Se Desejos Se Tornassem Realidade escrita por Liana Ross


Capítulo 6
Sentimentos Verdadeiros


Notas iniciais do capítulo

Resumo do que aconteceu antes: Amanda Thornton mudou-se da Autrália para Londres e começou a estudar em Hogwarts. Lá, ficou amiga de Gina e Erick e ficou interessada em Draco Malfoy, mas tentou desistir ao descobrir que ele odeia trouxas. Próximo às férias de verão, Amanda fala sem querer que gosta de Draco, o que deixa os dois confusos quanto aos seus sentimentos.



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            Em seu último dia na Austrália, Amanda acordou bem tarde. A chave de portal que fora buscar no dia anterior ia sair às nove e meia da noite e ela chegaria em Londres às dez e meia da manhã. Ou seja, com apenas uma noite de sono teria que aguentar dois dias agitados.

            Jade e Nicole não a deixaram cochilar durante a tarde, queriam aproveitar o máximo da amiga antes que ela fosse embora.

            Às nove e vinte, Amanda estava de malas prontas, sentada na varanda da casa de Jade, junto com ela e Nicole, esperando dar o horário. Estava com muito calor, pois já tinha se preparado e colocado jaqueta, cachecol e touca para o frio que a aguardava em Londres. Já tinha se despedido de todos, inclusive de Jade e Nicole. Quando deu o horário, Amanda sentiu seus pés deixando o chão e a sensação de estar sendo puxada por um gancho pelo umbigo.

            De repente seus pés bateram no chão e ela caiu com tudo. Levantou-se, pegou seu malão que estava do outro lado do lugar e olhou em volta. Estava em uma espécie de beco sem saída e coberto, exceto que havia uma porta atrás dela. Abriu-a e entrou em um bar não muito convidativo, O Caldeirão Furado, mas que ela sabia que muitos bruxos o freqüentavam, entre eles a família de Gina. Teria de ir até a frente do bar para pegar um ônibus que iria para Hogwarts.

            Saiu, então, do bar e esticou o braço direito.

            BANG.

            Um ônibus roxo de três andares se materializou na frente do bar. A porta se abriu e um rapaz magro, de orelhas de abano e espinhas no rosto apareceu e disse:

            - Bem-vinda ao Nôitibus, o transporte de emergência para bruxos e bruxas perdidos. Meu nome é Stanislau Shunpike e serei seu condutor esta manhã.

            Amanda ficou olhando-o sem saber o que fazer. Por fim disse:

            - Oi.

            - Oi. Quer ajuda com a bagagem? – Perguntou o rapaz descendo do ônibus e pegando o malão da garota.

            - Ah, sim, obrigada. – respondeu ela.

            - Pode entrar.

            Amanda subiu no ônibus. Havia várias cadeiras naquele primeiro andar, algumas estavam tombadas. Ficou em dúvida se deveria sentar em algum lugar ou esperar o condutor. Amanda reparou que havia alguns alunos de Hogwarts também, mas nenhum que ela conhecia.

            - São onze sicles. – falou o rapaz, quando o ônibus tornou a andar.

            Amanda levou um tranco e quase caiu, mas conseguiu se segurar em uma barra de ferro. Com as pernas entrelaçadas na barra, ela pagou o condutor e sentou-se na primeira cadeira que viu vazia e segurou com as duas mãos outra barra de ferro próxima ao assento.

            - Hogwarts? – perguntou ele.

            Amanda apenas balançou a cabeça positivamente.

            - Estaremos lá em breve.

            “Eu espero”. Amanda pensou quando percebeu que provavelmente iria ao chão várias vezes.

            Meia hora depois de ficar olhando para fora ansiosamente e sentindo seus braços doerem de tanto que se agarravam à barra de ferro, Amanda viu que estavam passando rapidamente por Hogsmead coberta de neve. Amanda se alegrou, pois sabia que logo estaria em Hogwarts e poderia sair daquele negócio que eles chamavam de transporte.

            Enfim o ônibus parou diante dos portões da escola e os poucos alunos que estavam lá desceram. Um deles se afastou e vomitou num canto. Amanda fez cara de nojo e virou o rosto. Stanislau deu-lhe seu malão e os outros à seus respectivos donos e todos foram para a estrada que levava a Hogwarts.

            Ao chegar à escola, o Salão Principal estava menos cheio que o normal. Amanda deu uma olhada rápida à mesa da Sonserina, mas não avistou quem esperava. Subiu, então, para a Torre da Grifinória e parou ao chegar ao retrato. Ela não sabia a nova senha.

            - Ah, não creio... – reclamou ela olhando para o quadro, desanimada.

            - Pergunte a senha para algum amigo. – falou a Mulher Gorda, meio rabugenta.

            Amanda rolou os olhos para a Mulher Gorda e ficou se repreendendo por não ter dado atenção alguma à mesa da Grifinória. Se tivesse reparado em alguém conhecido, teria se lembrado de perguntar a senha e não teria que subir as escadas, descer e depois subir novamente segurando seu malão, que não estava leve. Desceu, então, até o Salão novamente, andou até a mesa da Grifinória e avistou o trio grifinório.

            - Olá! – cumprimentou ela animada.

            - Oi! – Rony disse.

            - Olá. – disse Harry.

            - Feliz Ano Novo! – Hermione desejou

            - Para vocês também. Podem me dizer qual é a nova senha da Grifinória?

            - É Bola de Cristal - respondeu Hermione.

            - Ok, obrigada. Onde estão Gina e Erick?

            - Estão na sala comunal. – Harry respondeu.

            - Beleza! Tchauzinho.

            Dizendo isso, Amanda foi novamente para as escadas em direção à Torre da Grifinória. Quando estava passando pela porta de entrada, viu Draco chegando e, por incrível que pareça, sozinho. Sentiu um frio na barriga e parou no meio do corredor olhando para ele. Parecia uma idiota ali sem fazer nada, mas não conseguiu pensar em nada.

            Draco, de repente, parou também e ficou encarando Amanda. Uns dois alunos que estavam vindo atrás dele trombaram às suas costas e reclamaram, mas Draco nem percebeu.

            Amanda se recompôs e subiu as escadas depressa. “Que vergonha.“ pensou ela, sentindo seu rosto esquentar. Chegou ao retrato da mulher gorda, falou a senha e entrou.

            - Oi, Amanda! – uma voz conhecida chamou-lhe ao ir para o dormitório feminino.

            - Oi, Gina. – Amanda respondeu meio distraída.

            - Feliz Ano Novo! – desejou Erick, alegremente.

            - Para você também.

            - Está com pressa? – perguntou Gina, duvidosa.

            - Não, por quê?

            - Você entrou tão depressa e nem olhou em volta. – respondeu Erick.

            - Desculpa, estava distraída. – Amanda desculpou-se, sentando em uma das poltronas, deixando seu malão a seu lado.

            - De novo? – Erick perguntou desanimado.

            Amanda apenas deu um sorrisinho culposo.

            Draco olhou Amanda correr escada acima e percebeu que alguns alunos o olhavam. Encarou-os. Os que estavam ali, logo continuaram a fazer o que estavam fazendo. Draco foi em direção às masmorras. Entrou no salão comunal da sonserina e logo alguém pulou em cima dele.

            - Oi, Draco!!! – disse uma voz que Draco detestava.

            - Oi. – Draco respondeu, sem esconder sua falta de entusiasmo.

            - Como você está?!

            - Estava bem até quinze segundos atrás.

            - E por que não está mais? – perguntou Pansy, sem entender.

            Draco não respondeu e se desvencilhando dela foi em direção ao dormitório masculino.

            - Ah, não fica assim. – disse ela agarrando-o por trás. – Senta aqui comigo!

            - Pansy, me faz um favor? Pára de me agarrar! Incomoda!

            Imediatamente Pansy o largou e olhou-o com olhar triste.

            - Esse seu olhar não vai adiantar nada. – disse ele curto e grosso, percebendo o que Pansy queria.

            Logo o olhar triste, se é que era realmente triste, se transformou em um olhar de ódio. Pansy virou-se e foi se juntar com outras garotas da Sonserina. Draco nem sequer olhou e já estava terminando seu curso até o quarto. Para sua infelicidade foi interrompido mais uma vez.

            - Malfoy! – chamou uma voz de homem.

            Draco virou-se e viu seus companheiros de costume: Crabbe e Goyle.

            - Você não nos ouviu chamando? – Crabbe perguntou.

            - Não.

            - Percebi. – Goyle disse. – Que há contigo?

            - Nada. Por quê? – Draco perguntou em tom de desafio.

            - Por nada. – respondeu Goyle depressa.

            - Que bom. – dizendo isso, Draco conseguiu finalmente chegar ao quarto.

            No primeiro dia letivo depois das férias de Natal, era visível o desanimo da maioria dos alunos de Hogwarts. Pareciam que estavam de mau humor e querendo voltar pra cama e dormir. Durante as aulas, alguns alunos cochilaram em suas carteiras, mas por enquanto nenhum professor tinha dado detenção ou dever extra, apenas chamado atenção. Mesmo assim, os alunos continuaram tirando suas sonecas.

            A segunda aula do dia de Amanda era de História da Magia, com o professor Binns. Ele estava falando alguma coisa sobre gigantes, mas ela não estava prestando atenção. Ficou dormindo de olhos abertos durante a aula. Algumas vezes acordava e tentava prestar atenção, mas quando percebia já estava “fora do ar” novamente.

            Olhou para o lado e viu Erick deitado em cima da carteira, de olhos fechados e com a boca aberta, começando a formar uma possinha de saliva na mesa. Olhou além de Erick e viu Gina olhando o professor com cara de boba e olhos semi-abertos. Deu uma geral pela classe, e quase todos estavam na mesma situação dos três.

            Vinte minutos depois a sineta finalmente tocou e todos acordaram, alguns assustados e outros aliviados.

            - Gente, que tortura essa aula. – comentou Gina, ao se encaminharem para a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas.

            - Nem me fale... se é pra nos deixar com sono, podiam pelo menos nos deixar no quarto. – concordou Amanda.

            - Pelo menos não levamos detenção nem nada. – comentou Erick.

            - Isso porque ainda não tivemos aula com Snape. Espere até irmos às masmorras e vamos perder uns 200 pontos pra Grifinória e mais uma detenção. – Gina disse, desanimada.

            - Hoje nós não temos, então podemos ficar tranqüilos. – Erick acalmou-a.

            O resto do dia foi desanimador e chato como a manhã. Ninguém estava de bom humor para contar piada ou dizer algo feliz e o clima gelado não ajudava em nada. Passar por algum sonserino era algo que todos evitavam, pois estes estavam piores que o normal, implicando mais do que deviam.

            - Estou entediado. – reclamou Zabini, mais tarde no jantar, mexendo sua refeição com o garfo.

            - Vai implicar com alguém. – sugeriu Draco.

            - Mas todos estão nos evitando.

            - Isso é comum. – Draco disse indiferente.

            - Mas hoje está mais que o normal!

            - O que você quer que eu faça? – Draco perguntou começando a ficar irritado.

            Nessa hora, Pansy chegou e começou a falar um monte de coisas que Draco não estava interessado. Felizmente, ela começou a discutir com Zabini e Crabbe, que também estava por ali, e Draco pôde ficar na dele, sem interagir com a conversa.

            Draco já estava cansado desses amigos fúteis que tinha. Era legal perturbar os alunos das outras casas e tudo o mais, só que as conversas já estavam ficando muito rotineiras e chatas; e ele já não se interessava tanto pelas artes das trevas como antes. Não que ele não as admirasse, mas não havia mais aquela vontade de conhecê-las e aprendê-las. Talvez por que depois de seis meses sem seu pai ficar lhe enviando cartas e o influenciando a isso, ele tivesse desanimado. Esses eram um dos assuntos que os sonserinos mais gostavam de falar e ele já estava enjoado.

            Ele havia acabado de jantar e resolveu ir para o seu lugar favorito: a masmorra da Sonserina quando estava vazia. Levantou-se e encaminhou-se para lá. Draco agradeceu por Crabbe e cia. não terem reparado em sua saída. Ao chegar ao fim do Salão Principal, sentiu um perfume doce delicioso de cereja. Olhou para os lados e viu Amanda caminhando depressa para a mesa da Grifinória para juntar-se aos outros. Sentiu um arrepio na espinha, virou-se e seguiu seu rumo.

            Quando chegou ao salão comunal da sonserina, encontrou-o como esperava: vazio. Sentou-se no sofá de frente para a lareira acesa e fitou as chamas. O perfume que Amanda usava ainda estava ‘preso’ em seu nariz e a cada inspirada de ar ele sentia um friozinho bem de leve na barriga.

Já não agüentava mais, precisava falar com ela, mesmo que isso quebrasse as regras e fosse contra tudo o que acreditava. Podia esperar que ela viesse falar com ele, mas isso seria impossível. Ninguém jamais falava com ele por pura e espontânea vontade, só alguns alunos da Sonserina.

Seguiria o conselho de sua mãe de encontrar-se escondido com ela. Mas o problema agora era: como ele falaria com Amanda sem que ninguém percebesse? Fácil: mandando uma carta. Mas será que ela acreditaria nele? Teria que dizer algo que a convencesse. “Mas o quê?”.

            Draco não entendia muito de garotas, sempre foi fácil para ele ficar com as garotas em Hogwarts, afinal, várias garotas da Sonserina o admiravam. Às vezes Zabini mencionava que as garotas mais jovens sempre davam risadinhas quando passavam por ele, mas Draco costumava não notar, só quando ficava com vontade de arrumar uma namoradinha que ele olhava para os lados.

Mas este caso era diferente: Amanda estava no time inimigo. E não era uma garota que ele poderia se relacionar durante um tempo e depois meter o pé na bunda sem mais nem menos. Ela era... diferente. Tinha que ser cuidadoso ao falar com ela (ou escrever, no caso). “Claro, porque isso é muito fácil para mim”, pensou ele com ironia.

Teria que se virar sozinho. Não podia pedir conselhos a ninguém em Hogwarts. Crabbe e Goyle sabiam menos que qualquer um sobre garotas. Zabini era mais insensível que ele e Pansy... nem queria pensar no que ela faria se soubesse que gostava de outra garota. Resolveu que ia abusar da sorte e ver no que dava. Mandaria uma carta para Amanda amanhã depois da aula. Até lá ele já teria pensado no que escrever.

            Eram quatro horas da tarde. Draco estava sentado a uma mesa no canto mais escondido da biblioteca, com um pergaminho e uma pena à mão, prontos para serem usados. Fitava o pergaminho, ainda sem saber o que escrever.

            Estava cansado disso. Se pudesse ter escolhido permanecer imune às garotas, como ele achava que fosse, continuaria, mas infelizmente não era. E agora que descobrira quem tinha conseguido desviar sua atenção de seus objetivos, precisava conquistá-la. “Como uma coisa tão simples pode ser tão difícil?” pensou Draco, sem entender.

            Pensou que seria melhor encontrá-la. Rabiscou um bilhete e foi até o corujal enviá-lo. Depois que despachou a coruja ficou olhando-a até desaparecer. “Eu não estou raciocinando direito, não é possível.”. Tinha mesmo sugerido para se encontrarem? Apesar de não se convencer que estava fazendo isso, não estava arrependido. Na verdade, estava ansioso pelo encontro.

            - Eu quero férias! – choramingou Erick, depois da aula, enquanto fazia um dever de casa na sala comunal da Grifinória junto com Amanda e Gina.

            - Eu também... – concordou Amanda.

            - Gente, não podemos ficar assim. Se pensarmos em férias o tempo todo, não iremos para frente. – Gina disse, tentando incentivar os amigos.

            - Mas é o segundo dia de aula e já temos uma dezena de deveres. – Erick reclamou, apoiando a cabeça em cima de seu dever de Astronomia.

            - Melhor não pensarmos nisso, senão as coisas só piorarão. – aconselhou Amanda, concentrando-se em seu dever.

            Com um resmungo, Erick ergueu a cabeça e voltou a escrever.

            Alguns minutos depois, ouviram umas batidas na janela. Os três olharam e uma coruja parda estava bicando na janela, querendo entrar. Gina levantou-se e abriu-a. Pegou a carta e leu o destinatário.

            - É pra você, Amanda. – disse ela, entregando a carta.

            - Para mim? – Amanda estranhou, pegando a carta e examinando-a. – Não tem remetente.

            - Hum, Amanda tem um admirador secreto. – Erick falou, provocando e cutucando-a com o cotovelo.

            - Para, claro que não. – disse Amanda, enrubescendo, abrindo a carta.

            Percebeu que na verdade era um bilhete de tão curta. Amanda leu, séria. Era tão curta que nem deu tempo de ela demonstrar alguma emoção. Apenas olhou para Gina em dúvida.

            - Gina, posso falar com você?

            - Claro. Que ir para o dormitório?

            - Por favor. – respondeu Amanda, se levantando.

            - E eu? Não posso saber?

            - Desculpa, Erick. Assunto de mulher.

            Erick ficou reclamando enquanto as duas subiam pelas escadas. Chegando ao quarto, Gina fechou a porta e perguntou:

            - O que foi?!

            - Leia. – Amanda respondeu, entregando-lhe o pedaço de papel e sentiu seu coração começar a bater forte.

            Gina pegou-o e leu em voz alta:

           

            “Me encontre no sétimo andar, em frente tapeçaria de trasgos dançando balé, às 20h.

                                                                                             

                                                                                                                      D.M.”.

           

            - Hum, parece que ele resolveu admitir. – Gina disse, olhando-a com um sorriso torto devolvendo-lhe o bilhete.

            - Acha que eu devo ir? – Amanda perguntou, pegando o bilhete. Seu coração acelerando cada vez mais.

            - Eu não sei. Nunca se sabe o que esperar de um sonserino, principalmente se esse sonserino for o Malfoy.

            Amanda leu e releu o bilhete ainda em dúvida.

            - Você está morrendo de vontade de ir, não é? – perguntou Gina, como se estivesse entendendo.

            - Na verdade... sim. – Amanda respondeu, olhando para a amiga. – Se fosse qualquer outro garoto, eu estaria pulando de felicidade. – por dentro, ela estava soltando fogos de artifício.

            - Fique à vontade, ninguém está vendo. – Gina ofereceu estendendo o braço para o quarto.

            - Mas e se for um truque? E se ele quiser tirar uma com a minha cara? – Amanda perguntou visivelmente insegura.

            - Só há uma maneira de descobrir. – Gina disse, olhando para Amanda significativamente.

            Amanda olhou de novo para o bilhete. Apesar da insegurança, ela não poderia estar mais feliz e ansiosa. Se ele quisesse se encontrar com ela pelos motivos que ela esperava, ela finalmente poderia abraçar o garoto por quem ela havia se interessado desde o primeiro dia. Só de imaginar o momento, Amanda sorria.

            Ela não conseguia segurar sua expectativa positiva. Se Malfoy na verdade estiver zoando com ela por causa da gafe de antes do Natal, ela iria quebrar a cara. Tentou deixar o pensamento negativo de lado e torcer com todas as forças para que desse tudo certo. Sem perceber, fechou os olhos e encostou o bilhete na bochecha, sorrindo.

            Às sete e meia da noite, Draco já havia terminado seu jantar. Fez gesto de se levantar da mesa, mas sentiu uma mão segurando seu braço, impedindo-o de continuar.

            - Aonde você vai, Draco? – Pansy perguntou.

            - Eu já acabei de jantar.

            - E já vai levantar? Nem pensar, você vai ficar aqui. – ela mandou, puxando-o de volta à mesa.

            - Me deixa ir, caramba! – Draco falou grosso e irritado.

            - O que você tem que fazer que seja tão importante?

            Draco estava sem escolha. Teria de falar.

            - Preciso ir ao banheiro. Que ir junto? – Draco perguntou, encarando-a.

            Pansy o olhou espantada e envergonhada ao mesmo tempo. Soltou o braço dele.

            Draco apenas virou às costas, inconformado, e se dirigiu às escadas.

            Pela primeira vez, Draco sentiu-se nervoso e sem raciocinar direito. Desde que começara a sentir algo a mais por Amanda, mesmo sem perceber, ele não estava agindo normalmente. Era estranha para ele essa nova sensação.

            Chegou ao sétimo andar bem cedo. Precisava estar lá antes de ela chegar, deveria estar esperando por ela. Sendo que ele não sabia se ela realmente apareceria. E se aparecesse, não sabia ao certo o que diria. Era melhor ele parar de pensar.

            Encostou-se à parede, ao lado da tapeçaria dos trasgos aprendendo balé. “Agora, é só esperar.”.

            Amanda desceu para o jantar apenas para fazer companhia aos amigos enquanto esperava dar oito horas, pois a ansiedade tinha roubado seu apetite. Usou um relógio de pulso que estava guardado há uma eternidade e ficava olhando-o a cada minuto.

            - Amanda, pára com isso! – Gina sussurrou a seu lado. – Ainda faltam vinte minutos, relaxa.

            - Ai, Gina, eu não estou agüentando de nervosismo. Parece que eu bebi um litro de café, não consigo ficar quieta. – Amanda sussurrou, tremendo a perna direita.

            Gina colocou a mão em sua perna para parar de mexer. Amanda odiava quando faziam isso com ela.

            - Pára de tremer essa perna. Tenta pensar em alguma coisa.

            - Eu só consigo pensar no que irá acontecer daqui – e olhou para o relógio – dezesseis minutos. – disse ela voltando a tremer a perna. Sentia frio na barriga a cada dez segundos e isso estava começando a incomodá-la.

            Amanda deu uma olhada rápida pela mesa da Sonserina, mas não avistou Draco. Olhou várias vezes, mas viu apenas os seus amigos.

            - Gina! Acho que ele já subiu...

            - Já? Mas está cedo...

            - Eu sei, mas ele não está mais à mesa. – Amanda comentou, ainda dando uma olhada. – Acho que já vou então.

            - Ta doida?! Ele disse às oito horas. Se ele foi mais cedo, problema dele, você vai ao horário marcado, senão vai dar muito na cara que você está ansiosa.

            - Odeio isso.

            Os últimos minutos de espera pareceram durar uma eternidade. Cada minuto que se aproximava, Amanda ficava mais ansiosa e nervosa. Quase todos já haviam terminado de jantar e estavam esperando a sobremesa. Conversavam animadamente, mas Amanda sequer sabia sobre o quê e nem estava interessada.

            Quando o ponteiro dos segundos de seu relógio passou pelo número doze, indicando que eram oito horas em ponto, Amanda travou no lugar.

            - Gina, não quero ir. Estou nervosa demais! – o coração de Amanda estava quase saindo pela boca.

            - Meu Deus, mulher, acalme-se. É só um garoto. – Gina parou um momento. – Um garoto ruim. Não é nada demais. Você chegou até aqui e agora vá. Vai dar tudo certo. – ela incentivou a amiga.

Amanda então se levantou e foi.

            Subiu até o primeiro andar decidida e parou. “Será que é certo? E se ele estiver zoando de mim? Ai, que dúvida...”. Mas então lembrou do Gina dissera: “Só há uma maneira de descobrir.”, e essa maneira era indo encontrar-se com ele.

            Felizmente, Gina mostrou-lhe o local. Pelo que ela dissera, eles iriam para uma tal de ‘Sala Precisa’ que era onde Harry dava aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas no ano anterior. A sala se transformava em um lugar equipado com tudo que a pessoa precisava e podia se tornar qualquer coisa. Ela estava receosa. No que Draco pretendia transformá-la?

           

            Draco estava esperando há mais ou menos vinte minutos e estava ficando impaciente. “Ela não vem. Como eu pude pensar em fazer algo assim? Que estúpido.”. Olhou para seu relógio. Eram oito e um. “Já é tarde. Ela não virá.”. Draco não parava de pensar nisso, mas por alguma razão não conseguia deixar o lugar. Em algum lugar dentro de si ele tinha esperanças de que ela viria.

            Uns minutos mais tarde, depois de muita meditação, Draco ouviu passos. Sentiu seu coração dar um pulo e desencostou-se da parede olhando para a direção em que o som vinha, mas logo se recostou. Não podia transparecer ansiedade. Ficou olhando para baixo como se nada estivesse acontecendo.

            Os passos foram ficando mais altos, o coração de Draco batendo cada vez mais forte, conforme a proximidade dos passos, até perceber que estavam no mesmo corredor que ele. Draco arriscou uma olhada para o fim do corredor, e lá estava ela, vindo em sua direção com toda coragem que conseguira reunir. Sentiu vontade de sorrir, mas resistiu sem problemas.

            Quando Amanda virou o corredor, sentira uma imensa felicidade em vê-lo realmente ali. Mas conteu sua vontade de sorrir de orelha a orelha e não parou de caminhar nem por um segundo, pois sabia que se parasse, não conseguiria continuar.

            Parou três metros a frente dele. Draco a olhou, mas não disse nada. Sentiu aquele perfume de cereja que sentira no dia anterior. Pela primeira vez, ele não sabia o que dizer. Seria mais fácil agir, mas não seria correto. “E desde quando eu ligo para o que é correto?” pensou ele. Mas lembrou-se também das recomendações de sua mãe e decidiu agir com mais cautela.

            Amanda não sabia se sorria ou se fazia cara de quem não tava ligando. No momento ela só estava se concentrando em esconder a tremedeira de seu corpo. Estava com as mãos entrelaçadas, bem apertadas, em frente ao corpo. Era claro seu nervosismo e ela não estava tendo sucesso ao tentar escondê-lo.

            Nenhum dos dois disse nada. Draco resolveu fazer a Sala Precisa aparecer logo, antes que eles ficassem em uma situação mais constrangedora. Uma vez dentro da sala, eles teriam de fazer alguma coisa além de ficarem se olhando.

            Amanda observou Draco se dirigir até o outro lado do corredor. Passou três vezes diante de certo espaço da parede e logo depois uma porta começou a surgir. Amanda soltou uma exclamação de surpresa. Era incrível.

            A porta foi se formando até ficar completa. Draco adiantou-se e a abriu. Entrou na sala e deixou a porta aberta para Amanda entrar. Esta olhou ainda em dúvida tentando ver o que havia dentro da sala, mas resolveu deixar de frescura, entrou e fechou a porta às suas costas.

            A sala era muito bonita. Não possuía janelas, o que deu a Amanda uma sensação de claustrofobia. Havia uma cama de casal king size com dossel e cortinas brancas encostada na parede oposta à porta. Ficava em um patamar mais alto e tinha três degraus para chegar até ela. Uma porta à esquerda, um sofá de três lugares cinza que parecia extremamente confortável e uma mesa com frutas, água, sucos e café à direita e algumas mesinhas espalhadas pelo aposento.

            - Adorei. – Amanda disse, virando-se para Draco sorrindo.

            Draco sentiu um arrepio. Era a primeira vez que ela sorria diretamente para ele. Sentiu um impulso de retribuir, mas sendo quem era, resistiu mais uma vez.

            - Então, - continuou ela, desfazendo o sorriso, envergonhada – o que você queria falar comigo? – disse ela por impulso. Mordeu o lábio inferior como se tivesse dito algo que não devia.

            - Na verdade... nada. – respondeu ele. Não tinha palavras para aquele momento.

            A expressão de Amanda mudou. Olhou-o com raiva. Era realmente mentira, ele não queria mesmo falar com ela, só a queria fazer de idiota.

            - Eu sabia que você queria tirar uma com a minha cara. Eu não acredito que caí nessa. – disse ela em voz alta, mas não chegando a gritar, voltando-se para a porta.

            - Espere. – Draco disse, agarrando o pulso dela, impedindo-a de continuar. – Eu queria conversar sobre... o que aconteceu... no corujal.

            Amanda sentiu arrepios por ele tê-la impedido de ir embora. Era a primeira vez que ele a tocava; suas mãos eram geladas. Virou-se para ele e disse com cautela:

            - É, eu esperava que fosse por isso.

            Draco soltou o pulso dela e peguntou:

            - O que você disse... sobre gostar de mim... era verdade?

            Amanda engoliu em seco. Draco parecia ansioso pela resposta.

            - Err... naquele dia... eu falei isso por impulso, não sei o que aconteceu comigo. – a decepção na expressão de Draco era palpável de tão evidente. – Eu fiquei em choque, na verdade. Mas depois de pensar um pouco eu percebi que... era verdade, sim.

            Draco relaxou os ombros. Nem percebera o quão tenso tinha ficado. Então, sua mãe estava certa: ela gostava dele mesmo.

            - Eu não queria dizer aquilo, meu subconsciente não conseguiu ficar quieto. – confessou Amanda. – E eu sei que não somos compatíveis por milhares de motivos e se você me chamou aqui só para dizer que não vai acontecer nada entre nós, eu entendo. – ela rezou por dentro para que não fosse esse o motivo, mas conseguiu permanecer com a expressão neutra.

            Draco só ficou encarando-a, sem ouvir bem o que ela dizia. Olhava para seus olhos azuis sem conseguir se desviar, como se estivesse hipnotizado. Desviava seu olhar por alguns segundos para os lábios na garota. Ele teve uma imensa vontade de puxá-la para si e beijá-la com vontade, mas se controlou. “Agir com cautela”, ele pensou. Não colocaria em risco um possível relacionamento com a garota que gostava por não conseguir controlar seu desejo.

            Amanda ficou nervosa. Draco não falava nada e só a olhava com uma expressão indecifrável. Percebeu que ele olhava diretamente para seus olhos, desviando vez ou outra para sua boca. Ela fez o mesmo, fitando seus olhos cinza e inexpressivos, desejando serem duas portas para seus pensamentos.

            - Diga alguma coisa. – Amanda disse finalmente.

            Draco deu um passo à frente. Amanda não se moveu, esperando que o espaço entre eles ficasse cada vez menor, mas sentiu seu corpo começar a tremer de nervosismo. O rapaz parou a poucos centímetros dela e ela pôde ver bem de perto seus lindos traços, inclinando um pouco a cabeça para cima. O nariz fino, alguma pintinhas nas bochechas e seus sedoso cabelo louro.

            Ele não disse nada. Levantou sua mão esquerda e passou pela bochecha direita de Amanda, escorregando até a nuca. Draco puxou Amanda para mais perto, levando seus lábios até os dele e finalmente beijou-a. Passou seu braço direito pela cintura da garota, mantendo seus corpos colados. Sentiu seu delicioso perfume mais forte agora que estava tão próximo dela.

            Amanda explodiu em alegria. Passou os dois braços por seu pescoço e com a mão direita agarrou seu cabelo, puxando-o para ainda mais perto dela, incentivando a um beijo mais profundo. Draco brincava com a mão esquerda por seus cabelos. Era maravilhoso: caloroso e tranquilo, mas ao mesmo tempo intenso. Sua pouca experiência com beijos não podia nem de longe ser comparada com esta.

            Perderam a noção de quanto tempo ficaram juntos ali. Deixaram suas línguas trabalharem, agindo em perfeita sincronia. Finalmente, os dois começaram uma lenta separação até ficarem se olhando.

            Amanda não sabia o que dizer. Tinha até medo de sorrir e parecer uma boba. Ficou olhando os lábios de Draco, que agora estavam bem vermelhos, inchados e mais atraentes do que nunca. Involuntariamente, Amanda sorriu timidamente e Draco contribuiu com um pequeno meio sorriso.

            - O que isso quer dizer? – Amanda perguntou, olhando para baixo. Levantou a cabeça devagar para esperar pela resposta.

            - O que quer dizer o que? – Draco respondeu com outra pergunta.

            - Isso que aconteceu. É a reposta da minha... do que eu disse antes?

            Draco afirmou com a cabeça.

            - O que você me disse semestre passado me surpreendeu. Muito. – confessou ele.

            - Me surpreendeu também.

            Os dois ficaram em silêncio novamente. Por mais que precisassem, Amanda não queria conversar agora. Não queria uma conversa para entender o que um sentia pelo outro, não sabia como Draco reagiria. Naquele momento, ele estava bem e calmo, mas se ela forçasse pode ser que ele explodiria. Ela não queria estragar o momento.

            Draco finalmente quebrou o silêncio:

            - Podemos nos encontrar de novo amanhã? Aqui e no mesmo horário?

            Amanda sorriu sem mostrar os dentes. Ele também não estava afim de papo hoje.

            - Uhum.  Te encontro amanhã, então.

            Draco balançou de leve a cabeça e foi até ela. Segurou de leve o rosto de Amanda e deu-lhe outro beijo, dessa vez mais rápido. Amanda sorriu novamente para ele saiu da sala. Foi para a torre da Grifinória com um enorme sorriso nos lábios e com cara de quem estava sonhando. Se não prestasse atenção em seus movimentos, provavelmente estaria saltitando, rodopiado e dançando enquanto andava.

            Chegou ao retrato da Mulher Gorda, falou a senha e entrou. Tinha poucas pessoas no Salão Comunal, algumas ainda estavam no Salão Principal, Gina e Erick eram dois desses. Subiu, então, para o dormitório. Adormeceu sorrindo agarrada a seu travesseiro.

            Cinco minutos depois de Amanda ter ido, Draco saiu da sala. Ainda não tinha voltado completamente ao normal, estava se sentindo feliz de verdade, sentimento que não sentia desde a última vez que recebeu um presente de Natal, achando que fora o Papai Noel que tinha trazido.

            Chegou à masmorra da Sonserina e encontrou seus amigos mais queridos: Zabini e Pansy.

            - Demorou heim, Draco. O que você foi fazer no banheiro? – Zabini perguntou, olhando desconfiado para ele.

            - Quer mesmo saber? – Draco perguntou seco. Já havia se recomposto.

            - Acho melhor não.

            - Boa escolha.

            - Ah, que bom você está aqui! – Pansy disse, abraçando ele. Draco sentiu vontade de empurrar ela, mas só se desvencilhou dela e disse:

            - Pansy, já disse pra parar de me agarrar! Que coisa chata.

            - Nossa, Draco, você nunca tinha reclamado tanto.

            - Isso foi antes de... – Draco começou, mas parou antes que dissesse algo que não devia.

            - Antes de quê? – Pansy perguntou, pressionando.

            - De nada. – respondeu ele, depressa. – Agora, desgruda. – E se sentou numa poltrona perto da lareira.

            Pansy ficou observando-o desconfiada, ela sabia que ele estava escondendo alguma coisa.

            - Eu não acredito! – Gina deu um berro no corredor ao se encaminharem para o café da manhã, depois de Amanda ter lhe contado os acontecimentos da noite. – Então ele gosta mesmo de você! – Gina disse toda empolgada.

            - Eu não tenho certeza. Ele só disse que aquilo o surpreendeu. – disse Amanda.

            - É meio difícil saber o que o Malfoy pensa. Às vezes ele só disse isso porque não queria transparecer seus verdadeiros sentimentos.

            - Você acha mesmo? – Amanda perguntou esperançosa.

            - Claro, senão ele não teria falado para se encontrarem novamente. – Gina garantiu.

            Amanda abriu um largo sorriso. Não estava com cabeça para se preocupar com possíveis mentiras, queria aproveitar o momento.

            - Gina! Amanda!

            - Ai, é o Erick... – Gina disse.

            Erick parou perto delas.

            - Por que vocês saíram sem mim? – Erick perguntou inconformado.

            - Queríamos conversar, algum problema? – Gina perguntou, desafiando.

            - Alguma coisa que eu não posso saber?

            - Coisa de garota, Erick. – Amanda respondeu.

            - Sei. Vocês estão aprontando alguma. – disse o garoto, desconfiado.

            - E o que poderia ser? – Gina perguntou, olhando-o.

            - Eu não sei, mas vou descobrir. – concluiu ele e saiu para o Salão Principal.

            - Depois dizem que as garotas que são curiosas. – disse Gina, recomeçando a andar com Amanda.

            Chegaram à mesa da Grifinória e sentaram-se, como de costume perto do Trio Maravilha. Erick estava se entupindo de comida, acompanhado por Rony. Harry e Hermione fingiam que não os conheciam.

            - Rony, pelo amor de Deus, come direito. – Hermione repreendeu-o.

            - É, Rony, come direito. – Erick concordou, enfiando mais comida na boca.

            - Você também, senhorito.

            Erick a olhou espantado.

            - Vocês sentem tanta fome assim? – Amanda perguntou.

            - Claro que não, é pra fazer graça. – Gina respondeu se servindo de suco de laranja.

            Amanda estava de costas para a mesa da Sonserina e arriscou dar uma olhada. Virou o rosto e procurou Draco. Não o achou. Provavelmente ainda não tinha vindo ou já tinha ido. Voltou-se para a mesa desapontada.

            Depois de um café da manhã com nenhuma conversa realmente produtiva, todos se encaminharam para suas respectivas aulas.

            A tarde foi tranqüila. Amanda não tinha avistado Draco pelo castelo, apenas uma vez na mesa da Sonserina na hora do almoço.

            Às sete horas, Amanda, Gina e Erick desceram para o jantar. Dessa vez, Amanda estava mais calma. Jantou direitinho e olhou para o relógio poucas vezes. Ela estava ansiosa sim, mas era uma ansiedade mais segura e boa de sentir.

            Às cinco para as oito da noite, Amanda viu Draco levantar-se na mesa da Sonserina, lançar um olhar discreto em direção a ela e subir as escadas. Mais ou menos dez minutos depois, a sobremesa fora servida. Amanda avisou Gina que já ia e subiu para o sétimo andar.

            Ao chegar lá, Draco a esperava do mesmo jeito da noite anterior: encostado na parede oposta a da Sala Precisa. Ela chegou perto dele. Draco levantou a cabeça e apenas a olhou, não disse nada. Foi, então, abrir a sala. “O que será que ele pensa ao passar diante da parede?”. Pensou ela, curiosa. “Um dia eu pergunto.”.

            Amanda entrou e lá estava a mesma sala de antes. Draco fechou a porta e ficou de frente para ela.

            - Achei que você não viria.

            - Sério? Por quê? – estranhou Amanda.

            - Não sei bem o porquê, mas achei que não viria. – respondeu ele, confuso.

            - Muito bom. – aprovou Amanda, com um toque irônico. – Então... acho que precisamos conversar, não é?

            - Precisamos? – respondeu ele em dúvida.

            Amanda ficou encarando-o, esperando ele começar a falar, mas percebeu que ele estava meio confuso.

            - Sim. Por que você me chamou aqui? Foi para me zoar ou porque você também gosta de mim?

            - Eu não gosto de você, que fique claro. Só te chamei aqui por curiosidade.- Draco respondeu. Não iria entregar as cartas logo de cara.

            - Curiosidade? Foi só por isso? – Amanda perguntou um pouco desanimada.

            - Só isso. Queria saber se o que você disse era verdade mesmo.

            - Hum, então você ficou interessado. – ela disse erguendo as sobrancelhas e sentindo-se aliviada.

            Draco deu uma risada de deboche.

            - Eu? Interessado por você? De jeito nenhum.

            Amanda não se sentiu menos feliz, apenas fuzilou-o com os olhos.

            - Talvez um pouco. – Draco concluiu. “Como ela consegue?”.

            Amanda sorriu satisfeita.

            - E o que você pretende? – ela sentiu a sua personalidade forte voltando com tudo.

            - Como assim?

            - Eu não posso ficar vindo aqui sem saber se você quer algo sério ou não. Se não quiser me fala já, não me enrole. – disse Amanda, se perguntando se estava sendo muito chata e exagerada. Ela não queria agir assim, mas também não queria ser feita de boba e sabia que com Draco ela deveria pegar mais “pesado”.

            Draco olhou-a espantado. Era muita pressão para o segundo dia. Ele sabia que queria ficar com ela, mas admitir isso era meio complicado. Ela parecia decidida sobre isso, então ele teria de falar.

            - Eu não quero algo não sério. – Draco respondeu.

            - Ahn?! – Amanda perguntou, sem entender.

            Draco respirou fundo e disse:

            - Eu quero algo... – começou ele. Amanda o olhava esperando ansiosa pela resposta. – mas... podemos ir um pouco devagar, por favor? – pediu ele.

            Amanda pensou um pouco. Draco devia estar passando por uma situação difícil, ainda mais com ela pressionando desse jeito. Admitir que gostava de uma garota da Grifinória não deve ter sido fácil, mesmo ele ainda não tendo admitido para ela. Nenhum dos dois sabia realmente se esse relacionamento iria dar certo.

            - Tudo bem, eu concordo.

            - Obrigado. E ninguém pode saber. – emendou ele depressa.

            - Eu concordo, também não quero que ninguém saiba.

            - Por quê?! Namorar comigo seria ótimo para a sua reputação. – Draco disse convencido.

            - Deixa de ser metido. – Amanda riu. - A única pessoa que sabe é a Gina.

            - Eita, mas mulher não deixa de falar para as amigas, não é? – Draco disse, querendo perturbá-la.

            - O problema não é meu se você não tem amigos. – Amanda retrucou.

            Draco abriu a boca para falar, mas Amanda foi mais rápida.

            - A questão é: apenas nós três sabemos, concorda?

            Draco demorou um pouco para responder. Não queria que mais ninguém soubesse, mas o que ele poderia fazer agora que Gina Weasley sabia? Só uma coisa:

            - Sim. – respondeu ele, meio contra gosto.

            Os dois ficaram ali de braços cruzados, observando o quarto sem dizer mais nada. Amanda olhou para Draco e deu um sorrisinho. Este não retribuiu, mas foi até ela e a beijou. Era incrível como ele não resistia àquele sorriso acanhado dela.

            Nessa noite, o relacionamento deles fluiu mais do que na noite anterior. Não conseguiram conversar por muito tempo no mesmo assunto, pois a opinião de cada um era muito diferente e eles acabavam discutindo. Mas no geral, estava melhorando. Além disso, nenhum dos dois queria conversar realmente.


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