Ela atendeu rápido, e eu desabei no telefone.

- Amanda, por favor. Me leva de volta praí. Eu não quero viver aqui longe de vocês. Aqui é horrível, muito horrível. Só pelo jeito que me olharam hoje já deu pra perceber que eu não sou bem-vinda; eu odeio aqui, mands, vem me buscar?

Ouvi o que imaginei ser um pequeno soluço ou um risada embargada, não sei, antes dela falar:

- Mi, você sabe que se eu pudesse eu te buscava agora mesmo. Mas fica calma, com certeza foi uma primeira impressão errada, eles vão te adorar – era isso que eu gostava nela, sempre fazia eu me sentir melhor, mesmo sendo mentira – Eai, como foi hoje?

- Ah normal, apresentações e tal.. AH! Eu mandei um aluno calar a boca.

- Você  o que?? No primeiro dia de aula? Miranda, onde você estava com a cabeça?

- Foi sem querer, eu juro – falei rindo. Ele disse que eu estava falando baixo de mais, e você sabe como eu sinto vergonha de falar perto de pessoas estranhas, então foi um impulso.

Ela estava rindo igual uma louca. É sério, cheguei a ficar preucupada com ela.

-Ai meu deus Mi, só você mesmo! Mas e as meninas? Alguma legal?

- Pelo que parece, tudo pathy. Só tem uma que até parece legal, mas ela gosta de One Direction, então sei lá se ela tem realmente o cérebro no lugar.

- Hmmmm, entendo. E os meninos? Algum gostoso no pedaço?

- Bem... – falei e contei do Gus (ah, esqueci de mencionar, o nome do loiro perfeito é Agustus! Mas vou chamar ele de Gus). – Ele é perfeito, não é amiga?

- Nossa, se for do jeito que você ta contando, perfeito! Tem mais algum?

- Que eu tenha percebido não.. Mas e por aí? Alguém sentiu minha falta? – falei, com um certo medo da resposta. Não sei se as pessoas lembrariam de mim.

- Então Mi... Não.                                                                     

Aquilo doeu como um punhal. Tudo bem, eu não era a mais popular mas... ninguém? Ai.

- Mas.. nem o Thiago?

- Amiga, me desculpa mesmo. Mas não; a única coisa que ele faliu foi “bom, agora que ela se foi eu tenho caminho livre para as outras”. Realmente, um filho da puta. Miranda? Alô? Mi, não estou te ouvindo, me liga depois, beijos.

Na verdade, eu tinha parado de falar mesmo. Saber que o Thiago, o único menino que amei e que tinha jurado (até um tempo atrás) amor por mim não dava a mínima e até estava feliz por eu ter me mudado doía. Muito.

Mas olha, é tempo de eu esquece-lo, não é mesmo? Tô em outra cidade, uma nova vida, uma nova história. Só espero que dessa vez o Gus participe dela.