10 de outubro de 2006

Querido amigo,

Eu achava que nunca mais iria escrever para você, até ontem. Eu estava fazendo uma mudança e, enquanto tirava umas caixas do porão, achei algumas lembranças do colégio. Senti uma enorme obrigação de escrever-lhe mais uma carta - mesmo que seja a última.

Muita coisa aconteceu nesses anos. Deus, já se passaram 14 anos desde minha última carta! Peço desculpas por isso, mas foi como as coisas aconteceram. Como havia lhe dito, estava ocupado demais tentando "participar" e estudar bastante para conseguir uma bolsa na faculdade. E consegui ambos. Conheci novas pessoas, que logo se afastaram por causa da faculdade, e me formei em jornalismo, porque adoro escrever. Certas coisas nunca mudam.

Continuei em contato com Patrick e Sam nesse tempo. Tive duas namoradas, mas não amei elas como amo ela. Quando eu me formei, Patrick deu uma festa e chamou os nossos amigos e nós nos divertimos muito. Então eu dormi com Sam. E foi tão bom. Muito melhor do que eu havia imaginado que seria. Nós ficamos juntos por um ano, até que eu pedi para ela se casar comigo três anos atrás. Ela está grávida do nosso primeiro filho. Ainda não sabemos que nome colocar, mas sabemos que é um menino. Patrick está muito feliz com isso. Ele sempre diz que completamos um ao outro, mas eu não sei se ele está apenas brincando. Mas não importa, porque eu sei que nos completamos.

Patrick conheceu um cara alguns anos atrás. Seu nome é Dan. Ele também nos faz rir muito e está sempre fazendo piadas, o que me fez perceber que os dois são muito parecidos. Talvez seja por isso que são tão felizes juntos. Pelo que Patrick me contou, Dan nunca teve que ficar doidão para fazer amor com ele. Sam acredita que eles vão se casar logo, porque ela nunca viu Patrick amar tanto alguém como ele ama Dan. E ela sente o mesmo vindo da parte de Dan.

Não tive nenhuma notícia dos outros depois da festa. Imagino que Bob tenha largado a faculdade e Alice tenha se casado com um hippie. Sam me contou que Mary Elisabeth se casou com um música e abriu sua própria loja de discos. Fiquei feliz de saber que ela seguiu um frente. Isso me faz ficar sem tanta culpa pelo que fiz com ela. Ao menos ela está bem agora.

Meu irmão e minha irmã não brigam mais, o que é uma coisa boa. Pelo menos foi o que eu percebi nas últimas reuniões de família - vulgo natal e ação de graças. Acho que é porque eles amadureceram e tem uma família agora. Não tem mais tempo para infantilidades. Porque isso que é crescer. Você deixa de lado as coisas de criança para dar atenção aos seus deveres e obrigações. Todos nós aprendemos isto um dia, por mais tarde que seja.

Bom, eu não tenho muito o que falar sobre mim. Estou escrevendo um livro, mas não vou dizer o nome porque logo ele será publicado e ainda não quero que você saiba quem sou, desculpe. Eu parei de fumar, mas não definitivamente. Ainda fumo duas ou três vezes por semana e só. Minha mãe disse que faz mal para o bebê, além de comentar enumeras vezes as chances de eu desenvolver câncer um dia. Mas eu não me importo, enquanto todos estejam bem. Não mudei nem um pouco neste aspecto, embora Sam sempre diga que tenho que parar com isso.

Acho que isso é tudo. Não se preocupe se eu não escrever mais, com certeza estarei bem. Não tenho mais as lembranças com a Tia Helen, então está tudo bem. Eu acho que, não importa quanto tempo passar, eu serei o mesmo Charlie. Estarei bem com minha família ao meu lado. E espero que você tenha isso também.

Com amor,

Charlie.