O decorrer da semana foi tranquilo. O Sr. Hugo me ensinou a fazer uns relatórios, a arquivar e preencher fichas e tudo mais. Ele não ficava muito em seu escritório, sempre tinha uma reunião para ir. Normalmente ficava sozinha, e isso era bom. Assim eu não precisava me preocupar tanto. Mas até que estava me saindo bem como menino, até onde eu sei ninguém desconfiava de nada.

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A Ariela era uma menininha bem legal, diferente do que seu irmão tinha dito, ela não era estranha só era tímida. E agora ela falava comigo. Criança é bicho engraçado, ela começa a falar com você e daqui a alguns minutos parece que são melhores amigos. Eu gostei dela, e as vezes ela me ajudava com algumas coisas que eu ainda tinha dificuldade no trabalho. Já o seu irmão não conheço muito, então não sei se ele é assim, ou ficou assim depois do telefonema. Ele era muito misteriosa. Parecia sempre que estava escondendo algo. Na quarta, quando eu estava voltando da cozinha, ele estava sentado no sofá falando ou telefone. Quando ele me viu, parou de falar me encarou e falou: “Tá olhando o que cara? Perdeu alguma coisa?” e depois se levantou e subiu as escadas. “Esse garoto tem algum problema”, pensei comigo mesma.

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Hoje é sexta-feira, meu quinto dia de trabalho. Eu acordei de bom humor e até meio feliz, hoje era o ultimo dia da semana que eu trabalhava. Fiz minha costumeira rotina e fui para a casa do Sr. Hugo. Cheguei as 10:15, 15 minutos atrasada. Toquei a campainha, e achei estranho a Célia não está sorrindo, como de costume. Em vez de um sorriso, ela tinha uma feição cansada e preocupada.

- O que houve Célinha? – perguntei

- Problemas meu filho, problemas – foi a única coisa que ela disse

Ao entrar na casa percebi o clima meio tenso. Mas dei de ombros e fui até o escritório, onde o Sr. Hugo já estava mexendo em alguns papeis.

- Bom dia Sr. Hugo – disse o cumprimentando

- Está atrasado – ele disse sem me cumprimentar e com frieza

- Me desculpe, prometo que não vai acontecer de novo – disse estranhando sua reação, ele sempre fora tão simpático

- Eu não quero que isso se repita, eu preciso que você seja mais responsável com seu horário – ele disse

- Tudo bem me perdoe – me desculpei mais uma vez

- Hugo vamos, está na hora – disse a Sra. Luciana, esposa do Sr. Hugo – aaa, bom dia Charlie

- Bom dia Sra. Luciana – disse a cumprimentando

- Vamos sim – disse Sr. Hugo – Charlie eu vou sair, para resolver um problema e preciso só que você termine seu trabalho e atenda o telefone se ele tocar. Daqui a pouco eu estou de volta – assenti com a cabeça e ele saiu. Admito que dei uma relaxada quando ele saiu, e fiquei um pouco chateada com a bronca dele. Tudo bem que tinha chagado atrasada, mas não precisava dessa bronca toda. Estava começando a fazer meu trabalho.

- Eu vi como o papai falou com você – falou Ariela parada na porta – não fica chateado com ele não. Ele está um pouco estressado com o Stephan

- Eu sei que cheguei um pouquinho atrasado, mas ele não precisava ter falado daquele jeito – eu disse, e pelo que a Ariela já me contou, o Stephan sempre apronto – mas tudo bem, eu entendo

- É eu sei, mas é que dessa vez, papai disse que o Stephan passou dos limites – ela disse – ele foi preso – ela disse por fim triste e começou a chorar. Eu sabia que esse menino não era boa coisa

- Tudo bem, Ariela – eu disse me aproximando dela e a abraçando e ela retribuiu – essas coisas acontecem – eu disse para a tranquilizar

- Mas o papai disse que vai expulsar ele de casa – ela disse ainda chorando – eu quero que ele fique comigo

- Calma, princesinha. Seu pai provavelmente estava nervoso quando disse isso – eu disse – mas se alguma coisa acontecer, você pode contar sempre comigo. Pense em mim, como um irmão de pais diferentes – ela aos poucos foi parando de chorar e me deu um sorriso

- Você promete? – ela perguntou

- Prometo – disse e dei um beijo em sua bochecha

Depois de minha conversinha com a Ariela, eu fui fazer minhas tarefas. Sr. Hugo já estava estressado por causa do filho problemático. Não queria deixar ele mais estressado, depois o bicho ia pegar para o meu lado. Se passaram umas 3 horas até que eu ouço uma gritaria do lado de fora do escritório mas não dava para entender nada.

POV Narrador

Do lado de fora do escritório, se encontravam na sala: Stephan, o Sr. Hugo e a Sra. Luciana. Sr. Hugo estava bem nervoso e estressado, pelo fato do Stephan ter se metido numa briga feia, a ponto de ter sido preso.

- ESTEPHAN NÃO VIRE AS COSTAS PARA MIM ENQUANTO EU ESTIVER FALANDO – gritava Sr. Hugo – VOCÊ PASSOU DOS LIMITES DESSA VEZ

- TA BOM PAI, A MERDA JÁ ESTÁ FEITA, VOCÊ QUER QUE EU FAÇA O QUE AGORA? – gritou Stephan de volta

- Eu quero que você tome vergonha nessa vagabunda da sua cara – disse Sr. Hugo

- HUGO – o Sr. Luciana o repreendeu

- Desculpe – ele disse massageando as têmporas

- Mas é serio Stephan, você tem que começar a se responsabilizar pelos seus atos – Sr. Hugo disse começando a se acalmar – eu não vou estar sempre aqui para te livrar de suas burradas – Stephan não falava nada só ouvia

- Meu filho, eu te amo – disse a Sra. Luciana – mas eu já estou esgotada emocionalmente, com essas confusões que você se mete

- Me desculpa mãe, mas eu sou assim. Esse é meu jeito – disse ele

- Stephan é sério, só vou te dar mas uma chance de você mudar isso – disse Sr. Hugo sério – e se você não mudar, vou mandar você para um reformatório

- EU NÃO VOU PARA MERDA DE REFORMATORIO NENHUM – gritou Stephan

- ENTÃO É MELHOR VOCE MUDAR, SE NÃO VOCE VAI SIM – disse Sr. Hugo se exaltando de novo devido a reação do filho – E OLHA O JEITO QUE VOCE FALA COMIGO. Preste atenção, vou te dar uma chance de ser responsável, a partir de segunda-feira você vai ajudar no escritório junto com o Charlie – disse por fim o Sr. Hugo

- Mas.. – começou Stephan tentando protestar

- Nada de mais, é sua ultima chance. Agora vai para seu quarto – disse por fim Sr. Hugo

Depois dessa pequena discursão Stephan, saiu bufando pelo que lhe fora imposto pelo pai. Na sala estava um pai e uma mãe, que o amam, esgotados física e emocionalmente. Eles tentam de todas as formas mostrarem o caminho certo para os filhos. Impondo isso, Sr. Hugo acha que vai estar o ajudando a mudar seu jeito encrenqueiro.

Agora Charlie teria que ter um cuidado redobrado. Com Stephan ao seu encalço, qualquer mínimo detalhe pode ser fatal.

POV Narrador Off