Angel escrita por Dayane Alves de Oliveira


Capítulo 18
Capítulo 18




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Raphael trancou a porta, pegou a mão de Angélica e sairam caminhando juntos. Angélica não sabia para onde estava indo, mas sentia-se segura com Raphael, de um modo que não conseguia explicar.

Após andarem uns vinte minutos, Raphael entrou numa trilha. Confusa, mas sempre corajosa, Angélica o seguiu sem questionar. Depois de mais alguns minutos chegaram a uma bela cachoeira.

-Nossa... Que lugar lindo.. -Disse ela, maravilhada com a visão.

-Sempre vinhamos aqui quando eramos crianças...

-Eu só me lembrava do rio...

-Bom.. aqui é a nascente do rio - Disse ele sorrindo, e á ajudando a se sentar numas pedras na margem da cachoeira.

Após um silêncio não incomodo ela provocou:

-Então... Eu devia estar com medo de ficar sozinha com você aqui também né?

Ele apenas deu um sorriso misterioso e calculado.

-Rapha... Me conta...

Ele á encarou, ainda misterioso e disse:

-Você primeiro... Sei que não está aqui por que quer.

-É...

-Por que então?

-Promete que não vai julgar nem se afastar de mm quando eu contar?

-Prometo.

-Eu estou aqui por que minha mãe cansou de mim, e resolveu me mandar pra longe. Por que eu fiz a maior das besteiras e não tenho como consertar.

- O que você fez?

Ela respirou fundo e começou:

-Ano passado, no meu aniversário...

Ela contou tudo. Como tinha saido e bebido todas na noite anterior. Como tinha se machucado na briga com um tal cara. Como acordou confusa e perdida. Como não queria sair. Como era sempre levada a fazer a vontade de Leo e como era bom ficar com ele. Como odiava brigar com Phillip. Como gostava se sentir a vodka queimando em sua garganta. E como gostou de sentir o volante nas suas mãos. Como o hospital era frio e solitario. Como odiou a mãe, e sentiu sua dor ao mesmo tempo. Como foi horrivel ficar sem andar. Como foi perder a alegria, o amor, a esperança. Como foi/ é, levar o peso da culpa das morte de cinco pessoas que tinham a vida toda pela frente....

Ele ouviu tudo paciêntemente e com compaixão, quando ela terminou de falar ele limpou suas lagrimas e disse:

-Não foi culpa sua.

-Todo mundo acha que sim, e foi.

-Foi uma fatalidade podia ter acontecido com qualquer outra pessoa, a qualquer momento.

Ela não respondeu, apenas continuou meditando em tudo que havia dito.

-Minha vez né? -Disse ele.

Ela se esforçou pra sorrir e respondeu:

-Por favor.

Ele ficou sério, e após uma pequena pausa ele começou:

-Todos ficam dizendo que estou voltando... Por que eu estava preso.

-o que? Preso? Por que?- Perguntou ela surpresa.

-Sem julgamentos lembra?

-Sim...

Ele respirou fundo, e começou:

-Eu fui um pouco mais rebelde que você... No fim da 8 série, eu me envolvi com algumas pessoas erradas, e fiz outras coisas erradas também. Antes eu sempre fazia tudo certo, era bom aluno, bom em casa, mas eu queria ser popular, invejava os caras que eram assim, divertidos, livres... Como meu pai sempre teve bom estado financeiro, eu comecei usar o dinheiro a meu favor, entrei no grupo deles por promover festas e bebedeiras... Nessa época minha mãe ficou muito mal por minha causa, fez tratamento psicológico e começou a tomar remédios, mas eu não mudava, um dia eu encontrei um frasco de remédios dela e li a composição,vi na internet depois e confirmei os efeitos... Levei pra vender na escola, assim eu comecei a traficar esses comprimidos...

-Você roubava da sua mãe? –Preguntou ela incrédula.

-Não. Nas festas que eu ia, eu acabei conhecendo uma garota que é enfermeira num hospital numa cidade perto daqui, ela conseguia os comprimidos pra mim. Logo eu já vendia todos os tipos que você pode imaginar, inclusive umas outras drogas mais fortes, que eu conseguia fácil na internet. E aí consegui meu desejo de ser popular, e me tornei um “herói” na escola, toda festa era eu que “animava”. –Ele fez uma pausa, depois continuou – Mas aí deu tudo errado... Na metade do primeiro ano, teve uma festa na escola pra comemorar o fim das aulas, e as férias de julho. Dois garotos que nunca tinham comprado nada comigo me procuraram e compraram uma quantidade muita alta, eu achei estranho mas não disse nada, afinal eu não era responsável pelo que eles iam fazer. Eles foram embora e aí eu não sei por que, mas pela primeira vez na vida eu também tomei uns comprimidos, passei muito mal e fui pra casa. Só acordei no outro dia com policiais na minha casa.... Um dos garotos que tinha comprado uma quantidade alta, tinha sofrido uma overdose... Ele morreu no hospital de parada cardíaca. O amigo disse que eles tinham conseguido os comprimidos comigo. Eles tinham um mandado pra revistar minha casa e acharam tudo... No fim, eu peguei um ano e seis meses no reformatório.

Angélica ouviu tudo atentamente. Não teve raiva de Raphael, apenas entendeu a linha tênue que os ligava, ambos tinham feito escolhas erradas na vida, e agora, ambos sofriam as consequências disso.


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