Más Intenções - Litor escrita por Mari W


Capítulo 6
Capítulo 6 - Sem Você, Não Tem Graça




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– E aí, motoqueiro. – Vitor a encarou como se estivesse entediado. – Ih, o que foi, ein? – Vitor não falou nada, fingiu que Lia nem estava ali e começou a tirar seu material para fora. - Só queria dizer obrigada por ontem, você me ajudou muito.
– Imagino que o sobrancelha tenha te ajudado mais.
– O que?
– Esse teu namoradinho aí.
– Ah, tá com ciúmes agora? – Vitor olhou pra ela arregalando os olhos, como se pedisse pra ela falar mais baixo e Lia começou a cochichar. – Não combina com você, né?
– Ciúmes é o que você queria, né. 2 no mesmo dia? Só achei estranho!
– Vitor, deu... Eu tava com problemas, você me ajudou, eu talvez tenha confundido as coisas... – Vitor já esperava tal resposta. – E outra... Você pode ter seus casinhos de uma só vez e eu não posso?

Vitor não sabia se o pior era Lia estar o tratando como ele trata as pessoas ou se era o “casinhos de uma só vez”. Ele apenas deu um sorriso falso pra ela e voltou a olhar pros materiais.

– Tá bem, Vitor. Não esperava menos de você. Pode voltar a me tratar como antes, se te faz bem.
– Ele ia gostar de saber que você me beijou ontem duas vezes?
– VOCÊ me agarrou na primeira. E, sério Vitor. O Gil sabe que não temos compromisso e estamos livres. Não tem nada que você possa fazer pra me ameaçar. - Lia não queria que Gil soubesse de jeito nenhum, mas se pedisse pra Vitor não contar ao pichador, ele provavelmente teria mais vontade de contar.

E se virou. Aquele dia Vitor foi ao trabalho sem saber o que estava acontecendo. Se Lia estava namorando ou não, se queria ficar com os dois, se era louca que nem ele a esse ponto... Mas sabia de uma coisa: Lia não o levaria a sério. No fim de tarde, quando acabava seu horário e Vitor poderia ir pra casa, se deparou com Lia e Gil indo até a pracinha, de mãos dadas. Ligou para Rosa, avisando que não dormiria em casa aquela noite. Foi parar em uma porta que não imaginaria, e tentou enganar a si mesmo colocando um sorriso no rosto que ele teria há uns dia atrás. Bateu na porta, sem a mínima certeza do que fazia.

– Ah, eu sabia que você ia aparecer, mais cedo ou mais tarde.
– Pra você ver... Tô cheio de graxa, precisando de um banho... Se quiser me acompanhar. - Fatinha sorriu para ele maliciosamente.
– Demorou.

Vitor havia se decidido a voltar a agir daquele jeito de antes. Mas no momento, com Fatinha, ele só desejava estar tocando outra pessoa, beijando outra pessoa, ou até mesmo apenas conversando com outra pessoa. Lia o pegou saindo do hostel pela manhã, todo desarrumado e Fatinha vinha atrás, sorridente como sempre. Vitor sorria pra ela, que ajeitava seu cabelo despenteado. Fatinha viu Lia de longe e sem maldade chamou ela, que atravessou a rua, se aproximando do casal. Assim que viu Lia, Vitor quase parou de sorrir, mas se lembrou de seguir firme.

– Bom dia.
– Bom dia, Avril Lavigne! - Fatinha disse, animada. - E aí, bora com a gente pro Quadrante?
– Certo... - Concordou a rockeira. Vitor não trocou palavras nem olhares com Lia.
– Não é que eu fisguei o gato mais gato do colégio? - Fatinha se gabava, mas Lia não mostrava muito entusiasmo. - Nada contra seu namorado, Lia, mas ele é esquisitinho né.
– Deu, né Fatinha!
– Ah, então você tá namorando ele? - Nesse momento Vitor não pode evitar olhar pra Lia, queria a resposta.
– Não. - Lia olhava pra Vitor enquanto respondia. Foi quando Gil chegou beijando Lia e depois apenas sorrindo para Vitor. Os dois saíram de perto de Vitor e Fatinha em seguida, indo pra sala.
– Vem cá, gato... Que que tá rolando? - Perguntou a periguete.
– Nada, só não gosto desses dois mesmo.

Depois da aula de César, Jorge, o professor de história, entrou para a turma propondo um trabalho em dupla sobre o Iluminismo, pra entregar.

– Então, pessoal, vou propor aos melhores da turma que escolham suas duplas... A começar por Álvaro Gabriel. – Vitor olhou pra ele fazendo sinal negativo com a cabeça e cochichou para o nerd.
– Não me escolhe, Orelha. Depois explico. – Orelha não entendeu direito mas escolheu outra pessoa.
– Escolho o Fera, professora. – Fera se animou pois provavelmente não faria nada do trabalho e ainda assim ganharia nota boa.
– Ok... Próximo aluno a escolher: Vitor. – Fatinha já sorriu, esperando que o gato a escolhesse.
– Lia. – Disse Vitor, com um sorriso no rosto, olhando para Lia. Vitor estava mais a fim de provocar Gil do que qualquer outra coisa.
– Nem pensar! – Disse Lia.
– Pessoal, sem desavenças. Se vocês dois não se entendem melhor ainda. Vão se entender agora. Próxima dupla...

Os trabalhos deviam ser feitos fora do horário de aula, mas Lia nem quis falar com Vitor para combinar algo e nem ele falou nada. Almoçou com Ju na casa da amiga e ficou por lá um tempo conversando.

– E como estão as coisas com Gil? - Perguntou Ju.
– Ah, Ju... Eu to tentando, né. Mas acho que não vai rolar mais nada.
– Você ainda tá chateada pelo... Ah, você sabe.
– Não é só isso. É que não rola mesmo, sabe? O Gil é meu amigo, não quero perder isso. - Ju gostava de ouvir aquilo, sem saber muito bem o porque. - Mas... Outra coisa rolou. Antes de ontem, de noite, eu fugi de casa de novo. E o Vitor me achou e me convidou pra dar uma volta.
– O que??? E claro que você não aceitou!
– Ai, amiga... Aceitei sim. - Ju ficou pasma. - E ainda fiquei com ele.
– Para tudoooo!
– Primeiro ele me beijou a força, depois eu beijei ele... Sei lá porque.
– Lia, você tá afim dele e nem me fala?
– Eu não to, Juliana! Eu tava num momento difícil, ele foi legal e eu fui impulsiva, pra variar. Achei que era isso que ele queria mesmo e que ia me deixar em paz, mas agora me faz isso com o trabalho aí. Que saco!
– Acho que ele gamou, ein amiga...
– Fala sério, cara. Pior que ele ficou me enchendo por causa do Gil. Eu não sei qual é a dele.
– Homem, né amiga. Viu a gata que pegou na noite anterior com outro cara... Fere o ego deles.
– É, só pode ser isso.

Lia não gostava de admitir que essa era provavelmente a razão de Vitor ter ficado irritado com Gil. Ela sentia falta daquele cara legal que se abriu com ela só pra que ela se sentisse melhor. Ao chegar em casa, Lia se deparou com a mesa pronta da família, com Raquel servindo salada para... Vitor?

– Oi, filha. Seu colega veio aqui para fazer o trabalho com você e o convidei pra almoçar. - Lia apenas olhava para a cena, chocada.
– É, Lia. Você foi almoçar na Ju e eu que peguei seu lugar na mesa, né dona Raquel? - Vitor sorria para a mãe de Lia.
– É sim! - Raquel se virou para a filha. - Como que você não me apresentou ele antes? É um querido.
– E lindo... - Disse Tatá, sorrindo para Vitor.
– Querido? Ele é um chato, isso sim! Quem você pensa que é pra vir na minha casa sem ser convidado? - Disse Lia, nervosa e se aproximando da mesa.
– Que isso, Lia, mais respeito! É minha casa também e ele está convidado.
– Tudo bem, dona Raquel. A sua filha tem um temperamento bem difícil. - Lia apenas bufava de raiva. - Lia, vim aqui pra fazer o trabalho, já que a gente não combinou nada, mas se a hora tiver ruim...
– Que SACO! - Lia apenas foi para seu quarto.
– Dona Raquel, se me dá licença... O almoço estava maravilhoso! Eu e a Lia temos umas diferenças mas a gente se curte. Vou lá falar com ela. - Vitor foi para o quarto de Lia.


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