"– Última pergunta. - Disse o policial Fred - Gabriel, por que você a sequestrou?"

Meus pensamentos vieram à tona. Ele contaria a verdade? Seria ele capaz de cometer o erro de contar a verdade? A pura verdade. A pura e suja verdade. A verdade que me enoja. A verdade, e somente a verdade.

– Comandos. Apenas comandos.

– Comandos? - Perguntou o policial, enquanto olhava para os lados com cara de quem não entendera.

– Era sábado de tarde quando eu recebo uma ligação. Uma voz estranha dizia para que eu o encontrasse na praça. Cheguei lá e um homem - disse ele, enquanto olhava para mim - havia me entregado um cartão, que nele dizia: "Por volta das onze horas da noite de segunda-feira, uma menina chegará na sorveteria com seu irmão. Sequestre-a e a mate. Não deixe que percebam, não deixe pistas. Fique quieto e faça seu dever direitinho." Levei o cartão para casa e fiquei com uma pergunta na minha cabeça, por que eu faria isso? Mas fiz. Sequestrei a menina.

– E você a matou? - Perguntou o policial, que não estava surpreso com casos assim.

– E quem era o tal homem? - Perguntou o outro policial, que estava tomando nota de tudo.

– Infelizmente, senhor policial, a matei. E logo após isso, liguei para o homem que havia feito o pedido. Uma voz atende e diz que o homem não estava em casa, e me deu outro telefone. Assim que eu disquei, um nome aparece na tela... James.

– Não explique mais nada, quero ouvir de você, James.

– James Kooper, pais adotivos. - Completou o outro policial, que lia em seu celular algo que estava escrito sobre mim.

– Mandei matar minha irmã. Mas há um motivo.

– Preso. - Me algemaram e pediram para que eu contasse a história.

– Meus pais haviam sido mortos quando eu era bem pequeno, e então fui adotado por estranhos, que já tinham dois filhos. Eu não gostava, não aceitava, não me encaixava naquela "família", não era real. Eu odiava eles. Mandei matar Britney e já tinha o plano perfeito para matar meus pais e Ben.

– Espera, aqui só diz que a família só tinha Britney, nada de Ben. - Disse Fred.

– Como? - Perguntei.

– Ah, está aqui. "Ben, morto logo após ter visto a briga de seus pais".

– Mas ele havia aberto a porta pra mim logo após...

– Esquizofrenia. Ele é maluco. Vamos levá-lo ao hospício e prender Gabriel.

(Flash Back Off)

E aqui estou eu, depois de 2 meses de toda essa confusão, conseguimos achar uma resposta para todo o acontecido.

– Ele é esquizofrênico e mandou matar Britney, sua irmã, por achar que ela era o motivo de seus pais adotivos não darem tanta atenção à ele. Ao se sentir culpado, "trouxe" Ben de volta a vida, pois se sentiu sozinho. A culpa o corroía todos os dias, todos os minutos. Ben não era real. Por não gostar dos pais e não querer que eles soubessem, os matou, sem dó e nem piedade. - Ouvia o médico explicando isso a todos que se aproximavam de meu quarto. - Sabemos disso pois ele tem um diário, e tudo estava lá. James está melhorando, mas ficará aqui até seu último dia de vida. Ele ainda vê e conversa com Ben, como se fosse real. Não sabemos se ele acha que isso tudo foi sonho, ou não. Apenas lemos o diário, juntamos informações e é isso. 

Ben é real. A história é real. As mortes, olhares e confusões são reais. A verdade é real. A tristeza é real. Eu sou real. Prazer, eu sou James Kooper, e essa é a minha história