Angel escrita por Dayane Alves de Oliveira


Capítulo 30
Capítulo 30




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/335135/chapter/30

À tarde quando pôde conversar com Raphael na cachoeira, explicou á ele tudo que havia acontecido.

-Não faz essa cara de que ela está certa. –Disse ela depois de um breve silêncio da parte de Raphael.

-Não estava pensando nisso.

-No que estava pensando?

-Que... você que ir com ele, pra de certa forma fugir.

-E daí?

-Daí que fugir seria a opção mais fácil diante de tudo que você está passando.

-É... –Ela parecia impaciente.

-Mas nem sempre o fácil é o certo. Fugindo você aprende a ignorar os problemas não a resolve-los.

-E se eu não quiser resolver? Se eu quiser só que isso acabe? –Ela explodiu. Odiava o jeito que ele fazia ela se sentir culpada.

-Aí você vai negligenciar todo o aprendizado e oportunidade de crescer.

Ela ficou calada e ele continuou:

-Ou então se prepare pra passar a vida toda fugindo.

Ela não disse nada, por que apesar dela querer apoio ao invés de concelhos, ele estava certo. Mas Raphael sempre sabia o que fazer, então depois do concelho veio o apoio que ela queria:

-Vem aqui. –Disse ele se deitando no chão e á puxando para junto dele  –Você precisa descansar um pouco. – Ele encostou a cabeça em cima de uma mão e passou o outro braço ao redor dela, que ficou com a cabeça encostada em seu peito.

-Eu tenho que voltar – Disse ela.

-Eu te chamo quando der a hora.

Se sentindo protegida por finalmente ter tido o que queria, ela adormeceu de leve. Enquanto ele experimentava o efeito viciante de acariciar os longos cabelos dela. Eram tão macios e sedosos, sempre parecia que ela tinha acabado de escovar por horas e horas...

Mais ou menos meia hora depois, ele foi se levantando para acorda-la com cuidado. Ela bocejou e perguntou que horas eram.

-Você ainda tem 20 minutos. –Respondeu ele.

Ela esticou as costas e percebeu que ele estava muito sério.

-Você dormiu? –Perguntou Angélica.

-Não... você achou o que estava procurando? – Disse ele tentando não parecer tão irônico, mas foi inevitável ela perceber.

-Procurando? Como assim?

Ele hesitou um instante, mas tentando esconder a irritação, disse com naturalidade:

-Você chamou o nome dele duas vezes.

Ela não disse nada, mas soube que ele falava de Leo, pelo modo como destacou o “dele” na frase.

-Você não lembra? –Perguntou ele.

Ela fez que não com a cabeça. Lamentando profundamente a falta de sorte do acontecimento. Se sentiu envergonhada por ter sido consolada por Raphael e depois chamado pelo nome do outro. Como se tivesse traído ambas os dois.

Mas Raphael era maduro demais pra dar tanta importância á isso. Ajudou ela a se levantar, se despediram rapidamente e ela saiu andando na frente.

Andou um pouco mas se virou para falar á ele algo que achou que o deixaria “tranquilo”:

-Eu já sonhei com você.

Ele franziu as sobrancelhas, como que dizendo: “você não precisava ter me contado”  e ela continuou:

-Claro que mais quando eu era criança, mas de vez em quando você ainda visita meus sonhos.

-Que tipo de sonhos? –Perguntou ele.

Ela apenas sorriu e mordeu os lábios. Colocando os fones de ouvido saiu correndo deixando-o sem resposta.

Ele riu e pensou que mal sabia ela, que ele também sonhava com ela.

A noite, sentada na sala e fingindo ler um livro qualquer, enquanto pensava que devia te um jeito dela conseguir vencer essa “guerra”.

Fez uma lista imaginaria do que tinha: seu objetivo era sair dali. Sua mãe não poderia ter escolha. Deve ter alguma regra que irritaria tanto a vó a ponto de ela expulsar Angélica de lá se ela quebrasse.

No dia seguinte, enquanto esperava Raphael na cachoeira, ligou para Andressa e pediu a opinião dela.

- O lance é: você tem que deixar a sua avó louca a ponto dela te mandar de volta pra cá. – disse ela

-Certo! Como faço isso?

-Está claro que ela consegue lidar com o seu gênio, então o jeito é ataca-la onde dói.

-Que é...?

-As regras!

-Não adianta, ela me põe de castigo e pronto.

-Você tem que dar um jeito de quebrar todas as regras de uma vez só!

-Também não dá, essa cidade é mais parada do que foco de dengue – visivelmente com raiva.

Andressa ficou calada pensando com mais clareza, e disse:

-E esse garoto?

-O Raphael?

-É!

-O que tem?

-Você não disse que sua vó odeia ele?

-Minha vó odeia todo mundo que não é igual a ela.

-Então, se ela souber que você tem alguma coisa com ele é certeiro! Ela vai te afastar dele na hora, ou seja...

-Me mandar de volta pra casa!

-Isso amiga, aí está o seu plano. Fica com o cara, dá um jeito da sua vó saber e voilá! Você aqui de novo!

-Não sei... Eu não queria usar ele assim.

-Até parece que você nunca fez isso.

As palavras de Andressa ecoaram na cabeça de Angélica, e a fizeram lembrar que eram verdade. Ela já havia sim, usado muitas pessoas. E até esse momento, não tinha notado o quanto isso é horrível. Então disse:

-Mas agora é diferente! Ele é a pessoa mais legal que conheço aqui! Ele me entende mesmo quando não concordo fica do meu lado...

-Espera! Você dizendo isso de alguém?

-Eu sei que parece estra que parece estranho , mas... eu não vou fazer isso com ele.

-Hum... tudo bem! Deixe sua chance passar então...

Angélica viu Raphael chegando e se despediu de Andressa.

-Oi. – disse ele ao se aproximar

-Oi. – disse ainda mexendo no celular

-Falando com alguém importante?

-Minha amiga Andressa.

-Ah... a outra que sobreviveu ao acidente? – ele falou o mais delicadamente possível.

-É... – ela disse um pouco distante.

-Que bom que você tem outros amigos, se não isso aqui – ele apontou para os dois – ia ficar parecido demais com quando a gente era criança.

-Você tinha outros amigos!

-Eu sei, tô falando de você. – ele brincou.

-Idiota! – disse ela empurrando Raphael.

Ele andou um pouco e sentou na pedra da cachoeira. Ela se sentou ao lado dele.

-Só que agora inverteu.

-Você também não fala com ninguém aqui.

-É... todos na escola me odeiam. E os meus amigos antigos, ou se deram bem ao ponto de sair daqui ou se deram tão mal que eu nunca mais vou vê-los.

-Tipos aqueles idiotas que você foi ver?

-Tipo eles, mas de um jeito pior. Aqueles que você viu ainda são salváveis.

-Por isso você ficou com eles?

-É, eles precisam ver que ainda alguém se importa. Isso pode mudar tudo!

-E se eles não quiserem?

-Todos querem, alguns só demoram pra admitir!

Isso ficou na cabeça dela. É o que ela pensa, mas nunca quis por em prática. A ideia de que todos merecem uma chance. Ela mesma deveria se dar uma chance de ser melhor, como Raphael uma vez já lhe dissera. E depois disso ela deveria dar uma chance às outras pessoas. Mas como? Ela admirou Raphael muito mais por sua coragem de acreditar nas pessoas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Angel" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.