Meu irmão estava uma fera comigo. Ele já tinha falado, brigado, e se estressado muito. Ele não conseguia acreditar que eu tinha ameaçado um guarda só para poder sair. Ele estava agindo como se fosse o fim do mundo. Minha cabeça já tinha preocupações maiores. Mas como eu certamente não ia dizer nada sobre o acontecido na noite anterior, tive que ficar escutando ele falar e falar, agindo como se eu fosse uma criança e ele fosse meu pai.

– Eu ainda não consigo acreditar que você ameaçou o Kevin. – Ele repetiu indignado pela milionésima vez.

Eu não olhava para ele. Nós estávamos em nosso quarto, e eu estava deitada em minha cama, olhando meu queixo num pequeno espelho, que eu tinha tirado os pontos. E já estava me cansando daquele sermão todo. Eu tinha errado sim, mas não se podia fazer mais nada a respeito.

– Jason, eu já fiz, já era. Não posso mais voltar atrás.

– Joy, você fala como se fosse fácil, como se o que você fez não vá trazer consequências.

Eu deixei o espelho de lado e olhei para ele com a testa franzida,

– Consequências? Que tipo de consequências? Eu não vou poder ser mais líder? Não ligo para isso!

– Está muito acima disso agora. – Ele disse.

Eu me sentei e olhei para ele um pouco assustada. Acima? Isso queria dizer...

– Acima como assim? – Eu perguntei. – O que você fez, Jason?

Ele balançou a cabeça, cauteloso. Voltou a falar um minuto depois.

– Eu não, Joy. Mas os outros levaram o assunto para os superiores.

Eu engoli em seco. Se eles considerassem o que eu fiz como algo grave, eles podiam até me banir. Isso não podia acontecer. De jeito nenhum. O que seria da minha vida, se só o que eu sabia fazer era caçar? Sem pensamentos negativos.

– Jason...

– Eu não sei o que eles vão fazer, Joy. Mas com certeza vão te chamar para falar alguma coisa. E não é só sobre o seu momento psicótico. Você violou uma ordem de proteção para si mesma. Sabe que isso também é quebrar as regras.

Eu encarava o chão agora, pensando sobre aquilo. Balancei a cabeça de um lado para o outro, sem realmente acreditar que aquilo estava acontecendo.

– Você causou isso para si mesma, Joy. Só porque não podia obedecer a uma ordem minha e ficar em casa por uma noite.

– Eu já sei, droga! Eu fiz merda, já entendi! - Gritei. - Mas não seria só por uma noite. Vocês não iriam me deixar sair por sei lá quanto tempo.

– Agora é que você não vai sair mesmo, e por tempo indeterminado! - O Jason gritou.

Eu olhei para ele surpresa. O Jason nunca tinha gritado comigo antes. Com isso, percebi que meu comportamento estava afetando a todos a minha volta. Eu suspirei. Estava cansada. Cansada de mim mesma.

– Jason, você tem que me ajudar. Tem que falar com eles.

– Eu vou fazer o possível e o impossível por você, irmã. Você sabe disso.

– Eu sei. Obrigada, irmão. – Eu disse e peguei em sua mão.

Jason ficou segurando a minha por um tempo, sem nada dizer. Depois ele soltou e foi em direção à porta. Parou antes de sair.

– Mas enquanto isso, você não vai sair dessa casa. Está entendo?

– Jason...

– Isso é uma ordem, Joyce. – Ele disse duro e saiu.

Não era uma questão a ser discutida, eu tinha entendido. E do jeito que estava minha situação, era melhor eu começar a aprender a fechar minha boca.

Pensando assim, acabei me lembrando do Marcus. Um frio percorreu minha espinha.

Resolvi passar o resto do dia no quarto. Eu fiquei fazendo novas estacas, e sujei o quarto inteiro. Como não queria dar motivos para o Jason brigar ainda mais comigo, eu limpei tudo depois. Aproveitei o embalo e comecei a arrumar minhas coisas também. Não sabia que limpar podia ser uma terapia. 

Anoiteceu e eu nem percebi as horas passarem. Alguém bateu na porta do quarto e em seguida entrou.

– Oi. – Tony disse sorrindo.

Eu dei um sorriso fraco para ele. Ele entrou no quarto e fechou a porta.

– Estão todos lá na sala passando o tempo. Vamos pra lá.

Eu continuei mexendo nas minhas coisas e virei de costas para ele.

– Não. Acho que não quero encarar ninguém agora.

– Joy... – Tony chegou por trás e passou os braços pela minha cintura, me abraçando. – Deixa de besteira.

Eu parei o que estava fazendo e soltei um suspiro.

– Ninguém me quer lá também.

– Eu quero. – Tony disse e me virou. Eu fiquei olhando para os seus lindos e sinceros olhos. Depois estávamos nos beijando.

Como sempre acontecia, me senti completamente vulnerável com o beijo dele. Mas eu estava cansada de ser sempre a forte, corajosa e destemida caçadora. Por alguns minutos queria me perder no beijo dele e ser apenas uma menininha.

– Talvez eu queira você aqui mesmo. - Ele disse.

Eu ri. Ele deu apenas um leve sorriso. Passou os dedos pelos meus lábios e ficou sério. Olhando nos meus olhos, eu percebi que ele queria dizer alguma coisa. Ele tinha desejo estampado em sua expressão.

– Não é brincadeira, Joy. – Ele disse baixo. – Eu quero você.

Eu apenas o encarei sem saber o que dizer. Ele tinha dito que me amava e agora estava dizendo que me queria. Que me desejava.

Eu pensei rápido, e percebi que aquilo podia esclarecer tudo. Sorri para ele e disse:

– Eu também...

Ele ficou me encarando. Piscou algumas vezes e depois sorriu também. Em seguida estávamos nos beijando novamente. Dessa vez um beijo mais apaixonado, com toque de paixão e desejo.

Eu senti a mão de Tony passear pela minha cintura, e descer até meu quadril. Depois começou a subir novamente, mas dessa vez foi para dentro da minha blusa. A mão dele tocando minha pele, sem nenhum tecido por baixo, me deixou arrepiada. Eu gostei daquilo.

Ele parou de me beijar e mordeu de leve o meu lábio inferior. Começou a depositar beijos pelo meu pescoço, seus lábios foram descendo lentamente até meus ombros.

Eu tinha meus olhos fechados, aproveitando aquela maravilhosa sensação. Tony parou com os beijos e agarrou minha blusa. Foi levantando-a devagar, sempre olhando dentro dos meus olhos. Eu parecia calma por fora, mas estava muito nervosa por dentro.

Eu levantei meus braços para deixar que a blusa saísse. Logo depois eu agarrei a camiseta dele também e a puxei para cima. Tive uma visão de seu belo corpo. Sem nem pensar, passei minha mão pelo peito dele. Ele me puxou e voltou a me beijar.

Senti as mãos dele tocarem o zíper da minha calça. Ele conseguiu abrir e alguns segundos depois eu estava na frente dele apenas de sutiã e calcinha. Meu coração batia mais forte que o normal.

– Você é linda. – Ele sussurrou em meu ouvido. Depois deu uma leve mordida na minha orelha.

Ele colocou a mão sob um dos meus seios, por cima do sutiã. Depois ele passou os dois braços ao meu redor, para conseguir abrir o feixe. Eu mordi o lábio e virei meu rosto para o lado, um pouco envergonhada. Olhei para janela do quarto.

Tony beijou meu pescoço novamente e eu quase fechei os olhos. Mas eu vi algo pela janela que despertou minha atenção. Uma sombra. E eu soube, sem dúvida nenhuma que era ele, tinha certeza.

Marcus.

Tony conseguiu abrir o sutiã, mas eu segurei para que não caísse. Ele me olhou intrigado, mas percebeu que eu olhava para a janela. Ele seguiu meu olhar.

– O que foi? – Ele perguntou.

Eu me afastei dele e caminhei para mais perto da janela. Subi na cama para conseguir ver melhor, mas o vampiro tinha desaparecido. Eu olhei lá para baixo, para a entrada do condomínio. Os guardas continuavam postados lá, tudo parecia normal. Pensei ver alguns vultos passarem por perto. Tony me puxou dali.

– O que aconteceu? O que você viu?

– Eu não tenho certeza. – Eu disse. Minha voz saiu baixa.

Mas a certeza veio logo em seguida.

Um som muito alto disparou pela casa. Um alarme. Alarme que indicava invasão de vampiros. Meu coração acelerou mais ainda. Tony se assustou e olhou para mim.

Eu comecei a colocar minha roupa tudo de novo e ele fez o mesmo. Minhas mãos tremiam um pouco. Nós pegamos quantas estacas conseguimos e saímos correndo do quarto, em direção à saída da casa. Mas em minha cabeça eu sabia que poderia estar indo em direção a uma cilada.