Naruto seguia seu pai até a sala do Namikase mais velho. Por onde passavam muitas pessoas os encaravam de olhos arregalados. Por sorte o caminho era curto e as pessoas daquele departamento eram reservadas e dificilmente comentariam sobre os loiros.

—Touchan… Se acalme! —Pediu Naruto assim que se viu no abrigo que era o escritório do seu pai. O fantasma do desespero ainda passava pelos olhos de Minato ao se lembrar daquele dia.

“—Minato… Se ela ficar aqui, ele pode mata-la e seria muito pior se tivessem notícias de que vocês estão juntos. Eu te aconselho a sair do país com ela, porém deixe-a desaparecer primeiro e depois você vai, mas lembre-se de aparecer para sociedade para que ninguém desconfie de nada! —Fugaku falava enquanto encarava o amigo com o olhar cansado e sobrecarregado. Um turbilhão de sentimentos se passavam pelo interior de Minato e Fugaku sabia disso e se penalizava por não poder ajudar mais seu melhor amigo.

—Obrigado, Fugaku! Eu farei isso. Mas ela sofreria algum processo por desaparecer assim? — Agora o loiro olhava de esguelha para dentro do quarto onde a ruiva era acalentada por sua mãe enquanto ele conversava com o moreno na porta do mesmo.

—Lie! Eu os colocarei no programa de proteção à testemunha. Qualquer problema mande que se dirijam ao meu gabinete e eu resolverei isso, mas o mais importante é não deixar que nada, nada mesmo, na sua vida chame a atenção pra ela. Não temos provas o suficiente para incriminar aquele crápula e apenas o testemunho dela não irá adiantar. Mas vá tranquilo eu cuidarei do que for possível! —Fugaku também encarava a ruiva. Ele faria tudo pra ajudar seu melhor amigo, assim como tinha certeza de que o loiro também faria tudo por ele.

—Arigatô, meu amigo!”

—Naruto… Só em pensar que aquele maníaco ainda está à solta e pode atingi-la a qualquer momento… Eu… —Minato sentou-se na cadeira desarmado enquanto a preocupação ficava mais evidentes em suas feições.

—Fique calmo Touchan! Eu irei descobrir um modo de por Tobi no lugar onde ele deveria estar: Na cadeia!!! —Naruto lutava para tentar tranquilizar o pai, mas a raiva contida era evidente em cada sílaba proferida pelo loiro mais novo. Sua família era o que mais amava no mundo e ele não deixaria que ninguém estragasse sua felicidade.

Minato suspirou enquanto se acalmava lentamente desviando seus pensamentos para assuntos triviais.

—Vá para casa meu filho. Sua mulher o espera! —Minato sorriu com uma pitada de orgulho na voz e no canto dos lábios onde se formava um mínimo sorriso.

—Hinata-chan? Hinata-chan? — Naruto chamou assim que chegou em casa.

Já estava para anoitecer quando estacionara o carro na garagem. Ainda ficara com seu pai por algum tempo no escritório, afinal o loiro mais velho ainda poderia estar emocionalmente abalado. Sendo assim só depois de se certificar do estado do seu pai, é que deixou o escritório.

—Aqui Naruto-kun! —Hinata gritava da sala de estar enquanto tentava instalar um antigo aparelho de fita de vídeo na televisão de ultima geração da mansão.

Naruto riu da tentativa da mulher e amiga e depois de 20 minutos, e um belo tapa e puxão de orelha levados por Naruto, os dois conseguiram instalar o aparelho.

Hinata deu dois passos pra trás para admirar o seu trabalho com um sorriso satisfeito no lábio. Naruto a admirava com um olhar apaixonado. “Como podia aquela mulher ser tão bela mesmo em momentos tão simples?” Pensava o loiro enquanto divagava em pensamentos.

Hinata desviou o seu olhar dos aparelhos e voltou-se para Naruto que tinha uma expressão abobalhada na face, que a deixou encantada, e soltou uma breve risada o trazendo de volta ao mundo real.

—Posso saber o porquê de estarmos instalando isso enquanto podemos usar algo mais moderno? E onde é que você conseguiu esse aparelho de vídeo? —Naruto a questionava enquanto tentava entender o que se passava pela cabeça da esposa.

—Eu estava guardando minhas coisas no nosso quarto — Ela falou as ultimas palavras com o rosto em chamas o que o fez soltar uma risada baixa. Como aquela mulher ainda podia ser tão inocente? — Quando encontrei a versão original do meu filme favorito que pertencera a minha mãe e me lembrei que você ainda não tinha assistido, então pedi ao Ken-san, nosso jardineiro, o aparelho de vídeo dele emprestado, já que ele comentara ter. — A morena explicou tudo ao marido enquanto olhava para o chão coberto pelo grosso e confortável tapete peludo e laranja berrante que cobria toda a extensão da sala, sendo obstruído apenas pelo sofá de couro branco moderno e os puffs cor de creme e preto espalhados pelo aposento que combinavam com as paredes brancas com alguns desenhos simples de flores pretas.

—Ah… Então vamos assistir? —Perguntou Naruto se jogando no puff mais próximo convidando a morena para sentar com ele e após o vídeo rodando ela se colocou ao lado dele.

O filme começou com uma pequena garotinha ruiva na tela. Mostrava a pequena correndo por uma grande fazenda, em seguida ela esbarrava num garoto que devia ser um pouco mais velho do que ela e caiu ao chão, ele a ajuda se levantar e sorri pra ela. Em seguida o cenário mudava e logo via-se que a menina era agora uma mulher, e a atriz agora era Kushina. Com o título do filme aparecendo na tela: “Sombras ao vento.”

Hinata já esperava a próxima cena do filme quando de repente a tela fica preta e logo depois uma mulher entra em foco. Ela tinha longos cabelos negro-azulados, pele pálida e olhos perolados. Ela era incrivelmente parecida com Hinata, porém os traços do rosto eram mais maduros e não tão delicados quanto os de Hinata.

—Okaasan…—Hinata sussurrou surpresa. Naruto estava da mesma forma.

Minato chegara em casa depois de um cansativo dia de trabalho. Estava estressado. O questionamento feito por causa do seu filho o deixou uma pilha de nervos, afinal era a segurança de sua mulher, filho e agora a nora que poderia estar em risco.

Seus olhos esquadrinhavam a sala da mansão Namikase. Depois do casamento de Naruto e Hinata, ele e Kushina decidiram se mudar para a mansão de Tóquio em busca de ficar mais próximo da família, e dos netos que provavelmente viriam em breve. Afinal, já era mais seguro voltar, já faziam mais de 25 anos que tudo acontecera e a mídia já havia esquecido da ruiva.

Minato encontrou a mulher na cozinha ao lado de Fue, a cozinheira. Kushina era assim. Amava cozinhar e mantinha um bom relacionamento com os empregados, não era metida e nem se achava superior apenas por ser rica e famosa, ela era humilde e muito, muito, muito teimosa. O loiro soltou uma risadinha devido a linha de raciocínio.

Kushina virou-se para porta ao escutar a risada baixa do marido. Como ela amava aquele homem! Mesmo depois de mais de 25 anos de casados ela ainda sentia as mesmas coisas que sentia quando se casou com ele, porém o amava mais a cada dia.

A maneira amorosa que a olhava e o brilho do olhar que possuía todas as vezes que se encaravam ou ainda a cor que seus olhos assumiam quando ela era mais atrevida no relacionamento e o desejo o atingia com força, a expressão admirada que seu rosto assumia todas as vezes que a observava ou a maneira carinhosa e protetora que se colocava quando ela precisava, o sorriso apaixonado que lhe lançava ou o mais malicioso que a deixava excitada, a voz límpida e calma que a confortava ou a rouca que a enlouquecia, a paixão que transbordava num simples abraço ou na forma com que as mãos fortes e másculas exploravam seu corpo deixando rastros ardentes que a faziam querer mais e mais de suas carícias e nunca se separar dele. Ele era perfeito aos olhos da ruiva e ela era loucamente, incondicionalmente e irremediavelmente apaixonada por ele e era assim a quase 30 anos.

—Minato-kun!!! —Exclamou alegre se atirando nos braços do marido que a recebeu de bom grado. A cozinheira olhava admirada o amor do casal enquanto suspirava ao ver o tamanho do amor que os ligavam.

O telefone começou a tocar interrompendo a demonstração de afeto do casal Namikase, dispensaram a governanta e atenderam ao telefone eles mesmos.

—Moshi-moshi! —Minato falou com a voz leve.

—Touchan, é o Naruto! Venha com a mamãe, a vovó e o vovô aqui em casa imediatamente! Tem uma coisa que vocês precisam ver urgentemente. —Naruto falava com seriedade e felicidade contida. Ele sabia o que aquilo significava, porém sabia que ainda não era o momento para comemorar. — Parece que a minha ligação com a Hinata-chan vai além do nosso casamento, a morte da mãe dela tem ligação com o atentado da mamãe, porém ela tem todas as provas que agente precisa pra por aquele crápula no lugar dele! —Naruto desligou o telefone sem nem esperar a resposta do pai. Resposta essa que não viria, já que ele estava mais do que assustado e feliz com a notícia que ouvia.

—Minato-kun? O que houve? Você está bem? —Kushina perguntava enquanto ainda fora de si Minato colocava o telefone no gancho de forma automática.

—Naruto! Hinata! Eles têm provas contra Tobi! —Ele falou voltando rapidamente ao normal e gritando os pais para que o seguissem até a casa do filho.

—Hinata, minha filha… Se você está vendo isso é porque provavelmente Uchiha Obito conseguiu me pegar. —A mulher de longos cabelos azulados e olhos perolados suspirou conformada abaixando a cabeça em direção das mãos que remexia inquietamente sobre o seu colo, mas logo voltou seu olhar para frente— Você deve estar se perguntando quem é Uchiha Obito, bom ele é mais conhecido como TOBI, agente e assessor de imprensa de Uzumaki Kushina, o demônio ruivo. —A mulher suspirou cansada — Então, você deve estar tentando entender o que EU tenho haver com ele. Bom, teoricamente nada, porém você deve ter percebido que ele é mais do que parece ser. Vou começar do início… —A morena suspirou resignada enquanto os olhos brilhavam pelo medo.

—Tudo começou quando Sarutobi Hiruzen me contratou como secretária particular. Ele era o grande dono do estúdio para qual minha atriz favorita trabalhava: Uzumaki Kushina. Porém ele era mais do que dono de um estúdio de cinema. Ele era sócio majoritário da empresa Tókio motors – a maior indústria automobilística do Japão - e comprava ações sempre que possível sendo que no final de sua vida ele possuía 75% das ações todas colocadas no nome de sua paixão de infância e melhor amiga Uzumaki Kemi, mãe de Uzumaki Kushina. Ele sabia que colocar em nome dele traria problemas para ele, principalmente em relação aos espertinhos interessados apenas em seu dinheiro. Quando Kemi faleceu, Hiruzen-sama decidiu passar tudo para o nome da sua protegida e filha de sua amada: o nosso querido demônio ruivo. Porém ele acrescentou uma clausula no contrato, já que temia morrer a qualquer instante, em caso da morte da mesma toda a fortuna iria para pessoa mais próxima que ela tinha. Com o pai dela morto, Tobi era a pessoa mais próxima dela, já que ela era solteira e não tinha nenhum parente vivo. Hiruzen-sama veio a falecer, porém seu sócio do estúdio, UCHIHA MADARA, descobriu sobre isso e mandou uma carta a Óbito, seu filho bastardo, contando tudo e dizendo o que ele tinha que fazer. O plano estava pronto e nada daria errado, porém a única coisa que não poderia acontecer acabou acontecendo: Kushina se apaixonou. —A mulher na tela deu uma pausa com seriedade na voz. Antes de continuar a relatar tudo que sabia.

—Obito, então, decidiu colocar o seu plano em prática e criou vários incidentes para Kushina, antes de dar o golpe final e tentar explodir a limusine de Kushina com ela dentro. Nada poderia provar a ligação entre Tobi e a morte de Kushina, já que ninguém sabia das ações de Hiruzen-sama e Tobi também não deveria saber. Seria o plano perfeito se Kushina não tivesse conseguido escapar e desaparecido sem deixar rastro, sendo protegida por Fugaku e somente por ele, sendo assim Madara não poderia descobrir o paradeiro dela, uma vez que Fugaku e Madara se odeiam, mesmo pertencendo a mesma família. Tudo que Tobi podia fazer era esperar que Kushina aparecesse, o problema foi que eu descobri todo o plano deles e reuni todas as provas para incriminá-lo. Tudo: As ações de Hiruzem em nome de Kemi, o atestado de óbito dela, o documento de passagem do nome das ações com a clausula que eu mencionei, a carta que Madara enviou a Obito e o diário pessoal de óbito, além de provas menos importantes. Lá tem tudo para incriminá-lo pela tentativa de assassinato de Kushina e os esquemas de fraude que montou nas Indústrias Namikase, a maior do Japão e sócia da Tókio Motors. Eu coloquei tudo num cofre no banco central, aquele que eu sempre ia com você, em seu nome, minha filha e deixei essa mensagem no nosso filme favorito porque eu sabia que você o veria e que Tobi não suspeitaria dele. Eu posso ter morrido minha filha, mas eu te amo e sempre te amarei. A você e sua irmã. Cuide-se bem e cuide dela por mim. Diga a seu pai o quanto eu o amo e o que eu sinto muito por não ter ficado com vocês. Eu te…!—A mulher chorava desesperada no final do vídeo e foi cortada no final de seu discurso amável e triste.

Hinata chorava mais uma vez nos braços de Naruto que a consolava amavelmente enquanto Kushina, Minato, Tsunade e Jiraya encaravam a televisão ainda mortificados e surpresos.

O dia seguinte seria cheio. O processo contra Tobi seria reaberto e não existia mais chances daquele monstro sair impune.