Não consegui... Fracassei em tentar protegê-lo... O que faço agora? Saru conseguiu o que queria... Conseguiu usar Fey, conseguiu usar a Raimon.

Usar a Raimon... Através do Fey, Saru usou a Raimon para ir contra a El Dorado. Tudo estava indo como ele havia planejado.

Tentei protegê-lo, mas não consegui evitar o encontro de Fey com o líder dos Second Stage Children... Saru devolveu a memória de Fey. Agora, nem amigo de Tenma ele é. O que faço? Fracassei como mãe. Fracassei como amiga. Fracassei com todos.

Estava sentada em um banco no estádio Ragnarok. Estava esperando a próxima partida começar. Fizemos o possível para restaurar a confiança dos outros times. Bom, pelo menos isso consegui fazer...

Distraída com meus pensamentos, não notei uma figura masculina aproximar-se de mim. Kyosuke. O único que consegue acalmar-me quando estou triste e chateada. Claro, não demonstro para ninguém, não gosto de preocupá-los com meus problemas tão complicados. Mas ele parecia adivinhar quando eu estava mal. Sempre está por perto quando preciso.

- Kinako, está tudo bem...? – Kyosuke perguntou-me seriamente.

- H-hai, está sim...! – Respondi com um sorriso amarelo.

- Não parece... O que aconteceu...? É por causa de Fey? – Kyosuke perguntou.

- É meio complicado explicar isso agora... Não sei se entenderia... – Respondi com a cabeça baixa.

- Seja lá o que for, vai dar tudo certo... Tenma e os outros vão conseguir vencer e trazer Fey de volta, se é isso que te preocupa tanto... – Kyosuke falou, sentando-se ao meu lado.

- Obrigada por estar aqui... Ahn... Kyosuke, seu tornozelo está melhor...? Foi um machucado feio... Mesmo depois daquilo, você continuou a jogar... Não piorou? – Perguntei preocupada.

- Kinako... Sabia que você precisa parar de se preocupar um pouco com os outros? Eu estou bem... Continua doendo, mas estou bem... – Kyosuke respondeu fitando o campo de futebol.

- Foi um machucado feio, claro que me preocupo! – Respondi olhando para o chão.

- Ok, ok... Gomen... Vamos para perto do pessoal...? Ficar aqui se preocupando sozinha é ruim... – Kyosuke falou se levantando.

- H-hai... Vamos! – Falei sorrindo fracamente.

Kyosuke... Sabia que, sem querer, comecei a me apaixonar por você? Isso é errado... Já sou mulher, estou casada e já tenho um filho... Mas você me trás a segurança que não sentia há tempos...

Isso é complicado... Ser do futuro é complicado... Gostar de alguém do passado é mais ainda... Dói em meu peito pensar que tudo está acabando... E logo eles terão de voltar ao passado... Não poderei mais ver Kyosuke nem os outros...

- Kyosuke... – O chamei com a voz baixa.

- Nani? – Kyosuke virou-se e olhou-me nos olhos.

- Ahn... Vamos tirar uma foto? – Perguntei sorridente.

- Foto? Há essa hora? Precisamos nos juntar aos outros! – Kyosuke respondeu.

- Tem razão... Gomen pela ideia estúpida... – Respondi encarando o chão com um olhar triste.

- C-calma Kinako... Também não é assim... Vamos tirar uma foto rápida então, ok? – Ele respondeu. Parecia estar um pouco corado.

- Hai! – Falei sorrindo para ele.

Peguei uma câmera que eu tinha comigo e aproximei-me dele. Quando cheguei perto, ele passou seu braço direito sobre minha cintura e puxou-me para mais perto. Corei com seu ato.

Para disfarçar, bati a foto rapidamente e afastei-me dele. Não posso ficar muito perto assim dele. Sou casada e tenho que cuidar de Fey.

- Muito obrigada pela foto Kyosuke! – Falei alegremente.

- Tudo bem... – Ele respondeu.

Não sei o que deu nele que, quando vi, já estava próximo a mim novamente. Fiquei estática. Não conseguia me mexer para sair dali. Olhei-o nos olhos e senti seus lábios encostarem-se nos meus, dando-me um selinho um tanto longo.

Fiquei parada por um tempo. Estava demorando a processar a informação. Quando dei por mim, estava sendo puxada por ele.

- Vamos, o pessoal está nos esperando... Vão estranhar a nossa ausência... – Kyosuke falou, puxando-me pela mão.

- H-hai...! – Respondi.

Então, deixei-me ser guiada por ele. Por enquanto, não me importava com isso. Naquele momento, ele era meu porto seguro, minha calmaria. Ele era a única pessoa que conseguia me fazer forte e pensar em alguma solução.

Kyosuke, isso é errado, mas... Eu te amo.