igualmente. “Muito em breve. E não discuta comigo.” Exclamou Emma, quando Regina abriu a boca outra vez.

Regina sorriu, o sentimento de ternura voltando a envolvê-la por completo e iluminando seus traços.