Refúgio - Memórias de Alice Arschloch escrita por shouldertheblame


Capítulo 1
Capítulo I.


Notas iniciais do capítulo

Primeira fic minha.
Boa leitura!



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Como me esquecer daquele dia? É algo realmente impossível. Lembro como se tivesse acontecido ontem. Mas afinal, quem esqueceria o dia de sua própria morte?


 


 [Flash back].


 


 Meu nome é Alice Arschloch. Sou uma adolescente de 16 anos. Tenho cabelos negros, olhos verde-escuros, pele branca como papel e lábios avermelhados.


Tinha acabado de me mudar com meus pais para a Alemanha por motivos financeiros. Morávamos no Brasil e quando meu tio avô veio a falecer deixou para o meu pai uma casa em Berlim.


Nos mudamos há uma semana e minhas aulas infelizmente começavam no dia seguinte, falava pouco a língua nativa e não tinha amigos. Acho que as únicas coisas que eu realmente gostei desse país foi o fato do clima ser frio e o tamanho da casa que afinal era linda. Tinha três andares, cômodos espaçosos e minha parte favorita: a sala de música. Espaçosa, bem iluminada e com um lindo piano de calda preto em frente a uma grande janela que iluminava a sala.


                                                               ***


Era dia 3 de agosto e acordei com o despertador apitando e, sem a mínima vontade, sentei na cama e fiquei um bom tempo admirando meu novo quarto. Ainda não tinha me acostumado com ele.


Levantei ainda sonolenta e fui cambaleando até meu closet escolher algo para vestir. Acabei por escolher um vestido preto com leves babados na barra, uma meia calça - pois fazia muito frio -, uma bota cano alto de couro e uma jaqueta pesada para me esquentar.


Peguei uma mochila simples e coloquei todos os livros pedidos pelo colégio - os deixaria no meu armário – e desci as escadas para tomar meu café da manhã.


Minha mãe preparou o meu lanche favorito: Cookies com suco de laranja fresquinho. Acho que com a intenção de tornar o meu dia menos pior.
         - Bom dia, querida.- disse minha mãe com o maior sorriso possível, mas depois de olhar minha expressão ele desapareceu.


- Oi.- minha verdadeira vontade era de mostrar-lhe o dedo e mandá-la enfiar ‘lá’ pois nunca fui com sua cara e ela sabia que eu não queria ter me mudado, mas não, ela era minha mãe e eu tinha que respeitá-la. 


Pouco tempo meu pai desceu as escadas vestindo um terno, feliz da vida, pois ia começar em uma nova empresa muito popular na Alemanha. Eu simplesmente me levantei da mesa, saí de casa sem dizer adeus para ninguém e fui em direção ao ponto escolar.


O ônibus passou e me sentei no primeiro banco que vi. Logo ele já estava a estacionar na porta de um grande colégio.


No final da aula eu voltei andando para casa, não era longe.


                                                 ***


Como eu estava sozinha em casa resolvi sair para conhecer a cidade, pois ainda não tive a oportunidade, já que eu passei todos os dias, desde que cheguei, trancada no meu quarto me alimentando somente de sopa instantânea e néctar de suco pronto que eu armazenava em um frigobar que eu comprei com minhas economias para não precisar sair do meu quarto.


Peguei um casaquinho leve, pois tinha esquentado alguns graus desde manhã.


Tenho que admitir que a cidade era realmente bonita. Estava no inverno e a neve caía branca e macia sobre as árvores. Fui andando pela avenida até que uma rua me chamou a atenção. Pequena e com uma arquitetura vintage tinha cara daqueles cenários de filmes do Charles Chaplin. Fui adentrando nela e entrei numa portinha na qual não dei importância a uma placa de “Não entre escrito com tinta e à mão.
         O lugar era um teatro abandonado. Meu sonho sempre foi escrever o roteiro de uma peça e apresentá-la em um teatro como esse. Caminhei lentamente até o palco e subi no mesmo. Peguei meus diários e uma caneta tinteiro que ganhei de meu avô e comecei a escrever.


Vovô era um típico senhor italiano de cabelos brancos e que falava alto. Ele que me incentivava a escrever em diários, pois dizia que assim eu poderia fugir da realidade e criar um mundo onde só existisse eu e minhas fantasias e que apenas em meus pensamentos eu estaria imune de qualquer ameaça ou terror.


Fiquei escrevendo durante horas e só despertei de minha concentração quando ouvi barulhos vindo dos fundos do teatro. Corri até as poltronas velhas e empoeiradas e me escondi.


Apenas observando por uma fresta vi dois homens, que mais pareciam muralhas de tantos músculos, chegarem carregando uma linda menina desmaiada nos ombros de um deles. Fiquei realmente assustada e me encolhi. Ouvi a menina suspirar. Olhei novamente e ela estava acordada e sendo agredida pelos brutamontes.


A pobre menina, que não devia ter mais que 13 anos, estava totalmente ensangüentava e gritava por socorro. Pensei em ajudá-la, mas se fosse ia me machucar também. Abaixei-me novamente tentando fazer o mínimo de barulho possível. Nesse instante a poeira das poltronas adentrou em meu nariz me fazendo espirrar. Segurei o máximo possível, mas me escutaram. Os dois rapazes pararam imediatamente de agredir a menininha.


- Quem está ai?- disse um deles com uma voz grossa que me fez estremece.


         Continuei abaixada e enquanto eles revistavam a porta dos fundos saí correndo deixando uma lágrima escorrer ao ver a garota desmaiada e ensangüentada no palco. Tentei sair pela porta da frente, mas foi quando eles me acharam e me apunhalaram, fazendo-me desmaiar.


         Acordei com uma forte dor nas costas onde levei a pancada. Tentei levantar, porém estava amarrada a uma cadeira com cordas que ardiam em meus pulsos.


         - Isso vai dar problema, vamos matá-la logo! - ouço um dos rapazes dizer o que me deixou alerta e assustada.


         - Tem razão, é agora mesmo que essa ratinha vai pagar por estar no lugar errado e na hora errada!- o outro falou sarcasticamente levantando-se com um canivete na mão.


         Fiz o que meu avô sempre me dizia e mergulhei em meus pensamentos. A arma foi atirada contra o meu pescoço causando-me uma dor aguda que logo cessou com a escuridão. Havia acabado por ali.


 


[/Flash back].


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Notas finais do capítulo

Ok, o primeiro capítulo. Tomara que tenham gostado e aceitarei todas as críticas, boas ou ruins.
Obrigada e me deixem feliz com um review!



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