My Heart Is Bleeding escrita por Mimia R


Capítulo 10
Personalidades Distorcidas


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Será a situação da Joy vai melhorar aqui? Enfim, não tem muito o que dizer. Só que espero que vocês gostem! Aproveitem! :DD



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Toda noite era a mesma coisa.

Eu era humilhada e machucada por todos aqueles vampiros. Meu corpo estava cheio de feridas e hematomas espalhados por toda parte. Eu não sabia por quanto tempo mais iria aguentar. A qualquer momento eu tinha certeza que ia desfalecer.

 O Luke era o que mais adorava me torturar. E os outros vampiros pareciam fazer tudo o que ele mandasse. E aquelas noites tinham virado minha nova rotina. De dia eu dormia, ficava tão fraca que não conseguia manter minha mente ligada. E à noite...

Além de todos os machucados, meu corpo doía também por eu não mudar de posição. Meus braços continuavam presos por correntes, e meus pés também. Eu tentava me afastar um pouco, virar de lado ou mudar de posição só alguns milímetros que fossem. Mas não fazia nenhuma diferença.

Quando aqueles vampiros surgiam e me rodeavam, eu me sentia como se fosse mais desprezível que um inseto. Eu não tinha mais medo, apenas ódio. Eu odiava cada um deles, principalmente o Luke. Eu jurei em minha cabeça que se tivesse uma oportunidade, eu acabaria com ele. E eu passei a rezar para viver pelo menos para cumprir essa jura.

Mas o mais esquisito de tudo era o Marcus. Ele nunca estava presente na hora da “diversão”. Ele só aparecia quando o sol estava perto de nascer e mandava todos irem embora.

Ele me dava água, me olhava, analisava meus ferimentos, mas não dizia nada. Ele não reagia como eu esperava que fosse reagir. E por isso eu estava com medo do que ele provavelmente estava planejando.

Na primeira vez que ele veio me trazer comida, eu estava dormindo. Acordei com ele me chutando. Eu abri os olhos assustada e me deparei com ele me olhando.

Ele tinha uma pequena vasilha nas mãos e uma colher. Quando vi que era comida, minha boca salivou e surgiu uma faísca de felicidade dentro de mim. Esperei que ele chegasse perto para soltar minhas mãos, mas percebi que ele não tinha nenhuma intenção de fazer isso. A felicidade se esvaiu. Aquilo seria humilhante demais até para o meu ego, se é que ainda me restava algum pouco de ego.

– Solta minha mão. – Eu disse.

Ele ficou me encarando e depois riu. Foi a primeira vez que ele riu desde que eu estava ali. Ele abriu a vasilha e sentou-se no banco ao meu lado. Eu passei a encarar o chão, de cara fechada.

– É melhor você comer logo, eu não tenho o dia todo. – Ele disse.

Eu olhei para o lado e vi a colher com comida na mão dele. Eu soltei uma risada abafada.

– Eu posso comer sozinha. É só soltar uma mão.

– Se você quiser comer, vai ser assim. E é melhor não me fazer perder a paciência.

– Vai se foder. – Eu disse.

– Ah, não. Eu sou muito melhor fodendo com os outros. Em todos os sentindos.

Eu olhei para ele ao ouvi-lo dizer aquilo. Ele tinha um leve sorriso venenoso pairando nos lábios. Meu rosto ficou quente por alguns segundos. Ele queria me deixar sem graça. Esse era o Marcus que eu conhecia, o que gostava de me provocar. Aproveitei para entrar na jogada.

– Você já arranjou outra amante depois que eu matei a Angela?

Muito rápido senti as mãos dele passarem pelo meu pescoço. Depois ele estava parado com o rosto muito próximo do meu, suas presas expostas e uma expressão de fúria. Minha cabeça estava encostada nas barras da cela e eu não conseguia respirar direito por causa do aperto dele.

– Não faça insinuações sobre o que você não sabe. – Ele disse devagar, sua voz transpassando a raiva que ele sentia.

Tinha certeza que ele ia me morder ou me matar naquele momento. Ele continuou apertando meu pescoço por alguns segundos. Vi suas presas desaparecem quando ele finalmente se afastou. Eu puxei o ar com toda força, sentindo o alívio de poder respirar novamente.

Marcus saiu da cela e a trancou. Ele deixou a vasilha de comida no banco ao meu lado. Através das barras ele continuou me olhando. Vi que ele parecia estar tentando controlar sua fúria.

– É melhor você não abrir sua boca para falar da Angela novamente ou eu não vou me segurar da próxima vez.

– O que você está planejando? – Eu perguntei com raiva na voz. – Eu matei sua queridinha, você me pegou, me trouxe para esse lugar, deixa os outros vampiros me torturarem, mas você não faz nada. Ou melhor, me traz água e comida. E agora fica dizendo que está se segurando? Qual é Marcus, você não me engana! Acaba logo com isso!

Ele ficou quieto. Só vi sua expressão mudar, ele respirou fundo, como para se segurar de dizer alguma coisa. Olhou para o pote de comida ao meu lado e outro pequeno sorriso perverso surgiu em sua boca.

– É o mais perto que você vai chegar de comida se continuar com essa sua atitude.

Depois desapareceu. Eu olhei para a comida e senti minha boca salivar. Eu queria tanto comer. E só naquele momento pensei em como fui estúpida. Era pior ficar com fome do que ser humilhada. Tentei desviar o olhar, me distrair com outra coisa, mas só conseguia pensar na comida ao meu lado.

Eu não sabia que horas já deviam ser, mas provavelmente não estava longe de anoitecer. Meu coração começou a ficar acelerado ao pensar em tudo pelo que eu passaria novamente. O que eu mais sentia era agonia de ter que aturar calada tudo o que aqueles vampiros faziam comigo. Sentia vontade de chorar. Sentia saudades dos meus amigos. Sentia vontade de pegar uma estaca e acabar com aqueles monstros.

Diante de meus devaneios, ouvi um barulho de alguém se aproximando. Me preparei para a tortura que recomeçaria, mas fiquei surpresa ao ver aquela vampira esquisita que conversou comigo.

 Ela se aproximou muito calmamente, abriu a cela e entrou. Sem dizer nada pegou a vasilha de comida e encostou em minha boca. Dessa vez eu nem precisei pensar duas vezes. Abri a boca e recebi com muito prazer àquela comida. Era apenas feijão com arroz, mas naquele momento parecia um banquete para mim.

Quando a vasilha ficou vazia, a vampira saiu e trancou a cela novamente. Ficou me olhando lá de fora por um tempo.

– Valeu. – Eu disse um pouco insegura por estar agradecendo a uma vampira. – Mas acho que o Marcus vai querer acertar as contas com você depois.

Ela apenas piscou, e totalmente despreocupada, saiu do salão.

Mais uma noite então se passou, tão horrível quanto todas as outras. E o meu ódio pelo Luke só aumentava. Como também minha desconfiança do que estava acontecendo. Ele chegava perto de mim, eu tinha certeza que ele ia me morder, mas não fazia. Eu não entendia o por que.

Ele insinuava que queria me morder, beber meu sangue, assim como todos os outros, mas nunca, nunca me mordia. Eu via em seus olhos que ele lutava para conseguir se segurar. Era como se ele tive sido proibido de fazer aquilo. E foi quando eu pensei na possibilidade de o Marcus ter mesmo proibido. Toda vez que ele chegava para mandar os vampiros embora, o Luke discutia algo com ele. E saía muito furioso...

Novamente, depois que todos os vampiros foram embora, o Marcus veio. Mas ele não trouxe água dessa vez, o que me deixou um pouco decepciona e desesperada. Ele apenas se aproximou da cela para trancá-la e nem olhou para mim.

Quando eu o vi começar a se afastar para ir embora, resolvi tentar arrancar alguma coisa dele, tentar entender o que ele estava fazendo. E também ver se conseguia um pouco de água.

– Por que você proibiu o Luke de me morder? – Perguntei com minha voz fraca.

Marcus estava de costas para mim, mas parou na metade do caminho. Pensei que ele iria me ignorar e ir embora. Mas ele se virou e me olhou. Ficou calado por um tempo, depois olhou para o chão. Parecia estar pensando, ou tentando desviar do assunto.

– Não sei do que você está falando. – Ele respondeu com a voz baixa.

– Eu não sou idiota, Marcus.

Ele ficou calado.

- Me diz logo o que você está planejando. Essa é a sua vingança por eu ter matado a Angela? Deixar que outros vampiros me torturem?

Vi ele enrijecer quando toquei no nome da vampira.

– Não me provoque, caçadora. – Ele disse. Percebi que estava fazendo esforço para se controlar.

– Ou o quê? O que você vai fazer, Marcus? Porque ultimamente eu venho duvidando que você possa fazer algo de tão ruim comigo.

Ele se aproximou da cela muito rápido e agarrou as barras. Eu nem sequer pisquei. Esperava uma atitude dele fazia tempo. E parecia que ele finalmente estava reagindo.

Notei que ele queria dizer alguma coisa, mas estava hesitante. Ficou agarrando as barras de ferro com muita força, podia ver pelos seus dedos. Depois de um tempo ele finalmente quebrou o silêncio.

– Ela era minha irmã. – Ele sussurrou.

Definitivamente essa revelação tinha sido uma surpresa. Nunca, nunca poderia imaginar. Eu tinha certeza que a Angela era amante, ou qualquer outra definição do tipo, do Marcus. Por um momento fiquei muda, não sabia se devia falar. E mesmo assim nem saberia o que dizer.

Senti uma pontada no coração ao imaginar meu irmão morto. Não sei se aguentaria, e com certeza eu iria querer vingança, iria matar o assassino. Me peguei sentindo pena do maldito vampiro parado na minha frente. Sacudi a cabeça para tentar clarear os meus pensamentos, que com certeza estavam confusos.

– Eu a odiava. – Ele voltou a falar. – Ela fazia eu me sentir culpado. Cada vez que eu a via, a culpa me corroía. Eu a matei. Logo que virei um vampiro eu não consegui resistir e me alimentei dela. Não soube o que fazer depois e ela acabou despertando. E todos esses anos ela tem estado me odiado por isso. E me lembrava todos os dias que eu era culpado por ela ser aquilo que era. Você acabou com a existência dela, e assim com a minha culpa. Mas ainda assim ela era minha irmã. Ela era a única pessoa que eu ainda podia chamar de família...

Ele parou de falar. Eu não podia me dizer, se não chocada, com essas revelações dele. Não esperava nem por um segundo que ele fosse contar aquilo para mim. Eu estava completamente sem reação. Não conseguia entender ainda o que estava se passando ali. Só não consegui continuar olhando para ele. Aquela era uma situação esquisita e constrangedora. Preferi encarar os meus pés presos.

Ficamos em silêncio depois disso por um bom tempo. Eu não olhava, mas sabia que ele continuava ali parado com as mãos nas barras da cela, e com a testa encostada lá também. Eu levantei o olhar por um segundo e vi que ele olhava para o chão. Sua expressão indecifrável. Ouvi ele se movimentar e levantei a cabeça de novo. Ele estava saindo do salão. Eu abri minha boca como se fosse dizer algo, estou com sedo, mas nenhuma palavra saiu.

Ele voltou um minuto depois com uma garrafa de água, o que me deixou muito feliz por dentro. Ele abriu a cela novamente, entrou e abriu a garrafa. Dessa vez colocou diretamente em minha boca. Eu recebi aquela água de muito bom agrado. Enquanto bebia, olhava para o rosto dele. Em nenhum momento ele olhou para mim.

Dessa vez ele esperou eu matar minha sede por completo. Eu acabei bebendo toda a água da garrafa. Quando ficou vazia, ele se afastou, saiu e trancou a cela, e praticamente correu para fora do salão, sem nada dizer, nem lançar um olhar se quer para mim.

Eu ainda não conseguia entender o que estava acontecendo. Como ele podia ter mudado suas atitudes de um dia para o outro? Eu devia estar alucinando quando uma pergunta começou a me perturbar: Quem realmente é o cara por trás das presas?


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Já vi todos os palpites das meninas leitoras, todas achando a mesma coisa do Marcus... shaushaushu' Adoro isso! Deixem reviews, digam se estão gostando e o que acham que vai acontecer!!! REVIEWS!! :DD