A Rosa Murcha e a Árvore Seca. escrita por marina bogoeva


Capítulo 1
As raízes.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem, mas podem haver erros! ~ ♥



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Em um bosque amaldiçoado e cercado pela dor, solidão e tristeza, existia uma das poucas árvores que sobreviveram á Época de Escuridão. Era a única ainda robusta e alta. Seu tronco entrelaçado e revirado mostravam orgulhosamente as cicatrizes de milhões de anos. Porém, apesar de sua altura superior, ela não ultrapassava a densa camada negra de nuvens que cobria constantemente o lugar. As poucas flores murchavam em segundos, a vida se perdeu e até mesmo o ar era tóxico e rarefeito. Era uma terra esquecida em um universo paralelo.

Assim permaneceu por muitos anos. Mas aquela pequena e intrusa flor tinha que nascer! Era um lírio ou rosa, marcada pela ousadia de suas pétalas de cor anormalmente brilhante. Toda noite seu aroma se espalhava pouco a pouco pelo pesado ar e tudo tornava-se adoravelmente adocicado. Mas ali nada havia para contemplar a beleza e majestosa vida da flor. Apenas uma solitária, velha e escassa árvore. A rosa, triste, se exibia esperançosamente para o vazio sem nem se quer saber que a mesma tétrica árvore sempre estava a observá-la secretamente. Enfim, seu esplendor era em vão, pensava. Assim, lágrimas escorriam por todo seu caule.

Uma certa vez, olhando para a escuridão que circundava e dominava todo o seu campo de visão, a flor decidiu de uma vez por todas se fechar. Absorta ela ficou, então, por anos e anos. Desligada daquela realidade, a flor não viu os sacrifícios que a árvore fez por ela. A grande e escura árvore, já apaixonada e ignorada pela flor, sentiu-se mais vazia que de costume. Alegrava-se com a florzinha perdida no tempo, que dançava e rodopiava sem se importar com o além dos planaltos da felicidade. Mas agora ambas estavam sozinhas.

Devastada, sorumbática e envenenada pela culpa, a árvore, já no fim de sua vida quase imortal, decidiu que seu último dever era reviver a pequena dona de “suas raízes”. Oh, que tolice! Será? Esdrúxulo pensamento, agir dessa forma para com alguém, no caso algo, que platonicamente ama. Não, não era tolice. A seiva já não corria por seu tronco. Era, sem dúvida alguma, o seu fim. Por isso não seria bobagem dedicar apenas umas últimas horas á alguém que ama. Estava certo: já que não teria a flor para si, faria com que ela florescesse aos beijos e amores das estrelas e das muitas luas ali presentes.

Com um enorme esforço a árvore se movimentava, saía de sua posição milenar. Primeiro mexeu alguns galhos e depois sua copa inteira. A maioria dos galhos, velhos, com o menor espasmo se desprendiam e esfarelavam no chão ácido. Todavia, o ato solene de tal árvore não seria vencido tão facilmente. Ela jogou sua copa para a frente, ficando encurvada em uma longa reverência á beleza única da rosa quase murcha. Seu tronco revelava algo inusitado: aquele movimento havia sido feito outras vezes. Seu sacrifício em salvar outras flores que amou seria finalmente concluído e recompensado com a paz de espírito?

Já estava rachada, suas raízes se desprenderam e seu corpo serrado. Por mais delicada e calma que fosse sua próxima troca de posição, não poderia conter a morte. Ela partiria ao meio. O maior e mais grosso de seus galhos se abaixou cuidadosamente e, sem pressa, desprendeu a rosa do chão. No mesmo instante ergueu-a para os céus afã de causar um choque elétrico de vida. Nada houve. A camada negra a sufocava desesperadamente. Então, ouviu-se um estrondoso barulho e um tremor se fez eminente.

Como se ficasse na ponta dos pés, a árvore arrancou as próprias raízes do solo por completo e cresceu, quem sabe, mais dois ou três metros. Já estava fraca, os últimos pensamentos invadiram-na e seus últimos suspiros eram feitos a força como numa batalha entre a vida e a morte. Enfim, ultrapassando a penumbra horripilante, a flor pode sentir os raios do tão poderoso Sol, o cheiro inexplicável do orvalho trazido de um lugar longínquo pela brisa extremamente suave. Não demorou nada e a flor se abriu mais bradante que da última vez, num monte de cor e vida. E, no mesmo segundo, a árvore que a segurava calorosamente se partiu ao meio, despencando. Foi de encontro ao espinhoso chão, abraçando com ardor sua morte. Fim.

Não. Não pode ser o fim. Um amor límpido e cristalino não pode acabar assim. Através de uma força desconhecida, a rosa permaneceu entre o chiaroscuro dos dois mundos. Repousava sobre nuvens negras e banhava-se com a luz do Sol e do Luar, pertencentes á um lugar mais feliz.

E com o tempo, a sede de paixão e vida existentes na flor abriram uma fenda em sua acinzentada cama. Por ela, a flor fazia com que chovesse pétalas e onde as mesmas tocavam, mais delas nasciam e evoluíam para outras centenas de mais flores. Um incrível Efeito de Gêmeos. A primeira pétala a cair deitou gentilmente sobre parte do tronco apodrecido e morto, como se simulasse um suave beijo de “bom dia”. Assim, nascia outra rosa no lugar “beijado”. Outras pétalas caíam no solo envolto do tronco e das raízes.

Em pouco tempo a árvore já estava completamente coberta por flores e mais flores. E ocorreu um fato interessante. Todas as que circundavam a mesma, com uma força súbita a ergueram, juntando-a á sua outra metade. Nas partes de rachadura extrema, as pétalas formavam espécies de gazes para curar tais ferimentos. E, cada uma delas, prendia raiz por raiz da árvore de volta ao solo. Finalmente, a grande árvore estava viva mais uma vez.

Mais fendas se abriram no céu, trocando um ambiente tomado pela apnéia por raios incandescentes de felicidade. A vida era o elemento mais cultivado daquele jardim recém-nascido. A flor, que permaneceu por um bom tempo nas nuvens, deslizava calma e lindamente em direção ao galho que a salvou. A rosa e a árvore até hoje estão juntos em uma perfeita sincronia com a simples coisa que chamamos de amor. As pequenas coisas são as mais grandiosas por dentro e carregam em si a força vital para... Isso. Amor. Uma incrível combinação de esperança e sonhos com o “nunca desistir”.


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Notas finais do capítulo

Gente, eu fiquei tão feliz com os comentários e recomendações. Muito obrigada MESMO. Significou muito pra mim. Eu vi a recomendação e quase pirei DIAUSHDAUS. Obrigada, obrigada e obrigada ♥



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