Nico encontrava-se embaixo do Salgueiro da Morte. O próprio Nico deu esse nome para a árvore. Ele estava encostado em seu tronco, limpando sua espada, enquanto ouvia o barulho dos galhos se movimentando com o vento. Nico olhou para cima, e avistou um cadáver, o que não foi nenhuma surpresa, considerando que nos últimos cinco dias ele já tinha visto mais de sete. Então, voltou a limpar a espada, e sentiu um cheiro forte de sangue. Olhou para a esquerda, e viu outro cadáver. Nico suspirou, se levantou, e tentou se concentrar apenas na noite azul e estrelada. Não conseguiu, então voltou para o salgueiro, se deitou, e ficou ali parado, pensando, até que adormeceu.

No sonho de Nico, ele estava em um cemitério, e uma neblina pairava sobre os túmulos. Ele caminhou entre eles, e viu uma lápide enorme, na qual se recostou. Nico fechou os olhos, e cerca de dez segundos depois, quando os abriu, viu os mortos levantarem de seus túmulos. Não eram poucos, eram mais de cem. E todos tinham algum tipo de defeito. Uns não tinham um braço, outros não tinham o pé, outros não tinham metade do rosto, e só ia ficando pior. Os mortos vinham em sua direção, falando algo que Nico não entendia. Foi quando Nico acordou.

Quando acordou, Nico percebeu que estava deitado em uma poça de sangue. O salgueiro estava coberto de desenhos, todos feitos com sangue, e na sua espada, na sua querida espada, estava um aviso.

Prepare-se.

Pela primeira vez em muito tempo, Nico se surpreendeu. Ele pegou a espada, e desceu a colina, indo em direção a Casa Grande.

Não, pensou ele, Não posso contar imediatamente para o Quíron, tenho que ir em alguém que não conte para ninguém.

Ele pensou em duas pessoas. Annabeth e Percy. Mudou sua direção, e correu para o chalé de Atena. Parou na varanda. Abriu cuidadosamente a porta, e entrou. Logo viu Annabeth. Cuidando para não fazer barulho, Nico chegou do lado de Annabeth, e a cutucou. Annabeth levantou-se rapidamente, tirando do travesseiro uma faca.

–Droga, Nico!– sussurrou - Quer me matar do coração? Pelos Deuses!

–Preciso falar com você! Venha comigo, logo!

Annabeth levantou-se sem fazer barulho, e seguiu Nico, que parou na varanda.

–O que foi? - Annabeth falou - Você deve ter um bom motivo para ter me acordado a essa hora.

Nico mostrou para Annabeth sua espada, e disse:

–Há alguns dias eu tenho visto cadáveres por aí, e hoje, eu adormeci embaixo do Salgueiro, e tive um sonho muito esquisito com um cemitério, mortos ressuscitando, e quando acordei, estava em uma poça de sangue, o Salgueiro estava com sangue, e tinha esse aviso na minha espada.

Annabeth ficou surpresa ao ouvir aquilo. Ela ia começar a falar, quando viram algo se movimentar. Era Percy.

-Pelos Deuses, Percy! Que susto! - Annabeth resmungou - O que você faz aqui? Vocês não sabem que horas são?

-Desculpa - começou Percy - Eu cuido de você, enquanto dorme. E então, o que houve? 

Nico olhou para Annabeth, e fez um movimento de não com a cabeça. 

-Mais tarde, Annie... - Nico começou 

-Nada disso, falem agora, desembuchem - Percy  olhou sério para os dois. 

Nico e Annabeth se entreolharam, e outro cadáver foi visto por Nico. Desta vez perto da Casa Grande.