Meu Querido Meio Irmão - Brutinha escrita por Juliana


Capítulo 100
Capítulo 100




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  Fatinha andava por aqueles corredores ainda pensando no que falar. Quando eles se tornaram tão extensos? Ah, claro. Deve ser porque toda vez que ela andava por eles, era com Bruno. E, bem, digamos que não existiam relógios ou tempo enquanto estava com ele. E agora tudo poderia acabar... Como sempre, ela era a culpada de tudo. Afinal, por que vivia botando culpa em Bruno? Tudo bem que – na visão dela – ele já devia ter traído-a umas vinte vezes, mas ela nem sequer o deixou explicar-se... 
   Enquanto pensava em tudo isso, notou seu corpo chocando-se com outro e ela cambaleando uns passos para trás devido ao atrito. 
   — Fera! – Exclamou. Tentou parecer irritada, mas não conseguiu. Ela não conseguia fazer nada a não ser pensar no que fazer para falar com Bruno
   — Não foi culpa minha, ok? Você que fica andando por aí sem olhar pra frente.
   — Tanto faz, tanto faz – Suspirou – Você estava no seu quarto? – Murmurou.
   — Não que eu ache que devo satisfações a você; mas sim, eu estava. Por quê?
   — Bruno também estava lá? – Praticamente implorou com os olhos para que ele estivesse, ignorando totalmente a pergunta dele.
   — Eu sabia que você ia me perguntar isso – Deu um sorriso triunfante – Ele ainda está lá.
   — Sozinho? – Perguntou. Fera iria dar uma resposta um tanto quanto mal criada para ela por estar ocupando o tempo dele, mas viu em seus olhos o quanto aquilo seria importante para ela. Sentiu pena.
   — Sim, ele está. Mas não acho que seja bom você ir lá... Não agora. Por que você não vai lá mais tarde? – Baixou a “guarda”.
   — Por quê? O que ele está fazendo? – Era isso! Bruno estava com alguma outra garota, ela sabia! Sabia desde o início. Emily...

  — Eu não acho que eu posso falar para você, mas... – Fera se interrompeu. Pensava se contava ou não, afinal quem deveria falar era Bruno, não era? Enquanto pensava, nem imaginava o que Fatinha deduzia sobre isso. Oh, talvez ele tenha escolhido as palavras erradas... 
   — Por favor, Fera, fala logo... – Implorou com a voz chorosa, enquanto seus olhos já inchavam devido às lágrimas. Ela sabia que tinha sido uma má idéia ir até ali... 
  
   — Você não vai me responder? – Intrigou-se já preparando para seguir em direção ao quarto – Então eu mesma vou lá, e...
   — Não! Fatinha, não vai! – Fera a interrompeu assustado.
   — Tudo bem, eu não vou. Apenas me diga o que ele está fazendo. Por favor...
   — Se eu disser, promete que não vai lá? – Perguntou. Fatinh apenas assentiu. Olhando em seus olhos, Fera pode sentir o medo em saber disso – Fatinha, eu não sei se posso contar isso...
   — Fala logo! – Já estava se irritando.
   — Ele está fazendo as malas, porra! – Falou em um nível mais alto desta vez.
   — Ma... Malas? – Gaguejou. Fera assentiu – Então ele vai mesmo para Nova Iorque? – Perguntou já com a voz abalada e fraca. Ele assentiu novamente.
   — Eu sinto muito... – Tentou falar, mas Fatinha não ouviu. Quando deu por si, já estava indo para o quarto deles, ignorando todos os avisos do seu subconsciente que dizia que era melhor ela não ir – Fatinha, você prometeu! – Fera tentou, mas não adiantou. Apenas suspirou e foi na direção contrária, desistindo.

Fatinha não se importou em bater na porta. Na verdade, nem tinha pensado nisso... Mas também não precisou. A mesma estava apenas encostada, talvez porque Fera fosse voltar em breve, ou sei lá. Mas, ao contrário do que pensava há poucos dias em seu quarto, ela ainda não tinha sofrido o suficiente. Ao ver Bruno arrumando as malas, – de costas para ela – seu coração pareceu ter sido apertado e estilhaçado, como um vidro qualquer e sem importância. E sabe qual é o pior disso? Vidro corta. E era assim que ela se sentia naquele momento: inteiramente machucada. Por alguns segundos, apenas o observou, distraído. Ela ainda estava com a porta aberta e a mão na maçaneta.Bruno pareceu não notar a sua presença ali. 
   Por um segundo, sentiu seu fôlego todo sumir. Vê-lo assim, tão de perto... Não era justo. Ela não podia beijá-lo, abraçá-lo. Nem ao menos tocar nele. Ou será que podia? Afinal, ela não sabia o que ele estava sentindo. Na verdade, Fatinha nem imaginava! Nas poucas vezes que cruzou com ele pelos arredores do Campus, ela não olhava em seu rosto. Não tinha coragem o suficiente de ver se ele iria cumprimentá-la, ou se a ignoraria. Passava sempre por ele de cabeça baixa, olhando fixamente para o chão.
   E aquilo matava Bruno lentamente.
   Sim. Afinal, quem disse que garotos não sofrem nas separações? Bruno se sentia um lixo. Não foram poucas as vezes em que ele se pegou pensando nela antes de dormir, ou se amaldiçoando por fazê-la chorar. Mas ele sabia – ou achava que sabia – que estava fazendo certo. Era melhor se afastar de Fatinha, deixá-la viver novamente. Sem contar que ele não seria capaz de vê-la sofrendo por muito tempo. Machucava. Lá no fundo, mas machucava. E não era pouco...

 E ele nem fazia idéia de que Fatinha estava ali, tão perto. Estava tão distraído tentando não pensar nisso e arrumando as malas que não a viu. Ela também não agüentava mais ficar apenas o olhando. Precisava falar com ele, fazê-lo prometer que... Que o que? Não namorasse nenhuma outra garota em Nova Iorque? Ou melhor, que ele nem iria para lá? Ela não podia fazer isso. Apesar de todos os pesares, ela também sabia que talvez, de algum jeito, aquilo faria bem para os dois. Mas, infelizmente, sabia também que ela demoraria para superá-lo. Se é que ela o superaria...

   Não suportando o fato de vê-lo tão de perto sem poder tocá-lo ou simplesmente dirigir uma palavra a ele, Fatinha fechou a porta com força, fazendo com que um ruído mais alto do que o planejado infestasse o quarto. Agora estavam os dois lá. Ambos no mesmo espaço, não teriam como fugir.
   — Já voltou, Fera? – Bruno perguntou sem olhar para trás. Fatinha estremeceu. A voz dele... Continuava a mesma melodia perfeita para seus ouvidos – Fera? – Perguntou ainda virado para as malas. Ela não agüentou. Estava tão próximo... Fatinha perdeu um pouco de razão e andou em passos largos para perto de Bruno, envolvendo seus braços em sua cintura e encostando a cabeça em suas costas, abraçando-o por trás. Bruno levou um susto com aquilo – Tudo bem, agora eu realmente espero que não seja o Fera... – Falou com um pouco de humor, imaginando que ali estaria Ju. Na verdade, ele imaginou qualquer pessoa. Menos ela.
  Fatinha não acreditava que ele não a havia reconhecido. Afinal, apenas ela sentia choques elétricos pelo simples fato de ouvir a voz dele? Apenas ela tremia ao encostá-lo? Sentir o seu cheiro, seu toque... Até mesmo a sua temperatura – sempre agradável.
   Ela se desencostou dele e o esperou virar-se, ação que não tardou muito a acontecer.
   — Ah, eu... Oi – Bruno falou um pouco assustado. Fatinha não respondeu. Na verdade, nem conseguia. Estava chorando e isso só fez com que ele ficasse ainda mais assustado.
  
   — Calma, Fatinha – Arregalou levemente os olhos. Não sabia o que fazer.

   — Tudo bem... Já estou mais calma – Respirou fundo e sorriu fraco fazendo com que Bruno se aliviasse. Ainda era extremamente doloroso vê-la chorando.
   — Então...
   — Por quê? – Fatinha perguntou de repente.
   — Por que o que?
   — Por que você está indo? – Falou fraquejando, mas engoliu o choro dessa vez. Passaram-se alguns segundos e Fatinha cansou de ver que Bruno não responderia – Tudo bem, eu pensei que você se importasse, mas parece que não – Falou magoada e quase se virando para ir embora.
   — Eu também pensei que você acreditasse em mim, mas parece que não.
   — Bruno... Não fala assim...
   — Não falo. – Concordou respirando fundo e se acalmando, tentando pensar em como agir – Só, por favor, pare de chorar... – Pediu visivelmente triste.
   — Paro, paro, paro – Repetiu algumas vezes passando a mão rapidamente pelos olhos, impedindo que suas insistentes lágrimas caíssem. Bruno deu um meio sorriso com isso. É como dizem... Seria cômico, se não fosse trágico – Bruno.. Por favor, fica! Eu não me importo que você tenha me traído, não me importo com nada, mas por favor... Não me deixa, Bruno não me deixa! – Praticamente implorou, fazendo com que suas lágrimas voltassem a cair. Ele se aproximou dela e segurou as suas duas mãos que tapavam o seu rosto que faziam o papel de esconder o choro. Bruno levou-as para o meio dos dois, mais precisamente no peito de ambos, já que ele tinha se aproximado bastante. Com isso, tanto um quando o outro conseguiria sentir os dois corações. fatinha sorriu levemente ao ver que ambos corações batiam rápido e forte.

 — Fatinh.. Eu não traí você. Nunca! – Falou lentamente esperando que ela entendesse dessa vez. Mas isso não fez com que ela parasse de chorar...
   — Eu me odeio... – Ela abaixou a cabeça.
   — E eu te amo, agora para de chorar, por favor... Você prometeu.
   — É, Bruno? Você também prometeu que nunca me deixaria – Puxou as suas mãos e cruzou os braços, não importando nem um pouco se aquilo parecesse infantil.


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