O céu, aquela noite, estava totalmente escuro. Sem estrelas, sem nuvens, sem nada. Apenas escuridão.
Eu estava deitada no meu quarto, mergulhada na escuridão total, sem conseguir dormir. Meus pensamentos estavam à tona hoje. Mas o que mais me atordoava, o que mais martelava na minha mente era: Que diabos eu estou fazendo aqui?
A mais ou menos uma semana, eu mudei de cidade. Deixei amigos, família e tudo o que eu mais gostava pra trás. Foi realmente doloroso. Foi não, ainda é. E não é a primeira vez que me mudo. Já é, vamos ver a terceira vez? Sim, deve ser isso mesmo.
A primeira, da cidade onde eu nasci pra uma cidade grande. Agora, dessa cidade grande pro interior do meu estado. Delícia.
Não que aqui não seja legal, mas, por favor. Não tem nem um shopping sequer. Isso é extremamente doloroso pra uma menina de 16 anos. Sem amigos, sem namorado e nada de shopping? Isso chega a ser uma tortura.

Amanhã minhas aulas começam. Nova escola. Odeio isso. Eu vou chegar em um lugar estranho, onde não conheço ninguém e todos vão ficar me olhando como se fosse de Marte. Não quero ir. Eu gostava muito da minha escola anterior. Era grande, e tinha muitos “amigos” lá. Eu tinha até, que vergonha, um paquera lá. Paquera. Nossa, que termo velho. Eu tinha um meio-que-namorado-não-assumido. É isso soa melhor.
Foi possivelmente a pior coisa que eu tive eu deixar pra trás. Mas bem, pelo jeito que ele reagiu nem foi tão ruim assim. Pareceu até feliz. Acho que ele só era um meio-que-namorado-não-assumido pra mim. Triste.

Olho o relógio. São quase duas da manhã, eu tenho que acordar as seis e ir às aulas as sete. Provavelmente vou estar como um zumbi. Que ótima primeira impressão.

Viro pro lado, fecho os olhos. Tento afastar os pensamentos sobre minha antiga cidade e colocar no lugar que a nova escola vai ser legal. Suspiro e nem percebo que adormeci.

Parece que dormi minutos quando meu alarme toca.