Contos De Gaveta escrita por Mamy Fortes


Capítulo 26
O perdão é branco.


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas gatas e maravilhosas de quem eu sinto falta. Semana passada andei escrevendo umas coisas, e agora trago uma delas para vocês. Vamos lá? Sim, eu sei, o título é uma boxxxta. Foi mal.



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Alongou-se, as palmas tocando de leve a ponta dos pés. Tornou a dobrar as pernas, recolhendo os braços. Bocejou, piscando. Sorriu. Pensava nas rosas. Por que não haviam rosas azuis? Lembrava-se de já ter dirigido tal pergunta a muitos, e de por nenhum ser respondida, Azul era sua cor preferida. Apoiou-se na barra para erguer-se, e fitou-se por um momento no espelhado sem se reconhecer. Apagou as luzes e se foi.

A claridade de fora a cegou por tempo suficiente para que ela pisasse no chiclete deixado na calçada. Aquela maldita bola grudou-se a sola, incomodando a cada passada. Irritada, sentiu que marchava, por isso nem sequer se importou com a impressão de ser olhada, até que o outro estivesse perto demais para que pudesse ignorar. Virou-se. Reconheceu-o mais rápido do que reconhecera a si mesma no espelho, e o abraçou, os braços se enroscando na pressa. “Quando foi que ele voltara?”, perguntou-se, mas não o perguntou nada. Na verdade, surpresa, emudeceu, e apenas se deixou guiar, para onde quer que fosse. Esperou que ele dissesse algo. Não disse.

Era engraçado de se ver. Passado o anseio do abraço, andavam afastados, constrangidos, evitando se olhar. Claramente já não sabiam o que fazer com a companhia do outro. Ela já esquecera-se do chiclete, e voltara a andar como bailarina, quase sem tocar o chão. Ele parou, cavalheiramente dando-lhe passagem para entrada no café. Ela não gostava de café, mas, confiando, o deixou pedir para ambos. Como parte do plano, ele sorriu, e apenas acenou com a cabeça para a garçonete. Dentro de instantes veio o pedido. Para ele, um sóbrio expresso. Para ela, chá de rosas, acompanhado por uma azul.

“Como...?”, ela deixou escapar, pelos lábios entreabertos de surpresa. Ele somente sorriu de novo, e ela acreditou que poderia tentar. Começaram então a conversar. E embora ela se propusesse a tentar, jamais conseguiria esquecer que tinha amado aquele homem mais do que ontem e menos do que amanhã, e que, gratuitamente, ele tinha ferido-a. Não, ainda não o tinha perdoado. Amava-o. Mas era incapaz de mover o seu mundo, buscar respostas. Então despediram-se. Ela carregava a rosa azul.

Um dia, a rosa descoloriu. Cada pétala deixada branca era como uma lágrima, e, ao fim, inteiramente branca, branqueou o coração da moça, que novamente pôde perdoar.


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Notas finais do capítulo

É isso ai, gente! Vejo vocês nos comentários, ou não, sei lá. Prometo tentar voltar o mais rápido possível. Sinto falta disso aqui, de verdade.



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