—Quem é Naruto? Sou eu? Onde estou? Quem é você? Por que estou aqui? —Continuou perguntando o loiro desorientado.

—Para de brincadeira Namikase! E me diga o nome dela! —O homem ignorou as perguntas de Naruto.

—Ela quem? Eu não sei de nada cara! Eu nem sei quem eu sou! Minha cabeça dói, na verdade meu corpo todo dói. Parece que eu levei uma surra! —O loiro continuou, mas o medo fazia sua voz tremular levemente. Ao encarar os olhos confusos do rapaz o homem jogou o loiro no chão inconformado!

—Droga! —Resmungou passando a mão no cabelo.

—Me deixe sair daqui! Eu não sei quem é Kushina e nem quem é esse Naruto. Nem sei quem é ela! —O loiro implorava em desespero a sinceridade era evidente em sua voz o que revoltou ainda mais o ruivo. A garganta seca de Naruto tornavam seus pedidos desesperados ainda mais apelativos devido a voz rouca que saia. O homem se retirou transtornado e inconformado batendo a porta atrás de si. O loiro correu em direção a luz, mas essa se fechou o deixando sozinho no escuro mais uma vez.

Depois de cansar de gritar ele se sentou escorado na porta e colocando a cabeça entre as pernas. Um sorriso de vitória apareceu em seus lábios. Agora agradecia mentalmente aos estudos de Hinata com sua mãe e as aulas de teatro que a mãe o obrigou a fazer em sua adolescência.

Flash Back on

Naruto acordara atordoado e com a cabeça latejante levemente desorientado.

Flashes de suas mais recentes lembranças invadia sua mente. O julgamento, o sorriso convencido e desprezível de Tobi, a sua saída do tribunal, o telefonema, o homem que o interceptava e a luta! Hinata… Ela havia escutado tudo!

Sua mente vagueou com preocupação. Será que ela estava bem depois de tudo que ouviu? Com certeza estaria desesperada e isso não faria bem pra ela e nem para seu filho ou filha que estava para nascer.

Logo lembrou-se do questionamento do homem. “Ele queria saber sobre Hinata! Por que? O que ele poderia querer com ela?” Sua mente começara a trabalhar. Não tinha motivos para querer saber quem é ela. A não ser que ele se sentisse ameaçado pelo mistério que pairava sobre Hinata. Então o único jeito de salvá-la era se ele esquecesse de tudo!

Sentiu a cabeça latejar. Era como se seu cérebro tivesse sido atingido por um caminhão em alta velocidade. Isso poderia ser útil... Uma concussão. Ele poderia simular uma perda de memórias devido a pancada recebida na cabeça. A história seria convincente .

Naruto abaixou a cabeça e olhou ao seu redor tinha que tirar Hinata de sua mente se queria que seu plano desse certo. Não poderia fraquejar e talvez aquele quarto na escuridão fosse útil.

“Será que comigo aqui Hinata está a salvo lá fora?”

—Droga! —Exclamou entre sussurros ao bater sua cabeça já dolorida no chão úmido e sentir o cheiro de mofo que impregnava o local.

Flashback of

Shikamaru analisava o material a sua frente. Agora ele entendia tudo! A mãe de Hinata era mesmo um gênio por ter pensado em tudo aquilo e ainda ter entregado tudo a filha de maneira insuspeitável. Provavelmente ela já tinha a ideia do que fazer quando insistiu com a filha que aquele era seu filme favorito e talvez estivesse escolhido justamente aquele filme por ter sido durante as filmagens dele que tudo começou a acontecer, demonstrando assim a linha do tempo de toda a trama que Obito desenrolava. Agora Shikamaru só precisava encaixar aquelas peças e todo o caso contra Tobi estaria ganho. Aquelas informações completavam o quebra-cabeças daquele caso e só faltava a segunda parte da pista para que os objetivos de Tobi fossem desmascarados.

Aquilo perturbava Shikamaru. Não fazia sentido! O que aquele cara queria afinal? Se bem que com as novas informações que ele reuniu não era difícil saber o que ele queria, mas não deixava ainda evidente como ele faria isso.

Levantando-se preguiçosamente da cadeira ele seguiu até o seu carro seguindo calmamente até o banco do outro lado de Tóquio com um sorriso no rosto.

Depois de duas horas de viajem, ele estacionou o carro no meio-fio e passou pelas portas giratórias adentrando o banco. Calmamente seguiu até o atendente mais próximo.

—Bom dia! Eu gostaria de retirar todo o conteúdo da caixa número 12344321! — Shikamaru informou alegremente olhando profundamente para a jovem atendente que parecia encantada pela beleza do moreno.

Ela piscou atordoada enquanto assentia desajeitada. Se retirando rapidamente da boca do caixa e seguindo para a parte de traz da agencia indo procurar o conteúdo. Logo a moça voltou com uma caixa de tamanho mediano. Um cubo de 45 cm em cada aresta. Depois da verificação dos documentos necessários, ele agradeceu gentilmente e saiu do banco com a caixa.

Ao chegar em casa, abriu todas as caixas visualizando seu conteúdo. Eram três fitas de vídeo e cada uma tinha um nome na frente, uma lista com uma série de nomes, datas e números de identificação, um crachá antigo com um nome desconhecido e um numero de telefone e um conjunto de cartas amarradas por um elástico acompanhado de uma pequena caixa de madeira. Ao abrir Shikamaru pode ver uma arma calibre 38 enrolada num fino pano de seda.

Ele sabia o que eram todas aquelas coisas. Hyuuga Tomoe havia escondido na fita — através de uma criptografia bem feita — um conjunto de provas que ela tinha medo que Tobi conseguisse por as mãos nelas. Com medo de que ele pudesse encontrar a fita, decidiu esconder em outro lugar as maiores provas que tinha. Cada fita tinha registrada a gravação do assassinato de cada pessoa, inclusive o dela mesma. A lista tinha o nome de várias testemunhas separadas por partes em relação ao caso —As de cada assassinato e as do caso contra Kushina . O crachá do seu contato que dava todas as informações contra Tobi e gravou cada assassinato e guardou as fitas para ela. Dentro de alguns envelopes de cartas tinha atestados e documentos que comprovavam todas as alegações contra Tobi, alguns assinados por ele mesmo e a arma utilizada para o assassinato de Hyuuga Tomoe — O único que ele fez com as próprias mãos.

Se depois disso Tobi não fosse preso e condenado a prisão perpétua… Ele não sabia mais o que pensar e fazer.

Shikamaru também sabia que os planos de Obito eram muito ambiciosos. Dizer que ele queria conquistar o mundo não era nenhum exagero e muito menos brincadeira de vilão de história em quadrinhos. Esse era o objetivo de Tobi e ele precisava do dinheiro de Kushina para conseguir. Dinheiro que agora seria de Naruto e juntando com a fortuna de Minato, que agora também era a de Naruto, faria do Namikase mais novo o cara mais rico do mundo e tendo por consequência o mundo nas mãos dele. Esse era o objetivo de Tobi, agora como ele planejava esse controle mundial e não só financeiro era algo que Shikamaru não sabia. Ainda.

—Como anda o desenvolvimento do caso, Fugaku? — Minato perguntou assim que o amigo atendeu o celular.

—Nada! Tudo o que nós sabemos é onde ele foi pego. Achamos o celular dele em pedaços. Seja quem for sabia para onde Naruto iria, o que ele ia fazer e os pontos cegos da minha equipe. Não era qualquer um não e nos deixou nessa encruzilhada. —Fugaku respondeu pesaroso e preocupado.

Naruto era como um filho para o Uchiha, um sobrinho querido. Sabia que Sasuke e ele se tratavam como irmãos e isso só aumentava mais o peso de seu coração. Precisava encontrar o loiro o mais rápido possível.

—Tudo bem então. —Minato falou num suspiro. —Ligo mais tarde querendo saber de mais notícias.

Assim que Minato desligou o telefone, ele toca e ele atende apreensivo.

—Moshi-moshi!

—Minato-sama? É o Shikamaru. Estou indo para o seu escritório, tenho algo que pode nos ajudar a encontrar o Naruto! —Falou o moreno rapidamente e desligou.

Minato nem parou para pensar antes de pegar o celular e a chave do carro e sair correndo em direção ao escritório de Fugaku deixando para traz sua esposa desesperada a chama-lo.

—Se não basta meu filho desaparecido, meu marido sai correndo como se estivesse com as calças pegando fogo! A se ele não vai ter que me explicar isso quando voltar! —Kushina resmungava indo em direção da cozinha.

Na casa de Naruto e Hinata a morena descansava tranquilamente. Recebera alta na parte da manhã depois de 3 dias no hospital. Tudo que se passava em sua cabeça era em relação ao marido. Sua preocupação era voltada a ele.

Foi distraída pelo choro baixo de seu filho. Ela olhou para o grupinho que se encontrava ao redor dele.

Jiraya o segurava no colo todo orgulhoso enquanto Tsunade acariciava a cabeça do pequeno. Sakura e Hanabi ficavam em volta admirando a pequena criança.

Os quatro se disponibilizaram para ficar com ela e o bebê em casa. Sakura aproveitava as férias para curtir o afilhado, Hanabi mimava o sobrinho depois das aulas. Tsunade o babava depois do expediente e Jiraya babava enquanto pudesse aproveitando da aposentadoria. Sem contar o restante da turma que vinha depois do trabalho quase todos os dias. Até mesmo Gaara gostava de babar no afilhado também. O menino tinha tantos padrinhos e madrinhas que ela nem sabia quantos eram. O quarto do menino estava entulhado de brinquedos. Hinata agradecia a Deus pelos amigos e pela família que ele a deu.

Mas mesmo com todo aquele bom sentimento a rondando ela sentia que uma parte de seu coração estava faltando e ele sabia exatamente onde ele estava. Com Naruto! A preocupação e a saudade estavam deixando a morena chorosa. Na verdade a coisa que ela mais fez nesses últimos dias foi chorar. Apenas com o seu filho é que ela mostrava algum sorriso. Tsunade e Kushina suspeitavam que ela estivesse depressão pós-parto, mas essa hipótese foi descartada depois do segundo dia que ela ficou em observação. Ela apenas estava triste pela falta do marido.

Hinata suspirou voltando a olhar seu filho.

Ele era tão parecido com o pai…

—Nós voltamos ao jogo! —Anunciou Shikamaru ao entrar na sala encarando os dois homens a sua frente.

—Explique-se! —Ordenou Fugaku ao encarar o Nara.

—Só um momento! —Shikamaru pediu pondo a cabeça do lado de fora e chamando o pai com a voz preguiçosa.

O Nara mais velho entrou na sala sorrindo amavelmente.

—Boa tarde! —Shikaku desejou se sentando ao lado de Minato. Os outros dois ocupantes da sala o encararam sem entender.

—Explique-se, Shikamaru! —Fugaku pediu mais suavemente no momento.

Shikamaru suspirou pesarosamente.

—Isso vai ser problemático! —Ele resmungou antes de começar. —Bom, pra começar descobri como Hyuuga Tomoe conseguiu a maioria de suas informações contra Tobi depois de decodificar a criptografia presente na fita de vídeo que peguei com Hinata. As provas que consegui agora vão com certeza por Tobi na cadeia. Desde fitas de segurança mostrando os assassinatos feitos ou ordenados por Tobi até o nome e numero de um contato dentro do esquema de Obito. E esse contato vai nos ajudar a resgatar Naruto. Já falei com ele e ele já tem plano para tirar o Naruto de lá sem levantar suspeitas para ele. —Shikamaru explicou tediosamente.

Fugaku e Minato sorriram para o Nara. Minato o encarou esperançoso.

—Diga-nos o plano dele! —O loiro pediu gentilmente.

—Primeiro: O assunto dessa reunião deve ser mantida em sigilo. Essa é a única maneira de dar certo. Segundo: O motivo do meu pai estar aqui! Meu pai é o dono da Nara Tecnology e uma das nossas filiais foi contratada por um dos cumplices de Obito, ou seja eles poderão entrar na fortaleza onde Naruto está. Aí entra a parte do nosso contato. Eu não sei como, mas ele vai arranjar um jeito de tirar Naruto de lá sem que ninguém perceba ou suspeite nem dele e nem de nós. Isso é com ele! —O Nara mais novo falou com um sorriso.

Tudo ainda estava escuro quando Naruto acordou novamente. A quanto tempo ele estava ali? Horas? Dias? Semanas? Ele não aguentava mais! Estava sujo, fedendo, machucado, com fome, com sede!

Em algum momento no seu confinamento um homem apareceu e deixou uma garrafa de água com ele e alguns pães velhos. Ele comeu e bebeu com gosto, mas vazia muito tempo que não comia ou bebia novamente, mesmo tendo feito o possível para que a comida e a água durassem.

O loiro repassava em sua mente os momentos mais especiais de sua vida a grande maioria passados ao lado de Hinata. Oh! Que saudade! Ela estaria bem? E o filho ou filha deles?

Seus pensamentos foram interrompidos por um homem que ele não pode identificar. Seu rosto estava escondido. Ele pôs a mão na boca de Naruto exigindo silêncio e logo o retirou da sala escura.

A luz incomodou os olhos de Naruto no início, mas mesmo assim ele não parou de andar. Assim que seus olhos se acostumaram viu várias pessoas ocupadas dentro de salas espaçosas com paredes sujas e grandes janelas transparentes, mas de alguma forma o homem o conduzia sem que ninguém os visse. A sala que mais lhe chamou a atenção, foi uma que mostrava ele dentro daquela sala escura. Havia vários ângulos com câmeras com infravermelho mostrando Naruto andando. Provavelmente gravações. Naruto não pode deixar de sorrir por dentro. Aquele homem sabia o que fazia!

Ele finalmente saiu do prédio depois de vários minutos andando pelos corredores fugindo de pessoas e das câmeras de segurança, por fim o homem o colocou dentro de um carro que ele não conhecia e pedindo silêncio levando o dedo indicador ao lugar onde deveria ser a sua boca — já que Naruto não a via uma vez que o homem tinha um pano tampando o rosto deixando de fora apenas os olhos (que mesmo assim ele não conseguira identificar a cor)— colocou com a outra mão alguma coisa no bolso esquerdo da calça que Naruto usava e saiu apressado dali.

Depois de alguns minutos alguns homens entraram no carro e partiram.