Bella

Tentei fazer com que a ida ao banheiro fosse o mais breve possível, pois queria muito voltar para os braços de Edward. Ele estava me viciando e nem sabia o quanto ou talvez soubesse. Não duvidaria que ele soubesse, porque além de deslumbrantemente lindo ele era esperto e inteligente. Pensando por esse ponto, fui uma guerreira em resistir tanto. Por outro lado, se soubesse que iria ser tão magnífico este momento, teria forças para resistir? E tinha aqueles olhos brilhantes... Olhos verdes que ao me fitar fazia com que houvesse contrações em meu estômago, como se muitas borboletas estivessem dentro de mim.

Era estranho, me sentir assim por ele. Tão improvável depois de... Argh! Depois de Jacob. Cuspi em meus pensamentos o nome do traidor. Mas uma coisa era certa. Era completamente atraída por Edward, mas... Seria apenas isso?

A conversa que tivemos no dia anterior e seus questionamentos rondaram a minha cabeça durante a noite. Edward revelou que esperava que ficássemos juntos depois disso, mas sinceramente ainda não tinha pensado no depois, no dia seguinte ao meu retorno a minha vida de antes. Mas era óbvio que para Jacob não voltaria, isso nunca!

Mas para quê pensar nisso agora? Não era tão urgente ter essas respostas. Quero aproveitar todos os momentos que estou vivendo aqui e então depois pensar em como proceder. Edward estava sendo o meu remédio. Ao conceber esse pensamento uma pontada de culpa surgiu em minha cabeça. Isso seria errado? Não sei... Balancei a cabeça espantando esses pensamentos. Tinha prometido para mim mesma que esta semana não haveria pensamentos intensos, profundos, sérios.

Fiquei surpresa ao ouvir uma voz feminina. Quem estaria conversando com Edward? Nas pontas dos pés aproximei-me da porta do quarto para escutar melhor o diálogo. E me surpreendi ainda mais ao ouvir: O que deu em você?. A voz da minha amiga era desconfiada mais do que preocupada.

Quando Edward soltou: Fadiga., não pude deixar de rir. Queria ter visto a cara de Alice, com certeza ela não tinha caído nessa, era mais esperta do que isso. Encostei-me mais ainda na porta, as mãos espalmadas tocando-a. Bom, ela tinha vindo verificar o que estava acontecendo com o irmão que não tinha ido trabalhar esta semana. Edward não deve ter se afastado tanto tempo do trabalho, isso era de se estranhar, no mínimo.

Ok, senhor preguiçoso. Já entendi que com você a coisa não é grave. Mas, por outro lado... Ouvi um ruído com se alguém estivesse movimentando-se bruscamente. ... estou muito preocupada com Bella. Oh, minha amiga estava preocupada com o meu sumiço. Certamente tinha ligado para mim muitas vezes e sem ter notícias ficou preocupada.

Edward fingiu não saber do que ela estava falando e para mim pareceu bem convincente. Você não sabe?!. Lice disse perplexa. Não anda atrás dela vinte e quatro horas? Deveria saber. Anda atrás de mim vinte e quatro horas? Parecia improvável, mas... Ela era a irmã... Não, minha amiga era bastante dramática, exagerada demais. Mesmo sabendo disso visualizei em minha mente a imagem de Edward vigiando-me todo o tempo. Loucura, ele não tinha nenhuma atitude doentia, com certeza era exagero.

Bella sumiu. Desde o noivado da Rose e Emmet. Como não sabe disso? Ah, claro! Você virou monge e está recluso em seu apartamento exercitando a sua grande preguiça. Nossa como estava sarcástica com o irmão. Suas palavras implicavam mais do que parecia ou seria coisa da minha cabeça?

Acho que aconteceu alguma coisa entre ela e Jacob na noite do noivado. Ele anda me procurando para saber dela, está abatido e parece até mais magro. De um lado, Jacob desesperado e do outro uma Bella desaparecida. Reneé me disse que ela viajou. Estou irritada porque ela não falou nada pra mim. Nenhuma das garotas sabe o que aconteceu. Não sei que sentimento me acometeu nesse momento, mas não foi agradável. Uma nova imagem se formou em minha mente e desta vez foi a de Jacob abatido. Meu estômago revirou por alguns instantes. Edward! Não fez nada para separá-los, não é? A voz energética de Lice despertou-me dos meus devaneios.

Como?! Edward pareceu surpreso e ofendido. Também estava surpresa com a acusação agora explícita em sua voz. Você aprontou alguma?. Por que Alice estava acusando Edward de tal coisa? O que ele poderia ter feito para me separar de Jacob? Certamente não foi ele quem obrigou Jacob a transar com aquela garota. Na verdade Jacob parecia bastante satisfeito e tinha uma grande participação naquela cena.

É claro que não! Edward respondeu indignado. Queria entender o raciocínio da minha amiga. Todos nós sabíamos que Edward demonstrava estar interessado em mim, era um pouco louco em suas investidas, mas do que ele seria capaz para me separar de Jacob? Balancei a cabeça espantando esses pensamentos sem sentido. Edward não poderia fazer nada. Esqueceu que eu estava no noivado e permaneci lá até depois dela ir embora? O que eu faria para separá-los?. Houve um silêncio curto. Não vou perder o meu tempo com você. Provavelmente ela não deve ter acreditado nele, Edward se chateou.

Edward... Lice iria continuar, mas parece que seu raciocínio foi interrompido. Fiquei curiosa com o quê. O que é isso? A voz dela parecia chocada agora e a minha curiosidade foi incitada ainda mais. Quase pus a cabeça para fora do quarto, mas não queria de jeito nenhum que ela me visse ali... Não ainda. É sério que vou ter que te explicar? A voz de Edward era zombeteira.

Eu sei o que é isso, quero saber o que um sutiã vermelho está fazendo aqui em seu sofá?. Arfei e tentei abafar o som com as mãos. Estava horrorizada, agora ela descobriria, descobriria. Droga! Lembrei-me dos momentos que passamos na sala no dia anterior. Eu tinha vestido a minha lingerie vermelha e tentado fazer um strip-tease para ele que pareceu adorar a minha tentativa desajeitada.

Por que você não volta para seu trabalho? Não foi uma pergunta, parecia mais uma ameaça. Se Alice não saísse dali acho que ele a expulsaria a força apenas para que não descobrisse o nosso plano de ficarmos reclusos esta semana em seu apartamento. Edward! Ouvi outro ruído.

Não acredito que enquanto a minha amiga está por aí sofrendo, você está aqui transando com uma sirigaita. Fadiga é o nome que você dá pra isso? Pra mim é sem vergonhice! Não vou mais ajudá-lo com Bella. Você não merece e espero sinceramente que não esteja envolvido com essa briga dos dois. Estou envergonhada, estou envergonhada.

Nossa, fiquei impressionada. Ela não tinha juntado os pontos. Pior ainda, ela estava pensando que Edward estava aqui com outra mulher. Alice deu o seu piti corriqueiro. Mas... Aquela conversa... Foi um pouco estranha. Parecia que Alice sabia de alguma coisa mais, algo que Edward tinha feito. Eu sabia que ela o ajudava, dando informações sobre mim. Senti como se algo estivesse escapando da minha atenção...

A porta bateu forte. Parecia que tinha mesmo se chateado com o irmão. Não gostaria que ela permanecesse por muito tempo assim. A garota ficava impossível. Corri nas pontas dos pés até a sala cautelosamente, verificando que ela já tinha ido. Gostaria de ter visto a cara de Alice quando viu o sutiã. Na verdade... Não, não gostaria. Alice às vezes era assustadora. Ri dos meus pensamentos. Edward girou o corpo em minha direção e não esperei que seus olhos encontrassem os meus, enlacei meus braços em seu pescoço e distribui beijos em seu rosto. Era uma forma de reconfortá-lo da visita que teve agora a pouco.

Enquanto estava ocupada, dando beijinhos em seu rosto ele acariciava meus braços. Edward pegou-me mais firmemente deixando claro que queria que eu fosse para a sua frente. Caminhei contornando o sofá ainda presa em suas mãos. Sentei em seu colo e então nos abraçamos.

- Fadiga? Não pensei que estivesse tão cansado. - Murmurei brincalhona.

- E não estou. Nunca ficarei exausto de você e nem de te amar. - Diferente de mim, o seu tom de voz não foi brincalhão, mas muito intenso. - Foi apenas uma desculpa esfarrapada.

Separei-me apenas o suficiente para ver o seu rosto. Suas mãos estavam percorrendo a linha da minha coluna e arrepiando-me.

- A sua irmã me chamou de sirigaita. - Fingi ofensa tentando fazê-lo ficar menos sério. Funcionou porque ele riu.

- Tecnicamente não. Ela não falaria isso se soubesse que era você aqui comigo. - Edward tocou o meu rosto carinhosamente. Seus dedos acariciaram a linha do meu queixo repetidas vezes e seus olhos não desgrudavam do caminho percorrido por eles.

- Estou abismada.

- Com o quê? - Perguntou sem tirar os olhos da sua pequena e deliciosa tarefa.

- Alice não perceber nada. Ela é tão esperta. Pensei que descobriria que era eu aqui com você.

- Vamos dar apenas algum tempo mais e ela saberá. - Inconscientemente suspirei. Edward levantou os olhos para olhar os meus. - Te desagrada que ela saiba? - Seus dedos pararam em um gesto automático.

- Não queria que ninguém soubesse no momento. - Seria pressionada por Alice, ela imaginaria mil coisas. Teceria planos e projetos. Enlouqueceria-me. Não estava pensando em tornar público ainda. Antes de tudo deveria saber o que se passava exatamente entre nós dois.

- Tem medo de levar nosso romance a sério. - Acusou.

- Edward eu mal sai de um relacionamento. Não queira exigir isso de mim. - Nos encaramos, analisando-nos.

- Tem razão. Desculpe. - Ele baixou ligeiramente a cabeça. Seus olhos fechados. Meu coração partiu nesse momento. Acariciei sua nuca e puxei levemente seus cabelos para que seu rosto levantasse e me encarasse novamente.

- Estou adorando ficar com você. Gostaria que me entendesse. Eu estava apaixonada e fui traída. E agora estou na casa de outro cara. - Minha voz sumiu no final da frase, estava um pouco envergonhada. Não queria pensar profundamente nos detalhes como já tinha decidido. Sabia que poderia estragar tudo se começasse a fazê-lo.

- Eu entendo. - Não eram apenas palavras, pude ver em seu olhar e no tom de sua voz que ele conseguia sinceramente me entender o que me fazia julgar ainda mais inapropriado o que estava fazendo.

Edward parecia ser totalmente altruísta no momento. Ele conseguia se colocar em meu lugar e fazia de tudo para me deixar confortável e para que me sentisse acolhida. Era o tipo de cara que não merecia... Ser usado como... Como estava sendo por mim.

- Bella. O que está pensando? - Despertei dos meus pensamentos ao ouvir a pergunta e sentir o tom preocupado que usou.

- Ah... Nada. - Ele pareceu não acreditar.

- Parecia que estava pensando em algo desagradável.

- Não é nada, Ed. - Insisti. Ele soltou o ar pelo nariz fortemente. Tinha que pensar em alguma coisa para distraí-lo. Ah sim. - Alice é totalmente sem noção. - Mudei de assunto drasticamente e percebi que roubei a sua atenção. - Como ela pode falar aquelas coisas de você? Acusá-lo de estar envolvido na briga que tive com o Jacob. Às vezes ela viaja muito em seu próprio mundo. Fiquei com peninha de você e acho que ficarei ainda mais nos próximos dias quando ela o espezinhar. - Sorri achando a ideia engraçada e continuei a tagarelar. - E o que foi aquilo? Não ajudar mais comigo? Sabia que ela dava alguns toques pra você, mas ela tá levando mesmo a sério.

Voltei a minha atenção para Edward e constatei que tinha dito algo que o afetou porque a tensão em seu corpo e até mesmo em sua face era notável.

- Edward? - Chamei-o preocupada.

Edward piscou algumas vezes agora totalmente controlado o que achei estranho e até sorria despreocupado e relaxado totalmente o contrário de segundos atrás. Espero que ele não seja bipolar. Seriai terrível, já bastava Alice.

- Você conhece a minha irmãzinha cabeça oca, Bella. A sua imaginação é extremamente maior do que o seu próprio corpo. Posso até dizer que é como pi, infinita, o que é fantástico e assustador. - Edward meio que cantarolava como se contasse uma história para alguma criança enquanto dizia essas coisas para mim. A segurança com que dizia isso fazia com que fosse quase impossível duvidar de algo, mas... Fiquei um pouco incomodada.

- Tem razão. - Ri meio nervosa com algo que eu ainda não sabia. - Alice é bem criativa.

Edward segurou-me pela cintura com possessividade. O gesto deixou claro que aquela conversa estava terminada e que tínhamos que nos preocupar com outros assuntos então ele me beijou. Ficamos trocando beijos e carícias ainda por um tempo longo, antes de decidirmos que estávamos famintos e fossemos tomar o desejum.

O dia passou rápido ao seu lado. Durante esta semana pude conhecê-lo um pouco mais. Todo o tempo ele fazia perguntas para mim, sobre a minha vida, meus gostos, minha infância e fazia questão que eu formulasse as minhas próprias perguntas para ele. Edward adorava respondê-las e ficava realmente muito concentrado quando respondia, como se estivesse fazendo uma prova muito importante e quando era a minha vez de responder as suas perguntas ele ficava também muito concentrado, bebendo cada palavra que eu dizia.

No dia em que Alice foi visitá-lo, Edward insistiu para que saíssemos um pouco do apartamento. Ele achava que eu poderia querer ver outras coisas além de paredes, mas eu quase dei um piti. Eu queria ficar em casa e não perder tempo, queria passar a noite toda em seus braços.

Na sexta estava um pouco mais inquieta. Alguns pensamentos mais insistentes queria tomar posse da minha mente e como estava um pouco mais abalada pela proximidade do retorno a rotina, vez em quando me deixava abalar. Tudo piorou no sábado à noite.

Estava entorpecida pela força que os pensamentos, alguns coerentes e outros nem um pouco me atacavam. Eram golpes cruéis, crus e selvagens. Fechei os olhos deixando-me levar, tentando me manter firme pelo menos. Estava tentando boiar e não afundar em tanto ressentimento e mágoa. Uma coisa mágica aconteceu em meio à tormenta desenfreada que me engolia. Ouvi um som que me pareceu ilusão. Talvez estivesse delirando. Que ótimo, era apenas o que faltava.

O som se fez ouvir novamente, era claro demais, perfeito demais e real de mais para ser delírio. Abri os olhos e ouvi novamente o som agradável. Era límpido como água, suave e tranquilizador. Virei para ver de onde o som vinha e me deparei com olhos extremamente verdes e transparentes, cuja emoção estava evidente. Edward estava sentado na cama ao meu lado onde eu estava deitada há algum tempo.

- Eu prometi. - Ele sussurrou docemente enquanto tocava os dedos nas cordas do violão que ele mantinha em um canto do seu quarto.

De alguma forma aquele simples gesto fez meu coração acelerar. Uma lembrança me veio a mente. O dia em que vim conhecer seu apartamento para começar os rabiscos da decoração. Conversamos bastante e rimos. Fiquei sabendo neste dia sobre a sua paixão por instrumentos musicais. Suspirei por causa da emoção. Sentei na cama para apreciar melhor o musico em minha frente com um sorriso nos lábios que ele retribuiu. Então ele começou a cantar e sua voz era belíssima como havia imaginado. Ele não olhava para mim enquanto cantava, parecia circunspecto e contido.

I don't want to miss a thing
Aerosmith

I could stay awake just to hear you breathing
(Eu poderia ficar acordado só para ouvir você respirar)
Watch you smile you are sleeping
(Ver o seu rosto sorrindo enquanto você dorme)
Whilee you're far away and dreaming
(Enquanto você está longe e sonhando)
I could spend my life in this sweet surrender
(Eu poderia passar minha vida inteira nessa doce redenção)
I could stay lost in this moment forever
(Eu poderia me perde neste momento para sempre)
Well, every moment spent with you
(Bom, todo momento que eu passo com você)
Is a moment I treasure
(É um momento preciso)

Edward olhou para mim, havia fogo em seus olhos. Seus lábios de vez enquando se retorciam como se estivesse tentando a todo custo manter o controle de suas emoções.

I don't wanna close my eyes
(Não quero fechar meus olhos)
I don't wanna fall sleep
(Não quero cair no sono)
'Cause I'd miss you, baby
(Porque eu sentiria a sua falta, baby)
And I don't wanna miss a thing
(E eu não quero perder nada)
'Cause even when I dream of you
(Porque mesmo quando eu sonho com você)
The sweetest dream will never do
(O sonho mais doce nunca vai ser suficiente)
I'd still miss you, baby
(E eu ainda sentiria a sua falta, baby)
And I don't wanna miss a thing
(E eu não quero perder nada)

A sua voz era um lamento, estava prestes a chorar vendo-o cantar daquela forma. Seu rosto transmitia toda a gama de sentimentos que estava passando em seu coração.

Lying close to you
(Deitado perto de você)
Feeling your heart beating
(Sentindo o seu coração bater)
And I'm wondering what you're dreaming
(E imaginando o que você está sonhando)
Wondering if it's me you're seeinga
(Imaginando se sou eu quem está vendo)
hen I kiss your eyes and thank God we're together
(Então eu beijo seus olhos e agradeço a Deus por estarmos juntos)
And I just wanna stay with you
(Eu só quero ficar com você)
In this moment forever, forever and ever
(Neste momento para sempre, para todo o sempre)

Meus olhos arderam e sabia que estava prestes a derramar lágrimas, lágrimas por vários motivos. Edward estava aqui, lamentando e implorando ao mesmo tempo para que o deixasse entrar em minha vida. Estava novamente demonstrando o tamanho e a força de seus sentimentos. O que me assustava e me entristecia.

I don't wanna close my eyes
(Não quero fechar meus olhos)
I don't wanna fall sleep
(Não quero cair no sono)
'Cause I'd miss you, baby
(Porque eu sentiria a sua falta, baby)
And I don't wanna miss a thing
(E eu não quero perder nada)
'Cause even when I dream of you
(Porque mesmo quando eu sonho com você)
The sweetest dream will never do
(O sonho mais doce nunca vai ser suficiente)
I'd still miss you, baby
(E eu ainda sentiria a sua falta, baby)
And I don't wanna miss a thing
(E eu não quero perder nada

I don't wanna miss one smile
(Não quero perder um sorriso)
I don't wanna miss one kiss
(Não quero perder um beijo)
Well, I just wanna be with you
(Bom, eu só quero ficar com você)
Right here with you, just like this
(Aqui com você, apenas assim)
I just wanna hold you close
(Eu só quero te abraçar forte)
Feel your heart so close to mine
(Sentir seu coração perto do meu)
And stay here
in this moment
(E ficar aqui neste momento)
For all the rest of time
(Por todo o resto dos tempos)

Antes que ele começasse a cantar tão lindamente para mim, estava pensando em como fiz as coisas erradas, fiz com que tudo parecesse frívolo. Eu o tinha usado, era isso que temia pensar. Lancei-me em sua cama, em seu apartamento e em sua vida sem medir as consequências, sem pensar especificamente nele. Fui uma total e completa egoísta. Sabia o quanto ele gostava de mim e mesmo assim o usei como estepe para aliviar a dor de ser traída de ser enganada pelo meu ex-namorado.

I don't wanna close my eyes
(Não quero fechar meus olhos)
I don't wanna fall sleep
(Não quero cair no sono)
'Cause I'd miss you, baby
(Porque eu sentiria a sua falta, baby)
And I don't wanna miss a thing
(E eu não quero perder nada)
'Cause even when I dream of you
(Porque mesmo quando eu sonho com você)
The sweetest dream will never do
(O sonho mais doce nunca vai ser suficiente)
I'd still miss you, baby
(E eu ainda sentiria a sua falta, baby)
And I don't wanna miss a thing
(E eu não quero perder nada)

Dei-me conta de duas coisas, primeiro: A música tinha acabado assim como o som do violão tinha parado. E segundo: Edward estava quieto, seus olhos brilhando e intensos. E eu estava chorando, chorando muito.

- Bella, não... - Ele tocou em meu rosto tentando secar as minhas lágrimas.

- De-desculpe. - Funguei emocionada e abalada pelos pensamentos cruéis que voltavam.

- Oh, querida, eu sei, estou um pouco enferrujado, mas não precisa chorar. Juro que paro de tocar. - Edward deixou o violão de lado, depois dessa tentativa de me fazer rir.

- Não, Ed. Você toca divinamente e sua voz é linda. Você é tão maravilhoso. - Cobri meu rosto com as mãos chorando compulsivamente. Se pelo menos ele não fosse tão maravilhoso talvez me sentisse menos vigarista.

- Meu amor, não chora. É você que é supersensível. - Edward me abraçou. Minha cabeça estava em seu peito e ele me afagava e embalava como se eu fosse uma criança. - Bella, você é a coisa mais linda que aconteceu em minha vida. Antes eu pensava que era feliz... Mas agora, é como se nada tivesse realmente importância sem você. - Não suportaria mais qualquer coisa que ele falasse. Aquilo era como a morte para mim. Nem mesmo sabia o que tinha feito.

Dei esperanças demais a ele. Sentia-me atraída sim, muito. Edward era realmente um homem que não se jogava fora e tão cavalheiro e gentil. Não queria magoá-lo. Não queria usá-lo dessa forma. Estava magoada e não pensei seriamente. Uni a mágoa com a atração que sentia por ele e fiz besteira. Afastei-me dele abruptamente e pulei da cama correndo para o banheiro e fechei a porta.

- Bella! - Edward chamou e bateu na porta. - Bella, por Deus o que há?

- Deixe-me sozinha. - Gritei de volta.

Não ouvi nada mais e então soube que ele tinha me atendido. Queria ficar sozinha para pensar. Eu o amava verdadeiramente ou só estava lisonjeada e curiosa? As coisas que sentia perto dele não poderiam ser ilusão. O sexo também nunca tinha experimentado nada igual. Era apenas isso, carne? Se for só isso, fui leviana e lamentava por isso.

Fiquei bastante tempo no banheiro, pensando nas coisas que tinha feito. Estava sentada e recostada na parede, lamentando o meu modo de agir. Pensava também como as coisas mudavam tão drasticamente. Estava confortável aqui sem precisar realmente pensar, apenas sentir. Senti tudo que Edward poderia me dar e sabia que poderia ser ainda mais. Ele era atencioso, dedicado e amoroso. Eu era a errada, não prestava.

Quando sai do banheiro, como medo de encará-lo porque ainda não teria coragem de falar sobre o assunto, fiquei aliviada ao encontrar o quarto vazio. Corri para a cama e me deitei antes que ele chegasse. Cobri-me e fiquei imóvel. Demorou até que Edward entrasse e deitasse ao meu lado. Ele não disse nada.

Senti-me totalmente atenta a seus movimentos e na sua respiração e quando ela se tornou mais leve tive certeza de que adormecera. Só depois disso foi que consegui também me levar pela inconsciência e dormir. Quando acordei uma decisão já havia sido tomada.

Minha noite não foi muito boa. Acordei várias vezes e antes do sol realmente aparecer desisti e levantei. Tomei um banho morno e sem ter o que fazer eu reuni as minhas coisas espalhadas e coloquei na mochila. Depois disso fui até a cozinha preparar um café. Servi-me de uma xícara e fui até a sala assistir um pouco de TV.

- Bom dia. - Edward sentou ao meu lado, seu rosto não demonstrava nada.

- Bom dia. - Tentei me manter calma sem encará-lo realmente.

- Acordou faz muito tempo?

- Um pouco.

- Hmmm. - Pareceu não saber mais o que dizer. Mas eu tinha e tinha que dizer logo antes que a minha coragem se esvaísse.

- Estava esperando você acordar para me arrumar e ir embora. - Soltei de uma vez sem olhá-lo ao menos uma vez. Com a minha visão periférica, vi que o seu rosto virou totalmente para mim.

- Por quê? - Sua voz era baixa, mas não era o seu tom de voz certo.

- Foi o que combinamos. Hoje é domingo, tenho que voltar para casa. - Tentei ser racional.

- Quero saber por que tão cedo. Pode ir mais tarde, passar mais algumas horas comigo. - Suas palavras lembraram a música que ele cantara a noite passada para mim.

- Não posso. - Soltei, foi tudo o que pude dizer.

- Não pode ou não quer? - Ele ficou tenso novamente, formando uma linha nos lábios.

- Ed... Acho que fiz algo ruim aqui. - Falei finalmente olhando para ele.

- Do que esta falando? - Edward se desarmou e pareceu confuso. - Bella, fala. - exigiu quando me viu hesitando.

- Sou tão egoísta. - Falei já controlando as lágrimas. - Não sou sensível como você disse. Pelo contrário. Edward, eu estava tão magoada e carente... Não poderia me aproveitar de você dessa maneira. - E deixei as lágrimas rolarem novamente pelo meu rosto.

- Acha que se aproveitou de mim? - Edward pareceu meio perdido por alguns instantes, eu assenti e então ele riu. Fiquei desconcertada e tratei de limpar meu rosto.

- O que é engraçado?

- Bella, você não se aproveitou de mim. Deixa de ser boba. Eu entrei nessa sabendo da verdade. Era uma questão de tempo ficarmos juntos. Não achava mesmo que iria ficar para sempre com o Jacob, achava? - Fiquei ainda mais sem jeito. - É por isso que anda assim? Por que pensou que estava me usando? Achou que foi injusta?

- Na verdade, ainda acho. - Confirmei.

- Pare com isso. De qualquer maneira, deixaria que me usasse o quanto quisesse. Não entende? Sou seu, para que faça o que quiser, contanto que estejamos juntos. - Aquilo me surpreendeu ainda mais e fiquei assustada com a intensidade de tudo.

- Preciso me arrumar. - Levantei em um salto.

- Você já vai mesmo? - Edward levantou e segurou a minha mão. - Ouviu o que acabei de dizer?

- Ouvi e por isso mesmo preciso ir. - Edward me encarou sério ainda me segurando e depois soltou minha mão lentamente.

- Certo. - Disse por fim. - Você não acredita nos seus sentimentos por mim. Está confusa, acha que foi apenas impulso. Vai se dar conta de que não foi. - Ele falou condescendente.

Fugi de sua presença lutando para não desmoronar. Como ele pôde aceitar uma coisa dessas? Edward teria que estar sofrendo e a culpada sou eu. Ainda assim parecia que ele me tinha em alto nível. Não era certo. Depois de me arrumar peguei a mochila e coloquei em meu ombro. Edward estava na sala sentado, às mãos cobriam seu rosto.

- Ed. - Chamei-o e ele tirou me fitou.

- Não posso fazer nada para que fique? - Ele parecia muito triste e meu coração apertou ainda mais.

- Não. - A minha negativa foi apenas um sopro.

Edward levantou lentamente e ficou de frente para mim.

- Vou levá-la até a garagem.

- Não precisa.

- É assim que vai terminar Bella?

- Preciso colocar a minha cabeça no lugar. Não poderia ter estado aqui com você sem ter feito isso antes.

- Você vai voltar para mim. - A determinação com que ele falou aquilo me pegou de guarda-baixa. Era como se ele soubesse que não existiria alternativa para mim. Eu não tinha resposta para aquilo. Na verdade, nem ele mesmo queria uma resposta e duvido muito que queria uma frase de oposição ou incerta.

- Até mais, Edward. - Passei rapidamente por ele e sai porta a fora o mais rápido que meus pés conseguiram.

Há alguns dias atrás quando vim para cá, não poderia imaginar despedida mais contrária aos meus desejos no momento. Mas agora tudo parecia tão errado. Edward era um cavalheiro e eu estava fora de mim, tinha me privado de pensar. E agora que realmente pensara, estava arrependida de que as coisas tivessem acontecido desta maneira. Não sabia o que sentia por ele e não poderia ter brincado assim com seus sentimentos, estava arrependida por isso.

Estava entrando na rua em que morava. A minha casa já começava a ser vista. Um carro estacionado em frente a ela me chamou a atenção. Sem dúvida era o carro de Jacob. Essa constatação fez meu coração disparar, minhas mãos já estavam suando. Estacionei insegura ao lado dele. O que Jacob estaria fazendo aqui e tão cedo?