A Supernatural Destiny escrita por UmaSerialKiller


Capítulo 11
The Boogeyman




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Eu os observava dormirem. Pode parecer estranho, mas um sentimento maternal está tomando conta de mim agora. Eles pareciam tão indefesos, assim de olhos fechados e descansando emaranhados nos lençóis.

Há dias que Dean me expulsara de sua cama, me obrigando a então dividir a cama com Sam. E tudo isso só porque ele descobriu um pequeno segredo meu e de seu irmão. Eu mordi meu lábio inferior.

Ter um quarto só pra mim está fora de cogitação! Simples.

Pelo menos com isso Dean ainda concorda.

Enquanto os dois tomavam o café da manhã que eu improvisei com torradas e suco, aproveitei para falar do trabalho que tinha arranjado para nós.

– Cinco crianças desapareceram só na última semana – eu disse com o jornal em mãos – e a cidade nem é tão longe daqui... A gente podi...

– Vai ver foi só o nível de violência que aumentou – Dean me interrompeu de boca cheia.

– Qual é, Dean? Cinco crianças em uma semana? E a cidade é pequena, todo mundo conhece todo mundo lá!

– Você quer investigar? Vá investigar... – Ele se levantou e apontou para porta, mas sem tirar os olhos de mim.

– Qual é o seu problema?

Eu perguntei, mas não esperei pela resposta. Peguei minha bolsa jogada na poltrona e saí do quarto, fazendo questão de bater a porta com força. Andei até o estacionamento e encarei o Impala.

– Merda! – Eu murmurei. Tinha me esquecido completamente que meu Chevy 500 não estava mais entre nós.

– May – ouvi uma voz arrependida chamar por mim.

Virei-me e dei de cara com um Dean inexpressivo. Pelo jeito Sam o obrigara a se desculpar comigo. Bom, não seria simples assim.

– O que foi? – Eu perguntei brava.

– Olha, se você quiser a gente vai investigar esse caso – ele disse sem vontade alguma.

Eu estava com uma resposta malcriada na ponta da língua e estaria pronta para as conseqüências disso, mas por algum motivo eu encarei Sam atrás de Dean e este me pediu com gestos e expressões que aceitasse logo a “desculpa” do irmão e entrasse no carro.

Durante a viagem discutimos sobre as possíveis causas dos desaparecimentos e nada pareceu plausível. Tentei ao máximo não falar com Dean mas hora ou outra era necessário. Quando chegamos na cidade paramos no primeiro Motel que encontramos.

Eu e Dean começamos a discutir novamente, mas dessa vez porque eu não queria pizza no jantar. Sam achou melhor ir com Dean para a cidade, para ver se alguém sabia sobre os desaparecimentos, enquanto eu pesquisa sobre o assunto online.

Pesquisei sobre Changelings, Strigas, Lobisomens, Palhaços Assassinos, tudo o que pode existir e nada batia com as descrições daquela cidade. Bufei de raiva e desliguei o laptop.

Liguei a TV. Me joguei na poltrona, cansada e irritada. Passei por diversos canais, nada prestava, até que algo chamou a minha atenção. O filme parecia com esses filmes infantis. Passei um bom tempo assistindo o filme. Parecia que o enredo principal era uma mocinha ruiva que, junto de um amigo imaginário, tentava proteger o irmão mais novo de um bicho-papão. “The Boogeyman”.

Levantei rápido e fui em direção ao notbook. Pesquisei dessa vez sobre Boogeymen.

Dean e Sam chegaram. Eu parei a frente deles com o jornal em mãos. Estava com os olhos arregalados e não sabia por onde começar.

– May? Algum problema? – Sam perguntou.

– Eu acho que descobri o que é...

– E...? – Dean gesticulou.

– Bicho-papão. Na verdade são amigos imaginários das crianças que, por serem esquecidos antes da hora, transformam-se em criaturas más e feias que vivem em baixo das camas das crianças.

– O que? – Sam e Dean disseram juntos.

– É por isso que vem acontecendo agora e não há 20 anos. Todo amigo imaginário morre um dia, mas se a criança se esquece dele antes do dia de sua morte ele se transforma no bicho-papão. Hoje em dia as crianças se distraem com computadores e TV e jogos e então acabam esquecendo-se dos amigos imaginários... É por isso que desaparecem tantas crianças... Entenderam?

– Acho que entendi – Sam disse.

– Tá, se é essa coisa, como a paramos? – Dean perguntou. - Não podemos simplesmente obrigar as crianças que se lembrem de seus amigos, ou proibi-las de assistir TV.

– O que eu estou querendo dizer é que bicho-papão e amigo imaginário e tudo fruto da imaginação de uma criança. E...

– Tulpa! – Dean exclamou.

– Exato! – Eu disse.

Dean pareceu orgulhoso de si mesmo. Tulpa é um ser ou objeto que, segundo o budismo tibetano, pode ser criado unicamente pela força de vontade. Em outras palavras, a tulpa seria um pensamento tornado tão real pelo praticante que chegaria a assumir uma forma física, material.

Em circunstâncias normais, tulpas só seriam criadas por monges tibetanos que meditam o dia todo. Mas hoje em dia não se sabe o que esperar das nossas crianças americanas...

De acordo com a lenda, o bicho-papão de cada criança mora de baixo de sua cama, então que lugar melhor para começar a procurar do que lá? Sam me puxou janela a dentro. A janela do quarto daquela criança ficava bem embaixo de um canteiro de rosas espinhosas.

Dean empurrou a cama vazia revelando um grande buraco no assoalho. Eu sorri, estava certa. Eu apontei a lanterna para o buraco, que tinha mais ou menos um metro de diâmetro.

Dean desceu primeiro, depois Sam, que me ajudou a descer, segurando-me pela cintura. O túnel não era muito comprido, e em algumas partes o teto era baixo. Em alguns pontos vimos outros túneis se ligando no principal. Parecia como uma rota de fuga de vários lugares.

Começamos a ouvir barulhos estranhos e finalmente chegamos numa espécie de câmara. O teto era alto o suficiente para ficarmos eretos e era muito grande. Tinha espalhados cadeiras, sacos e sangue.

Um dos sacos se mexeu.

– Ali! – Eu apontei.

Nós três corremos em direção ao saco e quando o desamarramos pudemos ver claramente uma criança amordaçada. Dean a desamarrou e eu ajudei a criança a terminar de se soltar e depois peguei-a no colo. Olhamos nos outros três sacos encontramos mais três crianças amordaçadas, uma delas tinha apenas 4 anos. Mas então vimos uma sombra seguida de um barulho que vinha por um dos túneis.

– May, tira essas crianças daqui. – Dean pediu e me empurrou para o túnel pelo qual entramos.

– Sim – eu disse – venham!

Chamei as crianças e corri logo atrás delas, levando eu meus braços a mais nova, a garotinha de 4 anos. Eu não parei de correr, e as crianças a minha frente também não, embora quisesse voltar para ajudar Sam e Dean. Eu ouvia coisas caindo e baques fortes que faziam os túneis tremer.

Quando chegamos no buraco do quarto levantei cada uma das crianças, ajudando-as as saírem de lá.

– Me digam – eu segurei os ombros do mais velho – vocês se conhecem?

– Sim – respondeu o garoto. – Janice é minha irmã – ele apontou para a garotinha – e Tom, Geórgia e eu nos conhecemos da vizinhança.

É claro! Os monges tibetanos tinham auxilio de um símbolo sobrenatural, um que por um acaso eu não reconheci quando passei por ele.

– Escuta! Vocês brincam sempre juntos no jardim da sua casa?

– Sempre...

Eu corri até as roseiras por onde eu entrei na casa. Eu sabia que tinha visto aquilo em algum lugar. Ao lado da roseira, não muito longe da janela tinha uma lata de lixo pixada com símbolos estranhos e um deles era o símbolo tibetano. Eu só precisava apagá-lo.

Usei minha jaqueta nova para isso, esfreguei-a com força na tinta preta do latão e aos poucos fui tendo resultados. Eu precisava ser mais rápida, Sam e Dean precisavam de mim.

Então as quatro crianças correram até mim com um pote de acetona.

– Mamãe usa isso para tirar os esmaltes, talvez funcione. – Geórgia disse.

De fato, resultou.

Eu estava encostada no Impala. Dean estava ao meu lado. Estava louca para sair daquele posto de gasolina e continuar na estrada, mas Sam parecia ter a bexiga mais lerda do mundo.

– Olha, me desculpe como te tratei ontem, May – Dean estava sendo sincero. – Acho que fiquei um pouco nervoso pelo fato de você e Sam... Você sabe!

– Olha, não é só porque ele é seu irmão mais novo que ele não pode...

– Não! – Ele me interrompeu. – Não é isso.

– Então o que é?

– Ahn... – Ele começou.

– Vamos?! – Mas Sam o interrompeu.

Entramos no carro. Decidi que era melhor não voltar a perguntar sobre aquilo à Dean. Se ele quisesse me contar, ele contaria. São os altos e baixos de se viver com os Winchester.


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Notas finais do capítulo

Vamo lá gente, 10 reviews e eu passo pró próximo capítulo ^^