Refúgio - Memórias de Alice Arschloch escrita por shouldertheblame


Capítulo 7
Capítulo VII.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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“Mas me conta um pouco de sua vida agora, que tal?”

   - Tudo bem. Sou francesa, mas meus pais se separaram e eu vim morar com meu pai na Alemanha. Nós não nos damos muito bem, então logo que cheguei comecei logo a procurar alguma coisa que eu pudesse fazer para ficar longe de casa o dia inteiro. Foi quando eu esbarrei com Guilherme na rua. Eu caí e meu braço torceu. Ele foi gentil e me levou até o hospital.

“Enquanto esperava ser atendida, nós conversamos e ele me disse que fazia parte de um grupo de teatro e que ele passava o dia inteiro ensaiando, na mesma hora tive a idéia de entrar para o grupo e fui aceita por eles”.

“Desde então eu quase nunca vejo meu pai. Invento a desculpa que estamos indo apresentar uma peça em outra cidade e só volto para casa um mês depois. Ele se casou novamente, então não fica sozinho”.

O teatro é minha vida, sem isso eu não vivo. Já virou um vício, uma droga.

- Você não tem vontade de interpretar?- Perguntou-me.

- Na verdade não. Meu verdadeiro sonho é escrever uma peça de teatro, mas foi em vão, não consegui isso antes de morre.

Um silêncio tomou conta do quarto. Eve parecia pensativa até que ela me olha nos olhos.

- Alice, eu já sei de onde conheço teu sobrenome!

- Sério, e de onde? – Perguntei curiosa.

- Meu bisavô o tinha. Se não me engano o nome dele era Henrique Arschloch, não o conheci, mas minha mãe me falou sobre ele.

- Só um minuto. Henrique Arschloch era o nome do meu pai!

- Como assim? Então quer dizer que você é minha avó?

- Não. Impossível. Eu não tive filhos! Nem irmãos. Que história sua mãe te contou?

- Ela disse que ele era um homem bem sucedido no emprego. Tinha uma filha, mas essa foi seqüestrada, nunca a encontraram. Depois de mais ou menos um ano ele teve outro filho. Este cresceu sendo mimado. – Tudo o que eu queria de meus pais era um pouco de carinho, mas só depois que morri, eles deram a devida importância. Tiveram outro filho que trataram com todo o carinho que não ofereceram a mim. – Já adulto ele se casou e logo teve uma filha, minha mãe que também se casou e me teve.

- Nossa. Essa menina, que no caso, foi seqüestrada sou eu. Eu sou sua tia avó então. – Falei espantada. – Deve ser por causa desse parentesco que você consegue me ver.

- Finalmente minha resposta foi respondida. Acho que preciso voltar para o palco, daqui a pouco alguém vem ver se eu já descansei e não podem me encontrar falando “sozinha”.

- Tudo bem. – Eve se levantou e quando já saia, - Eve, me faz um favor?

- Claro Alice. Em que eu posso ser útil?

- Entregue isto a Eric Olsson. – Peguei o envelope com a carta onde havia escrito o pequeno texto e estendi para que ela pegasse. – Por favor.

- Está bem, entrego. – Ela olhou o envelope e perguntou. – Sem querer ser intrometida, o que você quer com Eric?

- Nada, apenas entregue.

- O.K. Até mais Alice, e não deixe que ninguém te veja.- Eve saiu dando um pequeno riso.

[Eve].

Fiquei analisando o envelope tentando descobrir de que se tratava sem obter sucesso.

Chequei ao palco e estavam todos interpretando uma cena qualquer para treinar o improviso. Juntei-me a eles.

Depois que já estávamos exaustos fomos ver o que tinha para comer. Interpretar dava fome.

Enquanto todos seguiam para os fundos, segurei Eric e esperei que todos saíssem. Depois disso entreguei-lhe o envelope e segui para os fundos.

- Eve, o que é isso?

- Pediram que lhe entregasse. – Respondi sem olhar para trás.

O observei até que depois de um tempo lendo a carta, sentou-se no chão e colocou-se em prantos. Não sabia o que fazer. Resolvi deixá-lo sozinho, para que expelisse todas as suas dores. Ele nunca chorava, nunca desabafava com ninguém. Era apenas ele por si mesmo.

[/Eve]


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Notas finais do capítulo

Estou sentindo falta de comentários. Nem que seja apenas um "está legal" ou até "está horrivel", mas comente. Obrigada.