The Especies escrita por Emma Patterson


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Não é minha primeira fic, já tive varias e nenhuma eu terminei. Não que eu abandone essa também, pretendo terminá-la como imagino. O Prólogo vai ser pequeno mesmo, mas espero que gostem, porque até eu que nunca estou satisfeita com os textos que escrevo, gostei. Boa Leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/334014/chapter/1

Prólogo

Helicópteros, perdi a conta de quantos eram, estavam sobrevoando o céu do deserto havia horas. O que eles procuravam eu não fazia ideia, mas não podia ser nós duas. Nós tomávamos muito cuidado para não deixar rastros, e tendo Liza ao meu lado, uma alma, era como ter a capa da invisibilidade do Harry Potter. Encolhi-me mais entre uma planta seca, minha roupas sujas e cheias de terra do deserto me camuflavam. Senti o desespero me sufocar e para evitar um grito apertei a mão da Liza, a alma que estava dentro de um corpo humano desde seu nascimento.

Eu devia sentir ódio dela, era o que um humano “selvagem” faria contra a espécie que dominou e dizimou a população humana tirando seus familiares e qualquer forma de se viver sem ser caçado. Mas eu não a odeio, eu a amo como uma irmã.

_ Vai ficar tudo bem. – sussurrou ela apertando minha mão de volta. Que irônico. Eu que a salvei e a protegia quando esbarrávamos com outros humanos (foram poucas as vezes que isso aconteceu) agora estava tentando me consolar e me acalmar.

_ E se formos pegas? – choraminguei já sentindo a garganta fechar e lagrimas se acumularem em meus olhos, o que devia ser impossível já que estávamos no deserto há três dias e sem água ou o que comer a dois.

_ Shii, vai ficar tudo bem, não vou deixar que te peguem. – disse fazendo pequenos círculos na minha mão.

Suspirei pesadamente e fechei os olhos bem apertados e cerrei os dentes. Com um grande alivio que não consigo expressar, os helicópteros foram embora quando o sol ardente começou a se por. Liza e eu além de cheias de desespero, medo, fome e sede, estávamos moles de ficarmos tanto tempo paradas sobre o sol.

Minha garganta ardia e meus lábios rachados e secos começavam a sangrar. Sentei-me com dificuldade soltando da mão da Liza. Ela era mais forte que eu, ela ficou mais forte para me proteger. Olhei para ela me sentindo tonta.

Liza se levanto cambaleante, mas ainda firme e me puxou junto. Segurou-me pela cintura e fomos seguindo em frente ou seja lá que ponto cardial estávamos seguindo. No deserto, completamente desidratadas perdemos a orientação. Nos poucos minutos que começamos a andar a minha visão começou a escurecer, eu só sentia o sol ficando mais leve. Liza me apertou mais para me manter em pé, mas eu já estava começando a não sentir mais minhas pernas. Então é assim que acaba? Depois de passar o dia todos encolhida no chão do deserto sendo fritada esperando os helicópteros irem embora para em seguida cair totalmente desidratada e deixando Liza sozinha? Mesmo que ela viesse em seguida...?

Meu corpo não aguentava mais, tinha ido além do seu limite. Eu desmoronei no chão e levei Liza comigo a fazendo cair em cima de mim. A escuridão me engolfou, eu não sentia mais o meu corpo... Nem a Liza.

Sinto muito”. Pensei chorando por dentro. Eu falhei miseravelmente com ela depois de prometer que acharíamos um lugar para vivermos seguras e em paz.


Senti algo fresco sobre meu rosto. Seja lá o que era eu só queria que chegasse a minha boca. Eu estava morrendo de sede, acho que nem saliva eu produzia mais. Finalmente o frescor atingiu meus lábios, era liquido... Água? Eu estava tão sedenta que bebia com ferocidade e cedo de mais a água acabou. Choraminguei.

_ Calma, tudo bem, tem mais. – disse uma voz feminina. Não era a Liza.

Tentei gritar, mas ainda estava fraca de mais. Abri meus olhos com dificuldade e a primeira coisa que vi foi um céu azul escuro e cheio de estrelas. Vaguei meu olhar até encontrar a pessoas com quem eu me preocupava.

_ Oi. – disse Liza com a voz rouca e com o rosto cheio de lagrimas. Ela deve ter compreendido minha expressão pois sorriu. – Tudo bem, estamos seguras.

Eu a encarei confusa. As lembranças vindo com tudo na minha cabeça. Olhei em volta a procura da dona da voz feminina. E encontrei. Era uma garota, um rosto de anjo com pequenas sardas, cabelos longos, lisos e incrivelmente louros. Então olhei pros seu olhos e meu coração acelerou.

A garota tinha os olhos de um tom cinza, mas com um reflexo prateado em volta da pupila que reconheceria em qualquer lugar. Arregalei os olhos e finalmente recuperei forças o suficiente para dizer alguma coisa.

_ Liza... Fomos pegas?

Comecei a chorar. Liza arregalou os olhos e a garota de olhos cinzentos se afastou com o rosto cheio de culpa. Acompanhei seus passos até um homem alto e musculoso de cabelos negros a abraçar pela cintura a reconfortar, dizendo alguma coisa em seu ouvido. Ela acentiu ainda com um olhar triste e abraçou a cintura do homem virando rosto contra seu peito largo. Ela estava chorando?

_ Não, Jessie, não fomos pegas. Você desmaiou, teria morrido... – Liza tremeu com o pensamento – Mas por um “milagre”, essas pessoas nos viram enquanto passavam de carro e vieram nos ajudar. – Sorriu entre mais lagrimas.

_ Eles...? Tem mais?

_ Sim, Jessie. Tem mais humanos e até outros como eu. Estão todos juntos. – falou cheia de alegria.

Eu a encarei sem acreditar e por fim estendi a mão a qual ela pegou de imediato.

_ Quero levantar.

Liza acentiu e me ajudou segurando minha cintura. Usei Liza como apoio e me sustentei, com dificuldade, sobre minhas pernas que ainda estavam fracas e bambas. A abracei aliviada, senti meu peito inflar e chorei, chorei como jamais imaginei ser possível. Por mais que estivesse exausta e fraca, consegui absorver tudo em pouco tempo. Estávamos salvas!

_ Jess... – ela afagou minhas costas.

_ Por que ela esta chorando? – uma voz masculina falou de algum lugar atrás de mim.

_ Há anos que ela procura humanos, o bastante para que possa se juntar a eles. Esbarramos em alguns, mas nenhum deles me aceitava e Jessie não ficaria em nenhum lugar sem mim – senti Liza abaixar o tom de voz no final. – Tentei convencer ela de ficar, mas ela não me ouvia. – Respondeu Liza a pergunta de seja lá quem for.

_ Não se preocupe, Jessie. Onde a gente vive sua amiga vai ser bem aceita. Não é Peg? – disse a voz diretamente pra mim, completamente animada e reconfortante.

_ Devemos voltar logo, Jared. E se os Buscadores voltarem? – disse a voz da garota de olhos cinza com o reflexo prateado. Encolhi-me com a menção dos Buscadores. O que ela disse só confirmou o que eu já sabia. Eram os Buscadores nos helicópteros.

_ Concordo. Melanie, pode ir atrás com o Jamie? – perguntou uma voz grossa de um homem.

Soltei-me de Liza e olhei a minha volta com mais clareza. Era um grupo pequeno. A garota de olhos cinza, outra de pele bronzeada pelo sol, um garoto que devia ter a minha idade, o home alto e musculoso de cabelos negros, outro homem alto e também musculoso e mais uma garota, de cabelos negros e ondulados que iam até a cintura. Ela olhava para mim curiosa. Todos olhavam para mim.

Olhei para a garota de olhos cinza envergonhada.

_ Me desculpe... Eu não sabia que você era como Liza.

Ela me olhou nos olhos: – Tudo bem, não tem que se desculpar. É natural que aja assim por conta do que minha espécie fez e faz. – o homem que estava segurando sua cintura a apertou mais contra si.

Então tudo fez sentido. O porquê de ele a reconfortar, de abraça-la, de tentar protege-la. Estavam juntos, eram um casal. Abaixei a cabeça antes que vissem meus olhos arregalados de espanto. Todos começaram a entrar em um jipe e Liza me ajudou a andar até lá, eu ainda não tinha tanta firmeza nas pernas. O garoto que desconfiei ter minha idade veio ajudar Liza a me “carregar” pegando meu braço direito e o passando por sobre o pescoço. Foi só ai que reparei como ele era alto, seria considerado magricela se não fosse o corpo levemente musculoso.

_ Obrigada. – sussurrei.

Ele olhou pra mim e deu um sorriso de orelha em orelha. – Por nada. Alias, meu nome é Jamie. Vocês não sabem como é bom ter novidades novamente.

Eu o encarei sem entender, mas não perguntei. Apenas olhei para o jipe com humanos e uma alma que me levariam pra mais da minha espécie, para um refugio e talvez, meu novo lar e da Liza. Apoiei minha cabeça no ombro dela e sorri.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem e sejam bem vindas ao universo "The Host" ( a hospedeira).