Impressão Draconica escrita por Anny Taisho


Capítulo 9
Baralho das entidades


Notas iniciais do capítulo

E ai, minhas queridas? Tudo bem? Espero que todas estejam ótimas! Enfim, aqui está mais um capítulo com mais alguma novas informações a respeito da história. Eu sei que vocês querem ver o circo pegar fogo, mas tenham paciência... Se bem que nesse cap... muahahahhahahha
Boa Leitura!
PS: Não sei se já respondi todos os reviews! Eu respondi o máximo que consegui, se alguém ficou sem resposta desculpe do fundo do coração!!!



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Cap. IX – Baralho das entidades

Cana estava sentada na mesa da cozinha esperando a sopa que preparou ficar pronta. Só haveria um trem dali dois dias, então teria que ficar em Kreuz, não que achasse ruim. Aproveitaria para dar um jeito na casa, já fazia bastante tempo da última vez que tinha dado uma faxina ali, deveria ter quilos de coisas roídas por traças que precisavam ser jogadas fora.

A morena fechou os olhos quando um trovão ensurdecedor  assolou a cidade, o vento assobiava batendo contra as paredes de pedra da residência. Agradecia a Kami o fato da estrutura da casa ser essa, já estaria desesperada se sua casa fosse de madeira como as demais da cidade. Tinha que agradecer esse fato ao pai, afinal, quando ele e Cornellia se casaram, a maga das cartas tinha descoberto de que precisaria de uma residência um pouco mais resistente do que as convencionais. Pelo menos fora isso que Blair lhe contou a muitos anos.

Blair Wood foi a mentora de sua mãe e mestra da guilda a qual ela pertencia, uma maga poderosa que já foi amiga de Makarov na juventude. Recordava-se bem de ficar com ela quando pequena enquanto sua mãe saia em missão, talvez não tão claramente quanto gostaria, mas ainda sim tinha fortes lembranças da mulher de cabelos azuis. Havia se encontrado com ela poucas vezes após ir a Fairy Tail, mas sempre a achou em momentos providenciais, quando achava que estava totalmente sozinha e quase caindo num inferno pessoal.

Se perguntava se a mulher ainda estava viva... Da última vez que teve noticia, soube que ela vivia no interior da floresta que rodeava a cidade, se não estivesse chovendo, iria assuntar pela cidade na manhã seguinte o paradeiro de Blair para tentar fazer uma visita ou então prestar seus sentimentos se estivesse morta.

Estava perdida em seus próprios pensamentos e quase morreu do coração ao ouvir sua porta ser espancada. Quem poderia ser? Não tinha ninguém naquela cidade para lhe fazer uma visitinha. Caminhou receosa até a porta, com o coração aos pulos, instintivamente pegou seu baralho sobre uma mesinha da sala e terminou abrindo a porta pronta para usar magia.

E qual não foi sua surpresa ao descobrir uma figura robusta que tomava quase a porta toda e que a essa altura já tomava chuva nas costas do casaco. Ficou cerca de trinta segundos sem reação, com os olhos do tamanho de pratos.

- L-Laxus?

O homem sem cerimonia empurrou a porta com uma mão obrigando-a a ir mais para trás dando-lhe passagem. Jogou sua mochila no canto direito e retirou o casaco molhado do inicio da chuva. Realmente não havia sido difícil achar a casa. Olhou ao redor notando todos os móveis cobertos por lençóis, era um lugar aconchegante com lareira na sala. O piso era de madeira e haviam alguns quadros nas paredes. Numa parede solitária jazia uma estante de madeira nobre com uma sequência de garrafas coloridas com bebidas raras de todas as partes do reino. Um lugar bem rustico, lembrava a casa de Gildarts em Magnolia, mas com um toque feminino.

- O-O que está f-fazendo a-aqui? – a mulher gaguejou realmente surpresa –

- Eu é que deveria perguntar depois de ser largado inconsciente em um trem, Cana.

A morena engoliu a seco.

- Não tem trens tão frequentemente assim para Kreuz, como conseguiu voltar e como me achou aqui?

- Eu não estava inconsciente e consegui suspender seu sleep, depois não foi muito difícil te achar. Então notei que precisava  de um tempo sozinha e terminei matando meu tempo com uma velha amiga do velhote que achei na estrada.

- Wow... Er... Bem.... Quer uma toalha? Deve estar com frio...

- Seria bom... – o loiro olhou para os lados – É um bom lugar.

- Está bem empoeirado isso sim... Vá indo para cozinha, lá está mais quente e eu já arrumei...

E assim ela sumiu na penumbra atrás de algo para secar o loiro. Assim que saiu do campo de visão dele, escorou-se em uma parede e fechou os olhos. Oh kami, o que Laxus estava fazendo ali? Droga, nem para fugir direito prestava! Passou a mão pelos cabelos, respirou profundamente inalando todo o oxigênio que podia e tentou organizar os pensamentos.

Correu para o quarto principal da casa e conseguiu achar uma outra toalha, estava com um pouco de cheiro de guardado, mas estava limpa e seca. Voltou para a cozinha e encontrou o loiro destampando a panela onde o ensopado fervia. Jogou a toalha nele e o empurrou para longe de sua panela.

- Er... Então... Você disse que encontrou uma amiga do mestre...

- Sim, estava voltando para cidade e a encontrei na estrada... – Tirou a camisa e passou a toalha ao redor dos ombros para secar o cabelo – Chama-se Blair e aparentemente também a conhece?

Os olhos púrpura se arregalaram.

- Blair Wood? Você encontrou a Blair? Cabelos azuis, olhos vermelhos?

- É isso mesmo...  – disse sem muita animação –

- Wow! Eu estava pensando nela agorinha mesmo... Onde está? Eu quero muito revê-la!

- Numa casa no meio da floresta, amanhã te levo lá, ela pediu isso!

- Está com fome? Eu não sou nenhuma Mira, mas não passo aperto na cozinha...

- Seria ótimo alguma coisa quente, a chuva lá fora não está de brincadeira!

- O Ensopado está quase pronto, se quiser pode tomar um banho quente enquanto espera...

- Vai ser ótimo!

- O banheiro fica na primeira porta depois que entra no corredor.

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---

O jantar foi tranquilo, sem muita conversa. Uma tempestade estourava do lado de fora e os trovões ora ou outra fazia com que a morena desse alguns pulos. O Dreyar tinha que admitir que a comida estava muito boa e com certeza muito melhor do que tinha comido nos últimos dias de missão.

Quando terminaram, por alguma ironia do destino a energia acabou e a dupla acabou na sala. Por sorte, havia madeira para a lareira guardada, assim puderam ascende-la para terem um pouco de luz e calor também não era ruim. Toda a mobília da sala estava coberta com lençóis e o tapete que ali jazia estava só o pó. Terminaram por arranca-lo, jogando-o no quarto que um dia foi de Cana, e ajeitaram as coisas para dormir por ali mesmo.

No quarto principal havia uma cama de casal, mas o colchão devido ao tempo que a casa ficou fechada tinha ficado bastante mofado. Por sorte, a Alberona tinha tirado as cobertas e travesseiros durante a tarde para tomar um sol e por isso conseguiram improvisar um lugar para dormirem. Sem dizer que com aquela chuva, era muito mais aconchegante ficar na sala mesmo.

Cana pegou algumas garrafas de bebida que estavam na estante para ajudar a esquentar, deitou-se no chão devidamente forrado e cobriu-se abrindo a garrafa para beber seu tão adorado e precioso álcool.

- Então... Por que não me disse desde o começo que vinha visitar o túmulo da sua mãe?

Disse enquanto deitava-se ao lado dela e tomava a garrafa de sua mão para beber também.

- Er... É complicado...

- Complicado foi a confusão que arrumou por não ter me contado, fiquei preocupado, achei que estava com problemas.

- Desculpe por isso... É só que eu não gosto de fazer alarde a respeito. Eu sinto tanta falta dela, mas o que ficou conversando com a Blair?

O loiro suspirou, ela não parecia muito disposta a falar a respeito, resolveu deixar quieto.

- Ela me contou uma história muito interessante a respeito da minha vida...

- Da sua vida? – indagou a morena virando-se de lado para olhá-lo –

- Aparentemente a gente ia acabar se conhecendo de qualquer jeito, a minha mãe era a melhor amiga da sua.

- Nani? Como assim?

E assim laxus começou a contar a história que lhe havia sido contada vendo o cenho de surpresa que havia se formado no rosto da Alberona, aparentemente ela também não sabia muito sobre a juventude dos pais.

- Wow... Que história, Laxus! Caramba... Sem saber o que te dizer...

- Eu sinceramente nunca fui de perguntar da minha mãe, mas confesso que foi frustrante não saber nada sobre ela... – o mago lembrou de uma coisa – Hum... Blair me pediu para te entregar uma coisa, espere um minuto!

O homem levantou-se e tropeçando em uma ou outra coisa achou a mochila onde tinha guardado o presente. Por sorte, as cartas não haviam sido danificadas. Voltou ao lugar onde haviam arrumado para dormir e a meia luz visualizou a morena sentada bebendo direto do gargalo da garrafa. E um único pensamento correu sua mente: Pense em ursos em decomposição.

- Aqui está, ela disse que é para você!

- Hum vamos ver o que temos aqui...

Cana desembrulhou o baralho do veludo e arregalou os olhos ao se dar conta do que tinha ali. Rapidamente ela foi passando as cartas para ter certeza de que não estava louca ou tendo uma visão. Aquilo era mesmo o que ela estava pensando que era? Oh Kami... Blair só podia estar brincando!

Vendo a euforia da morena, Laxus franziu o cenho, não estava entendendo o motivo de toda aquela agitação. Era só um baralho de cartas... Pelo menos para ele não significava muito além disso.

- Laxus, você tem noção do que é isso aqui? – ela o encarou a meia luz –

- Um baralho antigo? – indagou vendo-a fazer uma careta –

- Seu Baka!!! Isso não é só um baralho antigo... É o baralho antigo! Isso aqui é quase magia antiga! Sabe a quanto tempo não se tem noticia de um mago que o utilize?

- Sei lá... Uns vinte anos?

- Nem chegou perto, cem anos, Laxus! Faz pelo menos cem anos que não se tem noticia do uso desse baralho, na verdade, eu achava que ele já tinha sido destruído a muito tempo.

- Bem... Então que bom...

- Você realmente não compreende o que isso significa para mim, não é?

- Cana, eu sou um mago do tipo Ability, uso magia em meu próprio corpo. Você é do tipo Holder, utiliza objetos... Não posso entender o que de tão especial pode ter nisso. Seria como um feitiço antigo?

- Laxus, ao contrário do que todos pensam, magia de cartas não é uma magia fraca. Realmente não se houve falar muito em magos de cartão, mas não é porque não seja uma boa magia, é porque pessoas comuns geralmente não conseguem utilizar todo o potencial de um baralho mágico... Esse tipo de magia nasceu dentro dos grupos ciganos que habitavam o reino antigamente, foi desenvolvido dentro dos clãs, originalmente utilizava a previsão do futuro em auxilio de batalha, era bastante rústico, mas eficiente. Foi nesse época que quase todas as magias que utilizamos hoje se montaram da maneira que conhecemos hoje.

- Hum...

- Então, conforme o tempo foi passando, a magia foi sendo mais ‘dominada’ por assim dizer. E deixou-se de utilizar as cartas do tarô em batalha, foram sendo criadas cartas próprias para isso... Esse baralho aqui é simplesmente a junção das duas coisas. É uma forma antiga de Tarô, não se lê ele da mesma maneira que lê-se um baralho comum, é conhecido como baralho das entidades. Isso porque ele é comandado por quatro entidades...

- Como assim?

- Isso quer dizer que as quatro cartas mandantes do baralho não são as mesma de um comum. Aqui elas são: Galifrey, a ninfa; Serena, a sereia; Tentei, a senhora do fogo e Morigan, a ceifadora de almas. Basicamente elas representam as forças da natureza, a ninfa é a protetora das florestas seria como a força da natureza bruta, a sereia obviamente representa a força das águas, a senhora do fogo está ligada a sabedoria, ruptura do desconhecido e a ceifadora de almas representa o ciclo da vida que é mantido pela morte, que pode ser considerada um novo começo. Sem dizer que pelo que li, não se luta com esse baralho de maneira habitual.

- E se luta como?

- Ele transforma, parcialmente, magia Holder em magia Ability.

- Isso é possível?

- Sim, chama-se transfiguração do baralho mágico, permite que a usuária transforme-se em uma das entidades e utilize o poder delas para lutar através do baralho.

- Usuária? Um homem não pode utilizar?

- Bem, Laxus, como eu já disse, magia de cartas vem dos ciganos e quem sempre teve o poder de ver o futuro foram mulheres, não me pergunte o motivo. E apesar disso quem sempre foi ao combate foram homens, usar magia em cartas para lutar foi uma maneira que elas encontraram de se defender e poder lutar também. Homens podem usar, mas é muito raro um grande usuário ser  homem. Até porque como disse, pessoas comuns não costumam ser magos de cartas excelentes e dentro da tradição cigana, somente mulheres aprendem a usar o baralho mágico.

- Isso é preconceito.

- Fácil falar quando você é um cara, eu acho é pouco... – a morena riu – Mas voltando ao assunto, isso aqui é incrível, mas não sei porque a Blair me deu esse baralho, fazem cem anos que ele não é ativado... O que a faz pensar que eu vou conseguir? Minha mãe não conseguiu, Blair não conseguiu...

- Talvez ela ache que você consiga.

- Eu ouvi histórias sobre o baralho das entidades desde muito pequena, e quando comecei a fazer missões encontrei trupes ciganas ocasionalmente, todas as histórias terminam do mesmo jeito: ninguém da atualidade tem como usar esse tipo de magia, é necessário um poder mágico monstruoso, sem dizer que tem que ser descendente de alguma ramificação de clãs saltimbancos.

- Só para constar, você tem um poder mágico monstruoso e pelo que Blair me falou, tem descendência cigana.

- É impossível, eu nem sei como ativá-lo. Ninguém sabe, esse conhecimento se perdeu já que ninguém nos últimos cem anos o utilizou.

- Bem, pelo que notei da Blair, ela é meio perturbada, mas muito poderosa... Ela deve ter visto alguma coisa no baralho dela...

- Perturbada? – a morena riu –

- Ela não se situa no tempo e fica o tempo todo me confundindo com o velhote...

- Isso é efeito colateral da magia de previsão do futuro, desde que eu era criança ela é assim. Ver o futuro é uma das magias mais destrutivas que existem e a Blair é a melhor, nem a minha mãe previa o futuro como ela, com o tempo saber o que acontece se torna involuntário. Se eu não me engano ela chega a ter insghts igual a Charles da Wendy, isso com os anos foi acabando pouco a pouco com a sanidade dela. Soube que ela enlouqueceu um tempo e desapareceu uns quarenta anos atrás...

- Sério? Mas por quê?

- Não sei, acho que humanos não estão habilitados para ficar olhando o futuro. Pense como seria prever uma coisa e por isso você acaba agindo de maneira a aquilo vir a acontecer. No final, aconteceu porque iria acontecer ou porque você ocasionou? Até que ponto prever interfere no futuro? Se não soubesse, agiria diferente? Sem dizer que a vida deixa de ter graça porque não existem mais surpresas, o mago termina num espiral infinito de frustração e letargia.

- Isso é de se pensar...

- Eu não gosto de pensar! – a morena pegou a garrafa e virou pelo menos um quarto do líquido garganta abaixo – Me deixa deprimida e eu não lido bem com depressão!

- Oh sim, você deprimida consegue beber mais do que normalmente...

- Cada um lida com os problemas como melhor prefere!

- Álcool nunca resolveu os problemas de ninguém, Cana.

- Óbvio que não, mas ele te dá novos problemas que fazem você deixar de lado o primeiro problema em questão.

Ela riu olhando para o teto e depois ficaram em silêncio alguns minutos com a chuva desabando do lado de fora.

- Oe, Laxus...

- Hum...

A garota girou o corpo ficando de lado, fazendo os cabelos caírem como uma cortina castanha ondulada sobre o chão, o que acabou fazendo o loiro se virar para fita-la também.

- Por que de uma hora para outra viramos amigos? Tsk... Eu não costumo pensar muito nessas coisas, mas convenhamos que é estranho.

- Esse tipo de coisa não tem um motivo específico... É só uma daquelas coisas que acontecem e que nunca achamos que aconteceria.

- Ainda sim é estranho, sei lá... parece meio que uma atração fatal... Não consigo mais não estar contigo... Deus... – a morena fechou os olhos – Qual o teor alcoolico dessas coisas que minha mãe tinha em casa? Acho que estou falando besteiras!

A risada pesada do Dreyar ecoou pelo cômodo e em seguida um trovão fez Cana pular, um braço forte a trouxe mais para perto e o hálito quente dele perto do ouvido feminino a fez arrepiar até o último fio de cabelo.

- Então acho que está dando certo, porque eu passei as últimas semanas exatamente tentando me tornar indispensável...

Os olhos peculiares da mulher se arregalaram e outro arrepio lhe subiu a espinha quando os dentes dele se fecharam contra o lóbulo de sua orelha.

- E se tudo continuar conforme os planos, atração fatal vai ser brincadeira perto do que vai sentir por mim.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Laxus Dreyar presunçoso não? kkkkkkk Mas convenhamos que ele merece depois de oito capítulos só na vontade! kkkkkkkkkkk Então, o que acharam? Eu estou particularmente gostando dos rumos das história, e garanto que a partir de agora a relação fisica dos dois só tende a evoluir! Palavra de escoteira!!!
Obrigada por lerem e espero que me contem o que acharam...
Kisskiss, Anny



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