My Heart Is Bleeding escrita por Mimia R


Capítulo 5
Última Mordida


Notas iniciais do capítulo

Hey! Aqui tem mais um capítulo, esse com um pouco mais de ação. E tem também a Joy passando por mais uma dificuldade. Parece que ela está sem sorte, né?! Espero que gostem! :DD



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A rua do restaurante estava movimentada. Mas eu conseguia sentir a presença da maldita vampira. Ela corria muita a minha frente, mas eu não ia deixá-la escapar. Não dessa vez.

Continuei correndo e esbarrando nas pessoas, sem me importar com os olhares furiosos que me lançavam. Até que cheguei numa rua que estava deserta e escura. Eu tinha certeza que ela estava escondida por ali. Ela não ia perder uma oportunidade de me pegar, assim como eu não faria com ela.

– Eu sei que você está aqui. – Eu sussurrei. Tinha certeza que ela estava e me ouvia e observava.

Tudo estava quieto, um silêncio ensurdecedor. Eu já queria pegar aquela vampira há muito tempo. E eu não perderia essa chance. Toquei em minha roupa a procura da arma. E senti meu coração congelar quando não encontrei. Lembrei que tinha deixado meu único meio de defesa com o Tony.

– Droga! – Eu praguejei baixinho. – Inferno de vestido!

Mas eu não podia dar bandeira. Nesse instante a vampira apareceu na minha frente, saindo de um beco escuro. Eu ergui a cabeça e fingi que não estava nervosa. Eu estou tendo uma sorte da porra nesses dias! Que merda! Ela veio andando lentamente em minha direção. Parou alguns passos à frente e ficou me encarando.

– Olá, Joyce. – Ela falou. – Quase não te reconheço nessa roupinha de vadia.

Eu não respondi de imediato. Mas eu sabia que tinha que improvisar alguma coisa, porque dessa vez eu realmente não sabia o que iria fazer. A segunda vez que eu provavelmente vou morrer. Isso só em uma semana!

– Já fazia um tempo, Angela. – Eu falei. – E que bom que gostou do meu visual.

– É verdade. Como vão seus pais? – Ela falou e em seguida riu.

Eu apertei o maxilar. Angela foi outra vampira que esteve presente no massacre onde meus pais foram mortos. Esse era um dos motivos de eu querer matá-la pessoalmente. E também porque ela era a única cria do Marcus. Vai entender o porquê de ele, durante muitos anos, só ter transformado uma pessoa, ainda mais essa garota. Eu tinha certeza que acabando com ela, eu iria dar um motivo para ele vir até mim novamente, mas não me importava nenhum pouco. No momento que eu a matasse, ele iria sentir. É assim com toda cria e criador.

– Tenho certeza que, onde quer que eles estejam, estão ansiosos nesse momento, porque eu estou prestes a matá-la.

Angela soltou uma gargalhada. O som me deu nojo. Eu comecei a olhar ao meu redor procurando alguma coisa que servisse de arma. Tinham algumas pedras, vidros, basicamente lixo, mas não vi nada que fosse me ajudar.

Porém, atrás da vampira tinha alguma coisa que se parecia com um pedaço de madeira. Era o melhor que eu iria arranjar, eu tinha que dar um jeito de pegar.

– O Marcus me contou que você esteve “prestes” a matá-lo um dia desses também. Mas parece que você só chega perto, não é? Nunca consegue realmente nos pegar. Isso deve ser frustrante para o seu pequeno ego.

– Você nem imagina como o meu ego vai ao delírio esta noite. – Eu falei. Tinha que enrolá-la.

Angela começou a caminhar de um lado para o outro. Eu passei a fazer o mesmo. Queria chegar até o outro lado e pegar aquela coisa de madeira.

– E como anda a perna do seu dono? – Perguntei.

– Ele não é meu dono. – Angela falou devagar, sua voz com toque de raiva. – Ele é meu criador e está com muita raiva pelo que você fez.

– Diga a ele que aceite as minhas mais sinceras desculpas por furar a perna dele. A intenção era acertar o coração. Mas saiba que da próxima vez eu não vou errar.

Eu disse, dei um sorriso falso e pisquei para ela. Ela caminhava pela rua muito calmamente, e eu fazia a mesma coisa. Devagar eu iria conseguir chegar ao meu objeto alvo.

– Bom, ele não está aqui para descontar a raiva dele em você. – Ela disse. – Mas eu estou. Eu até posso levar um pouco do seu sangue para ele provar, caso sobre alguma gota.

Eu fingi uma gargalhada.

– Você é uma cadelinha tão obediente. Agora consigo entender porque ele te transformou.

– Cuidado com quem você xinga, sua vadia! – Ela gritou e eu vi suas presas aparecem.

Tentei não mostrar nervosismo, estava quase perto do que queria. Não tirava os olhos da vampira nem por um segundo.

– Eu estou mentindo? – Falei. – Cria é cria. Só serve para servir ao criador. Como um cachorrinho. Sem querer ofender os cachorrinhos, claro.

– Você está morta! – Angela gritou e partiu para cima de mim. Mulheres, tão estressadas.

Eu me preparei e desviei dela. A vampira estava com raiva, suas presas totalmente expostas. Ela correu para cima de mim novamente. Eu não podia ficar desviando para sempre, então esperei que ela chegasse perto e agarrei-a.

Enquanto conseguia segurá-la, dei golpes em seu rosto com o cotovelo. Ela se debatia e ficava cada vez mais furiosa. Ela estava em posição perfeita para eu matá-la. Mas me faltava uma estaca. Então eu dei um chute em suas pernas, fazendo-a cair no chão.

Aproveitei que essa era minha única chance e corri até o objeto. Quando cheguei perto, a vampira agarrou minha perna e me puxou, me fazendo cair de cara no chão. Senti meu queixo bater forte contra o paralelepípedo. A dor veio em seguida, junto com sague se espalhando pelo chão. Não podia ficar pior.

Angela me chutou nas costelas, me fazendo virar e ficar de frente para ela. As presas ainda estavam exportas e sua expressão era uma mistura de desconfiança e fome. Fiquei com medo que ela tivesse visto a madeira. Mas não viu.

Ela pisou com força numa das minhas pernas, me fazendo franzir a testa. 

– Você está sem arma alguma, não está? – Ela indagou.

Eu apenas a olhava com meu maxilar enrijecido de dor e ódio. Tinha que pensar em alguma coisa o mais rápido possível. O pedaço de madeira não estava longe e ela não tinha visto. Só precisava que ela se distraísse para eu poder pegar.

– Uau. A tão famosa caçadora está completamente indefesa, bem aqui em minhas mãos. O que o Marcus não daria para estar aqui.

Ela agora estava rindo. Parecia mais confiante do que nunca. E meu ódio só crescia. Se eu tinha que morrer por vampiros, não poderia ser pela Angela. Ela era desprezível e eu certamente não merecia morrer pelas mãos, ou no caso dentes, dela. Eu sabia que falar só iria servir para me humilhar, mas era minha única opção, eu tinha que ganhar tempo.

– É uma pena que ele não esteja aqui. Seria mais honroso morrer pelo dono do que pela sua cadelinha.

– Você não sabe o momento de calar a boca, não é? – Ela disse furiosa.

– Engraçado, seu dono já me disse isso também. Parece que vocês compartilham do mesmo pensamento.

Angela apertou mais ainda minha perna. Eu não consegui me segurar e soltei um gemido, quase um grito. Tinha certeza que ela estava prestes a quebrar meus ossos.

– Você vai sentir a mesma dor que causou no Marcus. E eu vou fazer você pagar por todos os meus amigos que já matou.

Angela se abaixou um pouco e passou o dedo pelo meu queixo que sangrava. Eu afastei o rosto com nojo do toque dela. A vampira colocou o dedo com meu sangue na boca. Fechou os olhos e soltou um gemido de quem está provando uma comida bem gostosa. No caso dela era verdade. E eu tinha certeza que meu sangue era ótimo, modéstia parte.

Eu tentei puxar minha perna, mas ela só fez aumentar a força do pé. Soltei um grito abafado. Eu dei uma olhada disfarçada para trás e pude ver a madeira. Precisava pegar logo.

– Você está se derretendo em medo, eu posso sentir. – Angela disse rindo. – Imagine como todos vão me venerar quando souber que eu matei a caçadora mais famosa e mais odiada pelos vampiros.

– Você é desprezível, cadelinha. – Eu provoquei. – E engraçada também.

Ela riu, virando o rosto para o céu escuro. Rapidamente eu estiquei meu braço para tentar pegar a madeira, mas por alguns centímetros não alcancei. Ela voltou a me olhar, mas não percebeu.

– Você é só uma merdinha debaixo da minha bota. – Angela disse. – Literalmente. E eu vou estraçalhar você. Desculpe minha falta de educação, talvez eu a machuque um pouco, mas estou com pressa!

A vampira soltou minha perna e se jogou em cima de mim. Eu consegui me arrastar alguns poucos centímetros. Angela agarrou meu pescoço. Enquanto ela aproximava os dentes da minha jugular, eu estava mais preocupada em pegar a madeira, minha única salvação. Com muita dificuldade eu estiquei mais e mais o braço e consegui. E no mesmo instante senti os dentes dela se cravarem em meu pescoço.

Eu soltei um grito de surpresa e dor, e por um momento soltei o objeto. Acho que demorou um minuto, mas consegui me concentrar no que precisava fazer e peguei novamente o pedaço de madeira. Não era pontudo o suficiente, eu teria que colocar mais força que o normal, mas iria servir. Eu dei uma joelhada no queixo da vampira, fazendo-a se afastar de mim surpresa. Ela já tinha conseguido beber uma boa quantidade.

– Eu ainda não acabei. – Ela disse com a voz rouca e eu pude ver sua boca suja com meu sangue.

Quando ela ia vim novamente para cima de mim, eu enfiei a madeira em seu peito. Ela parou onde estava, arregalou os olhos e soltou um grito. Depois olhou para a madeira e novamente para mim. Estava completamente chocada, não esperava por aquilo.

Olhando nos olhos dela eu fui enfiando mais fundo o objeto. Sangue escorria em minhas mãos e manchavam meu vestido, ou melhor, da Ally. Droga, espero que ela não fique chateada por eu estragar a roupa dela.

Angela foi caindo para trás devagar. No segundo seguinte o corpo dela pairava esticado e inerte no chão, a garota com a boca aberta em um grito agora silencioso.

Eu fiquei observando por algum tempo, e depois me deixei cair deitada no chão também. Fiquei olhando o céu estrelado. Toquei em meu pescoço e senti dois furos. A mordida estava dolorida e arrepiei-me ao pensar no pior.

Para ser transformado em vampiro, você apenas tem que morrer pelas mãos de um, de qualquer jeito. Se o vampiro quiser que você complete a transformação, ele simplesmente espera até você despertar. Caso contrário, é só queimar seu corpo morto antes que desperte.

Toquei em meu queixo, onde tinha outro machucado, esse iria precisar de alguns pontos. Eu estava com um cadáver ao lado e coberta de sangue. Se passasse alguém ali, não seria uma cena boa de ver. Minha perna doía, meu corpo inteiro doía, mas eu tinha que levantar e dar um jeito na situação. Tinha que ligar para a ‘Estaca de Sangue’, mas não tinha um celular comigo.

Quando comecei a me levantar, ouvi um barulho. Olhei ao meu redor, mas não vi ninguém. Arranquei, com dificuldade, o pedaço de madeira do peito da vampira morta, só por precaução. Resolvi me esconder atrás de uma lixeira que tinha ali no beco e esperar para ver. Abaixei-me e fiquei quieta observando.

Vi uma sombra começar a se aproximar do corpo. Praguejei e rezei para que não fosse uma pessoa qualquer. Parei até de respirar pela tensão. A sombra parou ao lado da vampira e se agachou.

– Joy! – Alguém gritou. Vi a sombra desaparecer correndo, rápido demais para um humano. Era um vampiro e eu já imaginava quem.

Esperei mais um minuto e saí do meu esconderijo. Encontrei o Tony ao lado do corpo da vampira. Ele tinha a camiseta rasgada e com manchas de sangue também. Provavelmente tinha pegado o vampiro que estava no restaurante com a Angela. Ele correu em minha direção quando me viu.

– Joy! Minha nossa! Você está bem? – Ele perguntou nervoso e me deu um beijo. Eu soltei um gemido por causa do meu queixo. Ele se afastou e ficou me observando preocupado.

Eu apenas balancei a cabeça querendo tranquilizá-lo. Ele me abraçou e eu fiquei com o rosto em seu peito. Fiquei rígida, mas depois comecei a relaxar.

– Seu queixo. Está muito machucado. – Ele observou. Depois viu meu pescoço e pareceu congelar.

– Eu estou bem. – Eu disse rápido.

– Seu pescoço. Ela te mordeu, Joy...

– Eu estou bem, você não está vendo? – Eu falei um pouco alto. Ele estava pensando besteira.

Tony ficou me olhando durante um minuto e pareceu confirmar que eu ainda era eu. Ele soltou um suspiro e pegou minha mão suja.

– Eu matei aquele outro que estava com ela.

– Menos dois no mundo. – Eu disse.

Ele assentiu e ficamos olhando para o corpo da Angela. Tony pegou o celular e ligou para a associação para virem buscar o corpo da garota e acabar com toda a “cena do crime”. Quando eles chegaram, ele e eu fomos embora. Ficamos em silêncio por um tempo, até que ele falou:

– Você não imagina o medo que eu tive quando percebi que você tinha ido atrás dela sem arma nenhuma.

– Eu tinha esquecido que estava com você. – Eu disse.

– Você podia estar morta agora.

Me irritei um pouco.

– Já sei. Já me disseram isso muitas vezes essa semana. Se eu tiver que morrer, eu vou morrer e você não vai poder fazer nada quanto isso.

Palavras duras, eu sei.

Ele não falou mais nada o resto do caminho. Quando a gente chegou em casa, sem nenhuma palavra, ele me puxou para um beijo. Eu retribui, mas sem muita vontade.

Ele me levou até o pequeno hospital que nós temos no condomínio e me deixou lá sob os cuidados de nossos médicos. Tive que levar três pontos no queixo. Eles também passaram um remédio para desinfetar a mordida da vampira. E felizmente minha perna não foi quebrada, então só teria que colocar um gelo em cima e tomar alguns remédios.

Depois de algum tempo eu pude finalmente ir para o meu quarto. Tomei um banho e caí em minha cama. Não queria ver ninguém mais, só queria descansar para poder encarar outro dia. Meu irmão também não apareceu no quarto. Ele me conhecia, sabia que eu queria ficar sozinha naquele momento. 

Foi uma péssima semana. Esse meu trabalho é cansativo. Quase morrer é cansativo. E eu sabia que nos próximos dias eu teria um vampiro furioso em meu encalço.

Eu dei uma olhada pela janela e achei ter visto uma sombra numa árvore lá fora do condomínio. Caí no sono logo em seguida.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? DIGAM TUDO! COMENTEM! Estão gostando? Querem mais? Mandem REVIEWS, REVIEWS!! :DD