The Especies escrita por Emma Patterson


Capítulo 5
Capítulo 4 – Respostas decepcionantes


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora, mas estava ocupada e não tive tempo de escrever mesmo estando de férias. Mas aqui esta m,ais um capítulo e esta bem caprichado para compensar a demora.Boa Leitura!



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Capítulo 4 – Respostas decepcionantes

Por sorte acordei primeiro que as garotas. Tomei um banho rápido e me vesti (http://www.polyvore.com/cgi/set?id=87131413&.locale=pt-br). Saí correndo do quarto, mas quando estava fechando a porta escutei Annabeth me chamar.

Sai do dormitório como um foguete. Escutei barulhos de despertadores, pessoas reclamando de que queriam voltar a dormir e de que não queriam ir para a escola. Foi ai que me perguntei em que mês e dia do ano estávamos. Cheguei à cozinha e para meu azar já tinha gente lá.

_ Bom dia! – disse Lilian no fogão tirando algumas panquecas que me pareciam e cheiravam incrivelmente bem. Meu estomago roncou. Lilian sorriu. – Sirva-se. Antes que os brutamontes cheguem. – e riu calorosamente.

Me perguntei se ela sabia de ontem. Tinha certeza de que sim.

Servi-me de panquecas, bolinhos de banana, uma maça verde e um como de suco de laranja natural. Enquanto mastigava resolvi que tinha que falar sobre tudo. Desde as minhas duvidas até sobre os meus poderes.

_ Lilian...

_ Seus poderes. – me interrompeu suavemente. – Tudo bem Jessie, o que aconteceu foi normal, você foi mantida presa por muito tempo.

_ Também quero falar sobre isso. Como sabiam quanto tempo eu estava presa? Quem são essas pessoas que caçam mutantes como nós?

_ Você tinha uma ficha presa ao lado da sua cama – pensei em como eu estava assustada de mais para reparar nisso -, e são os Governos. Nossos comandantes. Eles têm um grupo grande com os maiores militares e cientistas do mundo a sua disposição. Eles sabem sobre nós desde a época da primeira guerra mundial, quando alguns mutantes faziam parte do exercito achando que podiam ajudar e servir seu país. Mas os humanos são gananciosos, então pegavam os mutantes que conseguiam e faziam experiências, achando que éramos monstros, ou nos usando como arma. – Lilian falava como se estivesse sido usada, mas se prestasse mais atenção veria que era só um modo de falar. Ela nunca foi capturada, isso era visível.

_ O mundo foi se modernizando e eles sabiam mais sobre nossa espécie do que nós mesmos. Claro que alguns mutantes que não foram capturados ou descobertos, evoluíram, desenvolveram seus poderes, outros seguiram sua vida em paz ou tentavam ajudar seus semelhantes em segredo. Mas conforme os humanos normais evoluíam, nós mutantes também ficávamos mais fortes, é a lei da vida. Equilíbrio. Entende?

Eu assenti enquanto mastigava minha panqueca. Eu podia querer respostas, mas não perderia a fome, e também estavam muito boas aquelas panquecas para serem deixadas de lado.

_ Mas os humanos que sabiam, os governantes, nos temiam, nos temem. – falei sem expressão.

_ Não só isso, eles também cobiçam nossas habilidades, alguns não aceitam o fato de que podemos ser a nova etapa da evolução humana, que eles estão... Digamos que sendo deixados para trás. Não sendo os mais fortes. – bebeu um pouco de seu suco.

Ficamos em silêncio por um tempo, até eu tomar coragem para perguntar o que realmente me interessava.

_ Então... – hesitei – Vocês não sabem de onde eu venho? Quer dizer, minha história antes de eu ser capturada? – Meu coração estava acelerado, minhas mãos suavam.

_ Sinto muito, pequena. Só temos o que estava na sua ficha, que era o mundo implantado que você vivia, sua idade, quanto tempo estava sendo mantida presa, que foi quatro anos. Nem seu nome tinha, era apenas um número de série para sua identificação. Eu tenho o papel guardado que Elena pegou, posso te dar...

_ Não. – falei imediatamente. – Tudo bem.

Mantive a cabeça baixa, era muito tempo sendo mantida inconsciente e em um mundo “paralelo”. Eu podia ter uma mãe, um pai (apesar de que esse parente não me parecia fazer falta ou importância), um irmão ou irmã ou até os dois. Eu poderia ter tido uma vida, mas não me lembrava de nada. Nada. Isso era tão frustrante. Mesmo que antes eu sentisse que fugia dos governantes desde sempre, eu queria pensar que poderia ter uma família por aí.

_ Lilian, o que acontece com a família dos mutantes? Ela sempre é toda mutante ou...?

_ Ah! Não. Às vezes apenas um filho ou filha recebe os genes mutantes. Mas quando a pessoa tem o gene, mas ele não se manifesta, então é passado para o filho ou filha, e assim por diante, cada vez mais forte já que é hereditário, mas mesmo que os genes tenham se manifestado ele é passado, obviamente. Ainda mais quando os pais são mutantes fortes. Quanto mais forte, quanto maior o nível de poder, mais forte é o filho. – disse desconfortável.

_ E os governantes também sabem disso. – afirmei. Ela assentiu com uma raiva nos olhos. Era estranho vê-la irritada. Ela tinha um jeito tão maternal, mas como uma mãe, odeia que mecha com seus “filhos” ou semelhantes.

Não conseguia deixar de pensar em quantas crianças eram criadas em laboratórios, barrigas de aluguéis, depois criadas como armas ou mantidas inconscientes até serem devidamente controladas. Isso me fazia lembrar o meu mundo implantado. Das crianças recém-nascidas, de como as almas eram implantadas nelas tão jovens, para não terem a chance de se rebelar e querer seu corpo e mente de volta, eram tão jovens que não tinham sequer controle de si mesmas, frágeis e indefesas. O mundo real não era tão diferente afinal.

_ Isso tem que acabar. – murmurei irritada. Mas dessa vez meu poder não foi liberado, eu tinha controle, noção de sua presença em mim agora.

A conversa tinha acabado, em seguida vários jovens entraram na cozinha em meio de risadas, conversas, resmungos e brincadeiras. Grupos grandes, grupos pequenos, alguns sozinhos por sono e indisposição ou porque queriam ficar sozinhos. Estavam tão distraídos que não repararam na minha presença, apenas em Lilian e logo a cozinha encheu-se de bom dia e alguns mutantes davam abraços em Lilian que se deliciava com tanto carinho. Sorri.

Vi Annabeth entrando na cozinha e olhando em volta e logo me vendo no canto mais afastado. Pelo jeito ela me procurava, mas eu via em seus olhos cinza que tinha pouca esperança de me achar na cozinha com tanta gente. Mas ficou aliviada em me ver e correu em minha direção.

_ Estava tão preocupada! – disse exasperada. – Até passou pela minha cabeça que você ia embora.  – sua voz ficou esganiçada de preocupação. - Não faça isso! – advertiu apontando um dedo na minha direção.

_ Achei que tinham dito que eu podia ficar se eu quisesse e não por vontade de vocês. – disse tranquilamente mastigando o ultimo pedaço de panqueca.

_ Sim, mas não pode nos deixar. Ia ser perigoso e...

_ Annabeth, você não esta com medo de mim? – soltei surpresa. Ela era durona, mas agora que deixou transparecer, podia se ver o quanto ela se importava com aqueles que gostava. Ela gostava de mim?

Ela arregalou os olhos que eram incrivelmente cinzas.

_ Não! Claro que não. Se achou que era por causa de ontem, não tem nada ver. Isso é normal, você não foi à única. Mas é que...

_ Pode falar.

_ Mas é que nunca foi tão forte. – disse pensativa. – Você foi mantida presa por tanto tempo, não era pra menos que quase explodisse, mas ninguém ia te machucar, só íamos te conter e nem todos iam se meter.

Eu via a sinceridade e verdade em suas palavras. Isso me fez relaxar. Porém ainda me sentia um bebê monstro.

_ Então, você se importa comigo?

_ Sim. Talvez por eu entender o que é ser mantida presa. – olhou para o lado desconfortável, mas não parecia querer evitar o assunto. – Fui capturada quando tinha quatorze anos. Mas logo fui salva. Percy me salvou junto com um grupo de busca daqui. – um sorriso franco e bobo surgiu em seu roto que corava levemente. Não segurei o riso.

_ Tudo bem, donzela. Cadê seu príncipe? – ela acabou rindo junto.

_ Ele deve estar com Frank, tentando acordar aquele monte de musculo. – revirou os olhos, mas não parecia incomodada, achava divertido. – É nosso amigo.

_ Percebi. – Olhei para a porta da cozinha. _ E a Hermione...?

_ Ah!, ela não vai tomar café. Esqueceu-se de fazer um dever de casa e o esta fazendo as presas. – Annabeth parecia esconder algo. Levantei a sobrancelha. – Ta bom, ela esta magoada com sigo mesma por ontem, por pensar em pegar a arma quando seu poder se liberou. Eu disse que ela só agiu por costume por causa dos treinos, mas ela não me ouve, é cabeça dura.

_ Sinto muito.  – falei cabisbaixa.

_ Pelo quê? Que isso Jessie, olha, você tinha que estar aqui quando Percy chegou, foi quase tão igual quanto você, não tão forte, mas mesmo assim. Ele explodiu os canos de irrigação e jogou toda a água da piscina em cima de quase todo mundo. Foi como uma onda gigante.

_ Sério?

_ Sim, Gina ainda fica longe dele por causa disso. Sabe, ela é literalmente fogo e Percy controla a água. Não é o elemento preferido dela. – riu provavelmente se lembrando da sena novamente.

_ Isso é incrível. – falei maravilhada. Devia ser incrível mesmo o ver usar os poderes.

Annabeth parecia tranquila.  Se ela queria me acalmar, conseguiu, fez com que o incidente de ontem não parecesse mais que uma garoa em dia de sol quente. Mas ainda estava preocupada com Hermione. Ela se sentia péssima. Ela era durona, mas a maior parte do tempo era uma garota frágil e me ver chorando por estar assustada com os meus poderes e triste com a reação de todos comigo, principalmente dela foi o suficiente para ela se martirizar e se culpar.

Annabeth se serviu de panquecas e bacon, comendo tranquilamente. Terminei meu café na mesma hora que Percy e um garoto grandão entravam na cozinha empurrando um ao outro de brincadeira. Garotos, pensei.

Ele avistou Annabeth e veio com o grandão em nossa direção. Devia ser o tal Frank. Os dois me olharam, Frank receoso e Percy divertido, como uma criança pronta para uma travessura.

_ Ei! E ai, novata? – acenou e se sentou lado de Annabeth e depositando um selinho em seus lábios. Ela lhe deu um tapa no braço e dizendo que estava comendo, mas depois sorriu e retribui com outro selinho.

_ Que nojo, parem com isso logo sedo! – falou um garoto um cinco centímetros mais baixo que Percy e meio magricela, mas ainda assim bonito com sua pele caramelo e cabelos castanhos escuros e encaracolados, orelha pontudas e um olhar endiabrado.

Ele veio de um lado da mesa, mastigando um pedaço enorme de bolo. Se sentou do meu lado, Frank finalmente se sentou ao lado de Percy e acenando com a cabeça pra mim, como se temesse eu fazer alguma coisa caso falasse.

_ Você é a Jessie? A garota suga-impacto. – levantei a sobrancelha com o apelido. Sério? Que “super” criatividade.

_ Sério, Leo? Você fazia apelidos melhores. – disse Annabeth rindo.

_ Qualé, é de manhã, to com sono. – resmungou e se voltou pra mim. – É a primeira garota a enfrentar o Edmundo, ele é o maior pé no saco, sou seu fã oficial.

_ Ele é tão chato assim? – perguntei. Eu achava que ele era assim por conta da garota que procurava.

_ Bem, quando chegou aqui ele era um pirralho pé no saco, mas depois ele melhorou. – disse Annabeth com Percy abraçando ela amorosamente. Era fofo vê-los juntos. Sorri. – Mas depois do que aconteceu... Ele ficou amargurado e não queria ouvir ninguém, então...

_ Voltou a ser pé no saco, mil vezes pior. – terminou Leo rolando os olhos.

_ Mas o que aconteceu? – perguntei olhando para Annabeth.

_ Bem, quando você chegou você percebeu que ele esperava alguém, não é? – Assenti, mas ele não parecia esperar alguém, parecia querer outra pessoa no meu lugar. - É a irmã mais nova dele. Lucy. Ela foi capturada quando tinha dez anos, ela era responsabilidade dele, a única família um do outro. Ele tinha mais dois irmãos, mas estes morreram, eram mais velhos. Então cuidar da irmã era um trabalho dele, mas ele a perdeu e se culpa por isso até hoje, mas não foi culpa dele.

_ Claro que não, como um garoto magricela de doze anos ia salvar a irmã casula dos governantes? – disse Frank concordando com ela.

_ Ele é legal, mas o fato de não achar a irmã e salvá-la esta acabando com ele. – disse Percy.

_ Ele precisa de garotas. – disse Leo tentando animar o clima tenso, logo eu percebi que ele era o palhaço da turma.

_ Leo! – ralhou Annabeth. Comecei a rir.

_ Viu, ela gosta do meu jeito. – disse Leo me abraçando pelos ombros.

_ Bem, na realidade é engraçado a Annabeth tendo que te conter, você é meio idiota, continue assim. – falei tranquilamente. Annabeth, Percy e Frank riram e Leo se afastou fingindo indignação.

_ Você gosta de contrariar, vou gostar disso. – e piscou pra mim com um olhar de quem vai aprontar. – Realmente vou gostar.

Ele se levantou e foi pro outro lado da mesa, claro que sem antes pegar um bolinho de banana e atacar no Percy e no Frank. Os dois garotos o fuzilaram do tipo: vamos dar o troco, só que bem pior.

_ Não liga, é pior quando esta todo mundo junto. – disse Annabeth. Eu ri imaginando as palhaçadas, eu gostava disso, isso eu tinha certeza.

_ Bem, agora se prepara, parece que nosso querido bobo da corte ta afim de você. – piscou Percy comendo um pedaço de bolo azul. Eu apenas rolei os olhos. Seria legal ter alguém interessado em mim e Leo parecia um cara legal.

Eu fiquei tanto tempo presa que já tinha em mente aproveitar a vida que perdi, e nada melhor que começando pela adolescência e andando com um bando de crianças grandes. Um bando de crianças iguais a mim.

Quando quase todos tomaram seu café eles se despediram de mim para ir para a escola, menos a Hermione que realmente não apareceu. Lilian veio até mim dizendo que depois das férias eu começaria a ir para escola na mesma série que Annabeth e os outros, depois me levou até o escritório do Sr. Bromberg porque ele queria conversar comigo.

Quando chegamos à sala do Sr. Bromberg ele parecia distraído com um livro que eu não sabia do que se tratava. Sua sala era totalmente diferente do que eu imagina, ela era simples, mas bem organizada. Estantes cheias de livros, um computador em sua mesa e um porta canetas e lápis, apenas.

_ Bom dia, Jessie. – ele falou abaixando o livro. _ Lilian, pode se retirar.

Olho confusa para Lilian achando que como sendo braço direito do Sr. Bromberg ela ficaria na sala, mas não. Ela não pareceu recendida, saiu tranquilamente e apenas me mandou um olhar solidário.

Me virei para o dono da mansão e perguntei:

_ O que o senhor quer? Lilian não disse nada que teria que visita-lo até todos terem ido para a escola. – não queria parecer grosseira, ainda mais por ele ter me salvado, mas queria respostas e logo.

_ Bem, eu já queria conversar com você desde que chegamos, mas você precisava descansar. – sorriu amigável. _ bem, acho que Lilian já respondeu algumas de suas perguntas.

_ Sim. – respondo apenas. Ele indica que eu me sente em uma cadeira de frente a sua mesa, mas recuso.

O fato de ter ficado quatro anos presa e deitada me impede de querer ficar sentada ou qualquer coisa do tipo se não for apenas para comer e dormir.

_ Bem, tem algumas coisas que Lilian não sabe e que mantive sigilo sobre você porque quero proteger esse jovens. – mesmo tendo estado pouco tempo aqui fico surpresa pelo Sr. Bromberg esconder algo de Lilian, mas fico inquieta por existir mais coisas sobre mim. Apenas assinto para que ele entenda que estou escutando. – Bem, acho que percebeu que a tiramos de lá sabendo exatamente onde estava. Pois bem, os outros não sabem disso, apenas achavam que íamos recuperar a irmã de Edmundo e outros jovens, acho que já sabe a história dele, não?

Assinto novamente. Meu rosto uma mascara de indiferença.

_ Claro, também pretendia salvá-la, mas esta foi levada para o nível subterrâneo da prisão de mutante, como eles chamam, mas você eles não tiraram, de alguma forma não imaginavam que eu estava sobre minha visão.

Não pergunto sobre sua “visão”, sei que deve ser seus poderes, mas não quero saber disso, não agora. Ele continua:

_ Estava monitorando você fazia cinco meses, você era uma das armas secretas deles para uma nova tropa de exércitos mutantes para eles contra nós e qualquer que se oponha a seu poder, mas esse exercito especial esta sendo construído desde a guerra fria. Os Governos estavam monitorando você desde seus dois anos de idade, seus pais nem sequer desconfiava, mas seu irmão, sinto muito, mas não sei o seu nome ou se foi capturado ou se esta morto. – apenas me mantenho parada feito uma estatua. – Também era mutante, ele começou a desconfiar, ele era muito esperto pelo que consegui descobrir. Ele avisou aos seus pais e eles tentaram salvar vocês, apenas sabendo que estavam sendo vigiados e perceguidos. Eles conseguiram se manter seguros até você ter doze anos, mas conseguiram te capturar. Seu irmão, como eu disse, não sei o que aconteceu a ele, sinto muito. Porém os seu pais...

_ Estão mortos. – falo com a voz dura e cortante, tão fria quanto um gigante cubo de gelo se espatifando em milhões de pedaços no chão.

Sinto minha cabeça latejar intensamente, meus olhos se enchendo de lágrima. Mas não consigo derramar nenhuma delas e minha dor não me faz desmaiar como gostaria que acontecesse.

O Sr. Bromberg me olha esperando que minha barreira emocional se desintegrar, mas isso não acontece e eu não faço a ideia do por que.

_ Posso me retirar ou tem mais alguma coisa a dizer? – minha voz sai vazia.

_Sim. Eles não desistiram de você. A partir de agora, nem que esteja morta eles vão querer te capturar. – eu assinto sabendo que quem ele se refere e saio de sua sala sem olhar para trás.

O que ele disse no final só me diz que sou muito poderosa para me quererem tanto. Mas essa linha de raciocínio é sufocada pela dor da perda que não transborda em lagrimas ou soluços ou até em gritos de desespero. Eu me sinto flutuar em um torpor, o que é pior.

Vou para fora da mansão. Alguns mutantes não foram para a escola, não faço ideia do porque, também não me preocupo em saber. Apenas vou para a quadra de basquete que esta vazia e me sento no canto dela. Não encolhida, apenas na minha e sentindo a luz do sol me aquecer por fora. Apenas por fora. E fico olhando para os que estão treinando sem realmente ver alguma coisa e ciente de que Lilian, Sr. Bromberg e os outros professores estão me vigiando e esperando alguma explosão de poder e insanidade.

Bem, isso não aconteceu.

Devia ser meio dia, o sol estava em seu pico e minha pele queimava um pouco. Escutei vozes e barulho de carros e um ônibus. Alguns alunos estavam voltando da escola. O treino dos que ficaram em casa já tinha acabado há algum tempo e eles tinham entrado dentro da mansão e por sorte ninguém veio me atormentar.

Levantei-me e fui para dentro da casa, ia tomar um banho e almoçar, tentei esconder minha expressão vazia e comecei a subir as escadas, mas fui parada.

_ Elena disse para você vir almoçar e depois se trocar para o treino da tarde. – me virei para o dono da voz indiferente. Edmundo estava no pé da escada me encarando.

Eu queria sentir raiva dele, mas o fato de ele agir assim por conta da irmã me fazia sentir pena dele e eu não queria sentir isso, pena era um sentimento desprezível. Bufei e o encarei.

_ Tudo bem, obrigado. – desci os degraus que subi e passei por ele indo para a cozinha, não escutei seus passos atrás de mim e agradeci mentalmente por isso.

Na cozinha estava uma bagunça de pessoas, quase todos eram os jovens. Me espremi entre alguns jovens e me servi rapidamente indo pro canto mais afastado da cozinha. Para minha sorte os isolados da manhã já estavam enturmados me dando “privacidade”.

_ Ei, te chamei, não escutou? – falou uma Gina com os cabelos bagunçados e um pouco ofegante.

_ Ahn, não, desculpe. Mas o que aconteceu com você?

_ Nada de mais, um probleminha nessa muvuca. Acabei encontrando com Leo. – sorri entendendo na hora. Esbarre no Leo e você sairá descabelada.

_ Certo. – continuei a comer. – Mas o que quer comigo?, Já que me chamou.

_ Vim me desculpar pelo modo que agi ontem quando você saiu meio que fora de controle. – disse meio sem jeito. Se sentou na cadeira na minha frente.

_ Tudo bem, Annabeth já explicou. – eu estava sendo sincera, estava tudo bem sobre aquele episódio. Aquilo comparado à notícia de eu ser uma órfã não era nada de mais.

Comemos em silêncio até Annabeth aparecer com uma Hermione cabisbaixa.

_ Olá. Como foi sua primeira manhã aqui? – pergunta Annabeth se sentando ao meu lado e Hermione ao lado de Gina.

Eu queria dizer que foi péssima, que fiquei sabendo que era órfã, que estava sendo cassada pelo Governo desde que estava na barriga da minha mãe, que tinha um irmão que não sabia se estava vivo ou morto ou pior, se tinha sido capturado e que sem contar eu era uma peça essencial para um exercito que estava sendo criado desde a primeira guerra mundial. Mas mantive a boca fechada e apenas respondi:

_ Boa e tranquila. – olhei para Hermione que estava de cabeça baixa. – O que inclui que não estou triste com você, Hermione. Não precisa se culpar e martirizar.

Ela levantou a cabeça na hora e me encarou assustada e culpada.

_ Relaxa, eu teria feito a mesma coisa no seu lugar, eu só... Fazia tempo de mais que estava apagada. Ta tudo bem agora. – sorri sinceramente. Ela pareceu relaxar e assentiu.

_ Desculpa. – sussurrou e se manteve ocupada com sua comida.

O clima ficou mais leve e nós quatro almoçamos em paz, bem, as três almoçaram.

_ Vai para o treino de hoje? – perguntou Gina.

_ Sim, Edmundo mandou o recado de Elena. – disse indiferente.

_ Vai ser legal. Hoje é dia de armar emboscada, quem sabe não fica no nosso time. – disse Annabeth com um olhar calculista.

_ Já esta armando um plano? – pergunta uma Gina empolgada, os cabelos dela começaram, a ondular como chamas novamente.

Annabeth sorriu de orelha em orelha e olhou em volta analisando cada jovem da mansão.

_ Encontre Hazel, não a vejo desde o intervalo na escola, vamos precisar dela. – Gina assente e levanta na hora e sai pela cozinha a procura dessa Hazel.

_ Um grupo só de garotas? – pergunta Hermione, quase normal.

_ Não, já falei com o Percy e o Frank.

_ Falando nisso, cadê eles? – pergunto terminando minha comida e me encostando-se à cadeira.

_ Estão se empanturrando lá no meio. Todo o dia de treino de emboscada eles se empanturram. – diz Hermione rindo. – Não vai querer estar perto para ver.

De repente um lapso de memória me atinge e me vejo em uma mesa larga comendo um punhado de bolos e pasteis, escuto alguém, não consigo distingue, brigar comigo, mas eu continuo comendo como uma louca e rindo cada vez mais, escuto alguém dizer que vai ganhar de mim, mas logo a visão se esvai e eu volto a realidade olhando para o nada.

_ Ta tudo bem? – pergunta Hermione.

_ O que? Ah! Sim, tudo bem, mas tenho certeza de que não me importo de ver garotos comendo feito monstros, pode ter certeza disso. – sorrio animada. Minha memória estava voltando, mesmo que meio ilegível e abafada, estava voltando!

Sorri feito uma idiota, mas as garotas não tiveram tempo de me interrogar porque uma Elena vestida com uma roupa preta e cabelos presos em um rabo de cavalo entrou na cozinha e mandou todos irem se trocar para o treino.


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Notas finais do capítulo

Qualquer erro de português que vocês encontrarem, por favor me avisem, eu não tive tempo para reler e corrigir, então ajudaria muito :) E no próximo capítulo já vou colocar a sinopse da Fanfic antes de posta-lo :)