Bruno foi levado pra casa por Ju e Gil, que tentavam acalmá-lo, apesar de ele já ter percebido que tinha feito besteira. Vitor olhou pra Lia, que estava muito assustada com a situação. O sangue de Vitor escorria pela camisa, mas ele fez um esforço enorme pra esconder a dor e acalmar Lia, que o levou rapidamente para o seu apartamento.

- Meu Deus, o que foi que aconteceu? - Disse Raquel.

- O Vitor se meteu em confusão no Misturama, o Bruno tava meio alterado, parecia que ia bater na Fatinha. - Exagerou um pouco Lia. - O Vitor meio que salvou ela, Raquel. 

- E eu que achava que o Bruno era mais certinho, que coisa horrível! Eu vou cuidar disso.

Raquel pegou alguns curativos e fez pontos em uma ferida que abriu na sobrancelha de Vitor. Lia continuava em choque com tudo que tinha acontecido. Sangue a deixava realmente nervosa.

- Você vai dormir aqui hoje e eu não aceito "não" como resposta. 

- Eu não posso, Raquel... Tenho que ir pra casa.

- Não tem não. É sério, dorme aqui.

- Ok, chefe. Você que manda.

- Ótimo. Bom, a Tatá tá dormindo no meu quarto, vocês tão liberados por hoje. Descansem, por favor.

Vitor se moveu com dificuldade para levantar do sofá, então Lia ofereceu apoio e o levou ao quarto. Em seguida, ela fez questão de fazer compressas com gelo para espalhar pelos machucados dele. Lia chegou no quarto com as compressas dentro de uma bacia, encontrou Vitor fazendo caras de dor. Pegou um banco e se sentou do lado da sua cama, botando a bacia no chão e pegando uma das compressas.

- Não adianta disfarçar que eu vi a sua cara de dor, fortão. - Disse ela, fazendo Vitor rir. Lia abriu cuidadosamente a camisa de Vitor e encontrou uma marca enorme vermelha no abdômen dele, provavelmente de um chute que ele levou de Bruno e concentrou uma das compressas ali.

- Que imbecil o Bruno foi. Você sabe porque ele fez isso com a Fatinha?

- Ele subestima muito ela, sem conhecer. - Vitor lançou um olhar de indireta à Lia, que não percebeu.

- Olha, Vitor... Promete pra mim que não entra mais nessas brigas? Eu fiquei em pânico.

- Calma, não foi tão ruim assim. - Lia pegou um pano e secou o sangue que saía de uma ferida que ele ganhou no queixo.

- Vitor, eu prometi que não fugia mais. Você teve um passado pesado, com violência. Não faz mais isso. - Realmente tocar no passado de Vitor fez ele pensar bem, e ele nem sequer gostava de brigar, mas era sua forma de se defender dos traumas que tinha.

- Tá, eu prometo. Mas se tiver que entrar numa briga por você, eu entro. - Os dois riram. Lia já estava menos nervosa.

- Vitor, sobre o que eu disse antes... Me desculpa.

- Se é o que você pensa, não deve se desculpar.

- Estragaram sua camisa. - Disse ela, fugindo do assunto. - É bem bonita, realça seus olhos.

- Minha mãe dizia isso. - Disse Vitor, sorrindo pela feliz lembrança.

Lia pesou um pouco sua mão em cima do machucado em que tinha botado a compressa e Vitor não segurou e acabou mostrando que doía muito. Lia ficou preocupada e tentou acalmá-lo, passando a mão em seu cabelo. Beijou a testa dele enquanto ele se acalmava aos poucos.

- Desculpa, desculpa. - Sussurrava ela, enquanto beijava o rosto dele calmamente.

Mas somente quando ela chegou na boca dele e deu um beijo demorado, posicionando sua mão no rosto dele, que Vitor ficou sem reação e esqueceu completamente qualquer dor. O coração dos dois estava acelerado e nenhum deles sabia bem porque. Talvez Vitor soubesse melhor.

- Deita aqui. - Vitor pediu, indo pro cantinho da cama, dando espaço pra Lia deitar. Ela atendeu ao pedido, encostando a cabeça no ombro de Vitor, tendo muito cuidado com cada movimento, pra não machucar mais ele. - Eu já tô melhor.

- Eu fiquei com muito medo de você se machucar. Olha o que aconteceu... - Vitor beijou a testa de Lia, para acalmar ela.

- Tá tudo bem, eu sou fortão. 

- Idiota...

- Lia, olha pra mim. - Lia se ajeitou pra não ficar com o rosto próximo demais de Vitor.

- Você gosta de mim?

- Claro, Vitor. Já te falei.

- Eu tô falando... Gostar de gostar. Mais que como amigo.

- Vitor, onde você quer chegar com essa conversa?

- Confia em mim, Lia. Por favor. Eu sei que você não quer namorar agora porque acha que eu não sei levar a sério. Eu posso dizer que eu não sei levar a sério porque sempre fui um moleque nessa questão, eu nunca gostei de ninguém de verdade. Eu acho que gostando, eu vou ser um cara melhor e eu vou levar a sério. Eu te levaria a sério, e só você, tenho certeza. - Lia ficava nervosa a cada frase que Vitor falava. - Me dá uma chance.