Alguém Como Você

Por Myuky e ReH-San

Capítulo XXIV – Problemas

Itachi dirigia o carro como se fosse a última coisa que devesse fazer. Não sabia o que acontecera, mas Deidara não ligaria em vão, algo muito ruim devia ter acontecido.

Chegou prédio da empresa no cair da noite, passou pela recepção onde estava o guarda cumprimentou-o e certificou-se que o advogado estava ali. Entrou no elevador, apertou o botão do vigésimo andar, a cada instante fitava o visor, em um gesto de nervosismo passou as mãos pelo cabeço desejando que Deidara tivesse cometido um erro, ou lhe fizesse uma brincadeira, por mais que isso fosse irrita-lo profundamente.

O elevador finalmente parou, as portas se abriram, caminhou pelo lugar que normalmente estaria se esvaziando àquela hora, mas era sábado e não havia ninguém, a não ser a luzes do corredor que iam em sentido a sua sala. Aproximou-se do local, observou a mesa da secretária que como sempre estava organizada, colocou as mãos na maçaneta e abriu a porta. Avistou o amigo sentado em sua cadeira, olhando o computador, mas agora desviara sua atenção ao Uchiha, sua face em questão de segundos pareceu aliviada, no entanto sua expressão voltou ao que era preocupação eminente; nesse momento Itachi compreendeu que a coisa de fato era séria.

– O que aconteceu Deidara? – indagou, enquanto caminha até a mesa.

– A última coisa que qualquer um de nós poderia imaginar! – voltou à tela do computador para Itachi que já estava ao seu lado. Um choque passou pelo corpo do Uchiha, sua face ficou pálida.

– Diga que estou vendo coisas – pediu, com a voz trêmula e expressão de terror em seu semblante.

– Infelizmente não, eu verifiquei várias vezes, e, é exatamente o que você vê.

– É impossível! – exclamou exaltado – Estava tudo no lugar, como pode ter acontecido isso? Deidara sabe o que o significa? Significa que se não pedirmos um empréstimo, ou recuperarmos esse dinheiro teremos de decretar falência, vender ações e coisas do gênero. Ah, que droga! – disse nervoso, chutando a mesa que não saiu do lugar.

– Itachi, esse não é o pior – ele parou de andar, um lampejo tomou sua mente à conversa de alguns dias.

– Toshyo! – Uzumaki Toshyo o único nome daquela conversa, que na data pareceu sem sentido e agora era de fato importante.

– Isso mesmo! Verifiquei o sistema, ele foi o último a entrar, liguei no banco, mas a transferência estava completa. Espera aí, como você sabia? – indagou confuso.

– Yuichi, ele comentou comigo, mas eu não verifiquei. – bateu a mão na cabeça xingando-se mentalmente. – O que podemos fazer?

– Incriminá-lo por estelionato, mas isso vai envolver muitas coisas processos e tudo mais, sem falar que leva tempo...

– E precisamos de uma medida urgente.

– Exatamente, por isso liguei pro...

– Ligou? – não o deixou terminar, mas sabia de quem falava – Ele vem?

– Yo! Espero que seja urgente mesmo – a voz soou vinda da porta, os dois rapazes olharam para entrada da sala e lá estava aquele que segundo o ditado “não morreria mais” um homem pouco mais velho que eles, alto, porte atlético, cabelos prateados, olhos castanhos e uma estranha faixa cobrindo parte do rosto.

– Hatake Kakashi! – foi à única coisa que Itachi pronunciou no breve momento de surpresa que se deixou ter, voltando ao ar de angústia e preocupação.

– Ok, a situação pelo visto é crítica – falou o Hatake ao ver a expressão do mais novo a sua frente. – Diga o que esse humilde contador pode fazer? – indagou enquanto sentava-se em uma das cadeiras em frente à mesa. Deidara saiu do lugar de Itachi que se sentou, virando mais uma vez a tela do computador para que Kakashi pudesse ver. O homem de cabelos prateados observava sério – Vocês estão com um problemão, mas não entendi o que querem comigo.

– Achamos que poderia nos ajudar no processo de recuperação e estabilização. – explicou Deidara.

– Hum... Entendo, mas já pensaram o que fazer?

– Pedir um empréstimo para tapar o buraco. – respondeu Itachi convencido de que era a melhor medida.

– Sinto em dizer Itachi, mas por mais “nome”que você tenha o banco não fará empréstimo, como analista posso garantir isso, eles precisam ter certeza de que serão pagos.

– É sério? – indagou o moreno incrédulo, recebeu a resposta com o menear de cabeça do Hatake. O jovem colocou as mãos sobre as têmporas.

– Sugiro que venda as ações – continuou Kakashi.

– Fora de cogitação! – respondeu friamente Itachi. Deidara ia falar algo, quando uma melodia invadiu o lugar, o Uchiha passou as mãos pelos bolsos da roupa encontrando o aparelho que tocava. – É o Yuichi, Deirada falou para ele? – o loiro respondeu com um ligeiro sinal, o moreno respirou fundo e atendeu.

– Moshi Moshi!

– Já está em Konoha? – a voz do outro lado perguntou.

– Sim, você tinha razão eu devia ter sido mais cuidadoso. – culpou-se afundando na cadeira.

– Ei garoto, cometemos erros, certo?! Estou nesse momento transferindo uma quantia para a conta da empresa não é muito, mas acho que pode ajudar e nada de orgulho Uchiha – se não tivesse nervoso, o rapaz teria achado graça das palavras.

– Obrigado, mas não deixa de ser minha culpa, sabe talvez meu otousan soubesse a verdade, não foi a toa que você assumiu a empresa naquela época e não Toshyo. Por mais, que fosse o contador ele entendia do assunto, conhecia os clientes e empregados. Mas, no fim você assumiu tudo, apesar dele e outros relutarem, papai confiou a você, que aparecia algumas vezes e acabou por se tornar uma presença constante quando se tornou presidente temporário. No fundo ele sempre soube. – desabafou com certa chateação em sua voz.

– Nossa! É uma conclusão e tanto Itachi... – tentou dizer algo a mais, no entanto foi interrompido.

– Essa foi à primeira, a segunda é que... – por um momento sentiu-se incerto, mas prosseguiu - Talvez eu não devesse ter terminado com a Ka... Karin, se eu volta...

– Não diga besteiras garoto!– Yuichi o repreendeu com a voz séria. – Seus pais não precisavam envolver a família nos negócios da empresa para que ela prosperasse. Vocês são meninos inteligentes, ou pensa que dessa vez Sasuke ficará de fora? Ele vai precisar saber e você deve contar com a ajuda dele. Agora deixe de falar bobagens sobre Karin, sei que encontraremos outra forma de reverter isso.

– Yuichi... – foi o que conseguiu dizer em meio ao susto que as palavras lhe causara.

– Sem falar que tem a senhorita Hinata – disse com mais calma.

– Como você...? – Itachi com um empurrão virou a cadeira para as janelas, ouviu uma risada alta do outro lado da linha.

– Os olhos rapaz, os olhos dizem muitas coisas – explicou como se fosse algo natural.

– Sério? Mas... Mas quando? – indagou incrédulo.

– Na festa Itachi! – o moreno não sabia o que dizer, mas teve certeza de que tomara a decisão certa. – Bom Itachi, continuamos essa conversa depois se você quiser, estou embarcando daqui uma hora para Konoha, no caminho vou pensando em algo, a transferência foi feita. Hum... Acabei de lembrar, temos o projeto do hotel.

– Sim, temos – Itachi disse mais animado.

– Trabalhamos nele quando chegar, até mais garoto.

– Até – a chamada encerrou. Itachi deu outro empurrão com o pé a cadeira voltou a posição inicial.

– E aí? Vai voltar mesmo com a Karin? – indagou Deidara.

– Não! Yuichi tem razão, somos inteligentes e daremos um jeito – o loiro ficou surpreso com a resposta, mas contente com a decisão. – Além disso, ele transferiu uma quantia considerável para conta e me lembrou sobre o projeto do hotel.

– Mas não foi apenas isso, foi? – indagou Kakashi que prestara atenção na feição do rapaz e sabia que havia algo mais.

– Não, eu tive uma ideia, mas preciso do Sasuke aqui. – falou sem contar o que realmente era.

– Já que não precisam mais de minha ajuda eu vou embora – o Hatake já levantava.

– Muito pelo contrário Kakashi, iremos precisar sim. Vejo vocês dois na minha casa, Yuichi já terá chegado e Sasuke também. Então poderemos colocar o plano em prática – explicou.

– Até amanhã então chefe! – disse o Hatake um tanto divertido, caminhando até a porta, deu um breve aceno.

– Beleza, amanhã. Sayonara Itachi – despediu-se o loiro, seguindo Kakashi.

...

– Tudo bem, eu estou indo, saio daqui a pouco. Terei cuidado pode deixar, sayonara – desligou o telefone deparando-se com um par de olhos verdes que o encarava.

– O que houve amor? – indagou à loira.

– Alguns problemas na empresa, não é nada muito preocupante, mas terei de voltar. – respondeu tentando manter a calma.

– Eu vou com você! – Ino falou decidida.

– Não, você pode ficar como expliquei antes, não é nada demais. – tentou mais uma vez dizer aquilo com calma, mesmo tendo certa noção de que a coisa era séria.

– Mas você vai ficar dirigindo de madrugada? Eu vou sim! – cruzou os braços, a ideia estava fixa na mente da moça.

– Ino eu sei me virar, vai dar tudo certo. – sua voz soou mansa, aproximou-se da loira abraçando-a – Hibiki está vindo buscar vocês, agora vamos entrar e falar com o pessoal. – ela não respondeu, mas estava certa do faria, entraram na casa pedindo que todos fossem para sala, lá Sasuke avisou que precisava voltar pedindo o carro de Neji emprestado.

– Eu também vou – Ino pronunciou. Sasuke a fitou sério.

– Ino, você deve ficar. – o Uchiha mais novo não queria discutir ali, muito menos estragar o resto do feriado e principalmente deixar sua loira preocupada.

– Se o problema for ele ir sozinho Ino, não se preocupe eu vou também, afinal o carro é meu. – Neji que apenas escutava assim como os outros se pronunciou, viu Tenten fita-lo, sabia o que ela pensava, mas tinha certeza de que era o melhor a se fazer.

– Sério? – indagou Ino, o Hyuuga confirmou com a cabeça – Tudo bem. – disse convencida.

– Seção encerrada! – brincou Sasuke tentado mudar o clima pesado que pairava no cômodo.