Não É Mentira escrita por Renan


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Nunca consegui achar fanfics com o casal Chiharu e Yamazaki neste site. Como fã de casais esquecidos que sou, escrevi esta one-shot em homenagem a eles.



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Os alunos da 7ª série da escola Tomoeda estavam animados ao sair do ônibus de viagem. Contemplaram os brinquedos com os olhos. A mais animada era Sakura.

— Ah, eu adoro parques de diversão! – disse ela animada.

— É. Hoje em dia todo mundo gosta. – foi dizendo Yamazaki. – Mas na idade média esses brinquedos eram instrumentos de tortura.

— Aaahn ? Como assim ?

— Você não sabia ? Na idade média eram usados para torturar prisioneiros de guerra e criminosos. Está vendo aquele elevador gigante ? Antigamente o elevador subia até bem alto, num ponto onde não se podia mais respirar. Alguns estudiosos dizem que o mais alto já chegou perto da Lua.

— Da Lua ?! Tem certeza ?! – perguntou Shoran, surpreso.

— Sim. E os escorregadores que hoje nos levam até o chão, antigamente guiavam as vítimas para poças de água fervendo.

— Que horror! – disse Rika, com as mãos nas bochechas.

— E o Túnel do Terror ? Tinha assombrações para assustar os prisioneiros ? – perguntou Naoko, animada, para o desespero de Sakura.

— Não, não. Era tudo de mentirinha, para pregar uma peça neles.

Sakura suspirou aliviada.

— As assombrações de verdade só começaram a ser usadas em meados do século 20.

— AIAIAI! – exclamou Sakura.

— E vocês sabiam que o gira-gira costumava... ai! – Yamazaki foi interrompido por Chiharu, puxando-o pela orelha.

— Já estou cansada das suas mentiras!

— Então era mentira ? – perguntou Sakura, falando sozinha.

— Eu já sabia desde o começo. – disse Shoran.

***

Chiharu e Yamazaki andaram em vários brinquedos com os amigos, e andaram juntos na montanha-russa. Resolveram repousar, comprando um sorvete.

— De que sabor vocês querem ? – perguntou o vendedor, de costas, olhando as máquinas de sorvete.

— Vamos tomar de chocolate, nós dois. – disse Chiharu.

O rapaz aprontou os dois sorvetes e se virou para entregar para os dois amigos.

— Olha, é irmão da Sakura. – apontou Chiharu.

— Ah, vocês estudam com a minha irmã. Como é que aquela monstrenga está ?

— Ela está se divertindo muito com a Tomoyo e com o Shoran.

— Aquele moleque! – disse Touya zangado.

Chiharu e Yamazaki pegaram os sorvetes e saíram de lá o mais rápido possível.

— Nossa, o irmão da Sakura parece um pouco assustador. – comentou Chiharu. – Tenho a impressão de que ele não se dá bem com a irmã.

— Eu não acho isso. Acho que ele se preocupa com a Sakura, mas não mostra sinceridade.

— “Não mostra sinceridade”. Parece alguém que eu conheço.

Yamazaki respondeu com um risinho envergonhado, sabendo que era uma indireta para ele. Os dois terminaram os seus sorvetes e começaram a caminhar pelo parque, de mãos dadas.

— Yamazaki, vamos na roda-gigante ?

— Claro.

Os dois foram na roda-gigante. Olhavam juntos á paisagem e sentiam a emoção de estarem sozinhos nas alturas, sem mais ninguém. A sensação de estarem juntos costumava alegrar os dois. Chiharu quase que por acidente encostou sua cabeça no ombro do garoto ao seu lado, e ele também repousou a cabeça dele na dela.

— Chiharu...

— O que foi ? – perguntou ela, esperando alguma frase bonita.

— As rodas gigantes começaram assim: na Inglaterra houve uma época em que os carros tinham pneus muito grandes que chegavam a mais de um metro e meio de altura. Um dia, um cientista observou que um bicho subiu até o topo de um pneu e quando o carro largou, o bicho teve um fim trágico. Então ele pensou em fazer uma roda bem grande onde as pessoas pudessem andar sem ter o perigo de...

— Yamazaki! –ralhou ela, desencostando sua cabeça. – Por que você sempre conta uma mentira quando estamos num momento bonito ?!

— Ah, hoje está uma tarde linda, você não acha ? – desconversou.

Saíram da roda-gigante. Chiharu ainda estava um pouco zangada e caminhou na frente dele, ignorando-o.

— Chiharu, espera!

— O que foi ? – perguntou ela, se virando.

— Você não me deixou terminar. Aquele mesmo cientista fez um teste com uma miniatura, usando um besouro como cobaia, e aí...

Chiharu deu um pisão no pé do Yamazaki que o fez abrir os olhos e os arregalar.

— Ai! – disse ela, tirando o pé dela de cima do pé dele.

— O que foi, Chiharu ?!

— Cãimbra!

Yamazaki a guiou até um banco que tinha ali perto. Sentou ela lá e fez uma massagem leve, tentando diminuir a tensão do tornozelo causada pela força que fez para pisar no pé dele.

— Está melhor ? – perguntou ele.

— Sim, agora já está passando. Muito obrigada.

Ele se levantou e pegou na mão dela para levantá-la.

— Ainda bem que foi passageiro. Nas sociedades primitivas, costumava-se atacar os tornozelos dos outros com uma pedra acreditando que iriam ajeitar os ossos. Imagine a dor que eles sentiam...

— Puxa vida! Será possível ?! Yamazaki, quando é que você ai amadurecer ?! Eu aguento as suas mentiras quase todos os dias desde a 1ª série, e nós já estamos na 7ª! Será que não tem uma coisa que você diz que não seja mentira ?!

Yamazaki se irritou com isso. E respondeu em voz alta sem pensar antes.

— Quando eu digo que eu gosto de você, não é mentira!!

Segundos de silêncio procederam a frase. Chiharu o olhava surpresa, e ele desfez sua testa franzida, percebendo o que tinha dito.

— Quer dizer... – virou a cara. – Eu não sou um mentiroso, eu só exagero nas histórias de vez em quando tá bom ?!

— Yamazaki... Me desculpe por ter sido tão grossa com você. – disse ela, com sinceridade e se sentindo culpada.

— Ah, não tem problema.

— É sério, me desculpe. Você me ajudou e eu ainda gritei com você. Pra te compensar eu vou cozinhar alguma coisa pra você em breve.

— Ih, acho melhor eu começar a rezar.

— Por QUÊ ?!! – perguntou ela, zangada de novo.

— Porque senão eu posso ter uma baita indigestão, como das outras vezes.

Chiharu não se conteve e agarrou o pescoço de Yamazaki com as mãos, sem fazer muita força.

— Ei, você nunca pensou na hipótese de eu estar mentindo ?! – disse ele.

Envergonhada, Chiharu recolheu suas mãos.

— Olha, o pôr do sol está quase acabando, é melhor irmos encontrar os outros. – sugeriu ela.

— Boa idéia, Chiharu.

E foram procurar pelos amigos, caminhando de mãos dadas.

***

Chiharu e Yamazaki estavam sentados um ao lado do outro no ônibus. Chiharu olhava pela janela, lembrando-se de quando Yamazaki disse que não era mentira quando dizia que gostava dela. Olhou para o garoto ao seu lado e percebeu que ele a estava observando enquanto ela admirava a paisagem. O garoto virou o rosto, disfarçando.

— Yamazaki, eu posso te perguntar uma coisa ?

— Claro. – voltou a olhar para ela. – O que você quer me perguntar ?

— Você gosta de mim mais do que como uma amiga ?

Essa pergunta surpreendeu Yamazaki, que deu um gemido de interrogação.

— Eu ? Ahn... – virou o rosto. – Desculpa, mas... não.

Yamazaki voltou a olhar para ela, que imediatamente aproximou seu rosto do dele. O olhava com uma cara séria.

— Mentiroso!

Yamazaki afastou sua cabeça, como uma demonstração de surpresa. Chiharu ficou encarando Yamazaki com um sorriso de canto, esperando desmascará-lo, enquanto ele parecia sem saber o que dizer. Quando de repente, os dois sentiram uma vontade enorme de rir, e foi o que fizeram. Ambos soltaram uma longa gargalhada, que os fez receber olhares dos outros, estranhando. Mas eles não ligavam, pois o importante é que eram os únicos a compreender os sentimentos que um sentia pelo outro.

E o ônibus partiu de volta para a escola, enquanto Chiharu e Yamazaki conversavam sobre um assunto qualquer, de mãos dadas.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado. Se possível, deixem reviews ^^