Deathwish escrita por Nero00


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Comecei a escrever essa fic em no início de 2008. E, se tornou um projeto no qual dediquei muito carinho, venho terminá-la somente agora. Espero que apreciem.



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DEATHWISH

ZERO


Um dia seu coração irá parar de bater, o ar vai parar de circular por seus pulmões e quando esse dia chegar eu estarei lá, para tomar sua mão e lhe conduzir a algo maior e mais extraordinário! Porque no final tudo o que existe sou eu, a Morte.
Ah...Mas não tema essa minha face macabra! Isso não passa de um engano, não sou uma velha cadavérica ceifadora de almas, eu sou bem mais, sou acolhedora, sou afável, admito que não sou simpática ou querida, mas sei derramar meu carinho a quem me aceita, a quem se junta de boa vontade ao meu desfile (se é que posso me valer desse termo).
O que quero lhe contar, leitor, é sobre como desenvolver algo dentro de mim que até hoje não sei o quê é ou como apareceu. Atrevo-me a suspeitar que fosse amor, e o que torna tudo mais estranho é que era um amor correspondido.

 

ATO 1: o ataque dos pássaros

Ele era um rapaz extremamente belo quando nos apaixonamos, mas eu já o tinha visto há muito tempo atráz quando ele ainda era uma criança.
Era uma tarde de outono, estava em um lugar chamado New Jersey e lembro de estar particularmente triste naquela ocasião, havia acabado de tomar uma alma cujo corpo sofrera muito, tinha sofrido nas mãos de um maníaco violações e atos repugnantes.
- Abandonada em uma vala...- pensei triste, e embora me comova como alguns sofrem tanto antes de me encontrar, não posso fazer justiça. Eu sou apenas uma mensageira.
Estava sentada em um muro alto, o vento soprava levantando algumas folhas secas e fazendo meus cabelos negros se fundirem a minha capa de viagem em uma única dança. Meu coração era só melancolia naquele momento.
Foi quando dois meninos entraram correndo naquela vasta área:
- Gee! - gritou a criança menor, que aparentava ter seus cinco anos de idade. - Gerard! Me espera!
O que ia na frente parou e voltou-se sorrindo para o menor.
- Vamos ver quem chega primeiro naquelas árvores? - apontou. - O que me diz?Heim, Mikey?
Mikey parou para pensar por uns instantes, e eu observei aqueles dois meninos com as feições semelhantes.
- Devem ser irmãos... - pensei e algo me fez sorrir - São belas crianças.
- Vamos Mikey! - Gerard falou alto.
- Eu não sei... Tenho medo! - ele choramingou e largou-se no chão.
Ventou mais forte. Nós três estávamos em silêncio.
Foi Gerard quem falou:
- Ótimo! Fique aí se medroso! - disse com desdém e saiu correndo.
- Não Gee! Não vá! - Mikey ainda gritou.
Fiquei de pé sobre o muro vendo Gerard se afastar rápido e entrar na mata.
- Mas...o Q...? - subitamente senti uma pontada em meu peito. O que era aquilo? Que pressentimento era aquele? Curvei-me, com uma mão apoiada no joelho e a outra sobre o peito.
Um grito cortou o ar gelado e os meus sentidos. Procurei por Mikey e encontrei o terror nos seus olhos.
Outra dor no peito. Outro Grito.
- Gerard... - Pensei. E por razões que desconhecia, me deixei levar até ele.
O encontrei agachado e tentando proteger a cabeça com os braços, perdido em um farfalhar de asas e gorjeios amedrontadores. As aves que o atacavam sentiram minha presença e fugiram amedrontadas, encerrando o ataque. Gerard tremia aos meus pés.
Fui me aproximando, aquela criança me despertava algo quente no coração. Agachei-me diante dele para checar seus ferimentos, quando seu olhar sustentou o meu.
E a minha maior surpresa se deu quando notei que ele não estava contemplando o
vazio através dos meus olhos.
- Pode me ver...? - perguntei meio assustada.
Ele balançou a cabeça e enxugou os olhos.
- Você se machucou muito? - disse lhe tocando de leve o braço. E ele sentiu as pontas frias dos meus dedos, acostumados a tocar apenas o final da vida de outras pessoas. Gerard puxou o braço imediatamente. - Desculpe... E que minhas mãos são um tanto frias. - completei embaraçada.
- Não. - ele disse derrepente me assustando, tomou minhas mãos nas suas. - Eu gosto delas.
Quantas coisas senti com o toque daquela criança! Que fervilhar de sensações proibidas e maravilhosas para mim, escrava das fatalidades.
- Você... Você sabe quem sou eu? - perguntei.
- Não sei, moça. Acho que você é um fantasma, não é?
Eu sorri.
- Acha que sou um fantasma?
Mais uma vez ele balançou a cabeça que sim.
- E não tem medo de mim?
- Quando vi você sentada no muro, sim...Mas, agora acho que é boa.
Eu não sabia que naquele momento já havia me afeiçoado a ele.
- Então, - disse - eu sou. Sou o seu fantasma.
Ele sorriu.
- E você nunca irá me machucar, né?
- Não. Nunca faria isso com você.

Senti que alguém já se aproximava de nós.
- Gerard, - eu disse, - vou deixá-lo agora. Alguém já está vindo para ajudá-lo.
Ele segurou minhas mãos com mais força:
- Não precisa ir, moça!
- Agora, você vai cuidar desses ferimentos. Sei que ficará bem! - sorri.
- Moça...?
- Sim?
- Vamos nos ver de novo? - ele perguntou, abalado com a sua fragilidade, com o sangue escorrendo em pequenos filetes vívidos.
Meus olhos se encheram de lágrimas, motivadas pelo desejo de tê-lo para sempre comigo e pela dor de saber que essa minha vontade lhe subtrairia a vida.
Abracei-o. E recebi o calor daquele pequeno corpo cheio de vida.
- Sim, iremos nos encontrar de novo... - as lágrimas brotavam, beijei o seu rosto e torci para que minhas palavras não se concretizassem tão cedo.
Foi a primeira vez que o deixei.


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Notas finais do capítulo

continua...



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