My Heart Is Bleeding escrita por Mimia R


Capítulo 12
Se Perdendo


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo! Fiquei super feliz porque o capítulo anterior teve vários reviews! Isso me animou muito! Acho que esse capítulo aqui é bem esperado pelos seus acontecimentos. Espero que gostem! Boa leitura! :DD

PS: Se alguém encontrar erros de português, por favor me digam que eu ajeito!



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Duas semanas.

Eu estava naquele quarto a duas semanas. E tinha certeza de que ia enlouquecer. Aquele quarto de paredes azuis, sem nenhuma janela, sem uma circulação de vento natural se quer, estava me fazendo sentir claustrofóbica. Cada dia passava mais lentamente e eu continuava sem nenhuma expectativa e sem saber o que ia acontecer comigo.

Eu vinha usando os remédios que estavam no armário desde que tinha ido para aquele quarto. Fiz curativo nos meus pulsos e eles estavam ficando melhor, na medida do possível. E também os cortes espalhados pelo meu corpo, eu passava pomada em todos e já estavam cicatrizando. Meu nariz ainda tinha um roxo bem visível graças aquela vampira desgraçada. Mas eu não ia aparecer em público por muito tempo, então minha aparência não importava tanto.

Ao menos aquele quarto tem um banheiro. Não precisava mais ficar na agonia de querer fazer minhas necessidades sem poder. E eu também tomava banho. Nossa! Aquela água, mesmo fria, escorrendo pelo meu corpo, parecia que renova minha alma. Por alguns minutos eu me sentia bem. Mas só para logo em seguida retornar a fatídica realidade.

O Marcus ficava cada vez mais esquisito. Ele vinha pelo menos três vezes por dia aqui no quarto, me trazia água e comida, olhava o armário para ver se está faltando alguma coisa e depois saía. Ele quase não falava comigo, na verdade a maior parte do tempo que ele estava lá eu só gritava, fazia perguntas e dizia que ele tinha que agir ou eu ia dar um jeito de fugir. Ele só me olhava, dava uma risada nada verdadeira e ia embora, me deixando trancada.

Estava me sentindo tão sozinha. E a cada segundo eu ficava esperando ver aquele maldito do Luke entrar no quarto. Acho que o medo e a tensão estavam mexendo com minha cabeça. Quer dizer, toda aquela situação estava mexendo com a minha cabeça, tanto que ultimamente me peguei olhando para a porta esperando o Marcus entrar, só para eu ter a companhia e segurança de alguém... mesmo a dele. Era melhor do que ficar solitária.

Eu estava deitada na cama olhando para o teto. Já devia ser noite, mas era só um palpite, não tinha noção da hora. Eu olhava para a porta a cada segundo. Já fazia um tempo que o Marcus não aparecia. Eu estava com sede, queria comer também, mas no fundo eu sabia que queria ouvir uma voz quebrar o silêncio daquele quarto. Precisava de um pouco da companhia dele. E eu sei que isso era um sinal de que eu estava realmente ficando louca.

Resolvi ir tomar um banho para esfriar minha cabeça. Eu estava usando uma das camisetas que tinha no armário e minha calça jeans que eu vinha lavando na pia do banheiro mesmo. Tirei as peças e guardei. Fiquei só de lingerie - que eu também tinha que lavar sempre, pois era a única que eu tinha - e coturno, peguei uma toalha e entrei no banheiro.

Lá dentro eu tirei o curativo dos pulsos com muito cuidado. Depois tirei as peças de roupa que faltavam e entrei debaixo do chuveiro. Minha pele se arrepiou ao sentir a água fria. Mas eu adorava aquela sensação. Eu fiquei mais tempo gastando água do que tomando banho realmente.

Quando finalmente saí, me enrolei na toalha e peguei minha calcinha que deixei pendurada na porta. Muito lentamente, sem vontade e distraída, lavei na pia e depois deixei pendurada na porta novamente. Era assim, um dia eu usava roupas íntimas, outro dia elas eram lavadas.

Quando saí do banheiro levei um susto. Meu coração se acelerou quando vi o Marcus deitado na cama, todo relaxado, mãos atrás da cabeça e me olhando na porta. Fiquei um momento parada o encarando surpresa. Quando me recuperei do susto, lembrei que estava só de toalha. Agarrei o pano com força, como que me protegendo. Marcus se ajeitou e se sentou.

– Você... – Eu comecei a dizer, mas nem sabia o que falar.

Eu vi um leve sorriso surgir no canto de sua boca. Meu coração que já estava acelerado disparou mais um pouco.  Eu comecei a sentir meu rosto ficar quente.

– Há quanto tempo você está aqui? – Perguntei.

– Tempo suficiente... – Ele respondeu evasivamente.

Meu rosto estava quase queimando, tanto de vergonha quanto de raiva.

– Há ha! Você é tão engraçado. – Eu disse.

Eu destravei minhas pernas e caminhei até o armário, sempre apertando a toalha ao corpo. Peguei uma camiseta e minha calça. O olhar do Marcus sempre me seguindo. Voltei correndo para o banheiro e dessa vez fechei e tranquei a porta. Coloquei a roupa toda, calcei o coturno, respirei fundo e depois voltei para o quarto.

O vampiro ainda estava sentado na cama. Quando me viu ali, não parou de me encarar. Eu fiquei sem saber o que fazer.  E já que não tinha outro lugar para sentar que não fosse ao lado dele, fiquei desconfortavelmente de pé mesmo.

– Tem comida ali. – Ele disse me mostrando o pote no chão.

Eu fui até lá e me sentei no chão mesmo. Abri o pote com a comida e sem nem pensar em educação comecei a devorar tudo. Eu olhei para o Marcus e vi ele me observando comer. Aquilo me irritava. Esse jeito esquisito de ele agir me irritava. Resumindo: tudo nele me irritava!

– Está com fome também? – Foi uma pergunta irônica. Vampiros não podem comer comida humana, nem nada além de sangue.

– Na verdade, já que você perguntou, estou sim. Quer me oferecer seu pescoço?

Eu olhei para ele com os olhos semicerrados. Não estava com paciência para as gracinhas dele. Na verdade não estava mais com paciência para aquela bipolaridade dele. Uma hora estava sério, não dava uma palavra, não dava um sorriso, por mais falso que fosse, e depois, como agora, estava cheio de graça novamente pra cima de mim. Ele queria me enlouquecer de vez, tinha certeza. Soltei um suspiro frustrado.

Eu continuei a comer, tentando ignorar o olhar dele em cima de mim. Quando terminei peguei a garrafa que estava ali ao lado também. Estava com sede e precisava de água. Mas fiquei surpresa quando senti um suco de laranja tocar minha língua. Dei apenas um gole e olhei para o Marcus imediatamente com um olhar questionador. Ele retribuiu levantando a sobrancelha.

– Marcus, fala sério. – Eu disse. – Qual é a sua?

– Lá vem você de novo com seus questionamentos...

– O que é tudo isso? – Eu perguntei apontando para o suco, o quarto e para mim. – Essa é a sua vingança? Você me trouxe pra cá só para me deixar presa em um quarto? Você quer me enlouquecer não é?!

Ele lançou um olhar mais profundo para mim, com os olhos semicerrados e se levantou da cama. Agora eu tinha que olhar para cima para vê-lo já que estava sentada no chão.

– Ah, eu vou enlouquecer você sim, caçadora. Pode apostar.

Eu odiava quando ele falava coisas que na minha cabeça tinha duplo sentido. Eu me levantei. Não queria me sentir abaixo dele.

– Para de enrolar, seu vampiro de merda! – Eu queria gritar com ele, mas minha voz saiu mais como se estivesse o repreendendo.

Eu vi a expressão dele mudar para um pouco de irritação.

– Você está achando ruim sua condição do momento, é?! – Ele disse. – Eu posso deixar muito pior.

– Por que você não me mata de uma vez?

– E por que você tem obsessão por morrer?

– Ah, não sei... Talvez porque eu estive a minha vida inteira cercada pela morte! – Dessa vez eu consegui gritar.

Depois disso ele ficou um tempo em silêncio. Eu estava um pouco ofegante, estava com raiva. Eu não aguentava mais aquela situação. Eu precisava... precisava... Eu precisava de alguma coisa, só não sabia o quê exatamente. Precisava sair dali? Sim! Eu precisava...

– Toma uma atitude logo, ou eu vou tomar. – Eu disse.

Ele deu um sorriso.

– Você? E o que vai fazer? Fugir pela janela? – Ele ironizou.

– Você esqueceu quem eu sou? Sou mais esperta do que você pensa. Dou um jeito de sair daqui rapidinho.

– Primeiro: Se, se, se você conseguisse sair daqui o Luke te pegaria na hora. Sim, ele está te procurando por toda parte. Ele sabe que eu escondi você em algum lugar.

– Eu acabo com ele.

– Você não é nada sem uma estaca na mão.

Aquilo me deixou mais nervosa. Fui para frente e bati no peito dele. Ele não vacilou nenhum passo se quer para trás. Sua maxilar se enrijeceu, sua expressão ficou dura.

– Eu sou uma caçadora. Eu mato vampiros, com ou sem estaca! Não tente medir minha força.

– Você está tentando meter medo em quem? Nem eu e nem mesmo o Luke é tão burro assim, caçadora.

– Bom, e se eu fingisse ser a burra? Aposto como ele teria prazer em me matar. Sugar cada gosta do meu sangue.

Eu sabia que aquilo ia deixar o Marcus perturbado, por algum motivo que eu ainda não entendia. Acho que ele não gostava de perder o controle das coisas. Ele ficou me analisando por um tempo, depois deu um sorriso falso.

– O último vampiro do mundo que você deixaria tocá-la seria o Luke. Você sente mais ódio por ele do que por mim.

– E você está convencido disso por que exatamente?...

O Marcus se aproximou mais de mim. Eu dei um passo para trás.

– Eu vi como você o olhava. Com mais desprezo do que medo. E você viu como ele é perverso.

– Você fala como se não fosse igual a ele...

– Tenho certeza que você jurou arrancar o coração dele com as próprias mãos...

– Na verdade isso não tinha passado pela minha cabeça, mas obrigada pela dica. – Eu disse.

Marcus se aproximou mais de mim e eu dei mais um passo para trás. Mas dessa vez encostei-me à parede. Não tinha mais para onde me afastar.

– Esse seus modos irônicos me deixam bem impaciente. – Ele disse com a voz um pouco baixa.

– Engraçado, já os seus me deixam com mais vontade de te matar. – Eu falei. Minha voz não passou segurança nenhuma.

– Você tem que aprender a calar a boca, caçadora. Eu já te disse isso...

– Foda-se...

– Cala a boca. – Ele disse e agarrou meu braço.

Eu olhei para a mão dele surpresa e me arrepiei com seu toque frio. Tentei puxar o braço, mas ele só forçou mais o aperto. Olhei novamente para ele.

– Não me mande calar a boca seu maldito. E solta o meu braço.

Eu sentia meu coração se acelerando cada vez mais.

– Marcus, me solta. – Eu falei e comecei a me debater. Ele segurou meu outro braço e me puxou para mais perto dele.

– Você não percebeu ainda quem está no comando da situação? – Ele sussurrou.

– Você não vai se aproveitar disso, seu sugador de sangue. – Eu disse.

– Agora eu vou ensinar a caçadora a ficar caladinha.

Em seguida ele estava me beijando.

Eu fiquei completamente sem reação. Meus lábios estavam travados. A boca dele era fria e macia. Eu estava de olhos abertos, ainda perdidos em confusão. Senti a língua de Marcus tocar meus lábios. Nesse momento me deixei levar. Eu me peguei retribuindo aquele beijo.

A primeira coisa que me passou pela cabeça foi uma comparação. Diferente do beijo do Tony - que foi o único cara que eu já tinha beijado -, o beijo do Marcus me fazia sentir forte. E eu sabia que devia estar ficando louca por issoMas naquele momento eu aceitei de muito bom grado a loucura.

Eu já estava sentindo falta de ar, mas nenhum de nós dois se afastava. Ele não precisava respirar né, ao contrário de mim. E acho que foi isso que me fez sair do meu momento de loucura porque no segundo seguinte eu mordi o lábio dele com toda a força possível.

Marcus soltou um grito abafado e se afastou de mim com a testa franzida. Ele realmente não esperava aquele meu movimento. Eu saí de perto dele e fui para o banheiro. Abri a torneira da pia e passei água em minha boca. Ele apareceu na porta.

– Você é completamente louca. – Ele disse. Eu me virei para ele e o vi segurando o lábio.

– Esse é o seu plano? – Eu perguntei. – Você é mesmo desprezível.

– Você adorou. – Ele falou com um sorriso irritante no rosto.

– Eu senti nojo!

– Seu coração estava bem acelerado. Admita caçadora, nojo passa longe do que você sentiu.

Ele estava rindo, me provocando cada vez mais, enquanto o meu rosto estava quente de constrangimento.

– Sai daqui! – Eu gritei.

– Silêncio! Ou você quer que eu te cale novamente?

– O que você vai ganhar com isso, Marcus? – Não consegui evitar perguntar. Eu estava confusa.

Ele ficou sério. Me olhou por mais algum tempo mas não respondeu minha pergunta. Depois caminhou em direção à saída. Pegou a chave no bolso de sua calça e abriu a porta. Antes de sair ele ainda me olhou.

– Seu pulso está sangrando. – Ele disse apontando para o local e depois saiu. Simples assim. Sem nenhum trocadilho sobre fome e sangue. Sem fazer mais nenhuma graça.

Que vampiro bipolar! Eu queria bater nele, queria acabar com ele. Queria...

Beijar ele de novo... O quê?! De jeito nenhum! Minha cabeça realmente estava desajustada.

Eu fui até a cama e me deitei. Coloquei a mão sob minha testa e fechei os olhos. Eu estava um pouco ofegante ainda. O que ele pensava que estava fazendo? Aquele maldito vampiro! Eu sentia que minha cabeça ia explodir de tanta confusão. Eu estava perdida e não entendia exatamente o motivo. Só tinha certeza que se ficasse mais tempo presa ali, iria cair em perdição, fosse do tipo que fosse.


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Notas finais do capítulo

E então? E esse beijo? Huashuashsuashu' Gostaram? Odiaram? O que acharam? Me digam! Mandem reviews! REVIEWS! REVIEWS! :DD