Conta-se que em meio à escuridão da floresta de Alvakampir vive uma criatura assustadora chamada Mavarok, ele se alimenta de almas humanas, costuma se misturar em meio às árvores com seu manto preto e sua imensa estatura esquelética, muitos aldeões receosos de que a tal criatura os matassem pararam de atravessar a floresta e se afastaram do mundo, pois Alvakampir era um pequeno vilarejo ao redor de uma cachoeira. Começando a ficarem sem mantimentos os aldeões se reuniram e decidiram que alguém teria que ir a cidade mais próxima e trazer comida, escolheram então Kerina uma jovem moça que era órfã, pois seus pais já haviam falecido há muito tempo, ela concordou com a escolha mesmo estando assustada.

Deu-se então inicio a uma jornada de medo e apreensão, Kerina sabia que Mavarok podia sentir o cheiro do medo a muitas léguas de distância, tentando fazer o mínimo de barulho possível com o seu cavalo ela se esgueirava no escuro da noite, ouviu-se uma voz que ecoava de todos os cantos da floresta:

– Sinto o cheiro de medo… Matar…

Kerina rapidamente puxou as redias do cavalo que saiu em disparada, que em seguida tropeçou em uma raiz de árvore, o cavalo rapidamente se levantou e saiu galopando velozmente deixando Kerina para traz.

–Preciso achar um lugar seguro antes que o pior aconteça.

Mavarok que já havia rastreado o cheiro de Kerina tinha em mente como captura-la, se escondeu em meio aos galhos das árvores e esperou sua vítima que logo, logo, cairia na sua armadilha fatal. Kerina resolveu buscar abrigo mais não existia gruta, cabana ou qualquer outra coisa em meio à floresta, ela então corria desesperadamente em busca de uma luz, até que achou o que procurava ou quase isso, uma imensa árvore oca, rapidamente então entrou pela entrada superior da árvore e lá ficou esperando que alguém da vila sentisse falta dela e mandasse grupos de buscas, Mavarok que não era nem um pouco bobo esperou a mesma adormecer para poder executar o seu plano.

Após algumas horas Kerina cedeu ao cansaço e adormeceu sem se lembrar de que o perigo rondava aquela floresta, Mavarok ao ver que sua vítima dormia como um bebê a pegou-a no colo e levou para seu esconderijo, e durante algum tempo ele a observou dormir, e percebeu que aquele rosto sereno o trazia paz, e seu coração já não queria mais fazer mal a ela. Já sem rumo e sem saber o que fazer ele resolveu então leva-la de volta a Vila, Kerina já quase acordada apenas sentia uma boa e leve sensação de estar sendo carregada, com os olhos já abertos mais a vista ainda meio embaçada Kerina olhou em volta e viu que estava voltando para casa, seu olhar então se elevou e viu um rosto pálido e singelo, longos cabelos negros, olhos apreensivos e amarronzados e os lábios vermelhos como uma maçã, ela já não sentia tanto medo dessa criatura, ele então olhou para os olhos delas e fixou bem o seu olhar e retirou de Kerina qualquer vestígio do que havia acontecido nas horas anteriores, ela apagou após tal feito e ele prosseguiu com a viagem, chegando em frente ao portão da vila ele a deixou deitada no chão e voltou para sua solitária e obscura floresta.

Kerina voltou para casa e vagamente ela se lembrava desse homem de enorme estatura que a carregou nos braços de volta para casa.